Cap. Único
Tenho 22 anos, sou uma mulher jovem e agradável, já sou formada e tenho uma carreira promissora como medibruxa, e, no entanto, sinto-me incrivelmente só, como se estivesse caindo na mais profunda melancolia.
Tenho amigos, amigos verdadeiros, pessoas que me admiram e respeitam, tenho muito se comparado a outros, mas nada me livra da solidão, da depressão. A quantos anos não olho para mim mesma, para meu interior?
Estou deitada em minha cama, meus braços abraçam meus joelhos, pareço uma criança, perdida em uma cama enorme. No começo, não identifiquei o porque de minha vista estar embaçada, mas quando as lágrimas começaram a cair, soltei um arquejo impressionado e desesperado. A quanto tempo não chorava? Desde a derrota de Voldemort? Desde que descobrira que comensais haviam assassinado meus pais? Desde que Rony e Luna começaram a namorar?
``Por Merlim, não consigo lembrar a ultima vez que me permiti chorar, que me permiti sentir``
As lágrimas caiam em abundância, meus soluços eram agoniados, desesperados. Não me permitia sentir nada desde meus 18 anos. Sofrera tantos golpes nesse ano que criara uma barreira em meu coração, uma barreira que deveria me ajudar a afastar a tristeza. Uma barreira que deveria impedir que senti-se o que estava sentindo agora.
Abracei ainda mais apertado meus joelhos. Seria uma figura lastimável se alguém aparecesse. Mas quem viria? Somente três pessoas podiam aparatar na sala: Rony, que estava em lua de mel, Gina, que estava estudando nos EUA e Harry, que devia estar com alguma mulher. Eles sempre tinham companhia. E eu? Que nunca namorara sério? Que, por Merlin, nunca fizera sexo? Era a eterna solitária, a eterna auto-suficiente.
Meu choro era agoniado, parecia o de um bebê abandonado a própria sorte. E era exatamente assim como me sentia, como se tivesse dormido por anos e finalmente acordasse.
A dor estava engolindo-me, como um buraco negro. O que tinha feito que acordasse? Que visse que estava na hora de curar minhas feridas?
A resposta apareceu naturalmente: o casamento de Rony e Luna. Ele fora minha última cartada, minha ultima desculpa valida. Escondera-me num amor inexistente para impedir que outros se aproximem. Meu “amor” por Rony servira como uma barreira que impedia que interagisse com o mundo, que me impedia de interagir comigo mesma. Agora, sem essa barreira, via como verdadeiramente era: fraca e sensível, além de terrivelmente solitária. Chorei com ainda mais sentimento, pela primeira vez aceitando minhas debilidades e enfrentando minhas feridas, tentando curá-las.
Perdida em meu caos interno apenas tomei consciência que tinha companhia quando braços fortes me giraram e me prenderam a um corpo quente e acolhedor. O cheiro era inegavelmente familiar.
- Haa…rryy.. – minha voz saiu quebrada e fraca, meu rosto estava escondido em seu peito, minhas mãos apertavam sua camisa.
- Esta tudo bem Caramelo, pode chorar. Chore o quanto quiser, eu continuarei aqui. – sua voz rouca e firme aqueceu minha alma. O choro nunca tinha parado, mas o conforto de Harry fez com que piorasse. Juntei meu corpo ainda mais ao dele, de maneira desesperada.
Cada lágrima doía mas curava, cicatrizava. Cada soluço era um grito de dor e revolta. As mãos de Harry eram carinhosas, ora acariciando meus cabelos, ora minhas costas. Seu queixo estava apoiado no topo de minha cabeça. Não pude evitar lembrar de uma cena parecida. Fora Harry que me contara sobre meus pais, da mesma maneira que fora ele que, mesmo ainda fraco e ferido pela guerra, me sentara em seu colo e consolara.
Meu choro aumentou terrivelmente, chegando a seu ápice, ao lembrar a morte de meus pais. A dor era quase física. Como pudera guardar meus sentimentos por tantos anos? Como pudera tentar esquecer todas minhas lembranças felizes com meus pais, apenas por medo de sofrer?
A consciência começou a escapar. Fora mesmo uma tola de tentar lutar contra a dor, cedo ou tarde iria cair. Merlin, estava tão cansada, tão…cansada.
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Senti o exato momento em que Hermione caiu no sono. Meu coração encolheu ao ver que lagrimas ainda caiam de seus olhos.
Tínhamos aprendido as artes da mente juntos, oclumência e legilimência, isso criara um vinculo entre nos, um vinculo que me permitira ver o real motivo de sua dor.
- Tudo vai ficar bem, Caramelo. – murmurei, mais para mim, que para ela.
Só Merlin sabia como estaria Hermione amanhã, afinal, encarar nossos próprios fantasmas não era nada fácil, e ela tinha anos de dor para superar.
Talvez, agora com Hermione voltando a vida, o destino nos desse uma chance. Sorri fracamente, acomodando-me melhor na cama. Ia cumprir minha promessa de permanecer com ela.
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Minha cabeça doía de uma maneira irritante e meus olhos não queriam abrir, pareciam grudados. Minha mente ainda estava levemente adormecida, mas fiquei alerta ao ouvir a leve respiração de Harry e tomar conhecimento do braço que rodeava minha cintura.
Abri meus olhos lentamente, minha visão embaçada. Soltei um suspiro ao lembrar de meu choro compulsivo. Sentia-me mal, tanto física quanto mentalmente, mas ao mesmo tempo sentia-me incrivelmente viva. A noite de ontem fora decisiva para minha vida, para meu futuro. Não era mais uma garotinha assustada, com medo de sentir, agora que chegara ao fundo do poço teria que achar uma maneira de voltar a superfície.
Meu coração estava apertado, sentia um turbilhão de emoções ao mesmo tempo. Dor. Alegria. Amor. Raiva. Tudo voltou com tamanha intensidade que tive medo de não saber me controlar. Via todos os anos que simplesmente existira, fora uma expectadora de minha própria vida, e sentia-me ainda pior por ver quão tola fora. Meus pais nunca quereriam isso para mim.
- Hermione? – novamente estava tão perdida em meus pensamentos que não percebera Harry. Ele estava com um cotovelo apoiado na cama, sua cabeça acima da minha e seus olhos verdes observavam meus rosto atentamente.
Sabia que ele me entendia, sempre fora assim. Sorri de maneira sincera e fui recompensada com um beijo na testa.
Suspirei profundamente, pensando no que deveria falar, mas Harry decidiu por nos dois ao me puxar para seus braços de forma protetora.
- Vamos dormir mais um pouco, recém são as 5h da manhã. – sua voz estava levemente sonolenta.
- Harry? – sorri ao ouvir minha própria voz, parecia etérea e pastosa.
- Hum? – foi apenas um murmúrio.
- Obrigada. – murmurei, encostando minha cabeça em seu peito, assim ficando mais confortável.
- De nada Caramelo. – murmurou fracamente.
- Quando vai me contar por que me chama de Caramelo? – perguntei já meio adormecida.
- Quando estiver pronta para a resposta. – apenas parte de minha consciência tomou conhecimento de sua resposta e adormeci tentando entender o que seria estar pronta.
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Quando abri meus olhos pela segunda vez vi que estava sozinha na cama. Sorri ao me espreguiçar, o cheiro de comida fez meu estômago roncar e meu sorriso aumentar.
“Harry é um amor”
Levantei da cama devagar, pensando na conversa que teríamos. Harry não iria embora até ter certeza que ficaria bem. E eu ansiava por isso, por ter com quem dividir meus pensamentos.
Fui até o banheiro e fiz uma careta ao ver meu rosto. Meus olhos estavam vermelhos, havia marcas de lagrimas em meu rosto inchado e tinha olheiras apesar da longa noite de sono. Lavei o rosto e escovei os cabelos. Minha aparência melhorou, mas os olhos vermelhos delatavam meu choro, além da profunda tristeza que tinha em meu semblante. Fui para a cozinha com meu pijama: uma camisetão dos Teletubbies e uma calça de moletom. Harry sorriu ao me ver entrar e eu retribui, sentindo-me querida.
- Bom dia dorminhoca. – a mesa já estava posta e os pratos com comida. Fiz uma careta ao ver que eram 11 horas.
- Bom dia. – respondi, enquanto sentava. Minha careta piorou ao tomar conhecimento da quantidade de comida que havia em meu prato. Harry soltou uma risada ao ver minha cara.
- Considere um café da manhã reforçado. – ele começou a comer seu prato que tinha a mesma quantidade que o meu.
- Obrigada Harry, foi um gesto bem legal. – sorri para ele e avaliei meu prato, pensando se realmente conseguiria comer dois ovos fritos, bacon, duas torradas, salada de fruta e um copo de suco de laranja e outro de leite. Suspirei e cheguei a conclusão que apenas tentando saberia.
- Eu sou um cara legal. – respondeu de boca cheia, numa clara imitação de Rony comendo. Ri de maneira espontânea.
- Pobre Luna, apenas espero que os filhos deles não herdem o jeito de comer. – comentei entre mordidas.
- Espero que os filhos deles sejam exatamente como eles: aluados e legumes insensíveis. – Harry piscou inocentemente ao me ver engasgar com o suco. Quando me recuperei ri com vontade, lembrando de nossos momentos em Hogwarts, momentos mágicos e inesquecíveis.
- Tem razão, tomara que os filhos deles sejam exatamente assim. – fiquei pensando por alguns momentos e pela primeira vez me imaginei sendo mãe. Meu peito aumentou e senti uma espécie de calor, um amor tão profundo e altruísta que minhas mãos tremeram, chamando a atenção de Harry.
- Tudo bem, Caramelo? – ele tinha o cenho franzido, num gesto de clara preocupação. Sorri para ele e respondi:
- Apenas estava pensando que gostaria de ter filhos. – talvez fosse o jeito como Harry me encarou, ou o fato de que era tímida, mas meu rosto esquentou assim que terminei de falar.
