CAPÍTULO 1



CAPÍTULO 1


 


ESTÁVAMOS TODOS NA TOCA, comemorando o mais importante de todos os feriados: o natal. Não por causa dos presentes, embora essa fosse uma parte muito boa, porque com tantos tios e tias, ganhava montanhas de presentes.


Era o feriado mais importante de todos porque era quando toda a nossa imensa e quase completamente ruiva conseguia se reunir. E até mesmo quem era da família por consideração aparecia – como Teddy e sua avó, e vovô e vovó Granger, que não eram família de todo mundo – e ainda chegavam aqueles que já estavam em Hogwarts, o lugar pra onde eu mais queria ir no mundo inteirinho! Eu não queria me separar do papai e da mamãe, mas estava doida pra aprender magia, e só os livros já não eram suficientes. E ainda faltava um ano e meio pra poder embarcar para a escola.


E esse era um natal muito mais especial, segundo tio Jorge e tia Angelina, que fariam um anúncio super importante depois de comermos o pavê, que era a grande sobremesa da noite, e que rendeu uma piadinha infeliz do tio Percy, perguntando “se era só pavê ou era ‘pácome’ também” – papai depois da piada comentou comigo que preferia o titio chato de antigamente em comparação a esse novo titio com piadas infelizes. Papai dizia que tio Percy fazia essas piadinhas para tentar se enturmar na família – eu sempre achei bem estranha essa explicação de papai, mas não importava o número de vezes que eu perguntava isso, era sempre a mesma resposta, tanto que acabei desistindo de tentar entender. No fim, eu e alguns de meus primos sempre ríamos pra deixar tio Percy feliz, só que ninguém ria mais do que Fred, para o desespero do tio Jorge.


Ainda faltava muito para a sobremesa, e eu ficava cada vez mais ansiosa – o que acabava irritando um pouco Al, que dizia que eu era muito ávida (a palavra do dia de Al, mas eu preferia ansiosa mesmo). Estávamos ainda comendo o delicioso peru da vó Molly, e mesmo que eu adorasse comer, principalmente a comida da vovó, minha curiosidade falava mais alto, e eu queria que a ceia terminasse o mais rápido possível. Não pelos presentes – que ainda eram uma parte importante da noite! – como já disse, mas por causa do anúncio de tio Jorge.


- Rose! Estou te chamando há séculos! – disse Albus, cutucando minha bochecha direita enquanto falava comigo. Ele tinha uma mania muito chata de cutucar as pessoas para chamar a atenção delas. – Você pode me passar a tigela de molho? – ele voltou a falar quando as cutucadas me fizeram olhar para ele


Impaciente, peguei a tigela e quase atirei nele, ao passá-la com raiva para as mãos dele.


- Obrigado. Esse purê não fica a mesma coisa sem o molho! – disse feliz


- Hummm, tanto faz, Al. Só não me cutuca mais, ou então qualquer dia faço esse seu dedo comprido cair. – eu disse, mas ele nem prestou atenção, preocupado com o seu prato repleto de peru, purê de batata e mais o que estivesse ao seu alcance na mesa. Já disse que era uma mesa só para nós, crianças? Sim, como A Toca ficava muito cheia durante o natal, todo ano montavam uma grande tenda mágica que não deixava o frio chegar, e que era tão grande que cabiam duas enormes mesas: uma para os adultos e outra para as crianças. Sempre foi assim, pelo menos desde o primeiro natal que eu me lembre.


- Errr... Fred, por que você sempre ri tanto das piadas do tio Percy? – era a minha curiosidade falando com a pessoa que estava a minha esquerda. Eu não costumava falar muito com ele, porque eu era quase três anos mais velha, mas ainda sim eu achava Fred um primo genial – As piadas dele são tão ruins... E você tem algumas piadas tão boas...


- Só rio como todo mundo... – falou Fred também mais preocupado com a comida do que com minha pergunta.


- Mas nós só rimos pra deixar ele feliz!


- Ué? Eu sempre achei que riamos pra deixar o papai irritado... – falou ele, que sabia que tio Jorge sempre ficava desapontado com as risadas de Fred para as piadas do tio Percy, algo que Fred achava engraçado que nem uma pegadinha. Tio Jorge, nesses momentos, sempre dava graças por Roxanne ainda ser pequena demais para entender sobre piadas, pois ela tinha apenas três anos. Na verdade nós não tínhamos muita paciência com Roxanne, que era a mais nova de todos nós. A coitada era tão novinha que não tinha nenhum primo para brincar, porque as segundas mais novas tinham três anos a mais do que ela, as gêmeas Lucy e Molly – que era chamada de Mó, só Mó, para não confundir com a vó Molly – que tinham seis anos, assim como Fred que em pouco tempo faria sete.


