Egocêntrico.
Egocêntrico.
-Pai, o que a gente vai fazer na casa dessa mulher? – A garotinha que segurava firmemente a mão do pai, perguntou.
-Essa mulher é uma amiga do papai. Ela vai me ajudar a resolver umas coisas, e talvez ela arrume um lugar melhor pra gente morar.
A garotinha sorriu. Os cabelos negros como a noite, amarrados em duas trancinhas que paravam no meio das costas dela, os olhos azuis elétricos, a pele clara. Chegaram a uma mansão enorme e o homem tocou a campanhia esperando alguém abrir. Alguns minutos depois, uma mulher alta, cabelos negros presos num coque apertado, os olhos cinza delineados, a pele branca. Usava uma saia azul marinho, e uma camisa de botões branca. Sapatos de salto agulha, pretos. A garotinha ficou um pouco assustada com a mulher e sua postura severa.
-Walburga querida.
A mulher sorriu. Era um sorriso bonito até.
-Charlie, querido. – O homem beijou a mão estendida da mulher. – Entrem, entrem. E essa seria?
-Minha filha. Marlene. Tem 5 anos.
-Ah, mas que ótimo! Acho que se lembra de Sirius não? Apenas alguns meses mais velho que a pequena Marlene... Vou chamá-lo. – Ela gritou o nome do garoto.
Alguns minutos depois, um garoto de pele extremamente branca, cabelos negros, um pouco compridos e desgrenhados, os olhos azuis cinzentos, gélidos, entrou correndo na sala. Olhou interrogativamente para Charlie e Marlene.
-Sirius, esses são Charlie e Marlene McKinnon. A pequena Marlene tem cinco anos, leve-a para brincar com você.
Marlene levantou do colo do pai, as trancinhas negras balançando enquanto ela seguia o garoto.
Vinte longos minutos depois, os adultos ouviram um grito:
-SAAAAAAAAAAI!
Os dois correram até lá em cima e encontraram Marlene e Sirius se encarando furiosamente, os rostos a centímetros um do outro. O olhar do garoto poderia congelar fogo instantaneamente, e o da garota poderia eletrocutar qualquer coisa em segundos.
Charlie passou os braços pela cintura da filha e a ergueu. Walburga apertou o pulso do filho, a boca se tornando uma linha rígida.
-Lene, o que houve?
-Ele me bateu. – Ela respondeu com voz chorosa.
-NÃO BATI NADA! – O garotinho rosnou. – Ela queria me fazer de boneca.
-MENTIRA. Eu só queria brincar.
-OK. CHEGA. Lene, peça desculpas.
-Eu não! – Ela suspirou depois do olhar do pai. – Desculpa.
-Peça desculpas agora Sirius. – Ele ergueu uma sobrancelha pra mãe. – AGORA.
-Desculpa.
Os quatro foram pra sala juntos, Sirius e Marlene mal conseguindo esconder a raiva.
-Walburga, eu acho melhor ir embora... Talvez outro dia possamos continuar...
-O que é isso querido. Amanhã mesmo passe aqui pra pegar a chave do apartamento que combinamos, e depois conversamos sobre o cargo na empresa.
-Ah, não tenho como agradecer! Muitíssimo obrigado, de verdade.
-Não se preocupe. – Ela fez um gesto de descaso com a mão. – Eu o conheço bem Charlie e sei que não vou me arrepender de ter lhe contratado.
Charlie sorriu cansado.
-Assim que possível vou comprar o apartamento, não se preocupe com isso.
Walburga assentiu, e abriu a porta para que eles se fossem. Pai e filha caminhavam lado a lado, em pouco tempo desaparecendo na escuridão da rua.
E assim começou uma longa relação de ódio entre Sirius e Marlene.
Eles se encontravam bastante no começo, mas depois de algumas mordidas e uns dois tapas, Walburga e Charlie decidiram que era melhor pros dois se restringissem os encontros apenas ao necessário. Os aniversários dos dois.
Seis anos- Marlene: Um puxão de cabelos de presente de aniversário.
Sete anos- Sirius: Um bolinho, lançado com precisão pela Marlene, no rosto.
Sete anos- Marlene: Um copo de refrigerante derrubado “acidentalmente” no seu vestido novo.
Oito anos- Sirius: Um tombo feio dos dois últimos degraus da escada dos fundos.
Oito anos- Marlene: Uma brincadeira inocente de esconde-esconde, em que ela ficou trancada no banheiro por 3 horas.
Nove anos- Sirius: Uma bolada na cabeça.
Nove anos- Marlene: Suco de uva derrubado no seu cabelo, manchando permanentemente sua camiseta branca de cupcakes.
Dez anos- Sirius: Outra bolada na cabeça. Dessa vez mais forte.