- Muitos filhos? – perguntou Harry, ainda com um olhar profundo.
- Acho que sim, fui filha única e sempre quis ter irmãos. Se tiver filhos gostaria de ter uns três. – Harry abriu um sorriso maroto, acabando com o estranho elo que surgira entre nos.
- Se tivesse dito que queria uns 10 filhos teria me ajoelhado agora mesmo e a pedido em casamento, mas disse apenas três. Merlin realmente não gosta de mim, não existem mais mulheres que queiram ter um número considerável de filhos. – Harry suspirou de maneira dramática e não pude evitar rir.
- Número considerável? Harry tem certeza que quer uma esposa e não apenas uma reprodutora? – levantei uma sobrancelha, fazendo-o rir.
- Esta bem, me contento com sete filhos, ai terei um time de quadribol completo. – ele sorriu de maneira inocente, da maneira que eu sabia usava para conquistar as mulheres. Revirei meus olhos.
- Deveriam ser oito filhos, ai terá um reserva. – respondi irônica.
- Isso é uma proposta? Por acaso há probabilidade de gêmeos na sua família? – os olhos de Harry brilhavam com humor e não pude evitar rir novamente. Sempre fora assim nossa relação: natural e leve.
- Se houver, nunca direi, seu maníaco por bebês. – respondi, enquanto jogava um guardanapo nele. Harry, como bom apanhador, pegou o guardanapo no ar e aproveitou para limpar sua boca. Depois, com a maior cara de pau, o devolveu para mim.
Terminamos de comer sem falar, bom, ele terminou, pois eu mal consegui comer a metade de meu prato.
- Não é de se estranhar que esteja tão magra, não come nada. – falou Harry, pegando meu prato e terminando por mim.
- Estou no meu peso ideal, Sr.Potter, algo que já não se pode dizer de outros. – respondi malevolamente.
- Estou em perfeita forma, obrigado. Faço exercício diariamente e tenho uma nutricionista particular. – ele me encarou com malicia e não pude evitar corar de vergonha. Era mesmo como uma nutricionista particular para ele, afinal, sempre me preocupava pela alimentação de Harry.
- Touché. – respondi enquanto pegava e colocava tudo na pia. Comecei a lavar a louça do jeito trouxa, fazendo Harry sorrir.
- Não espalhe, mas eu também faço isso as vezes. – ele me observava de uma maneira intensa, o que fez com que varias vezes peças escorregassem de minhas mãos ensaboadas, por sorte nada quebrou.
Quando terminei de lavar apoiei meu quadril na pia e observei Harry.
- O que acha de irmos ao parque? Aquele aqui na frente? – não haveria muitas pessoas por causa do frio e eu adorava tudo relacionado com neve.
- Com uma condição: vamos fazer um boneco de neve. – ele sorriu enquanto levantava. – Vou para casa buscar uma roupa mais quente, volto em quinze minutos. – ele deu um beijo em minha testa e caminhou até a sala. Sem nenhuma vez me questionar. Eu ditava o ritmo. Sorri com carinho, Harry era mesmo demais. Fui para meu quarto vestir roupas quentes e confortáveis.
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Como previra não havia muitas pessoas no parque. No bairro moravam muitos idosos, e eles preferiam ficar em casa no inverno. Poucas crianças corriam, deviam ser umas cinco.
Caminhamos até nossa árvore e Harry esticou a manta enfeitiçada no chão. Deitamos e nos dedicamos a ver a árvore branca sobre nossas cabeças.
- Acha que sou uma pessoa corajosa? – comecei a conversa que tanto temia e ansiava. Harry era como parte de mim, sabia que precisava dele para terminar de curar minhas feridas. Meu rosto virou para o dele e nossos olhares se encontraram.
- Acho que é uma das pessoas mais corajosas que já tive a honra de conhecer. Nunca, Hermione, duvide disso. – ele levantou uma mão e acaricio meu rosto gelado.
- Se sou tão corajosa por que não quis enfrentar meus problemas? Por que me escondi sob falsos pretextos para não sofrer? – sabia que meus olhos demonstravam todo meu desespero e a dor que sentia.
- Porque é humana. – havia carinho, tanto na voz de Harry como em seus olhos. – É natural querer se preservar, é natural querer fugir da dor, não pode se culpar por ser o que é, apenas pode aprender a transformar essa dor em saudade.
- Eu quis me esquecer deles, mas como poderia? Eles são parte de mim. – lagrimas começaram a cair e Harry puxou meu rosto para seu peito.
- Se eu dissesse que entendo, acreditaria em mim? – apenas mexi minha cebaça afirmativamente. – Lembre, lembre de cada momento com carinho e amor, e viva Hermione, por você, por eles. – a voz de Harry era calma e sabia.
Minhas lagrimas caiam silenciosas enquanto cada momento passava por minha cabeça. Tanto amor, carinho. Meus pais foram incríveis, me criaram para ser independente, mas sempre sabendo que teria um lugar para o qual voltar. Cuidaram de meus machucados. Incentivavam a que estudasse, mas também me divertisse. Sempre escutavam o que falava. Minha mãe era minha melhor amiga, a pessoa em quem mais confiava. E meu pai fora meu porto seguro, meu protetor.
“Merlin, como os amo”
Soltei um suspiro agoniado ao me dar conta que lembrar deles não machucava mais, mas sim, era reconfortante.
“Meus amados pais, sempre os amarei”
Separei meu rosto do peito de Harry e o encarei.
- Pode me levar até eles? – minha voz saiu em um sussurro, mas Harry escutou e acenou com a cabeça.
Ele tinha uma expressão grave enquanto nos levantávamos. Caminhamos de mãos dadas até um canto vazio do parque e aparatamos escondidos pelas árvores.
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Meus joelhos tremeram ao ver a lápide branca. Após a guerra fora construído um cemitério para os parentes que quisessem enterrar ali seus mortos. Decidira que meus pais mereciam estar ali, como heróis de guerra. Sorri entre lagrimas e me aproximei da lápide. Harry se afastou, indo até a lápide de Fred.
Minhas pernas finalmente cederam e cai de joelhos. Meus olhos estavam embaçados.
- Sinto muito por ter ficado tanto tempo sem visitá-los. – murmurei, enquanto levava minha mão até a foto de meus pais. As lagrimas corriam livremente, meus joelhos estavam molhados, mas apenas conseguia pensar que fora uma tola, uma completa tola.
Para amar verdadeiramente tínhamos que aceitar a dor que viria junto.
- Vocês sempre souberam, não é? Sou incrível com o raciocínio, mas um zero a esquerda com as emoções. – suspirei pesadamente enquanto enxugava meus olhos. – Eu..os amo. Muito. Sempre amei. Sempre amarei. – sorri para a foto. Tinha os mesmos olhos castanhos que meu pai, e os cabelos iguais aos de mamãe. Meu temperamento era uma completa mistura. E sabia que eles sempre estariam comigo, pois o amor era eterno.
Senti a mão de Harry apertando meu ombro e levantei meu rosto para o dele. Meus pensamentos claros e vivos refletiam em meus olhos.
- O amor é eterno. – falei para ele, como se tivesse descoberto algo incrível.
- Não tenha dúvida disso, Caramelo. – e ele me levantou para abraçar-me de forma protetora.
- Obrigado Harry, não teria conseguido sozinha. – murmurei em seu pescoço.
- Claro que teria, apenas levaria mais tempo. – respondeu carinhoso. – Agora vamos para casa tomar um ótimo chocolate quente e nos empanturrar de bolo.
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As semanas passaram rapidamente depois disso. Harry tomou para ele a responsabilidade de me “atualizar” para a vida. Constantemente éramos vistos juntos, seja almoçando, jantando, em um bar ou discoteca da moda, fazendo compras de natal. Harry tornou-se tão fundamental em minha nova vida que temia que ele encontrasse alguma garota que diminuísse seu tempo comigo. Estava tão feliz, tão completa, tão viva que não queria que nada atrapalhasse isso.
Todas as noites Harry ia para minha casa após o trabalho para conversar, no começo adorei, pois era muito solitária, mas depois de um tempo essas conversas tornaram-se indispensáveis em minha rotina. Minhas colegas de trabalho achavam que estava apaixonada por alguém, algo que não mais descartava.
Durante 11 anos nunca vira Harry como nada além de um amigo. Nunca pensara em como seria beijá-lo, abraçá-lo de uma maneira romântica, ir para a cama com ele. E nesse ultimo mês, desde aquela noite que chorara em seus braços, não conseguia pensar em mais nada que não fosse Harry. Harry e seus olhos verdes, seu sorriso de menino, seus cabelos naturalmente rebeldes, sua altura, seus corpo forte.
“Merlin, o que esta acontecendo comigo? Posso ter me apaixonado tão rapidamente?”
Sentei de maneira desastrada na mesa de minha cozinha. Estava preparando o jantar, Harry já deveria estar para chegar, ele me ajudaria com a sobremesa. Luna e Rony chegariam as 21h, junto com Gina, que tinha vindo passar o natal com a família.
Como pudera ter me apaixonado tão rápido? Como pudera, durante anos conviver com Harry e nada sentir além de amizade, e agora estar inegavelmente apaixonada por ele?
Lembrei de uma conversa que tivera com minha mãe nas férias do sexto para o sétimo ano. Estávamos deitadas no sofá, assistindo filmes românticos, quando ela me perguntou se estava apaixonada por Harry. Na hora ri do absurdo e disse que ela já sabia que era por Rony que estava apaixonada. Ela sorrira sabiamente e respondera:
- Se visse o jeito como fala de Harry. O carinho, a admiração, o amor que sente por ele. – mas minha mãe logo desviara a conversa para o tema do filme. Ela nunca fora de pressionar as pessoas, sempre deixava que elas se dessem conta sozinhas das coisas.