- Bom, deixa isso pra lá. Você sabe o que o seu pai tem de tão importante para dizer hoje à noite? – era minha curiosidade de novo.


- Não tenho a menor idéia. – Fred falou dando de ombros e enfiando uma grande quantidade de peru na boca, o que significava que nossa conversa acabava ali, num sinal de que a comida era mais importante no momento.


- Espere, Rose! Coma agora enquanto ainda temos comida, que depois o tio diz o que tem que dizer. – falou Al, enquanto empurrava comida no meu prato. Era bem difícil para ele entender que eu tinha que saber das coisas. – Faça que nem eu e o Louis, e coma essa comida deliciosa! – os meus dois primos preferidos eram mesmo muito cabeça-duras. Certo, isso não é verdade, pois eles eram tão inteligentes quanto eu, e para mim, cabeça-dura é alguém que não é inteligente.


Resolvi deixar Albus para lá, e comer um pouco, como ele tinha falado, enquanto esperava ansiosamente pela importante notícia – já mencionei que sou muito curiosa? – Mas a ceia, mesmo estando deliciosa – também já mencionei que a vovó Molly cozinha realmente bem? – parecia se arrastar por toda a noite, e nem tínhamos chegado na sobremesa ainda.


Começou, então, uma conversa entre nós, crianças, sobre o que esperávamos ganhar de presentes, e entre os mais novos, se deveriam esperar pelo Papai Noel ou não. Pobre Hugo, ainda acreditava nesse conto de fadas. Porém essa foi uma conversa interessante, e serviu para me distrair o suficiente para esquecer um pouco sobre o grande anúncio de tia Angelina. Quando percebi, já comíamos as sobremesas, mas ainda nada do pavê, o que gerou novas piadinhas de tio Percy, que afirmavam que o pavê, depois de tanta comida e tantas outras sobremesas ficaria só pra ver mesmo. Só que dessa vez, como nós não estávamos por perto, o tio ficou sem graça, porque não escutou nenhuma risada. A piadinha me lembrou de uma pergunta que sempre quis fazer: por que todo natal era a mesma coisa, e o pavê era sempre a sobremesa mais importante? Uma vez ouvi falar que era porque era a sobremesa favorita de Fred, mas quando perguntei isso a ele, fiquei sabendo que era na verdade sorvete. Os adultos às vezes eram tão esquisitos.


Enfim, finalmente, depois de muita comida e no final, chegou o tão aguardado pavê, trazido numa grande travessa flutuante enfeitiçada por vovó Weasley. Ela separou uma grande fatia para cada um – o que só mostrava como o pavê tinha que ser imenso para tanta gente poder comer – e começamos todos a comer ao mesmo tempo, uma tradição inventada pela vó Molly tão antiga quanto escutar a Celestina no rádio.


Eu praticamente engoli a minha generosa fatia – vovó dizia que as crianças tinham que comer mais, por estarem em fase de crescimento – e fiquei inquieta, aguardando o anúncio. Estava tão inquieta que me balançava toda, o que irritava Al, enquanto Louis já nem mais ligava para isso.


- PRESENTES! – falou tio Jorge, abraçado à tia Angelina – Chegou a hora! A tão esperada hora! A tão aguardada hora! A mais importante hora! É agora! AI! – vi e ouvi um tapa no ombro do tio, dado pela tia que estava impaciente com a demora de tio Jorge, e além do tapa ainda consegui escutar ela mandando ele ir logo. – Essa doeu!


- Anda logo papai, que eu quero abrir meus presentes! – gritou Fred, que estava também impaciente.


- Seu pestinha interesseiro... – tio Jorge falou num tom de brincadeira


- Bem, o que queremos dizer é que... – tia Angelina começou a falar, com raiva, mas tio Jorge não deixou ela terminar.


- Que estamos aguardando os presentes! – tio Jorge falou alto, e eu percebi que não era a única sem entender nada. Estava tão ansiosa para algo tão bobo. Típico do tio Jorge.


- O que ele está tentando dizer é que vocês serão titios. – tia Angelina tentou explicar, e bastou a palavra com “t” que todo mundo começou a falar ao mesmo tempo, alegre e indo para cima dos dois, igual aos meus primos mais novos atrás de um pacote inteiro de doces da Dedos-de-Mel. Os adultos ainda achavam isso importante. Oras bolas, ter mais algum primo não era nenhuma novidade para alguém que já tinha tantos.


