Aprendendo o Patrono

- Eu já disse que não estou mentindo para você! – insistia Tiago no café da manhã do dia seguinte.

- Então me explique o comentário do Severo ontem.

- Eu também não entendi o que ele quis dizer! Por que você não pergunta pra ele?

Olhei para a mesa da Sonserina. Sev estava conversando com Avery.

- É mais fácil você me contar.

- Contar o quê? Eu estou tão curioso quanto você em relação a isso.

Eu suspirei.

- Tudo bem. Eu acredito em você. Mas tem alguma coisa cheirando mal nessa história.

- Seria o Rabicho? – perguntou Black, sentando na nossa frente junto com Aluado. – Quando ele come demais você já sabe o que acontece...

- Não, Almofadinhas, nada disso. – respondeu Tiago rindo.

Hoje os alunos do sétimo ano estavam muitos ansiosos para as duas primeiras aulas do dia. O professor Martim anunciou na ultima aula que hoje aprenderíamos a conjurar Patronos.

- Eu já sei conjurar um Patrono. – disse Tiago, feliz.

- Não precisa humilhar, Pontas. – disse Rabicho, desanimado.

- Você sabe conjurar um corpóreo? – perguntei assustada.

- Sei.

- Caramba. – eu disse; Black riu. – E qual a forma dele?

- Adivinha. – respondeu Aluado, rindo com sarcasmo.

- Cervo. – respondi e Tiago assentiu.

Depois do café, eu, Tiago, Aluado, Black e Rabicho fomos em direção à sala de DCAT que ficava no quarto andar. No caminho encontramos Maria e Dougie, que também estavam entusiasmados com a lição de hoje.

Fomos os últimos a chegar na sala. Os outros alunos estavam nitidamente com um ar de excitação no rosto.

- Ah, olá! – cumprimentou o professor, sorrindo por trás do seu grande bigode. – Vocês eram os únicos que faltavam.

A sala que habitualmente tinha fileiras de carteiras agora tinha um grande espaço em forma de círculo no centro. Todas as carteiras foram arrastadas para um canto.

- Muito bem. – começou Martim. – Hoje, como sabem, vocês vão aprender a como conjurar um Patrono.

"Primeiro de tudo é necessário saber que o Patrono é um feitiço que exige muita concentração e muita prática. Ele serve unicamente para afastar um dos seres mais medonhos do mundo, os dementadores." "Os dementadores, como sabem, são os guardas de Azkaban, a prisão dos bruxos. Eles servem para sugar tudo de bom que existe das pessoas, suas lembranças, seus sentimentos e pensamentos. Ultimamente, com Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado à solta vem ocorrendo muitos ataques de dementadores por ele controlado, e muitas pessoas não conseguem executar totalmente um Patrono.".

Lembrei-me de que quase sete anos atrás Sev me explicava o que realmente eram dementadores, mas fomos interrompidos por Túnia, que nos espiava de longe.

- O Patrono mais difícil de realizar, porém, é o corpóreo, que tem a forma completamente definida. – continuava Martim. – Geralmente ele tem a forma de um animal que se difere pra cada bruxo. Agora, alguém aqui sabe me dizer o que é preciso fazer para conjurar um Patrono?

Praticamente a sala inteira ergueu a mão.

- Ah sim vejamos... – disse Martim olhando pela sala. – Evans.

- Precisa de uma lembrança realmente feliz. – respondi.

- Correto. Dez pontos para a Grifinória. Uma lembrança feliz e você consegue afastar um dementador, que como já disse, se alimenta do contrário.

"Além de o Patrono exigir concentração você também precisa de força para conjurá-lo. Quando um Patrono não é bem sucedido ou quando você for atacado por um dementador, você fica extremamente fraco. Portanto a solução para isso é... chocolate."

Ele ergueu uma barra de chocolate da Dedosdemel que tinha em cima de sua mesa.

- Delícia! – exclamou Black.

- Obrigado, senhor Black. – disse Martim rindo junto aos outros. – Agora é a hora da prática. Peguemos todos suas varinhas.

Meio trêmulos e excitados todo mundo segurou a varinha firmemente na mão.