Nunca parara para pensar no assunto, até agora. Harry sempre fora muito importante para mim, minha preocupação com ele chegava a ser quase paranóica. E nunca mesmo hesitara em estar a seu lado, independentemente do futuro que nos esperasse. Pudera ter ocultado meus reais sentimentos por Harry atrás de minha paixão por Rony?
Levei minhas mãos ao meu rosto, apoiando os cotovelos na mesa. Por que era tudo tão confuso? Por que eu era tão confusa?
Suspirei resignada, pensando se não era tudo tão mais fácil quando me negava a sentir qualquer coisa de verdade.
“Sim, tudo era mais fácil, mas também tudo era sem graça, sem vida.”
Tirei minhas mãos de meu rosto, mas meus olhos arderam quando os abri. Olhei para minhas mãos e vi que estavam brancas.
- Hermione? – a voz de Harry estava bem perto, não teria tempo de lavar o rosto. Assim que ele entrou na cozinha parou incrédulo na porta. Sorri amarelo enquanto levantava para lavar meu rosto coberto de farinha, Harry a essa altura já ria. - Vamos ter festa a fantasia e esqueceu de me contar? – havia humor em sua voz.
- Amigos de verdade não devem rir de seus amigos, devem rir com seus amigos. – falei enquanto secava o rosto e caminhava até ele para dar-lhe um beijo de boas vindas.
Harry riu e me sentou em seu colo, dando um beijo demorado em minha testa.
- Responda-me, Caramelo, como a pessoa mais atenta do mundo esqueceu que estava com as mãos cheias de farinha? – ele tinha as duas sobrancelhas arqueadas.
- Apenas me distrai. –respondi evasiva, tentando levantar de seu colo. Estava começando a ficar nervosa. Antes de descobrir meus sentimentos, ficar perto de Harry era reconfortante, agora meu cérebro ficava embotado.
- Não será que esta nervosa porque é a primeira vez que vera Rony depois do casamento? – havia um ar desconfiado em Harry.
O encarei estupefata. Poderiam as pessoas achar que ainda sentia algo por Rony? Se Harry, que me conhecia tão bem, pensava isso, o que não pensariam as outras pessoas?
- Adoro Rony, como um amigo. Sempre foi assim e sempre será. Estou muito feliz que ele tenha se casado com alguém como Luna, eles foram feitos um para o outro. – respondi honestamente, sem desviar meus olhos dos dele. Harry soltou um suspiro aliviado.
- Achei que não tinha superado seu amor por Rony. Jurava que iam namorar no sétimo ano, principalmente após aquele beijo. – havia mau humor em sua voz.
- Era apaixonada por Rony naquela época, ou pensava que era. Não tenho mais certeza. Mas após a guerra conversamos e chegamos a conclusão que éramos amigos e que aquele beijo fora um momento fora do espaço. Depois disso não quis sentir mais nada, por isso não namorei nem nada. – sorri para Harry. – Nunca pensei que as pessoas imaginariam que ainda era apaixonada por Rony porque não namoro.
- Bom, o que esperava? Tem 22 anos e não sai com ninguém, imaginei que ainda tivesse alguma esperança, sei lá. – sorri ainda mais, encostando minha cabeça em seu ombro.
- Minha paixão por Rony foi minha última desculpa para não encarar o que estava fazendo com minha vida, minha última desculpa para não sentir. Seu casamento fez com que perdesse isso e fosse obrigada a encarar meus fantasmas. – suspirei. – Não chorei em nenhum momento por causa do casamento. – levantei meus olhos para buscar os dele. – Harry? – ele estava com o olhar perdido.
- Achei, que pelo menos uma parte sua, estivesse triste por ver Rony casando. – ele encontrou meus olhos e vi que ele estava emcionado.
- Realmente terei amado Rony? Acho que não, amar alguém exige muito mais comprometimento do que o que tinha por ele. Amar deve ser como andar de montanha russa, perigoso e emocionante e ao mesmo tempo deve ser como andar de barca, calmo e natural. – ri de minha descrição do amor. – Agora me diga, Sr.Potter, não esta amando ninguém? Tenho a leve impressão que desde que namorou com Gina não fica muito tempo com a mesma pessoa
Fazia anos que não via Harry corar e não pude evitar rir ao ver sua pele pálida levemente avermelhada.
- Não é como se eu fosse um cafajeste, esta bem? Apenas estava aproveitando enquanto a pessoa certa não aparecia. – ele sorriu maroto. – Nunca falamos sobre por que Gina e eu terminamos, verdade? Na verdade foi um acordo mutuo. Após a guerra ela me disse que nos dois estávamos mudados e que não podíamos mentir, apenas sentíamos amizade um pelo outro. Foi bem simples, sem choro nem corações magoados. Acho que tenho que admitir que também nunca a amei, apenas fui apaixonado por ela.
- Éramos muito novos para saber o que era amor. – respondi simplesmente.
- Pode ser. – falou Harry. – Ou éramos muito novos para identificá-lo. – comentou, encarando-me profundamente. Minha respiração ficou ofegante e os olhos de Harry ficaram mais brilhantes. O momento era perfeito para um beijo, mas o forno apitou, avisando que a lasanha estava pronta, e atrapalhou tudo.
Sorrimos amarelo e ignoramos o momento, voltando a ser apenas amigos fazendo um jantar.
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Gina, Rony e Luna chegaram pontualmente. Todos nos cumprimentamos de maneira emocionada. Fiz comentários sobre o bronzeado de Luna, ela estava realmente linda. Gina abraçou-me fortemente, ela parecia perceber que sua melhor amiga voltara.
O jantar transcorreu alegre, em nenhum momento ficávamos sem conversar, até Rony falar:
- Harry, que história é essa que não sai com ninguém a um mês? Não falam de outra coisa no ministério. – Harry bebia suco de laranja e acabou engasgando. Solidariamente dei-lhe tapinhas nas costas. Quando ele se recuperou fuzilou Rony com o olhar.
- Acho que as pessoas tem mais o que fazer do que falar de minha vida privada. – respondeu mal humorado.
- Todos estão comentando que passa muito tempo com Hermione, inclusive ressurgiram os boatos de que estão namorando. – Rony continuava insistindo e dessa vez quem engasgou fui eu. Harry acariciou minhas costas enquanto lançava um olhar fulminante na direção de Rony. – Poxa, eu só quero ajudar, vocês não querem ter novamente loucos escrevendo sobre vocês, ou querem?
- Amor, acho melhor mudar de assunto. – Luna sorriu carinhosa para o marido, mas havia uma ordem ali.
- Rony, faz anos que não se diz isso mas eu vou falar: é o pior legume insensível que existe. – todos caímos na gargalhada com o comentário de Gina.
Não houve mais momentos constrangedores durante a noite, apenas quando Luna perguntou porque Harry me chamava de Caramelo, mas ele desviou facilmente da pergunta, sem dar a resposta que tanto queria.
Todos foram embora, com exceção de Gina, que passaria a noite comigo.
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Estávamos ambas deitadas em minha cama, conversando sobre seu curso nos EUA, quando ela levantou ambas as mãos e perguntou:
- O que esta havendo entre vocês dois? – ela tinha um sorriso maroto.
- É tão obvio assim? – perguntei resignada.
- Esta quase saltando aos olhos. – respondeu honestamente.
- Não esta realmente havendo nada, ou seja, não nos beijamos ou algo parecido, mas eu descobri que amo o Harry e não tenho a mínima idéia do que fazer. – falei, ficando impressionado pela facilidade que vinha desenvolvendo para expressar meus sentimentos.
- Meu Merlin, Meu Merlin, eu sabia que isso ia acontecer. – ela parecia capaz de pular na cama de felicidade. – Vocês terão lindos bebes. Mi, tem que prometer que serei a madrinha do primeiro. Promete?
- Gin, nos nem estamos namorando, nos nem nos beijamos! – suspirei tristemente e abracei mais apertado o travesseiro. – Eu não sei se ele me ama também, ou se ele é capaz de sentir algo além de amizade por mim. – murmurei.
- Oras, Hermione Granger, realmente acha que ele sente apenas amizade por você? – ela tinha uma impressão incrédula.
- Sinceramente? Acho que não. – respondi com um pequeno sorriso. – Mas eu não tenho muita experiência em relacionamentos, apenas beijei uns cinco caras em toda minha vida e nunca namorei, não tenho a mínima idéia de como saber o que Harry sente por mim. – falei de maneira desesperada.
- Conte-me tudo, desde quando descobriu que esta apaixonada por ele e como anda agindo com você. – ela tinha os olhos brilhantes. – Sorte que apenas dei uns amassos no Harry, seria estranho se nos duas tivéssemos dormido com o mesmo cara. – comentou marotamente.
- Eu ainda não dormi com ele. – falei em um tom triste.
- Mas esta doida para isso. – o sorriso safado que surgiu em seu rosto fez o meu corar. – Admita Hermione, além de estar feliz por eu não ter dormido com ele esta doida para fazer isso.
- Tudo bem, eu admito. Fiquei feliz de saber que não foram para a cama, mas não sei se estou assim tão ansiosa para fazer sexo. – comentei evasivamente.
- Tem medo? Acha que Harry seria capaz de machucá-la? – Gina ficou um pouco mais séria.
- Não é isso, é que eu não tenho a mínima idéia do que devo fazer ou sentir. Os livros podem explicar, mas é muito diferente ler sobre algo e senti-lo. – respondi honestamente
- Hermione? – Gina sorriu novamente de forma safada.
- Hum? - perguntei com medo do que ela falaria.
- Que tipo de livros anda lendo? – e caiu na risada ao terminar de falar. – O Kama Sutra? – e riu ainda mais. Fiz uma careta, mas resolvi entrar na brincadeira.