Dei pouca importância para aquilo tudo, e ainda tive que aturar Al falando que eu tinha ficado ansiosa à toa. Tínhamos que ficar lá fora, esperando os adultos paparicando, pois não podíamos abrir os presentes sem eles. Mesmo dando pouca importância, ainda consegui escutar uma coisa ou outra, como vovô Arthur falando que não conseguiria ficar mais careca do que já estava, e alguém perguntando qual era o sexo – algo que não entendi muito bem, já que não sabia o que era sexo – e tia Angelina respondendo que queriam fazer uma surpresa. Depois percebi que foi tio Percy quem perguntou isso, e ele respondeu que essa era uma grande surpresa e perguntou para tio Jorge se ele “com corda ou sem corda” se era uma boa surpresa. Tio Percy ficou realmente sem graça, porque ninguém riu.


Depois de algum tempo, todos se acalmaram e nos chamaram para entrar, para que os presentes fossem abertos e depois todos voltassem às suas casas. Era com toda certeza o momento mais esperado de toda a noite, porque o anúncio de tio Jorge não valia a pena para ser o momento mais importante do natal, afinal o que era um primo novo e sem graça comparado a brinquedos novos?


Ganhei algumas bonecas, alguns livros, um ou outro bicho de pelúcia – eu amava bichinhos de pelúcia, principalmente os unicórnios! – uma vassoura de brinquedo nova – a minha já estava muito pequena para mim! – um kit deluxe de marotices junior – esse com toda certeza era de tio Jorge! – alguns vestidos e um kit de pintura, dado em conjunto por Albus e Louis, que conheciam o meu amor por desenhos. Com toda certeza o presente de meus primos favoritos tinha sido aquele que eu mais gostei. Gostei tanto dele que dei um grande abraço nos dois ao mesmo tempo.


Curiosa, fui procurar saber o que Albus e Louis tinham ganhado, e descobri que eles também tinham vassouras novinhas e para variar, algumas roupas novas. Adultos são tão sem imaginação. Sempre escolhendo roupas. Mamãe costuma dizer que eu ligo tão pouco para roupas que qualquer dia passava a andar nua. Eu heim! Posso não ligar para roupas, mas nunca que sairia andando nua por ai! Então eu normalmente digo que nunca ficarei nua na frente de ninguém, porque tenho vergonha demais para fazer isso. Papai costuma gostar dessa resposta, não sei por qual motivo.


- Al, Louis, vocês querem dormir lá em casa, pra amanhã cedo podermos estrear nossas vassouras novas? – perguntei bastante animada com a idéia.


- Não posso Rose. Amanhã cedo vamos para a França, encontrar vovô e vovó Delacour. – Louis respondeu tristonho


- Ahhh, como vamos ficar sem você? – estava decepcionada, pois Louis não poderia ir, e eu realmente gostaria que ele pudesse ir.


- Não sei, Rose. Acho que mamãe não vai deixar. Amanhã à noite temos que jantar com o tio Dudley. – Albus também estava triste, e eu fiquei ainda mais triste, porque queria os meus dois primos e melhores amigos comigo.


- Vem comigo! – peguei nas mãos de Albus e Louis e sai arrastando os dois atrás de mim, procurando as pessoas que poderiam mudar minha vida. Tive sorte de encontrar todas as pessoas que eu queria juntas. Tio Harry, tio Gui e papai conversando.


- Diiindo Harry. Dindo Harry – chamei ele enquanto puxava sua calça.


- O que foi, pequena? – tio Harry respondeu gentil. Eu realmente o adorava, porque além de ser meu tio era também meu padrinho.


- O Al pode dormir lá em casa hoje? – perguntei fazendo a minha melhor carinha pidona, uma coisa que Lilly me ensinou. Sempre funcionava com o dindo.


Tio Harry ficou pensativo, tentando descobrir a melhor resposta. Parecia que a minha carinha não funcionava sempre, pelo tempo que o tio Harry demorava em responder. Foi quando tia Gina – minha dinda – chegou. Na verdade ela estava logo ali do lado o tempo todo, conversando com tia Fleur. Eu só não tinha reparado, porque com os tios era sempre bem mais fácil de conseguir o que eu queria.


- Acho que ele pode sim, não, Harry? Temos o jantar com o seu primo amanhã à noite, mas podemos pegar o Al pela tarde. O que acha? – falou tia Gina. Como eu gostava dela por estar sempre atenta e sempre dar as melhores respostas possíveis. Tio Harry abriu um pequeno sorriso e concordou com um aceno de cabeça. Agora só faltava implorar pelo Louis.


