Capítulo Único



- Eu não vou conseguir fazer isso, eu não vou conseguir fazer isso... Eu não vou conseguir fazer isso, eu não vou conseguir fazer isso!


Hermione suspirou longamente, demoradamente. Estava tensa, os nervos à flor da pele...


Andou de um lado para o outro, uma mão cobrindo a face, a outra, segurando a saia do longo vestido.


Seu vestido de noiva.  No dia do seu casamento...


Sentou-se na cadeira mais próxima, reclinando o corpo para frente. Suas pernas tremiam sem parar. Seu estômago dava reviravoltas...


Ela sabia que não era nervoso. Não... Nervosismo pelo casamento jamais a deixaria assim. Aquilo não era nervoso. Era desespero...


Desespero pela verdade óbvia. A mais cruel das verdades...


Estava zonza, aflita. A pequena igreja de Sta. Bárbara estava repleta de pessoas que a amavam e queriam fazer parte daquele momento tão especial para a morena. Um momento tão especial... Do qual ela queria fugir...


Engoliu em seco um soluço, fechou os olhos para conter as lágrimas. Sua mãe e a senhora Weasley a matariam se estragasse a maquiagem...


Não evitou um sorriso. Um sorriso triste, que não lhe alcançou o coração. As senhoras Granger e Weasley brigaram tanto por aquilo...


O casamento perfeito. Dos sonhos...


Igreja perfeitamente decorada. Festa preparada. Diversos convidados presentes...


Hermione levou a mão à boca, sentindo-se extremamente enjoada.


Fora pega em flagrante pelo pai, que acabara de entrar na sacristia.


- Filha... – o senhor Granger disse, pesaroso.


Hermione correu para os braços do pai, não contendo mais o choro.


O homem afagou os cabelos da filha, tendo cuidado para não desmontar o delicado coque com alguns cachos soltos. Flores minúsculas e pequeninos cristais completavam o penteado romântico escolhido pela morena.


- Meu amor... – ele murmurou, baixinho, caminhando com a garota, sentando-se na cadeira, a filha no colo – Eu não lhe falei...? Hermione, minha querida, eu não lhe falei...?


- Eu sei, pai, eu sei! – a filha resmungou, jogando a cabeça para trás, limpando o rosto com a ponta dos dedos – Você tinha razão, sempre teve! – um soluço rouco – Eu que fui burra! Burra ao extremo!!!


O pai sorriu, pacientemente.


- Você foi orgulhosa, isso, sim. – corrigiu a morena, que fez uma careta e soltou um muxoxo em desaprovação.


O homem sorriu mais ainda.


Hermione suspirou, os ombros caídos.


- Não posso fazer isso. – disse, fitando os olhos amendoados do pai, os mesmos que os seus – Eu não posso! Eu, eu, eu... Eu não posso! – enfatizou, suas íris opacas, sem brilho.


O pai tornou a sorrir, bondosamente. Limpou ele mesmo uma lágrima que escorrera pelos olhos da filha. Acariciou o rosto da morena, sentindo ele mesmo o desespero em que ela se encontrava.


Sempre a entenderia. Ela era sua filha, sua razão de viver. Por isso mesmo, cortava-lhe o coração ver Hermione assim. Desamparada. Desesperada. Triste...


- Você nunca o amou, não é mesmo? – disse, sabendo ele próprio de toda a verdade – Você e Fred... – fez uma pausa, procurando as melhores palavras – Vocês... – riu, baixinho – Eu nunca vi fogos de artifício em vocês. No seu olhar! – brincou, tocando o nariz dela com a ponta de seu dedo – Nunca vi... A não ser com ele...


Hermione tornou a fechar os olhos, mais lágrimas surgindo. Assentiu com a cabeça, sabendo que aquela era a mais pura verdade.


Fred era um doce de pessoa. Gentil, companheiro, atencioso... Educado, inteligente, amoroso... Engraçado, amigo, fiel... Mas ele jamais seria ele... Jamais seria Draco...