- O Kama Sutra é muito interessante, se chegar a namorar com Harry vou propor uma maratona para ver se conseguimos fazer todas as posições. – o rosto já vermelho de Gina ficou ainda mais, e ela gargalhou escandalosamente. Eu me peguei rindo junto. Uma virgem propondo fazer as poses do Kama Sutra era mesmo inusitado.
- Ai, acho que o coitado do Harry esta mesmo perdido. Bem que dizem que as quietinhas são as piores. – Gina falou maliciosamente, já menos vermelha.
- Gin! – reclamei, fazendo-me de ofendida.
- Se quiser posso te dizer umas que são realmente boas. – comentou inocentemente, fazendo-me rir. – É sério Mi, amigas são para isso, compartilhar experiência e apoiar umas as outras. Agora pode ir botando para fora toda a história de amor que a noite é uma criança.
Contei tudo que acontecera desde a noite que Harry me consolara. Gina prestava atenção a tudo que ia contando e quando finalmente terminei com o que acontecera na cozinha hoje ela assobiou.
- Eu não acredito que não percebeu Mi. – ela me encarava incrédula.
- Não percebi o quê? – perguntei nervosa.
- Ele esta tentando te conquistar. – meu queixo caiu ao ouvir e processar as palavras de Gina.
Os jantares. As flores. As conversas. Ele me apresentara para quase todos seus amigos de trabalho e fizera questão de conhecer meus colegas no St. Mungus. As vezes que saímos para dançar Harry não me deixava sozinha por nem um segundo e sempre que dançávamos ele me apertava mais do que o necessário. Seus olhares. Seus sorrisos.
- Meu Merlin, será? – encarei Gina incrédula e feliz.
- Agora só precisamos esperar ele agir e não duvido que seja logo. – Gina sorriu marotamente. – Acho até que já podemos sair para comprar uma lingerie bem sexy.
- Eu realmente espero que seja verdade, Gin. E não estar confundindo preocupação e carinho com conquista. – murmurei.
- Por que nos mulheres somos tão inseguras em se tratando de nos mesmas? – a ruiva franziu o cenho. – Ainda vou escrever um livro sobre isso. Hermione, não duvide do que sente por Harry e pelo que cativou nele. – ela sorriu amistosamente.
- Obrigada. – sorri verdadeiramente.
- Bom, já que foi completamente honesta comigo, também serei. – Gina fez uma pausa dramática e finalmente falou. – Estou namorando.
- Um americano? – perguntei emocionada. Gina apenas namorava quando gostava mesmo de alguém.
- Não, ele é Londrino, mas esta morando lá por um tempo. – respondeu.
- Vocês se amam? – vi a resposta em seus olhos.
- Mais que tudo. Ele é simplesmente perfeito para mim. – ela soltou um suspiro apaixonado e não pude evitar rir.
- Então terei que conhecê-lo, afinal, não é fácil fisgar Ginevra Weasley – comentei animadamente e feliz por Gina. Amar era mesmo maravilhoso.
- Na verdade já o conhece. – sua voz era baixa e indecisa.
- Já? Estudo em Hogwarts conosco? – perguntei curiosa.
- Mais ou menos, ele era de outra casa. – sua voz saiu ainda mais baixa.
- Vamos Gin, desembuche, sabe que odeio um mistério que não pode ser resolvido. – Gina suspirou profundamente e falou:
- Draco Malfoy. – os olhos castanhos dela avaliaram minha expressão incrédula.
- Malfoy? – perguntei espantada, lembrando de todas as vezes que ele me ofendera, que ofendera a todos os que queria.
- Ele mudou Mi, de verdade. Ele trabalha para o ministério, convive com os trouxas sem ser preconceituoso, ele nunca chegou a ser mesmo um comensal. – a voz desesperada de Gina me fez ver pela primeira vez a situação por seus olhos. Ela amava um homem que todos odiavam.
- Tenho certeza que não se apaixonaria por ele se não tivesse mudado. – ela soltou um suspiro aliviado. – Quero só ver a cara do Rony quando contar. – murmurei risonha.
- Eu sabia que não me julgaria Mi, obrigada. Não tem idéia de como estava me matando não poder contar para ninguém algo tão lindo como o que sinto por Draco. – ela sorriu marota. – Prefiro nem pensar na reação de meus irmãos, será um verdadeiro horror, a Terceira Guerra Mundial.
- Pretendem morar nos EUA? – perguntei curiosa.
- Não, Draco disse que quando meu curso acabar ele voltara para Londres comigo. Ele quer se casar comigo. – comentou Gina, novamente incerta e meu queixo caiu pela terceira vez nessa conversa.
- Agora sim, Srta.Weasley pode ir contando tudo, como se reencontraram e começaram a namorar. – falei em tom mandão.
Ficamos até as cinco da manhã conversando, nem me importei com o fato de que teria de trabalhar as nove.
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Quando Harry foi me buscar para almoçar estava caindo de sono.
- Houve festa do pijama ontem e não me convidaram? – perguntou maroto quando meus olhos fecharam pela quinta vez mais tempo do que o normal.
- Teria que usar saia para participar, além de depilar as pernas. – respondi entre um bocejo e outro. Harry riu.
- Acho que para ouvir o que falavam faria um ou dois sacrifícios. – ele tomou mais um gole de seu café. Tínhamos acabado de almoçar e já não lembrava o que comera.
- Não falamos sobre muita coisa interessante, apenas uns assuntos de mulheres. – falei novamente entre bocejos, já pensando em pedir mais um café. Tinha que trabalhar mais duas horas e ainda por cima ia sair de noite com Gina.
- O que seriam assuntos de mulheres? – perguntou Harry curiosamente. Estava tão concentrada lendo no cardápio o nome de um café que lembrava uma posição do Kama Sutra que acabei falando em voz alta:
- Kama Sutra. – minha voz saiu baixa e risonha, mas ao tomar consciência do que falara levantei a vista. Harry tinha uma expressão chocada e divertida no rosto. A diversão deve ter ganhado já que ele explodiu em gargalhadas. Meu rosto corou de maneira vergonhosa e resolvi esconde-lo atrás do cardápio.
O garçom se aproximou e pedi meu café, ignorando Harry que ainda ria.
- Serio Mi, posso imaginar Gina lendo o Kama Sutra, mas você chega a ser profano. – Harry não falara com a intenção de magoar, mas foi exatamente assim que me senti.
- Só por que sou inteligente e não tão bonita não posso ler o Kama Sutra? – minha voz saiu num murmúrio zangado.
- Não foi isso que quis dizer. – falou Harry ficando serio. – Apenas é tão inocente nesse sentido que...
- Que não posso ler o Kama Sutra? – perdera o controle, estava tão brava que já não me importava com quem escutava ou não. – Eu leio o que diabos eu quiser, e se eu li ou não o Kama Sutra, sendo ou não muito inocente, o problema é meu Sr. Potter. – peguei meu casaco e minha bolsa e sai do restaurante. Mas ainda pude escutar o comentário do garçom:
- O Sr. deveria estar feliz que sua namorada lê o Kama Sutra, e não proibi-la. A minha mal aceita fazer a posição papai e mamãe, imagine alguma do Kama Sutra.
Tentei controlar o riso enquanto caminhava até o St.Mungus, mas foi impossível.
“Bem feito, quem mandou falar que era muito inocente para ler o Kama Sutra?”
No entanto, a medida que as horas iam passando sentia-me mal pelo que acontecera. Nunca antes tinha brigado com Harry, nunca antes saira sem me despedir dele. Quando terminei de trabalhar e ia aparatar em casa já tinha em mente mandar uma coruja pedindo desculpas por minha grosseria.
Aparatei em minha sala e meu queixo caiu ao ver a quantidade de flores. Havia rosas de todas as cores, mas o arranjo que mais se destacava era o que estava na mesa de jantar: um vaso de cristal com inúmeras rosas brancas. Junto havia uma carta e um embrulho.
Sorri bobamente e peguei a carta.
“Caramelo...
Sinto muito se a magoei, nunca foi minha intenção. Quando falei que era profano imaginá-la lendo o Kama Sutra, quis dizer que há tanta inocência em seu jeito de ser, seu jeito de menina-mulher, que vê-la segurando algo tão meramente humano como o Kama Sutra não pareceu certo. Seu espírito é tão puro, tão lindo. Sinto muito mesmo, Hermione. Prometo que sempre darei o máximo de mim para não magoá-la. Com Carinho, Harry Potter
P.S.: Nunca mais cometerei o engano de me esquecer que é, acima de tudo, uma mulher.
P.S.2: Se precisar de alguém para praticar pode me chamar, não será trabalho nenhum, pelo contrario, será um prazer.”
Não sabia se ria ou chorava, no fim resolvi abrir o embrulho. Soltei o laço que segurava o papel e não pude evitar sorrir ao ver que era a última versão do Kama Sutra bruxo. Sim, as imagens se mexiam. Abri o livro e cai na risada ao ler a dedicatória.
“Não quer vir jantar e praticar? Com Carinho, H.P.”
Harry era mesmo contraditório. Poderia ele me amar e mesmo assim me ver como algo intocável? Suspirei e cheguei a conclusão que estava na hora de mudar essa imagem que ele tinha de mim. Gina dissera que os homens eram estimulados pelo que viam, pois bem, Harry Potter ia ver um vestido muito sexy esta noite.
“Harry, Sinto muito por minha reação também. Acho que estava um pouco irritada pela falta de dormir. Adoraria jantar e praticar, mas vou sair com Gina, vamos ao Solitarie essa noite, la pelas 24h. Obrigada pelas flores. Com Carinho. Hermione G.”
Assim que mandei a coruja peguei minha bolsa e fui as compras.