- Rose, quem lhe deu permissão para chamar o Albus lá para casa? – papai perguntou para mim em tom acusador


- Mamãe deixou! – eu respondi com uma pequena mentirinha deslavada. Papai nada fez, apenas concordou comigo. Certo, agora sim só faltava implorar por Louis.


- Titio Guiiii! Titia Fleeuur – ataquei novamente com minha cara pidona – O Louis pode dormir lá em casa?


Os dois me olharam com uma cara de pena, e também olharam com uma cara de pena para Louis. Todos sabiam que nós três éramos grandes amigos e que quase nunca desgrudávamos – bom, na hora de usar o banheiro desgrudávamos sim, porque acho que seria um pouco nojento e constrangedor, como já disse não conseguiria ficar nua ou quase nua na frente deles. Mas parecia que dessa vez eu não ia conseguir.


- Oh, querida, acho que Louis já deve ter lhe falado que temos que ir para França amanhã. – tia Fleur estava realmente com pena


- Sim, Rose, dessa vez ele não pode. Deixemos para a próxima, tudo bem? – tio Gui tentou me consolar.


- Ahhhh... – eu lamentei. Eu realmente queria que o Louis fosse também lá para casa – Tudo bem.


Sai de perto dos adultos cabisbaixa – essa foi a palavra do dia de ontem do Al – e meus dois primos me seguiram. Eles também pareciam estar decepcionados. Fui então procurar mamãe, porque ainda tinha um assunto para resolver. Eu a encontrei na cozinha, ajudando vovó Molly junto com tia Audrey.


- Mamãe, o Al pode dormir lá em casa hoje? O papai deixou! – pronto, problema resolvido. Essa técnica secreta que papai e mamãe nunca desconfiaram sempre dava certo! Deu tão certo que mamãe, que ia abrir a boca pra falar alguma coisa, acabou nem respondendo nada, apenas fazendo que sim com a cabeça. Vitória! Bom, nem tanto, né, já que Louis não poderia ir.


Com isso, já que não poderíamos ficar juntos por um bom tempo – Louis iria passar uma semana na França com a família! – resolvemos aproveitar aquela noite ao máximo, conversando e brincando bastante. Fizemos uma guerra de bolas de neve com James, Dominique, Hugo, Lilly, Victoire e Teddy – Victoire na verdade só acabou participando porque Teddy iria participar, e nunca foi segredo para ninguém que Vicky era apaixonada por Teddy. Depois conversamos um pouco e ainda tentamos testar nossas vassouras novas, algo que não foi possível porque quando íamos decolar vovó Weasley chegou desesperada exigindo eu não voássemos ou então iríamos acabar pegando uma gripe. Acabamos não voando, porque ninguém tinha coragem de ir contra uma praga de vó, algo que parecia até ser uma mágica, pois sempre acabava acontecendo, como quebrar algum osso subindo nas árvores dA Toca, ser mordida por gnomos enquanto os perseguia ou ficar com febre por sair para brincar na chuva. Depois do meu braço quebrado eu nunca mais tive vontade de desafiar minha vó.


Estava já ficando bem tarde quando papai e mamãe apareceram junto de tio Gui e dindo Harry. Isso significava que já estava na hora de irmos. Eu e Al abraçamos Louis o mais forte que pudemos. Me despedi de Vick, Dominique, Teddy, James e Lilly, desejando ainda um feliz natal. Al fez o mesmo que eu, e depois ainda voltei a Louis, desejando um feliz natal e pedindo para ele me escrever enquanto estivesse na França. Ele me prometeu de dedo mindinho, a promessa mais importante de todas, o que significava que teria que ser cumprida. Ele disse que mandaria Artemis o máximo de vezes que pudesse, e eu estaria esperando.


Entramos todos e fomos em direção à lareira, para usar o flu. Lá, encontrei tia Gina perguntando para mamãe se teria que enviar algumas roupas para Al dormir, e mamãe respondeu que não precisava, pois já havia algumas roupas em nossa casa. Nossa, isso significava que Al realmente passava bastante tempo na minha casa. Me despedi de tia Gina, dei um grande abraço no tio Harry e corri atrás de vovó, vovô e todos os outros tios, tias e primos que ainda tinha que me despedir e desejar um feliz natal. Quando finalmente acabei com a tarefa, fui para perto da lareira novamente e vi dinda Gina quase esmagando Albus. Tive que segurar meus risinhos, mas depois Al não escaparia de mim.