- Ele é um perfeito idiota! – resmungou, zangada – Jamais deveria ter partido. Jamais deveria ter me feito escolher!


Deitou a cabeça no ombro do pai, recebendo o afago do homem, que a abraçava e a aninhava mais contra seu peito. O pai era o único conhecedor de sua estória com o loiro. O único que sabia que Hermione era loucamente apaixonada pelo sonserino...


- Idiota, estúpido, arrogante, prepotente... – a morena vociferava, tentando extravasar toda sua raiva – Aquele loiro filho da...


- Hermione, filha. – o pai pôs um dedo sobre os lábios da morena, ainda sorrindo – Xingue-o o quanto quiser, mas nada vai mudar o fato de que você ainda é completamente apaixonada por ele. É e sempre será, devo dizer. – disse, ampliando ainda mais o seu sorriso, do jeito que somente os pais conseguem fazer.


Apaixonada por ele... Desde os tempos de escola... Um amor proibido... Escondido...


Juntos desde o sexto ano, quando ele entrara em crise com a missão recebida. Ela fora seu único apoio. Sua razão quando ele não mais possuía alguma...


Draco fora, para ela, a luz no final de um longo túnel. Um túnel de sofrimentos e perdas. De tristezas causadas pela guerra...


Mas ele se casara com Astória. Porque jamais poderia se casar com ela...


E ela, agora, estava prestes a fazer o mesmo. Casar-se-ia com Fred Weasley. Porque jamais poderia se casar com ele... Porque jamais fora corajosa o suficiente para dar as costas ao mundo, aos amigos e à família, e fugir com ele, como ele tanto insistira...


Pôs-se de pé, ao ouvir a porta se entreabrir. Ficou de costas enquanto uma animada Gina entrava e informava que a música já iria tocar, anunciando o início da cerimônia.


A ruiva não percebera nada de estranho. Ninguém jamais percebera...


- Filha... – o pai disse, segurando as mãos de Hermione, uma expressão triste no rosto – Filha, por favor...


- Gina e Luna já estão a caminho do altar. – a morena explicou, ouvindo uma música lenta ao fundo, andando na direção da porta e ajeitando apressadamente o vestido, secando as lágrimas em seguida – Vamos, não temos muito tempo, pai! Vamos! – disse, em seu tom de voz mais firme o possível, como uma ordem.


O homem prostrou-se ao seu lado, Hermione envolveu seu braço no dele. Respirou fundo, preparando-se.


- Esta mesmo decidida? – ele quis saber, sério, olhando para a filha.


Hermione meneou a cabeça, dando de ombros.


- Não posso fazer isso com Fred. – disse, por fim, um tom firme e resignado – Deixei essa estória toda chegar muito longe. Por mais que queira, não posso...


- Hermione, você...


- Não posso simplesmente largá-lo no altar! – definiu, sendo esta sua última palavra – Não posso arruinar a vida dele porque eu não tive coragem de tomar uma decisão três anos atrás. Está acabado, então, vamos!


O pai abaixou a cabeça, assentindo.


As portas da sacristia se abriram, eles começaram a andar pelo corredor externo na lateral da capela, que levava ao centro da Igreja, de frente para o altar. A música de entrada das damas de honra, Gina e Luna, já chegava ao fim. Após, a marcha nupcial começaria a ser tocada...


- Ótimo. – o pai assentiu, visivelmente contrariado – Bom saber que minha filha escolheu ser infeliz ao invés de correr atrás de seus sonhos.


- Pai... – a morena tentou, mas em vão.


- Me avise apenas quando sairá o divórcio. – o pai pediu, parando à frente da Igreja, esperando o momento certo – Quem sabe, a partir daí, eu possa voltar a ter esperanças com você.


- Pai, isso NÃO é justo! – Hermione retrucou, puxando o homem pelo braço, irritada.


- O que não é justo é você fingir pro Fred que o ama! – o senhor Granger corrigiu a filha, sério – Hermione, você não vê que, assim, nem você, nem ele, serão felizes? Que esse casamento esta fadado ao fracasso desde o momento em que você o aceitou?


