Assim Será - Gina/Luna




Assim Será


Por Miss Granger




A moça rasgava irritada a décima folha. A matéria já deveria estar pronta àquela altura. Ela perpassou as mãos pelos longos fios loiros.


Um senhor se aproximou de sua mesa.
 


– Luna, minha filha. Deixe isso para depois. – ela lhe afagou os cabelos e moça fechou os olhos ao toque..




– Papai. Preciso terminar a matéria, é para quinta-feira! – protestou Luna.




– Você tem outras coisas na cabeça, menina. – ele suspirou – E em seu coração. Vá dar uma volta.




Luna caminhou até a beira do riacho. Sentou-se mergulhando os pés na água fria. Aproveitando a sensação. Sequer se importou de encharcar a barra da calça. Afundou as mãos na terra fofa tentando controlar seus pensamentos.






– O que você quer dizer? - sua voz soava fraca, irreconhecível. A moça ruiva sentada na poltrona à sua frente suspirou com os olhos molhados.


 


– Isso não é o que as pessoas esperam para mim, Luna. Eu não quero ferir a minha família. E eu...eu não sei se é o que quero para mim também. – explicou a moça trêmula.


 


– Ginny...? – ela tentava falar mas qualquer frase, que saísse da sua boca naquele desespero seria um estrago. Luna manteve os olhos fixos no rosto de Gina mesmo que essa baixasse a cabeça. Ela viu quando as lágrimas pingaram no colo da garota.


 


– Ginny... – repetiu o nome dela como um feitiço. Era assim que acordava de seus pesadelos. Quando estava presa na mansão Malfoy novamente, ou quando não conseguia salvar a mãe...ela chamava por Ginny e tudo ficava bem. – Você não pode fazer isso conosco...comigo. – a voz morreu no fim da frase.


 


– Por favor Luna entenda...não quero que ninguém se magoe. – repetiu Gina.


 


– E quanto a me ferir? E quanto a se ferir? – perguntou Luna fitando-a agoniada. As lágrimas afloraram mais ela já havia aprendido há muito tempo como evitar que caíssem.


 


– Eu pensei que você...dentre todos...entenderia. – disse a ruiva olhando para o chão novamente.


 


– Que você quer destruir algo que te faz feliz? Que quer destruir nossa vida? – falou Luna como para si mesma – Nem eu consigo entender algo assim.


 


A loira passou as mãos pelo rosto respirando fundo. Gina se levantou e Luna imitou seu gesto. Ela segurou Gina pelo pulso.


 


– Diga que não me ama mais. – pediu olhando nos olhos cor-de-cerveja que ela tanto adorava. Gina abaixou a cabeça.


 


– Ginevra. Olhe nos meus olhos e diga que não me ama mais. Que tudo foi uma mentira. – insistiu.


 


Gina ergueu os olhos e olhou para ela. Por um segundo a dor neles foi tão aguda que Luna se sentiu tonta.


 


– Eu te amo tanto Luna, que não consigo respirar quando estou longe de você. Que quando durmo e acordo você é meu primeiro e ultimo pensamento. Te amo tanto que quando você me toca, me sinto tremer. Mas... – a ruiva respirou fundo – Por mais que isso me destrua, você precisa sair da minha vida.


 


Luna soltou o pulso dela como se tivesse levado um choque. Deixou a cabeça pender e agora as lágrimas desciam traiçoeiras. Ela não tinha mais forças para evitar.


 


“…Assim que quer


Assim será


Eu vou pra não voltar


Toma esse anel


Que é pra anular


O céu, o sol e o mar...”


 


Gina a abraçou forte.


 


– Eu te amo. – murmuraram ao mesmo tempo.


 


Com o rosto escondido nos cabelos de fogo de Gina, Luna murmurou:


 


– Não me deixe.


 


A única coisa que ouviu foi o coração de Gina batendo de encontro ao seu. A ruiva se separou dela e retirou do dedo o anel que Luna lhe dera quando terminaram Hogwarts. Luna não precisava lê-lo para saber que dizia:“Com todo amor que meu coração errante consegue conceber”


 


Ele fará parte do meu corpo, como você faz parte da minha alma” dissera Ginevra naquele dia. Agora ele repousava na palma estendida da mão dela.