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- Nossa, Mi, serio, nunca te vi tão sexy! – sorri diante do comentário de Gina. Geralmente preferia roupas claras e floridas, inclusive minhas roupas escuras eram discretas, mas esse vestido era o oposto.
Começava preto e ia em degrade até o cinza na área da saia. Do busto até a cintura era colado, ai ficava baloné. As alças eram finíssimas. Estava sem meia calça e usava um salto preto bem alto. O decote era pronunciado e chamava a atenção. Mas a saia que chegava até a metade de minhas coxas chamava a atenção para minhas pernas longas.
- Acho que esta noite Harry não pensara nas palavras “pura”, “inocente” nem nenhuma do estilo. – Gina soltou um risinho diante de meu comentário.
- Realmente, ele apenas conseguira pensar em duas palavras: Kama Sutra. – ambas caímos na risada, uma risada tipicamente feminina.
- Bom, já são 24h e 15min, acho melhor irmos indo. – Gina assentiu e aparatamos na porta do local.
Nunca antes tinha ido no Solitarie, que era uma boate típica de gente solteira. Sorrimos com o ambiente animado e assim que mostramos nossos ingressos o segurança nos deixou entrar. Essa boate era muito requisitada por ter uma parte que era a pista de dança e outra com mesinhas, onde a musica baixava de volume magicamente e podia-se conversar e beber tranquilamente.
Caminhamos até uma mesa vazia e sentamos. O garçom já esta ali, com os cardápios das bebidas.
- Acho que vou querer uma tequila. – falou Gina.
- Eu também. – falei, querendo variar. Assim que o garçom se afastou Gina me encarou estupefata.
- Já bebeu tequila alguma vez? – fiz que não com a cabeça. – É a noite de experimentar? – fiz que sim com a cabeça.
- Sabe Gi, pela primeira vez estou dando-me conta do que realmente gosto. É legal vestir-se de maneira sexy e chamar a atenção, parece que nos dá poder. É legal sair para dançar, eu amo dançar. Do mesmo modo que amo ler e ir a ópera, gosto de vir aqui. Claro que seria bem melhor se Harry estivesse ao meu lado, mas... – meu discurso apaixonado foi interrompido por um homem loiro de olhos verdes que se aproximou.
- Gostaria de dançar comigo? – o homem esticou a mão em minha direção e sorria charmosamente. Senti meu rosto corar e já estava a ponto de dizer que não, quando uma mão surgiu do nada e segurou o braço do loiro. Virei meu rosto e vi Harry, ele fuzilava o loiro.
- Caia fora Smich. – a voz saiu fria e perigosa.
- Então os boatos são verdadeiros? – perguntou o loiro, tirando a mão de Harry de seu braço.
- Pode ter certeza. – os olhos de Harry ainda brilhavam perigosamente.
- Sinto muito, não sabia. – ele me encarou pesarosamente e saiu. Harry ainda estava carrancudo quando se virou para mim.
- Ele é o auror mais cafajeste que existe, não pretendia dançar com ele, não é? – a voz de Harry era autoritária e isso me irritou. Gina viu os ânimos alterados e fez uma careta para mim.
- Harry, eu danço com quem eu quiser. – respondi friamente. – Vou até o banheiro. – desci do lado contrario do banco e caminhei apresada até o banheiro. Ignorando os olhos verdes que me seguiam.
Fiquei quinze minutos sentada num pufe do banheiro, esperando que meu humor melhorasse. Afinal, não fora eu mesma que provocara a situação? Suspirei melancolicamente, Harry não fizera nenhum comentário sobre minha roupa nem nada, ele nem olhara para mim. Suspirei novamente e resolvi voltar. Já não tinha certeza de nada.
Gina estava sozinha quando me aproximei e parecia brava.
- Onde esta o Harry? – perguntei curiosa, vendo que havia dois copos de tequila vazios.
- Ele deu um piti e foi embora. Serio Mi, pense duas vezes antes de dizer que o ama, nunca vi alguém mais ciumento e possessivo. Quase quebrou o braço do loirão apenas por ter te convidado para dançar. – fiz uma careta para Gina. – Sim, foi ele que bebeu as tequilas. Oh, e pode ter certeza que ele não viu nada puro ou inocente, ele praticamente babou quanto te viu levantar. – uma parte minha ficou feliz ao ouvir isso, mas estava sem animo ou vontade de sorrir. Sonhara com Harry aparecendo, dizendo o quão sedutora estava e dançando comigo a noite inteira. Mas pelo visto apenas sonhara.
- Sério Gi, não sei se estou com animo para dançar. – murmurei melancólica.
- Bom, eu estou com animo para beber, topa? – encarei os copos vazios e depois os olhos risonhos de Gina e fiz que sim.
Seis doses de tequila depois já estava dançando feito uma louca, sem me importar com nada ou ninguém. Xingava aos quatro ventos os homens e seu machismo e dispensava todos que chegavam perto. Gina estava alegre, mas ela parara na 4 dose de tequila e tinha mais resistência. Ambas rebolávamos e nos mexíamos com vontade com a música I Don’t Need a Man das Pussycat Dolls, eu pedira essa musica para o DJ e ele aceitara de bom grado ao nos reconhecer da época de Hogwarts.
- Mi, acho que já esta na hora de irmos. – Gina gritou perto de meu ouvido.
- Já? – perguntei fazendo bico.
- Estou um pouco cansada e não minta, você também esta. – suspirei resignada e deixei que Gina me guiasse até nossa mesa. Estava completamente perdida no tempo e no espaço, não conseguia me concentrar em nada. Gina chamou o garçom e pagou a conta, depois, com um floreio nos aparatou em minha casa.
- Sinto muito não poder ficar para vê-la com ressaca amanhã, mas prometi a mamãe que a ajudaria com o café da manhã e já são três horas, o que me da outras três de sono. – Gina beijou minha bochecha e aparatou novamente. Uma parte de meu cérebro achou estranha essa desculpa, mas a bebida não deixava que pensasse por muito tempo na mesma coisa. Caminhei aos tropeços até meu quarto.
- Que merda. – murmurei ao bater meu cotovelo na cômoda. Tirei os sapatos e me joguei na cama. Desde quando tinha uma espiral no teto? Estava tudo girando e não pude evitar rir feito uma retardada.
- Não acredito que Gina a deixou nessas condições e com varinha! – tentei focalizar a pessoa que estava na porta, mas havia mais de uma.
- Harry, desde quando tem irmãos gêmeos? – perguntei tolamente, havia três Harry em meu quarto. Vi que ele tentou segurar o riso, mas acabou perdendo.
- Era uma surpresa. – murmurou enquanto guardava minha varinha na gaveta.
- Estou um pouco bêbada. – falei, tentando parecer inteligente.
- Acho que percebi isso. – Harry sorria maroto, mas parecia preocupado também. – Terá uma bela de uma ressaca amanhã. – falou enquanto sentava na beirada de minha cama.
- Eu nunca tive uma ressaca. – comentei, voltando a observar a espiral em meu teto. – Gostou de minha espiral? – perguntei com verdadeiro interesse. Harry levantou uma sobrancelha e encarou o teto para logo explodir em gargalhadas.
- Sim, achei bem interessante. – falou entre gargalhadas. Depois de um tempo o ouvi suspirar enquanto me observava atentamente. – Hermione?
- Hum? – perguntei, tentando focalizar minha atenção nele. Sentia que diria algo importante.
- Nunca antes em minha vida senti um ciúmes tão intenso como o desta noite, peço que me desculpe por ter sido tão mandão e chato. – ele fez uma careta. – Não quis estragar sua noite e...
- E? – incentivei com minha voz de bêbada, fazendo-o sorrir.
- E nunca vi uma mulher mais linda do que você Hermione, independentemente da roupa que use, sempre esta bonita. – ele sorriu. – Esse vestido é simplesmente espetacular, espero que o use um dia para mim. – sua voz era rouca e fez com que me arrepiasse. Sorri de maneira tola, feliz por ele finalmente estar dizendo o que queria, desejara.
- Eu adoro sua voz. – comentei com um sorriso ainda mais bobo. Vi Harry levantar uma sobrancelha e me encarar preocupado.
- Acho melhor que durma antes que diga alguma besteira. – falou enquanto se levantava da beirada. Eu o puxei pela manga, fazendo com que caísse deitado ao meu lado
- Só se dormir comigo. – murmurei manhosa, acomodando minha cabeça em seu peito.
- Acho que já disse besteira. – ouvi Harry falar, mas já estava quase adormecendo. No entanto, como uma boa bêbada, tinha que encerrar a noite com chave de ouro dizendo:
- Adoro seu cheiro, me lembra a grama recém cortada e... menta. – a ultima coisa que tomei consciência foi do arfar impressionado de Harry
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Não foi nada fácil ignorar o corpo de Hermione naquele vestido, tanto que não conseguia nem pensar em dormir. Sua ultima frase fizera meu coração disparar de esperança. Poderia ela estar apaixonada por mim? E a tantos anos.
Ver Hermione com esse vestido revivera todo meu desejo por ela, um desejo que tinha feito adormecer a tempos. Mas ela fizera questão de esfregar em minha cara que não era apenas pura e angelical, mas também desejável e sexy. Como se já não soubesse. Se no restaurante tinha sido tão irredutível em imaginá-la lendo o Kama Sutra era porque essa imagem era deveras excitante.
Suspirei tristemente. Era a segunda vez que dormia com a mulher que amava. E era a segunda vez que ela capotava ao meu lado sem termos feito nada, nem nos beijado. Na primeira vez ela estava chorando. Agora ela estava bêbada. O que seria da próxima? Uma perna quebrada?