- Pai...


- Você NUNCA deveria ter aceitado o pedido de namoro dele. – o pai a corrigiu, calando-a – NUNCA deveria ter aceitado o pedido de casamento dele.


- Queria que eu ficasse sozinha para sempre?! – a morena rebateu, cruzando os braços junto ao corpo, algumas pétalas do buquê voando com a violência usada – Sentada no sofá do meu apartamento, dia após dia, noite após noite, devorando livros atrás de livros, me entupindo de trabalho, engordando feito uma louca por comer salgadinhos e beber cerveja barata, tudo pra que eu conseguisse esquecer que Draco Malfoy existe por cerca de cinco minutos?!


- Você não deve usar os outros como solução para os seus problemas. – o homem disse, firme – Você está usando o Fred e sabe disso, Hermione. Se, para esquecer o Malfoy, fosse preciso que você passasse a vida inteira sozinha, que fosse! – disse, vendo-a suplicar para que falasse baixo – Não é certo você enganar o pobre rapaz. Porque não é apenas você, Hermione. É a vida dele que está em jogo também!


A morena bufou, impaciente.


- E o que me sugere fazer?! – quis saber, a cara amarrada – Porque o Fred jamais vai me perdoar se eu o abandonar naquele bendito altar. – disse, um braço estendido na direção da igreja, a marcha nupcial começando a tocar ao fundo – Será uma humilhação, pai, eu não posso fazê-lo passar por isso!


O pai segurou a filha pelos braços, olhando-a profundamente.


Respirou fundo, meneando com um aceno de cabeça.


- O Fred... – começou, pausadamente – Ele sabe que você nunca o amou. Não realmente. – disse, vendo o queixo da morena cair – Uma noite, depois do aniversário de sua mãe, enquanto vocês duas estavam no quarto abrindo os presentes depois daquele jantar-surpresa, ele veio conversar comigo. Ele queria saber o que havia com você.


- O que diabos você disse, pai?! – a morena se desesperou.


- Apenas a verdade. – murmurou, no que ela começou a andar de um lado para o outro – Que você gostava dele, mas que aquilo estava longe de ser amor. E Fred não é idiota, Hermione, ele já desconfiava disso. Que você amava outro... Ele só não tinha certeza.


- Pai... – a garota tentou mais uma vez, mas estava sem palavras.


- Vocês vão precisar conversar muito, Hermione, e não é garantido que vocês voltem a se entender no futuro. – o homem explicou, paciente – Mas você não pode deixar essa farsa ir além. Você já foi longe demais! Se você caminhar agora e subir naquele altar, você estará destinando os dois a serem infelizes para sempre. Ou até o tempo em que conseguirem ficar juntos!


-Pa...


- Hermione, querida, o que você está fazendo??? – a senhora Weasley apareceu, visivelmente nervosa – Todos já estão lhe esperando! Sua mãe está quase tendo um treco no altar tamanha demora...


- Já estamos indo, Molly, a Hermione apenas sofreu um pequeno tropeço e quase caiu. – o pai explicou, sorrindo – Peça para tocar novamente a música, nós já estamos indo.


A mãe dos ruivos assentiu e voltou correndo para a Igreja.


- Agora ou nunca. – o pai disse, voltando-se para a filha.


- Pai... – a morena choramingou, aflita.


- Eu falo com todos, principalmente com Fred. – disse, tentando acalmá-la – Quando você estiver pronta, você mesma poderá falar com ele.


- Ele vai me odiar pro resto da vida. – a garota disse, novas lágrimas surgindo em seu rosto – Mamãe...


- Com sua mãe, eu me entendo. – o pai disse, piscando um olho, marotamente, depositando um dedo nos lábios da filha.


Ao fundo, a marcha nupcial tornou a ser tocada. Os dois se entreolharam, como se pudessem ler a alma um do outro.