Dez anos- Marlene: Amos Diggory “descobriu” a paixão secreta de Marlene por ele. Sirius leu seu diário pra rodinha de meninos que estavam ali.
Onze anos- Sirius: Narcisa Black ficou sabendo que Sirius tinha uma secreta paixão ardente por ele. Era mentira, mas a garota ficou no pé dele por 1 ano e 8 meses.
Onze anos- Marlene: Nada de festa, por insistência da garota.
Doze anos- Sirius: Ele e Narcisa trancados em um quarto por 2 horas, até que Walburga os encontrou.
Doze anos- Marlene: Foi empurrada de roupa na piscina.
Treze anos- Sirius: Marlene saiu gritando que o amava, e que sabia que o namoro deles não iria durar muito tempo escondido. Ele ficou extremamente envergonhado, e quase matou a menina. Metade da festa acreditou, inclusive os pais deles.
Treze anos- Marlene: Jogo verdade ou desafio. Ela foi obrigada a beijar Sirius.
Depois disso, não houve festa de quatorze e quinze anos dos dois.
PDV LENE
-Pai, como você acha que nós vamos conseguir morar esse tempo todo juntos, sem nos matar?
-Confio em você querida. E vocês dois amadureceram. – É mais provável que a cabeça dele tenha virado uma melancia.
-Mas pai...
-Quieta Marlene. – Ele me chamou de Marlene. Fodeu. – Você VAI morar com Walburga enquanto eu viajo sim. E você vai se comportar. Muito bem.
Ok. Eu tenho quinze anos. Ele tem dezesseis. Faz exatamente dez anos que a gente se conhece e eu já perdi a conta de quantas vezes nós tentamos nos matar. Meu pai tem que viajar pra algum lugar que eu não sei onde é, por causa da Walburga que é a chefe dele. Eu vou ter que morar com o Black e ela até que meu pai faça a gentileza da voltar. Nada contra ela, que é super gente boa comigo. O meu problema é com o Black, filhinho único dela.
Egocêntrico, chato, irritante, infantil, ridículo, retardado, nojento. Resumindo? Ele é insuportável. Ele nasceu para acabar com a vida de Marlene McKinnon no mundo, ainda mais porque ele é mais velho. Alguns meses, mas ele acha que pode mandar em mim. Hunf.
-Pai...
-Sem paiiiiiii Marly. Você vai e ponto. Comece a arrumar suas coisas. Roupas na mala, e se quiser levar seus posters e essas coisas, tem duas caixas ali na sala pra você.
Eu bufei. Puxei a minha mala de cima do armário, e fui colocando as coisas dentro. Camisas, camisetas, blusas de manga comprida, vestidos. Shorts, calças, bermudas. Cachecóis, luvas, meu boné LA azul, roupa íntima, moletons, pijamas. Fechei as duas malas, e peguei um nécessaire. Coloquei meu shampoo, condicionador, sabonete, escova de dente, pasta e essas coisas todas ali dentro.
Peguei minha mochila e fui jogando meus cadernos de desenho, estojo de lápis, iPod, caixinha de som, celular, notebook, fios, fones, desenhos, folhas, carteira, uma bolsa pequena... Terminei e fui buscar as caixas que meu pai tinha falado.
Coloquei meus posters (AC/DC, Avenged Sevenfold, Paramore, Falling in Reverse e Avril Lavigne, fora os de filmes) enroladinhos bonitinhos ali dentro, e depois peguei meus livros. Coloquei todos eles ali dentro. Peguei a outra caixa e coloquei as coisas pequenas/ coisas da escrivaninha ali. Terminei de arrumar e empilhei tudo num canto.
-Falta alguma coisa... Meu skate e a guitarra! – Peguei meu skate embaixo da cama e procurei a guitarra. – Hm... Vamos sem mesmo.
Peguei meu celular e disquei o numero que eu sabia de cor. Esperei alguns segundos até que uma voz conhecida atendeu:
-Alô... – Ela tava dormindo, e já eram tipo, DUAS DA TARDE!
-Oi Lils, sou eu, Lene.
-Oi amor. O que foi de tãão importante pra me acordar?
-Escuta, lembra do Black? – Ela respondeu um “Aham” e eu continuei. - Então. Meu pai vai ter que ir viajar e eu vou ter que ficar na casa dele.
-Sinto muito... – Ela respondeu e eu percebi que estava rindo.
-EU SENTI MALÍCIA NESSA FRASE? RUIVA EU TE MATO.
-Não, não. Imagina.
-Tchau Evans. Depois te convido pra ir lá conhecer meu novo quarto.
Eu desliguei. Peguei minhas malas e fui até o carro. Meu pai levou a caixa que estava um pouquinho pesada por causa dos livros. Fomos até a mansão Black em silêncio. Ouvia Dear God no último volume.