Tentei controlar meu humor negro, mas era praticamente impossível. Descobrira meu amor por Hermione há dois anos e até agora apenas a beijara uma vez, não que ela soubesse que era eu. Dois anos de amor platônico, de desejo contido. Esperara pacientemente que ela acordasse para a vida, que desistisse de Rony e se apaixonasse por mim, e agora estava quase no meu limite. Não apenas queria Hermione, mas precisava dela desesperadamente. Até 5 messes atrás fora fácil ir para a cama com outras mulheres, deixando de lado meus sentimentos, mas agora não conseguia mais. Havia apenas uma mulher que desejava tanto física quanto mentalmente.
Como se intuindo meus pensamentos Hermione colocou uma de suas pernas sobre as minhas. Tive que apertar meus lábios para conter um gemido agoniado. Então prometi uma coisa para mim mesmo: um era pouco, dois era bom, mas três, três era demais. A próxima noite que dormisse com ela faria muito mais do que apenas dormir.
Fechei os olhos para não olhar para aquelas pernas maravilhosas e comecei a pensar na tabuada. Eu, realmente, odiava a tabuada.
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Antes de abrir os olhos fiquei um tempo parada, avaliando meu corpo e cabeça. Franzi o cenho, não deveria estas com alguma dor? Não deveria estar de ressaca? Sentia minha boca seca, estava morta de sede e fome, mas além disso não sentia nada. Me aventurei abrindo um olho, ao ver que meu quarto estava no completo breu abri meu outro olho e sentei na cama de supetão. Não senti nenhum enjôo, mas fiquei horrorizada ao lembrar de tudo. Realmente, realmente falara a Harry que ele tinha cheiro de grama recém cortada? Teria ele associada isso ao sétimo ano? Fiz uma careta e levantei da cama, se ressaca era estar morta de sede, então estava mesmo de ressaca.
Caminhei até a cortinha e a abri, sorrindo para o lindo dia. Estava nevando mais que o normal e o natal seria daqui a dois dias. Amava o natal. Encarei meu reflexo no espelho e fiquei feliz pela maquiagem que Gina fizera continuar intacta, o que não se podia dizer de meu vestido e meu cabelo.
Tirei o vestido e coloquei minha camiseta dos Teletubbies, amarrei o cabelo num coque frouxo e sai para a cozinha em busca de alimento. Mas fiquei parada na porta de meu quarto ao ver Harry dormindo no sofá. Acreditava que ele tinha ido embora. Levantei uma sobrancelha em dúvida, o que o teria feito sair da cama para se jogar no sofá? Então me lembrei de suas exatas palavras e corei de felicidade.
Ele gostara do vestido! Ele me achava linda! Sorri bobamente, um típico sorriso apaixonado, mas não me importava. Caminhei até a cozinha, pensando em fazer um ótimo café da manhã.
Escutei os passos de Harry quando ele se arrastou do sofá ate a mesa da cozinha.
- Já tomou algo para a ressaca? – perguntou sonolento.
- Sim, já tomei água. – respondi, dando-lhe um beijo estalado na bochecha.
- Água? – perguntou incrédulo e levemente mau humorado enquanto colocava um prato para cada um na mesa.
-Sim, acho que sou uma dessas pessoas que não tem ressaca, deve ser pelo metabolismo rápido. – murmurei perdida em pensamentos fisiológicos.
- O mundo não é mesmo justo. – resmungou, preferi ignorar o comentário, sabendo que não gostaria da resposta que ele me daria.
- Dormiu bem? – perguntei inocentemente.
- Como se pudesse. – resmungou novamente, o que fez com que caísse na risada.
- Harry! – o reprimi por seu péssimo humor. – Sinto muito que tenha sido obrigado a me agüentar bêbada, mas não precisa ficar com esse bico la no chão. Olha, é um lindo domingo, podemos ir na toca, aposto que todos estarão la. – sorri marotamente. – Se jogarem quadribol prometo torcer para o seu time, até conjuro uns pompons.
Harry abriu um sorriso de orelha a orelha.
- Isso é uma promessa? – perguntou maliciosamente.
- Sim. – respondi, já arrependida de ter falado uma besteira dessas. Pelo visto pagaria o maior mico na frente de todos os Weasley.
Quatro horas depois, estávamos todos no pátio dos Weasley vendo a seleção dos times. Por sorte Luna aceitara ser minha companheira na pagação de mico. Ambas tínhamos um pompom em cada mão e parecíamos umas retardadas, sem saber o que fazer. Harry, Rony, Carlinhos e Fleur eram um dos times. No outro estavam Jorge, Gina, Gui e Angelina. E todos pareciam divertidos com nossos pompons.
Com um sorriso para Harry comecei a balançar os pompons e a gritar:
- Potter, vai Potter, se não vou te bater. – todos riram da rima louca que inventara, inclusive Harry. Luna entrou no espírito e gritou agitando seus pompons:
- Vai Rony, vai Rony, se não nosso primeiro filho vai se chamar Toni. – todos riram de Rony, pois Toni fora seu concorrente direto pelo coração de Luna.
O jogo continuou até o time de Harry ganhar com ele pegando o pomo. Mas ninguém se importava com quem vencera, todos tinham dado boas gargalhadas com as rimas loucas que tínhamos inventado, até Molly e Artur tinham ido assistir o jogo, ou melhor, nossas rimas loucas.
Luna e eu riamos sem parar, nos apoiávamos uma na outra. Nossos pompons estavam no chão e não conseguíamos parar de rir. Vi que mesmo sem querer ela tornara-se uma pessoa muito importante em minha vida, uma grande amiga, e fiquei incrivelmente feliz por isso.
Ficamos até as nove horas da noite sendo mimados pela Sra.Weasley, depois aparatamos para meu apartamento, mas não antes de prometer que iríamos almoçar no dia 25 n’Toca. Estava tão alegre que tudo parecia mais colorido, mais vivo.
- Obrigada, Mi, estava certa, esses domingos com os Weasley são mesmo terapêuticos. – falou Harry se jogando no sofá. Dei de ombros e me joguei a seu lado.
- Também adoro. – falei feliz. – Estou louca para que chegue o Natal, adoro o Natal. – murmurei animada, pensando em todos os presentes que já comprara, alguns tinha dividido com Harry, mas outros comprara sozinha.
- Estava justamente pensando nisso. Dia 25 vamos passar na toca, mas poderíamos jantar juntos na véspera de Natal, o que acha? – perguntou me encarando.
- Eu simplesmente adoraria. – respondi honestamente.
- Então esta combinado, jantar amanhã. – Harry já estava se levantando quando falei:
- Podemos jantar aqui? Aprendi uma receita nova de peru que estou louca para testar, além disso os restaurantes vão estar cheio. – fiz minha melhor cara pidona, e Harry sorriu.
- Se não for dar trabalho. – respondeu de forma educada.
- Depois que aprendi a cozinhar adoro fazê-lo. – respondi, enquanto levantava do sofá para me despedir. Ele sorriu e me puxou para seus braços.
- Até amanhã as sete, Caramelo. – e em um piscar de olhos ele se fora.
- Nem pense que amanhã vai escapar de me contar porque me chama de Caramelo, Sr. Potter. – resmunguei para o vazio.
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No dia seguinte acordei cedo para ter tempo de cozinhar meu peru e me arrumar. Estava num constante estado de felicidade, mesmo as desavenças que tivera com Harry pareciam pequenas se comparadas com a enormidade do sentimento que estava em meu peito: um amor imenso, capaz de mover montanhas.
Num determinado momento parei na frente do espelho e não reconheci a mulher que era refletida: ela tinha longos cabelos castanhos, cacheados de maneira angelical. A pele era leitosa e parecia macia. Os lábios rosas naturalmente tinham um sorriso secreto, um sorriso feminino. E os olhos pareciam duas estrelas brilhantes, que mostravam que estava amando.
Suspirei e encarei a foto de meus pais na bancada da sala. Eles sorriam apaixonados e ao mesmo tempo pareciam maravilhados com o bebê no colo da mulher.
“Queria que vocês me vissem agora” pensei emocionada, vendo que estava sentindo um amor tão grande como o que unira meus pais em seus anos de vida. Sorri para o rosto de minha mãe, ela sempre soube! Sempre!
Quando Harry apareceu tudo já estava pronto, na mesa o jantar já estava posto, e com um feitiço para que a comida não esfriasse. Eu tinha acabado de colocar minhas sapatilhas pretas.
- Trouxe meus presentes para que abríssemos juntos. – murmurou largando uma sacola sob minha árvore, junto com meus presentes.
- Podemos jantar? Sinceramente, estou morta de fome. – sorri e caminhei até a mesa, deixando que as velas iluminassem minha silueta perfeitamente. Ouvi a mudança na respiração de Harry e sorri feliz. Não era um vestido indiscreto nem provocante, mas a cor e o modelo se ajustavam perfeitamente em mim. O vestido era vermelho e ia até meus joelhos, o grande detalhe estava no decote em v que ia até o vale de meus seio, para onde Harry olhava com grande interesse. – Harry? – murmurei um pouco constrangida.
- Jantar. – sua voz saiu num sussurro rouco e perdido, mas então ele piscou e veio até a mesa. – Parece delicioso. – falou com o mesmo tom rouco, olhando para o peru com grande interesse, mas isso não impediu que corasse e imaginasse se ele estava mesmo falando do peru. O ambiente ficou tenso e quase não falamos enquanto nos servíamos. Estávamos brincando com fogo.
- Fiz quase tudo sem magia. – falei orgulhosamente enquanto começávamos a comer. Quebrando o silêncio.
- Espere. – Harry falou horrorizado enquanto pegava sua taça de vinho para um brinde. – Não podemos começar sem brindar. – censurou-me.
- Desculpe. – falei risonha, enquanto pegava minha taça e batia na dele.
- A um ano melhor. – falou sorrindo. Levantei uma sobrancelha.
- Ainda não é ano novo. –comentei marota.
- Eu sei, mas o brinde é meu, posso torná-lo mais original. – e fez um biquinho.