- Pai... – Hermione choramingou novamente, sem se conter.


O pai sorriu, satisfeito, entendendo a decisão da filha.


- Sua mãe me mata! – disse, rindo, retirando do bolso uma chave preta presa a um chaveiro lilás – Jurei a ela que tinha vendido...


- Minha MOTO!!! – Hermione exclamou, reconhecendo a chave.


- A moto que ele te deu, sim. – o pai assentiu, sorrindo mais ainda.


Hermione jogou-se nos braços do pai, chorando mais ainda.


- Vá, vá! – o homem disse, apressando-a – Do contrário, Molly vai aparecer aqui de novo. Ela está num beco a duas quadras daqui.


- Como...?


O homem simplesmente sorriu.


- Eu conheço minha filha. – disse, dando um beijo na bochecha da morena, empurrando-a e vendo-a começar a correr.


Hermione já alcançava a esquina quando o pai deu-lhe as costas. Com um suspiro, começou a subir os degraus da Igreja.


Não seria nada fácil anunciar que o casamento estava cancelado. Mas era melhor do que ver sua filha ser infeliz pelo resto de seus dias...


 


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 Draco observava o barco que velejava ao longe, a brisa levando-o para além do horizonte... Com os braços cruzados junto ao píer, deixava o tempo passar...


O entardecer se aproximava, o céu encontrava-se o mais belo dos vermelho-alaranjados... O pôr-do-sol sempre fora perfeito visto dali. Mais que perfeito visto com ela ali...


Abaixou a cabeça, apoiou a fronte junto aos braços. Fechou os olhos, tentando controlar a sensação de perda que tomava conta de seu ser. Sensação constante desde que a deixara. E que se intensificara ao longo daquele dia, o dia do casamento de Hermione...


Não chorara, não gritara, não discutira. Não demonstrara nenhuma reação. Apenas sofria internamente. Seu ‘eu’ interior partido em pedaços...


Riu consigo mesmo, recordando da briga que tiveram quando ela lhe dissera ‘não’. Quando ela se negara a fugir com ele. Na última noite em que se viram, três anos atrás.


Vasos quebrados, cadeiras chutadas, portas destruídas por feitiços. Uma briga que durara horas. Até que ele deu-lhe as costas e sumiu pelo mundo.


Ela tinha todo o direito de refazer sua vida, afinal, fora ele quem a abandonara. Não tinha motivos nem razão para questioná-la.


Ainda assim, sofria...


Era orgulhoso, prepotente. Esperava que ela reconsiderasse. Mas assim como ele, Hermione era determinada e não voltava atrás em suas decisões. Ela jamais o procurou. Ele jamais voltara...


Descobrira tarde demais que não era nada sem ela. Que sua vida não tinha sentido sem ela... Estava no escuro, na mais triste e sombria escuridão. Sem ela, seu mundo não tinha cores. Sem ela, seu mundo não era mundo...


Meneou a cabeça, impaciente, erguendo-a devagar. Detestava o som de motos. Mais do que tudo...


Porque fora ele quem a ensinara a ter gosto por velocidade. Fora ele quem a ensinara a dirigir uma moto. Fora ele quem lhe dera sua primeira Ducati. E foi com a perda dela que ele perdeu o gosto por tudo...


Odiava tudo que lembrasse ela. Motos, livros, risadas alegres... Música, comédias românticas, flores na primavera... Só não conseguia odiar aquele píer... O píer que era o lugar de encontro dos dois. O lugar favorito dos dois... Com o entardecer mais belo de todos. Com os nomes deles gravado para sempre...


Virou de costas, desprezando mais aquele pôr-do-sol. Ele jamais seria completo sem ela...


Olhou para frente, parando ao primeiro degrau. Jamais pensara encontrá-la ali...


 


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Hermione dirigira a toda velocidade, desrespeitando sinais, ignorando os demais veículos automotores... Só sabia que queria fugir de Londres, fugir do mundo...