Atravessamos o jardim com o carro, descemos juntos e tocamos a campanhia. Walburga atendeu e sorriu ao nos ver.
-TIA! – Eu a abracei com força. Chamo ela de tia desde sempre, e o B. chama o meu pai de tio.
-Querida! Que saudade!– Ela correspondeu o abraço. – Vamos, vamos. Vamos ver seu quarto.
Ela me puxou pela mão enquanto meu pai descarregava o carro. Subimos uma escada e ela me levou até um quarto de porta branca, em frente a um com a porta cheia de adesivos e plaquinhas e desenhos. Abri a porta branca e disse:
-Uau. Você se superou, hein dona Walburga.
O quarto era grande, a parede da esquerda num tom lindo de violeta. A do fundo era branca e tinha uma janela ENORME, branca também. Embaixo da janela, uma cama grande e fofa, com edredons violetas, travesseiros brancos e almofadas pretas. A da direita branca com duas portas, o closet e o banheiro. A parede violeta tinha várias prateleiras espalhadas nela, e uma escrivaninha branca encostada. Um tapete preto aos pés da cama, um pufe grande e preto também em um canto. Meu pai chegou e deixou minhas coisas num canto.
-É lindo tia. Obrigada.
-Nhá. Não se preocupe. Vamos te deixar sozinha pra arrumar o quarto, ok?
Eles saíram e eu puxei a caixinha de som da minha mochila. Conectei o iPod nela, liguei em Moves Like Jagger, e deixei ela em cima da nova escrivaninha.
Dançava cantando e rindo pelo quarto enquanto desfazia as malas arrumando o closet. A música terminou e eu acabei de guardar as roupas. You Make me Feel, enquanto eu colava meus posters na parede atrás da cama. Colei um pôster grande do Paramore no fundo do closet e começou A Little Piece of Heaven.
Comecei a arrumar a minha escrivaninha cantarolando:
-But baby don’t cry. You had my heart, at least for the most part. ‘Cause everybody is gotta die sometime. We fell apart, let’s make a new start, ‘cause everybody is gotta die sometime.
Estava sentada de costas pra porta, cantando ainda, quando ouvi uma voz rouca, mas macia:
-Ora, ora, e não é que a pequena Marlene cresceu mesmo?
Virei pra trás e Sirius estava encostado na porta. Só reconheci aquele garoto magrelo e baixinho pelos olhos. Agora ele estava alto, muito forte, um sorriso malicioso e maroto brincando nos lábios, uma sobrancelha erguida, os braços cruzados. Os olhos continuavam gélidos como eu me lembrava e os cabelos negros e desgrenhados. Sem camisa. E puta que pariu, como ele tava gostoso.
-Saia daqui Black. – Ele sorriu e foi entrando no quarto. Pegou um caderno que eu tinha jogado em cima da cama e começou a folhear. Eu levantei e peguei o caderno erguendo uma sobrancelha.
-Não. Você está na minha casa. Eu saio se eu quiser.
-E você no meu quarto, quem manda aqui dentro sou eu. – Ele sorriu.
-1 a zero Lenezita.
-É McKinnon pra você Black. – Ele riu e me mandou um beijo.
Saiu do meu quarto. Ok, ele pode ter se tornado um puta de um gostoso, mas ele continua insuportavelmente egocêntrico. Vou matá-lo ou mandá-lo para o hospital antes do fim do mês, não duvido.
(N/A: Peoples lindas que leram isso, quem gostou? Ninguém? ok. Comentem! E se puderem, passem lá na outra fic por favor? O link tá no menu dessa. Eu gostei bastante de escrever o primeiro capítulo e queria continuar, mas só com comentários tá? Ficou grandão pra um primeiro capítulo hah' Pode ser que eu demore pra postar, afinal eu tenho outra fic começada, mas se tiver comentários, eu dou um jeitinho e posto antes. Ju B.)
MÚSICAS DO CAP: Dear God- Avenged Sevenfold.
Moves Like Jagger- Maroon 5 ft. Christina Aguilera
You Make me Feel- Cobra Starship ft. Sabi
A Little Piece of Heaven- Avenged Sevenfold
Comentários (2)
PERFEITAA!!!Você se supera em Juu?!Achei maravilhosa....Poste nas duas fics please!
2011-12-05Que criatura horrível não iria gostar??Amei!!!!E to muuuuito curiosa!!!!Tenta posta logo o proximo cap.!!!!E da outra fic também!!!! (E também amei os ultimos cap. mesmo não tendo comentado =D)Tenho que perguntar: Tu gosta de Paramore???? *--* (Paralover endoidando aquiii =D)Suas fics são perfeitas!!! Não para elas não!!! E posta logo os proximos cap.!!!Bjs!!!
2011-12-05