- Bem original. – falei malevolamente, fazendo seu bico aumentar.
- Não fez seu brinde ainda. – insistiu Harry. Suspirei e voltei a levar minha taça até a dele.
- A uma ano com mais amor. – murmurei.
- Ainda não é ano novo. – falou Harry numa perfeita imitação de minha voz.
- Ei, o brinde é meu, posso torná-lo original. – e para completar minha imitação fiz um biquinho bem a la Potter. Gargalhamos de nossa “discussão”. A tensão já desaparecendo e o ambiente voltando a ser acolhedor.
Rimos a maior parte da noite. Nossas conversas sempre foram assim, naturais. Parecia que nunca faltava assunto. Tudo da vida um do outro nos interessava, desde os mínimos detalhes. Ousava dizer que não havia pessoa no mundo que conhecesse melhor do que Harry, e não havia pessoa que me conhecesse mais do que ele.
- 11h e 44min. – murmurei. Estávamos sentados na frente da árvore de natal, os presentes prontos para serem abertos. Jogara um edredom no chão e havia vários travesseiros, tornando o local quase tão confortável quanto uma cama. Sorri para ele e levantei minha segunda taça de vinho em um brinde, que ele prontamente acompanhou.
O único que iluminava a sala era a árvore decorada e as velas espalhadas pela casa.
- Hermione? – a voz de Harry me tirou de meus pensamentos sobre o que ele me daria de natal.
- Sim? – o encarei e fiquei desconcertada ao ver a intensidade de seu olhar.
- O que você quer de natal? – sua voz saiu suave e sedutora, parecia acariciar.
- Acho que já não tenho como escolher, todos já fizeram suas compras. – respondi nervosamente.
- O que você quer de natal? – voltou a repetir com a mesma voz. E finalmente entendi. Era para eu pedir algo agora, algo que ele pudesse me dar.
“Quero que diga que me ama” quase gritei, mas não tinha coragem de dizer isso, então fui por um caminho mais seguro, ou assim pensava.
- Gostaria de saber por que me chama de Caramelo. – falei encarando-o com firmeza. Uma vez Harry dissera que me diria quando estivesse pronta, pois bem, eu me sentia pronta para tudo.
- De verdade quer saber? – perguntou, seus olhos presos nos meus.
- Sim. Faz dois anos que me chama assim e nunca respondeu porque. – falei.
- Na verdade a resposta é muito simples, Caramelo. – falou maroto. – Lembra daquela festa a fantasia que houve há dois anos no ministério? Lembra do cara que te convidou para dançar? Que te beijou? – ele ia falando e minha mente lembrava da festa.
Não queria ir aquela festa, mas todos insistiram tanto que resolvi aparecer de surpresa. Mal chegara a festa e alguém fantasiado de Zorro me tirou para dançar. Quando paramos de rodar ele me segurou em seus braços e me beijou apaixonadamente. Obviamente fugira depois do beijo, não queria sentir nada por ninguém naquela época.
Aparatara em casa e tirara a fantasia na sala mesmo, logo correndo para o banho, numa tentativa de esquecer o que esse beijo me fizera sentir.
- Depois que fugiu de mim, fiquei mais uns quinze minutos na festa, buscando-a. Quando o segurança me avisou que uma mulher vestida de princesa tinha acabado de aparatar, resolvi ir para casa mudar de roupa e ver como você estava. E qual não foi minha surpresa ao aparatar em sua sala e ver a fantasia da mulher que me deixara bobo? Voltei para meu apartamento e fiquei a noite inteira, ou melhor, a semana inteira pensando sobre o que acontecera. E cheguei a uma conclusão...- Harry fez uma pausa. – Tem gosto de Caramelo.
Minha respiração estava alterada, não sabia o que pensar. Ainda lembrava daquele beijo, o melhor, o mais apaixonado de minha vida.
- Não vai perguntar o que quero de natal? – perguntou Harry com a mesma voz suave e sedutora.
- O que você quer de natal? – perguntei de maneira automática, perdida em seus olhos.
- Você, apenas você. – e antes que processasse a resposta, Harry uniu nossas bocas em um beijo apaixonado e desesperado, como o daquela noite.
- Harry, eu...- murmurei entre beijos, já sentada em seu colo.
- Eu te amo, Hermione. – falou Harry com voz rouca e profunda, roçando seu nariz no meu.
- Eu te amo tanto, Harry. – falei num sussurro apaixonado, logo o beijando novamente.
Os presente, o próprio natal fora esquecido por nos dois. Ali, sobre a árvore de natal nos entregamos pela primeira vez a paixão, ao amor.
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Acordei no meio da madrugada com um pouco de frio. Vi que tínhamos ficado dormidos sob a árvore de natal, com apenas um cobertor fino cobrindo nossos corpos nus. Sorri satisfeito e relaxado.
“Bom, não se pode dizer que quando um Potter promete não cumpre” pensei malicioso, lembrando sobre o que falara de na próxima vez que dormisse com Hermione fazer muito mais do que dormir.
Facilmente a levantei em meus braços e levei até a cama. A deitei e caminhei até a árvore de natal, pegando um dos presentes que comprara. Com a aliança em minha mão, voltei até a cama. Deitei-me a seu lado sob as cobertas e a abraçei, aproveitei para colocar o anel em seu dedo.
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Quando acordei senti uma estranha sensação de plenitude e felicidade. Os braços de Harry me abraçavam de forma protetora e sua respiração lenta era reconfortante.
Fechei os olhos novamente, tentando lembrar de tudo, mas era impossível. Nunca sentira tantas coisas ao mesmo tempo. Nunca pensara que seria assim.
Um sorriso maroto surgiu em meus lábios ao imaginar a cara de Harry se vestisse a lingerie que comprara com Gina. Bom, quem sabe no ano novo?
Percebi quando Harry acordou pela mudança de sua respiração e fiquei levemente envergonhada ao pensar no que conversaríamos. Afinal, o que se conversa depois disso? Se fala se foi bom? Se repetia a dose? Não tinha a mínima idéia.
- Hermione. – as hábeis mãos de Harry me rodaram na cama, fazendo com que fique de frente para ele. – Nem pense em ficar com vergonha. Estou falando serio. – mas ao ver que o rubor de meu rosto não diminuía começou a beijar meu rosto, minhas bochechas e quando beijou minha orelha falou com voz rouca – Acho que vou ter que fazer amor com você até que pare de ficar com vergonha. – e com uma incrível facilidade me levantou no colo, levando ao banheiro para uma chuveirada.
“Ele não pode esperar que tomemos banho juntos, pode? Pode. Ele não pode esperar que de um banho nele, pode? Pode.”
Meu rubor ficou ainda mais pronunciado, mas a medida que nos beijávamos e tocávamos, sob o jato de água, toda minha vergonha foi para segundo plano.
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Eram três da tarde, estávamos na cozinha comendo as sobras do jantar. Eu vestia minha camiseta dos Teletubbies e Harry sua cueca estilo boxeador. Acabara de corar por um comentário de Harry sobre um certo sonho erótico dele envolvendo minha inocente camiseta dos Teletubbies.
- Acho que vamos ter que fazer amor novamente, sabe, apenas para acabar com essa vergonha, é claro. – comentou Harry, levando sua mão até minha coxa.
- Nem pense Sr.Potter. Estou morta de fome. – falei tentando soar segura, mas a verdade era que a leve caricia em minha perna estava me deixando louca. – Além do mais, acho que depois de 3 vezes já não tenho vergonha. – falei sorrindo, mas Harry franziu o cenho, mostrando que estava preocupado.
- Esta dolorida? – seus olhos me observavam atentamente e ele conseguiu fazer com que corasse muito.
- Bem que você queria que não pudesse andar amanhã. Ego masculino. – respondi ironicamente. Harry sorriu.
- Não, não gostaria disso porque ai não poderíamos fazer amor por diassss. – ele beijou meu cabelo e apertou minha coxa. – Esta dolorida? – perguntou novamente.
- Por Merlin, Harry. Não, não estou dolorida, acho que tinha um daqueles hímens super finos, tanto que nem senti dor e tive um orgas... – mas não pude terminar a frase, pois Harry me beijava apaixonadamente e já me puxara para seu colo.
- Acho que vou ter que fazer amor com você até que pare de ter vergonha de conversar sobre assuntos íntimos. – a voz rouca de Harry, e seu tom serio, fizeram com que risse, mas nada que interrompesse nossos beijos ou toques.
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Estávamos deitados na cama, conversando na penumbra, apenas o abajur iluminava o quarto, quando um barulho irritante na janela chamou nossa atenção. Harry pegou sua varinha e deixou a coruja entrar. Ele tirou a carta da pata e a coruja de Gina perdeu-se na noite.
Apenas após fechar a janela Harry abriu a carta e começou a lê-la em voz alta:
“Caros Harry e Hermione (ou casal H² como os chamarei de agora em diante) Não tentem me enganar dizendo que não estão juntos, ou que nada aconteceu. Sou muito inteligente e os conheço bem para saber que apenas um acontecimento muito importante os faria esquecer de vir aqui no dia de natal. Mamãe ficou preocupada, inclusive quis mandar Rony para visitá-los, mas eu a impedi dizendo que estavam estudando a geografia de Londres ( ou melhor, a geografia dos corpos um do outro, mas mamãe não precisava saber disso, não é?) Todos aqui já desconfiam que algo esta acontecendo, mas nada disse, acho que vocês contarão a todos quando se sintam prontos. Mamãe disse que os convide para passar o ano novo aqui, mas eu disse que provavelmente só apareceriam no natal do ano que vem, afinal, são anos de atraso, não? Do fundo de meu coração espero que estejam juntos e felizes da próxima vez que nos vejamos. Bom, não interromperei mais seus estudos geográficos. Com Carinho, Gina P.S.: Hermioneee, não vai acreditar! Contei para mamãe com quem estou namorando e sabe o que ela fez? Me abraçou e disse que apenas minha felicidade importa. Estou tão feliz.