Fora um milagre não ter sofrido um acidente, pois sequer prestara atenção aonde ia. Seu instinto, porém, a levara para seu lugar predileto. Seu lugar mágico... Seu lugar com ele...


Freara sem pensar, derrapando pelo asfalto alguns metros. Saltara da moto, com certa dificuldade, afinal, ainda trajava seu vestido de noiva.


Rira baixinho. As pessoas nas ruas deveriam achar que ela era doida...


Correu as escadas, com sorte, chegaria a tempo de assistir a mais um pôr-do-sol. O pôr-do-sol que ela tanto adorava... Pois a fazia se lembrar dele...


Parou bruscamente, seu coração parando junto. Ele estava ali... Draco estava ali...


 


***********************************************************************************


Demoraram alguns minutos, não sabiam o que fazer. Perderam o entardecer, preocupados em fitar um ao outro. Nada melhor do que a visão dela... Nada melhor do que a visão dele...


Draco deu um passo para trás. Hermione terminou de descer os degraus.


Ele se apoiou de volta à mureta do píer, ela copiou o movimento. Draco sorriu ao vê-la ali, vestida de noiva. Hermione sorriu ao vê-lo ali, um bermudão bege e uma camisa preta lisa.


- Decidiu seguir meu conselho? – o loiro alfinetou, no que ela sorriu.


- Vestidos de noiva não são tão feios quanto parecem. – a garota confirmou, sabendo que ele entenderia que fora ele quem mudara sua opinião sobre vestidos e casamento – Vejo que também seguiu meu conselho. – alfinetou, no que Draco riu, com gosto.


Hermione adorava a risada de Draco. Era uma das coisas que mais gostava nele...


- Pois é, sabe-tudo... – ele disse, chamando-a pelo apelido que era só seu – Parece que eu realmente fico mais... ‘sociável’... desse jeito... – disse, o que ela lhe dissera anos atrás.


Foi a vez da morena rir, fazendo Draco rir mais ainda. Sempre ria quando ela ria. Por isso detestava risadas. Ele perdera a vontade de sorrir sem a risada dela para acompanhá-lo...


Voltou-se para frente, os olhos fixos no mar. A água brilhava à luz do luar, dando um clima mais romântico ao píer...


- O que está fazendo aqui, Granger? – perguntou, sem fitá-la – Não vai me dizer que fugiu da festa do seu casamento só para vir até aqui! – sorriu, debochado.


- Não, Malfoy... – ela sorriu junto, também fitando o mar – Não fugi da festa. Fugi do casamento mesmo...


Draco engoliu em seco, assimilando a informação. Ela não se casara. Não se casara com Weasley. Não se casara... Hermione não se casara...


- Por que? – quis saber, ainda sem encará-la.


A morena deu de ombros, suspirando profundamente.


- Não era pra ser. – disse, brincando com o buquê que ainda carregava.


Sorriu, deixando-o cair ao mar. As flores se despedaçaram no momento em que se chocaram com as ondas e as pedras... A morena se reclinou para frente para ver melhor. Uma sensação de liberdade maravilhosa invadindo o seu ser...


- Aderiu ao vestido, mas não ao casamento? – Draco murmurou, voltando-se para ela.


Hermione copiou o gesto, ficando de frente para o loiro.


- Não podia me casar com Fred. – disse, um tom triste – Nenhum de nós seria feliz... Não era justo eu condená-lo junto comigo.


- Você esta condenada? – Draco perguntou, sua voz saindo rouca.


Hermione suspirou mais uma vez, os olhos presos ao céu antes de responder.


- Você me condenou. – disse, mas sem haver acusação ou raiva na sua voz. Havia apenas... uma triste verdade – Quando me deixou. Quando optou por casar. – deu de ombros – Tentei fazer o mesmo, mas não consegui. – sorriu, baixinho – Não seria justo com Fred. E eu jamais poderia magoá-lo. Ele foi muito bom comigo... – começou a se afastar, andando de costas para a escada – Se bem que ele não deve estar nada feliz comigo agora... Mas, enfim... – sorriu, subindo os degraus, dando as costas para o sonserino – Decidi abolir o casamento dos meus planos. – riu – Vou procurar um bar agora. Preciso de uns drinques antes de voltar pra casa. Na certa, meus pais estarão lá me esperando... Meus pais, Harry, os Weasley... Quem sabe até o Fred... – chegou à metade da escada, riu – Alguns drinques... Talvez muitos...


