O Começo
O sol estava brilhando insistente no meio do céu; fazia um dia claro e aberto, e era praticamente impossível ficar em casa num dia desses. Deitei-me sobre a grama fresca do jardim de casa, contemplando as poucas nuvens que restavam e tentando distinguir entre elas alguma figura. Faltava uma semana para meu retorno à Hogwarts, e eu estava louca para rever meus amigos, os professores...
- Está pensando em quê?
O susto foi tão grande que me sentei depressa. Era apenas Túnia.
- Ah, olá, Túnia. – eu disse.
Petúnia, minha irmã mais velha era magra até demais, de cabelos e olhos castanhos.
- Em que estava pensando? – tornou ela a perguntar.
- Nada, estava só aproveitando o dia.
- Sei. – disse ela com ar rabugento. – Com certeza você está esperando alguma carta daqueles amigos estranhos!
"Estranhos" era a palavra perfeita que a Túnia usava em relação a mim. Quando descobri que era uma bruxa ela ficou realmente triste e enraivecida, e a cada dia isso aumentava: não conversava comigo como antes, tampouco olhava na minha cara. Ela está um pouco mais mansa agora que está namorando. Eu imaginei quer era por causa do fato de ela namorar e eu não, talvez ela pense que é melhor que eu em alguma coisa. Nunca gostei desse jeito que ela me tratava, como um inimigo, querendo ser melhor que eu. Meus pais insistiam em convencer que ela é tão importante quanto eu, mas os seis últimos anos de convivência em Hogwarts tornaram tudo pior. Quando chego para as ferias de páscoa, natal ou verão, ela sempre se retirava da sala, contrariada, quando meus pais pediam detalhes sobre o que anda acontecendo na escola.
- Não, Túnia. Só estava realmente aproveitando o dia.
- É um jeito engraçado esse de vocês comunicarem, não? – ela riu com desdém, ignorando minha resposta. – Corujas. Deve demorar muito pra vocês falarem um com o outro...
- Túnia, por favor. Pare de implicar com isso. Achei que depois de tanto tempo você já tivesse superado o fato de eu ser bruxa.
- Não há nada para ser superado. Só acho esquisito. Corujas, esse pedaço de madeira que você sempre carrega... – ela apontou para o cós da minha calça, onde estava minha varinha.
- É nosso meio de usar magia. – eu disse, sorrindo, pois no fundo sabia que ela não se continha de curiosidade.
Fui caminhando em direção a cozinha, tomar um gole de suco de morango, e Túnia veio atrás.
- Afinal, onde fica a sua escola? – disse ela debruçando-se sobre a bancada a fim de me encarar e ver se estou mentindo. – Nunca ouvi falar nela.
- É claro. – eu disse bebericando o suco. – Você é trouxa.
- Quem não é bruxo.
- Exato. – eu disse, me divertindo. – Está ficando esperta.
Ela deu de ombros, mostrando nenhuma modéstia.
- E seu namorado? – perguntei, lavando o copo. – Vinícius, não é?
- Válter. – respondeu ela, corando. Nunca conversamos muito sobre garotos.
- Ele é um pouco... – busquei a palavra. -... cheinho.
- Ele não é gordo! – ela protestou. – Só tem... músculos.
- Se você acha. – sorri e lhe dei uma piscadela. – Vamos dar uma volta?
- Vai você. Eu sei que está indo encontrar com aquele lá.
"Aquele lá". Outro meio de dizer "aquele seu amigo bruxo". Severo foi o primeiro bruxo que conheci. Ente nós há muitas diferenças: mas com muito esforço tentamos manter essa amizade de tanto tempo. A propósito, ele que mencionara o que eu era realmente.
Dei tchau a ela e a minha mãe, apesar de estar muito entretida na sala, vendo TV.
Eu e Sev nos encontramos quase todo dia durante o verão, no mesmo parque que ele disse que eu era bruxa e o mesmo que ele vivia me explicando o que me esperava no mundo mágico.
Nos últimos anos brigamos muito. Primeiro motivo: eu era da Grifinória, uma das casas de Hogwarts, e ele da Sonserina, outra casa. Essas duas casas eram praticamente inimigas, todos seus integrantes se odiavam, é claro, com exceção a mim e o Sev. Segundo motivo: ele tinha uma espécie de ciúmes, sei lá, de mim e Tiago Potter. Tiago Potter! Não entendo como Sev acha que estou interessado nele. Ele é um hipócrita nojento, que adora se amostrar.
E terceiro e ultimo motivo: o caminho que o Sev está tomando. Suas companhias me assustam. Muitos deles adoram praticar Artes das Trevas pesadas e, pelo que vejo, estão doidos para se juntar a Você-sabe-Quem.