- Gina esta namorando? – a expressão curiosa de Harry era inegável. Suspirei resignada, nunca conseguiria esconder nada dele.
- Sim, com Draco Malfoy. – murmurei.
- Com o Malfoy? Então é por isso que ele pediu transferência para Londres? – Harry tinha um sorriso sapeca no rosto. – Vou adorar ver a cara dos irmãos Weasley quando souberem que sua irmãzinha esta namorando um Malfoy. – os olhos de Harry tinham um brilho divertido.
- Achei que não ia gostar da noticia também. – murmurei, levando minha mão direi até seu rosto e esqueci de tudo ao notar o anel que estava em meu dedo. Era o anel Potter, o famoso anel de noivado da família de Harry.
- Considero Gina como uma irmã, e é claro que preferia que ela namorasse outra pessoa, mas o Malfoy mudou de verdade. Almocei com ele faz uns três messes e...Hermione, tudo bem? – a voz de Harry parecia distante, apenas conseguia pensar no que esse anel queria dizer. – Ah. Ah! Finalmente percebeu. – a mão de Harry envolveu a minha que estava em seu rosto e beijou o anel. – Achei que nunca perceberia.
- Isso é um anel de...- minha voz tremia.
- De noivado. Sim. – sua voz era firme e confiante. – Eu quero que se case comigo Hermione, quero ter filhos com você, quero envelhecer ao seu lado, quero compartilhar tudo com você.
- Isso é um pedido? – minha voz saiu fraca, meus olhos tinham lagrimas de felicidade. Saberia Harry o quanto estava feliz? O quanto o amava mais a cada minuto?
- Hermione Jane Granger, quer casar comigo? – a voz de Harry borbulhava de emoção.
- Sim. Sim! – joguei meus braços em volta de seu pescoço e o beijei amorosamente. – Eu te amo.
- Eu te amo, muito. – murmurou Harry em resposta. – Por Merlin, Hermione, foram dois anos torturosos. – Harry gemeu agoniadamente contra minha boca, beijando-me apaixonadamente. – Dois anos de amor platônico, de desejo reprimido.
- Ei, não reclame, Potter. Eu esperei 22 anos pelo Senhor e não estou reclamando. – ri enquanto ele beijava meu pescoço.
- Acho que vou ter que fazer amor com vocês até que aprenda a reclamar. – murmurou Harry, beijando meu ombro.
- Sim, faça isso mesmo. – respondi entre gemidos, já perdendo-me nele.
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19 anos depois...
Tenho 41 anos, sou uma mulher casada e feliz. Tenho cinco filhos, e nunca me senti mais realizada.
Meu filho mais velho, Tiago Potter, tem 18 anos e esta estudando para ser medibruxo. Meu segundo filho, Sirius Potter, tem 16 anos e é o mais arteiro, sonha em ser auror. Depois vem os gêmeos: Lilian e Alvo Potter, com 15 anos, eles são inseparáveis. E por último, nossa caçula, Jane Potter, com 11 anos.
Estamos na estação, levando nossa pequena Jane para seu primeiro ano em Hogwarts. Vendo todos meus filhos ali, reunidos, meu coração se encheu de orgulho e felicidade, Harry estava a meu lado, observando minha expressão.
- Acho que vou ter que fazer amor com você até que aprenda a se despedir de nossos filhos. – Harry sussurrou em minha orelha, fazendo-me corar.
- Controle-se Potter. – falei com falsa reprimenda, arrancando uma risada dele.
Todos nossos filhos faziam barulho ao discutirem para qual casa Jane iria. Todos até agora tinham ido para a Grifinória.
Sirius avistou Rony e Luna, e prontamente correu para ajudar Anna com sua mala. Eles tinham três filhos: Fred de 17 anos, Anna de 15 e Claire de 11. Apenas Anna herdara os cabelos loiros de Luna, e pelo que sabia, meu filho adorava loiras.
Harry trocou um sorriso maroto comigo ao ver a cara emburrada de Rony. Ele realmente acreditava que suas filhas nunca namorariam, ou pelo menos não até terem 30 anos.
Tiago, vendo Sirius e Anna se afastarem com seus malões, resolveu provocar o tio:
- E ai Tio Rony, quer apostar quanto que eles começam a namorar esse ano? – o mais inconveniente de meus filhos era o mais parecido com Harry fisicamente.
- Minhas princesinhas não namoram. – respondeu Rony ficando vermelho.
- Que você saiba. – respondeu Tiago com um sorriso inocente, fazendo com que Rony ficasse ainda mais vermelho.
- Vamos, filho, não quer que seu tio tenha um infarto tão novo. – Harry censurou Tiago, fazendo com que todos ríssemos. Tiago era como um força da natureza, incontrolável, ou melhor, Tiago era um Potter.
Clair e Jane conversavam animadamente sobre tudo que fariam em Hogwarts e eu já imaginava as cartas que receberia de Minerva sobre mau comportamento. Parecia que todos meus filhos tinham herdado o gene Potter para as travessuras. Mas não podia reclamar, todos tinham excelentes notas, Tiago se formara com louvor no ano passado.
Avistei Gina e Draco chegaram com os quatro filhos: Selena, de 17 anos, Apple de 15, Adam de 13 e Artur de 11.
Vi a cara zangada que Draco fez ao ver Tiago abraçar Selena. Eles namoravam a quase um ano e ele ainda não aceitara o fato de sua filhinha estar namorando.
O trem apitou, chamando nossa atenção. Abraçei meus quatro filhos que iriam para Hogwarts e falava inúmeras recomendações, mesmo sabendo que eles não prestavam atenção.
- Crianças, em fila, embarcando. – falou Harry com sua voz potente, quando o trem apitou novamente. Ele pegou Jane no colo, num abraço de urso.
- Sim papai, não se preocupe. – respondeu Tiago ironicamente, fazendo os menores rirem e Harry lançar-lhe um olhar cortante.
Após uma despedida dolorosa vi minha caçula embarcar no trem, apenas Tiago ficando, mas ele morava com um colega perto do St.Mungus.
- Estamos ficando velhor, Harry. – murmurei apoiando minha cabeça em seu peito. Tiago beijou meu rosto e falou:
– Sempre será a mulher mais bonita para mim, mamãe. – havia honestidade em seu rosto. Sorri amorosa, mas Tiago encarava Draco com um brilho no olhar. – Ei, Tio Draco, quer apostar quanto que Aplle e Alvo começam a namorar esse ano? – Draco fuzilou Tiago com os olhos, mas todos caímos na gargalhada. Nenhum de nos apostava contra Tiago, ele parecia sempre ganhar, desde pequeno. Tiago virou para Harry e disse. – Sinto muito papai, mas acho que no futuro tera que aceitar Adam com Jane. – Tiago parecia arrasado ao falar isso.
- Sua irmã tem onze anos, Tiago. – repreendeu Harry, obviamente tentando ignorar o fato de que nossa filha um dia namoraria. Sorri ao lembrar do que Lilian me diserra ontem, sobre estar apaixonada pelo filho de Olivio Wood. Sim, esse ano Harry entraria para o time dos pais ciumentos.
- Papai, vai querer apostar contra mim? – Tiago sorriu marotamente. – Daqui a três anos eles começam a namorar, no máximo. – o sorriso de meu filho ficou ainda mais maroto. – Se eu estiver certo, ganho nesse ano a melhor vassoura, que tal?
- Eu não vou apostar contra você, seu demônio casamenteiro. – resmungou Harry, sorrindo para nosso filho e dando-lhe um tapa nas costas. Ambos já eram da mesma altura. Tiago sorriu e começou a se afastar, tinha aulas essa tarde.
- Vou jantar em casa hoje, estejam vestidos. – todos riram do comentário inapropriado de nosso filho. Escondi meu rosto no peito de Harry, que tentava controlar o riso.
- Esse nosso filho é um legume insensível. – funguei divertida.
- E nos o amamos muito. – completou Harry, acariciando meu cabelo. – Bom, acho que vou ter que fazer amor com você até que para de me dar filhos arteiros. – murmurou Harry em meu ouvido, fazendo-me rir.
- Então não vai parar nunca, já que basta ter genes Potter para ser arteiro. – respondi.
- Essa é minha intenção. – falou maroto, sorrindo da mesma maneira que todos nossos filhos sorriam.
E a vida era assim. Um ciclo.
- Vamos para casa, Caramelo. – sorri amorosa e acenei afirmativamente. Valia a pena sofrer, se apenas assim pudéssemos sentir o verdadeiro amor. Tudo valia a pena para ter a oportunidade de sentir esse sentimento mágico.
- Eu te amo.- susurrei.
- Eu também de amo.- meus olhos encontraram os verdes de Harry e me senti em casa.
Caminhamos até nossos amigos, que planejavam uma viagem de casais, agora que todos nossos filhos tinham ido para Hogwarts. Sorri feliz e encostei minha cabeça no peito de Harry enquanto todos falavam. Eu não me importava para onde iria, desde que ele estivesse junto. Meu melhor amigo. Meu confidente. Meu amor. Meu amante. Meu marido. Meu mundo.
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N/A: Genteeee, achei essa fic perdida no meio de minhas aulas de história e resolvi postar como presente de natal. Sinto muito se ela tem muitos erros, mas é que não tive tempo de revisa-la. Bjs e um ótimo natal a todos, com carinho: Sophi Potter
Comentários (2)
Muito bom!! Vc poderia fazer continuação neh??ou até reescrevendo ;)
2012-12-02tão fofa*-*eu adorei........morri de rir em varias partes, e eu adorei o jeito romantico e lindo...perfeito............amei
2012-06-29