Draco a viu se afastar, saindo de novo de sua vida. Uma segunda vez... Sentiu o peito doer...


- Eu me separei.


Hermione parou antes de atingir o último degrau.


- Me separei de Astória. – ele tornou a dizer – Hoje mais cedo...


Hermione fechou os olhos, tentando conter o furacão causado em seu interior pelas diversas borboletas que voavam em seu estômago. Ele havia se separado. Draco havia se separado...


- Por que...? – perguntou, ainda de costas.


Chegou a achar que ele não ouvira sua pergunta. Falara baixo, também... Estava sem voz...


Mas depois de alguns segundos veio a resposta. A mais simples das respostas...


- Porque ela não era você...


Virou-se bruscamente, a calda do vestido arrastando pelos degraus. Draco subira dois degraus de cada vez, parando ao seu lado.


- Ninguém jamais será você. – disse, visivelmente perturbado com o pensamento, suas íris cinzas brilhando – Ninguém...


Hermione fechou os olhos ao sentir o toque dos dedos dele em sua bochecha, segurando a curva de seu pescoço...


- Não. – disse, séria, afastando-se um passo – Não posso. – repetiu, mais para se convencer do que a ele mesmo.


- Por que não? – ele quis saber, desesperando-se.


- Não vou agüentar se você me deixar de novo... – a morena confessou, uma lágrima escorrendo pela bela face.


Draco sentiu-se péssimo. Detestava a si mesmo por tê-la feito sofrer...


- Eu errei muito com você. – assentiu, pesaroso – Não posso voltar atrás nisso. Mas nós dois... – pausou, buscando as melhores palavras – Ninguém jamais nos aceitaria. Sua família, seus amigos... Ninguém gostaria de me ver ao seu lado. E você merecia alguém tão melhor do que eu...


Hermione meneou a cabeça, mais lágrimas surgindo em seu rosto.


- Eu não me importava com isso. – explicou – Sabia que todos seriam contra nós, mais eu não me importava. Não ligava! – deu de ombros – Eu só queria ficar com você. Ter você ao meu lado... Pra sempre... – fungou, baixinho – Mas quando você se foi, eu senti como se nada mais tivesse sentido. Minha família, meus amigos... Nada mais fazia sentido. Nada mais importava. Preferia ter brigado com eles e ter você ao meu lado do que ficar com eles, sem ter você. Eu era exatamente o tipo de pessoa que tinha tudo na vida e não dava valor. Porque nada mais tinha valor... Nada...


Draco não agüentou e a abraçou. Forte. Sem pensar...


Hermione se aninhou aquele peito que tão bem conhecia e que tanto adorava...


Ficaram abraçados por muito tempo. Se separaram, achando que o momento fora breve demais...


Draco segurou o rosto da morena com ambas as mãos, suas íris cinzas fixas na morena. Ela era sua vida, sua essência. Ele sabia disso, sempre soubera. Ainda assim, fora estúpido o suficiente para deixá-la...


- Você não vai se casar com o Weasley. – disse, seu tom sério.


- Não vou me casar com ninguém. – a morena o corrigiu, mas Draco negou com a cabeça, veementemente.


- Você vai se casar. Comigo. – afirmou, vendo os olhos da garota se arregalarem – Comigo. Agora!


Puxou-a pela mão, correndo em direção à moto de Hermione. A morena, porém, parou de andar.


- Draco... – pediu, aflita – Não brinca comigo... Por favor...