Você-sabe-Quem é um bruxo das trevas que de uns tempos pra cá vem atormentando o mundo bruxo: mortes, desaparecimentos e tudo o mais. Não dizemos seu nome, o que mostra o quanto medo ele está causando ultimamente.
E essa era a minha maior preocupação. Estou com medo de Sev tornar-se um servo de Você-sabe-Quem, mais comumente chamados de Comensais da Morte.
Eu estava absorta demais em pensamentos até notar que já havia chegado ao parque. E lá estava Sev, sentado em um banco. De longe reconheci seus cabelos negros, sua calça desbotada, tênis e uma camisa grande demais.
- Oi Sev! – cumprimentei sorrindo, e sentei ao seu lado. – Como vai?
- Vou indo. – ele disse. Mas apesar de sorrir, a máscara de seu rosto revelava tristeza.
- Sev, que houve? – perguntei preocupada.
- Meu pai. Ele foi embora.
Soltei uma exclamação.
- Embora?
- É. – ele respondeu olhando para seus próprios joelhos. – Disse que cansava de saber de todo esse papo de magia.
- Nossa Sev. – eu disse, tentando consola-lo. – Eu sinto muito.
Um sorriso irônico apareceu em seu rosto.
- Na verdade estou surpreso que tenha demorado tanto. Achei que ele ia bem mais cedo. – ele suspirou. – Mas não tem importância, ele é só um trouxa.
- Como assim, não tem importância? Ele é seu pai! Quero dizer, por mais que vocês brigam e tudo, ele é seu pai. E mesmo assim, minha família inteira é trouxa e não 'só' trouxas.
- Eu sei, desculpe. – ele apressou a dizer. – Eu gostaria de ter um pai trouxa como seus pais. Mas meu pai é um trouxa, digamos, não muito bom.
- Mas você tem sua mãe. E isso já é alguma coisa.
- É. – ele concordou, olhando pra frente. Em que estaria pensando?
- Tem noticias de alguém de Hogwarts, ultimamente? – ele perguntou, ainda olhando para frente.
- Bom, troco corujas com Maria e Dougie, como sempre.
- Só eles?
- Sim. – respondi desconfiada. – Por quê?
- Nada, nada. – ele balançou a cabeça e voltou à atenção para os joelhos. Por Merlim, porque ele nunca me encarava?
Fiquei olhando sua expressão e reconheci a que estava ali.
- Ah não, Sev! – exclamei ficando de pé. – Não acredito que ainda acha que tenho alguma quedinha pelo Potter!
Pela primeira vez, ele olhou para mim.
- Simplesmente porque eu tenho medo que você acabe resistindo às cantadas dele. - sua voz saiu ríspida.
- Nunca vou cair nas cantadas dele, porque afinal, ele é um idiota. Você sabe disso! Quantas vezes vou ter que falar?
- Mas ele nunca vai desistir de você.
- Pouco me importa! Ele é um arrogante e quero distancia dele.
- Sei. – disse ele no mesmo tom que Túnia usara. – Com certeza você vai acabar não resistindo e vai sair com ele, eu sei que vai.
- Eu não entendo, porque é que você implica tanto com essa bobagem, se já te falei tudo o que acho do Potter! Não tenho culpa se vocês se odeiam e eu tenha que agüentar você falando o tempo todo sobre esse assunto que já morreu há séculos!
- Mas como todas as garotas idiotas, com certeza você vai acabar correndo atrás dele depois de um jogo qualquer de quadribol.
Meu rosto se esquentou de fúria.
- Idiota? Agora sou uma idiota? Idiotas são seus amigos pré-Comensais da Morte! E você está indo pelo mesmo caminho!
Agora ele também ficou de pé pra me encarar.
- Eu não fico correndo atrás dos meus amigos! – disse ele indignados.
- E eu não sou idiota de correr atrás do Potter e seus amigos! – eu disse arfando. – Cansei de ser julgada por você Sev. A dois anos já te desculpei por me chamar de sangue-ruim, mas agora, você com esse ciúmes bobo está simplesmente passando dos limites!
Meus olhos lacrimejaram. Geralmente era isso que acontecia quando me dava raiva.
- Lilían, eu... – ele tentou dizer, mas eu o interrompi.
- Chega Sev. Cansei das suas desculpas.
E, decidida, fui em a direção da saída.
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Por favor comentem se gostaram e se não gostaram não me mate ~medo~ porque é minha primeira fic. Espero que gostem!
Comentários (2)
Obrigada *0*
2012-04-23EU AMEI.
2012-04-22