- A fórmula do Patrono é Expecto Patronum. – falou Martim, entusiasmado. – Repitam comigo.

- Expecto Patronum. – os alunos fizeram coro.

- Excelente. Agora quero todo mundo praticando.

Vários alunos se entreolharam assustados com a repentina ordem de já poderem praticar o feitiço.

- Me ajuda, Tiago? – perguntei, insegura.

- É fácil, Lílian. Olha só. – ele falou sorrindo. – Expecto Patronum!

Um grande cervo prateado materializou-se dando voltas na sala, fazendo todos virarem para olhar.

- Você é muito exibido. – murmurei e ele riu.

- Espetacular, Potter! – disse Martim entusiasmado. – Então você já sabia?

- É, eu já andei praticando. – disse Tiago, coçando a cabeça, sem graça.

- Mais dez pontos para a Grifinória! – Martim falou e começou a andar pela sala.

- Ok. Uma lembrança feliz. – murmurei pra mim mesma.

A primeira coisa que me veio à cabeça foi quando eu estava vindo para Hogwarts. Antes eu pensava que era tudo mentira do Severo, mas quando eu avistei o grande castelo e suas torres não coube em mim de felicidade. É, acho que essa era o bastante.

- Expecto patronum! – gritei. Saiu uma pequena fumaça prateada, que logo se dissipou.

- Lembrança errada, Lílian. – disse Tiago rindo. – Que tal a primeira vez que nos vimos no Expresso de Hogwarts?

- Ha ha. – eu ri com sarcasmo. – Essa seria a lembrança que me viria na cabeça se eu visse um dementador.

Muita gente só conseguia fazer uma pequena fumaça sair da varinha, como eu. No começo da segunda aula, porém, muita gente já jurava ter visto a forma de algum animal.

- Eu acho que se transformou num coelho!

- O meu parecia um leão, se não tivesse chifres.

- Eu acho que vi se transformar num gato!

- O meu se transformou em um cavalo!

- Cavalo não anda em duas patas, idiota.

- Droga! – exclamei, quando novamente saiu uma fumaça fraca.

- Me deixa dar uma ajudinha Lílian. – falou Tiago. Ele chegou por trás de mim e juntou nossos antebraços, segurando minha mão da varinha. Eu senti meu rosto esquentar com essa aproximação, e por sorte ele não olhou na minha cara. – Feche os olhos e pense na lembrança mais feliz que já teve. – ele cochichou no meu ouvido.

Eu perdi o fio da meada com ele sussurrando no meu ouvido sem falar que o meu coração martelava forte, mas mesmo assim tentei me concentrar. Lembrei então dos meus pais e da minha irmã, e todos os momentos bons que passei com eles. Afinal, eles eram as pessoas que eu mais amava no mundo...

- Expecto Patronum! – falei, e no momento seguinte uma figura despontou da minha varinha, dando voltas ao redor da sala.

Eu a acompanhei atordoada com o olhar, assustada em como consegui finalmente soltar o feitiço. Tentei distinguir a figura. Era uma corça.

- Consegui, Tiago! – exclamei feliz quando a corça sumiu.

- Viu? Não é tão difícil assim. – ele disse, me passando uma barra de chocolate.

Depois de um tempo uma parte considerável dos alunos conseguira conjurar o Patrono. O Patrono de Maria e Dougie eram os mesmos: um tigre. Black usou esse fato para fazer grandes piadas.

O Patrono de Rabicho era afinal um rato, o de Aluado era um lobo e o de Black era um cachorro.

- Muito bem, turma! – disse o professor Martim assim que a sineta tocou. – Vocês foram ótimos! Praticaremos mais na próxima aula!

Todos os alunos se dirigiram à saída, ainda animados com a aula.

- Obrigada, Tiago. – falei pra ele, caminhando pelo corredor. – Sinceramente, eu não sei como consegui formar um Patrono corpóreo assim de cara.

- Não foi nada. – ele disse, sorrindo.

O resto das aulas eu estava com a cabeça longe, ainda pensando em tudo o que aconteceu na aula de DCAT. E fiquei também perguntando a mim mesma se aquela fraqueza sensação de sentir as pernas bambearem era realmente culpa da prática do Patrono.

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