- Não estou brincando. – ele afirmou, sentando-se na moto, um braço estendido para a morena – Nos casamos no cartório. Depois, marcamos um novo casamento. Cerimônia, festa, tudo o que temos direito. Você sempre soube que eu gostaria de ter um casamento completo, você que cismava em apenas se casar no civil, blá blá blá... Vamos logo, os cartórios fecham às 19 horas!


Hermione continuava estática, sem acreditar no que estava acontecendo.


- Anda, Mione, pula nessa moto! – Draco disse, rindo a toa – Vamos voar!


A morena sorriu, sem se conter...


Ergueu a saia do vestido, pulou na traseira da moto. Entregou o chaveiro lilás para o loiro, recebeu um beijo apressado. Apressado... Mas que se tornou longo...


Um beijo sedutor, profundo, que, porém, não matava metade das saudades que um sentia do outro...


- Vamos perder o cartório! – Draco se afastou meio a contragosto, fazendo a morena rir.


Ligou a moto, saíram voando pelas ruas... Chegaram a um cartório, entraram na pequena fila que havia, coisa de final de expediente...


Chegaram de frente ao juiz de paz, rindo da situação. Ela, de vestido de noiva. Ele, de bermudão e camisa...


Assinaram os papéis, não havia aliança. Draco entregou à morena seu anel favorito, prata com detalhes em preto. Prometeu a ela que compraria uma no dia seguinte.


Saíram do cartório, ambos sorrindo. Draco a ergueu nos braços, aparatando diretamente em seu apartamento.


Fizeram amor a noite inteira. Na manhã seguinte também...


Tomaram café na cama, fizeram planos para o casamento religioso. Amaram-se mais...


Saíram para almoçar, Draco comprou um lindo anel prata com um diamante solitário. Hermione adorou a aliança, beijou o marido diversas vezes...


Voltaram para o apartamento, tornaram a se amar. Decidiram que deveriam dar sinal de vida, principalmente à família dela. Aparataram próximo à casa dos pais da grifinória, quase morreram pelo berro dado pelas senhoras Granger e Weasley.


Descobriram que todos aguardavam a volta da morena, Fred inclusive.


Não souberam o que dizer, mas o ruivo sabia.


- Idiota! – murmurou, indo abraçar a morena – Sempre soube que não me amava, mas me trocar pela doninha... – Fred riu diante da provocação – O carma é seu, não meu!


Molly e a mãe não aceitaram o romance dos dois, principalmente depois de saberem que o senhor Granger já sabia da estória há tanto tempo.


Molly e a senhora Granger desmaiaram ao ouvirem do casamento relâmpago, e Harry aproveitou a confusão para pedir Gina em casamento.


- Acho melhor irem... – o pai de Hermione disse, paciente, enquanto Arthur tentava acordar as duas mulheres – Não irão querer dar explicações hoje... Tem onde ficar?


Draco Malfoy sorriu.


- Voltamos em um mês! – murmurou, segurando a morena pelo braço e aparatando em seguida em seu apartamento.


- Um mês? – Hermione quis saber, confusa.


- Precisamos recuperar o tempo perdido. – o loiro provocou, fazendo-a corar intensamente – Iria dizer um ano, pelo menos, mas preferi não abusar da sorte...


Hermione se jogou nos braços do loiro, como há muito não fazia.


Amava-o perdidamente. Sempre amaria...

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Comentários (4)

  • Nana-moraes malfoy

    Amei Rê! Lindaaaaaaaaaa! Menina vc arrasa! Beijos! nana

    2012-01-03
  • Angel_Slytherin

    Aiaiai! Onde eu posso arranjar um Draco desse para mim? Poxa, eu tb quero um casamento relampago! oaskoaksoaksokas. =D Aiaiai, muitos suspiros aqui! A fic é linda! Parabens!! =D BeijosAngel_S

    2012-01-01
  • Scarlett

    Muito boa...  Amei!!!  

    2011-12-26
  • Artemis Granger

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkamei, minha querida!!!!mais um fred pra eu consolar?!?!?!?!?!?!?!?

    2011-12-18
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