Enfim, finalmente, depois de tudo, no final, chegou a hora de irmos embora, usando a lareira com Al acompanhando a gente. Peguei um punhado do pó e Al pegou um outro punhado. Seguramos a mão de mamãe – ela sempre insistia em segurar a mão de nós, crianças, com medo de que nos perdêssemos em alguma lareira desconhecida, sempre citando a história de quando tio Harry se perdeu assim uma vez – e depois que nós jogamos o pó, ela gritou nosso endereço. Fechei os olhos e tudo começou a girar. Parecia que não ia acabar nunca, até que fomos desacelerando e quase nos estabacamos no chão de minha cozinha, algo que só não aconteceu porque mamãe não permitiu.


Estávamos lá, finalmente em casa. Eu, mamãe, papai e Hugo que tinham acabado de chegar e Albus. Nós dois subimos correndo as escadas até meu quarto – que era todo na cor lilás, minha cor preferida, e repleto de bichinhos de pelúcia, principalmente unicórnios; havia também um mural com diversas fotos minhas, e em pelo menos metade delas apareciam também Albus e Louis – apostando corrida para ver quem tomaria banho primeiro. Ele, como era menino acabou ganhando, e tive que ver ele mostrar a língua para mim enquanto fechava a porta de meu banheiro. Droga! Isso sempre acontecia. Por que eu não podia vencer pelo menos uma única vez? O problema é que eu sabia que Albus iria demorar no banho, algo que ele sempre fazia, por gostar de esperar a água ficar bem quente mesmo. A água era tão quente que seria capaz de cozinhar uma lagosta.


Mamãe então chegou em meu quarto e abrindo meu armário, tirou de lá um pijama antigo do Al, com desenhos de vassouras. Preparou a cama em que ele dormiria – na verdade apenas puxou a cama que ficava embaixo da minha – e disse que depois voltaria. Mamãe saiu de meu quarto e eu fiquei lá, parada, apenas esperando. Como Al demorava no banho! Tive até que bater na porta para apressá-lo.


Depois de um tempo que pareceu uma eternidade Al enfim saiu do meu banheiro, enrolado numa toalha minha, rosa com desenhos de unicórnios – já disse que amo unicórnios? – Tive que rir daquela cena, e comentar sobre como ele ficava bonitinho com aquela toalha que ele pegou num pequeno armário do meu banheiro. Ele ficou um pouco vermelho – o que pode ser por causa do banho quente – mas não disse nada. Se Louis estivesse aqui, com toda certeza seria bem mais engraçado, porque ele estaria me ajudando a provocar Al.


Entrei em meu banheiro já carregando meu pijama e tranquei a porta. Tirei meu vestido de festa e entrei no chuveiro, pois estava muito tarde para usar a banheira. Não lavei meus cabelos, porém não tive dó em usar bastante sabão para ensaboar meu corpo e ficar bem limpinha e cheirosa. Mas mesmo assim ao levei metade do tempo que Al costuma levar no banho. Talvez seja porque a água já estava quente, e não tive que esperar esquentar.


Sai do banheiro já arrumada, fresquinha, limpinha e cheirosinha. Ah, como eu adoro tomar banho! Acho que nunca conseguiria ser porquinha. Encontrei papai trazendo dois copos d’água e colocando sobre minha bancada, onde também havia um rádio e um computador – presente do vovô e da vovó Granger e que eu quase nunca usava, e que eles acharam que eu adoraria – e já ajudando a cobrir Albus. Certo, acho que nós não ficaríamos brincando e conversando um pouco mais, afinal, já estava bem tarde mesmo. Deitei em minha cama e papai me ajudou a me cobrir. Ele também já usava pijama e já devia ir dormir com mamãe, que logo apareceu para desejar boa noite. Eu e Al respondemos e os dois saíram de meu quarto.


- Rose, princesa, quer que eu deixe a porta aberta e a luz do corredor acesa? – papai perguntou inocentemente, mas eu fiquei horrorizada. Vai que Albus descobre que eu não gostava do escuro? Bom eu não tinha medo, mas também não era obrigada a gostar do escuro. Eu olhei intensamente para papai, tentando indicar com a cabeça que Albus estava ali comigo.


- Pode deixar sim, tio. Não tem problema não. – respondeu Albus, despreocupado. Ai, será que ele percebeu que eu não gosto do escuro?


Papai apenas deu uma risadinha, deixou a porta aberta e a luz ligada, e foi embora, desejando novamente boa noite. Dei um boa noite para Albus, desejando que ele não soubesse a verdade, e ele me respondeu o mesmo. Me virei para o lado em que Al estava e percebi que ele me olhava. Ele não parava de me olhar, e eu de olhar para ele. Albus abriu um sorriso e piscou apenas um olho para mim. Eu também sorri, fechei meus olhos e simplesmente dormi. Apenas dormi.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.