 


Ela olhou para sua própria mão de relance. Ali repousava o anel que Gina lhe dera: “Sempre sua”. Ela já lera um milhão de vezes a pequena frase gravada. Não ia entregar aquilo nunca.


 


– Não. – ela fechou a mão da outra. – Isso é seu. Não é prova da nossa união, e sim do meu amor. E isso nunca mudará. E nem pense em pedir o meu de volta. – acrescentou baixinho.


 


– Eu nunca o faria. – falou Gina.


 


– Eu o quero. Mesmo que...mesmo que ele minta. – disse Luna.


 


– Essa Gina aqui em sua frente será sempre sua. Por que ela morre hoje. – disse Gina com a voz estrangulada. Ela colocou o anel no bolso.


 


– Isso não faz com que eu me sinta melhor. – disse Luna.


 


 


“...Eu não queria ir assim


Tão triste, triste


Vem dizer adeus ao que restou de quem um dia foi feliz...”


 


As duas se fitaram por longos segundos. Luna queria simplesmente prende-la em si. Trancafia-la. Mas isso era impossível. Não queria pensar em ir embora.


 


– Me promete que ficará bem? – pediu Gina.


 


– Não precisa se preocupar com isso. Essa Luna em sua frente...morre hoje. – ela repetiu a frase dita Gina.


 


– Isso não faz com que eu me sinta melhor. – disse a ruiva.


 


– Eu sei.


 


A cabeça de Gina pendeu novamente.


 


“...Há de encontrar um encantador


Um novo ou velho amor


Vai te levar, leve a vagar


Pra um lar de fina flor


 E você ser mais feliz


Longe de mim


Por isso vou


Mas não me peça para amar


Outra mulher que não você...”


 


 


Enquanto a observava Luna teve visões de Gina beijando Harry...Gina de branco dançando com Harry...Gina sorrindo...feliz. Talvez fosse melhor assim, uma vida mais simples, com certeza mais feliz.


 


– Você vai conhecer outra garota, Luna. – Gina não conseguiu esconder que isso não a deixava feliz.


 


– Não quero ninguém. E não me peça isso. – retrucou Luna. Nunca mais. Nunca haveria outra mulher além dela. Nunca. E assim iria ser.


 


 


A ruiva errou o quarto arremesso em menos de dez minutos. Era um gol fácil, ridiculo. Seus musculos se contrairam esperando pelas consequencias.




– Weasley! – vociferou a capitã – Para o chão.




– O que está acontecendo, Weasley? – perguntou Guga Jones desmontando.




– Não sei, Guga. – murmurou Gina mal-humorada.




Guga suspirou.




– Ginny vai para casa. Sua cabeça não está aqui e, sem ofensas, não me interessa uma artilheira assim. – disse ela séria.




Gina atirou a vassoura no chão. E saiu andando irritada em direção ao vestiário. Bateu com força a porta.




– Merda de dia! – falou abrindo o chuveiro. Despiu o uniforme e entrou no chuveiro. A água escorria pelo corpo da grifinória enquanto ela divagava.




“O rosto marcado e magoado de Luna estava arrancando seu coração. Tudo que queria era abraçá-la e dizer que estava tudo bem. Ficar horas e horas sentindo o cheiro e a pele dela, ouvindo a voz dela...Mas era tarde.


 


“...Sei que seu féu fenecerá


Em nome de nós dois


Chuva do céu se encerrará


Pra ver nosso depois.


Como vai ser ruim demais


Olhar o tempo,


Sem ter os seus abraços, seus sorrisos


 ou suas rimas de amor.”


 


Luna saiu do apartamento. Gina ficou parada em frente à janela observando o ponto onde a garota desaparecera por quase uma hora. Luna iria perdoa-la. Iriam voltar a ser amigas. Ela ia fazer isso em nome da história delas. A chuva que durara o dia inteiro começou a parar. Não era mais que um sereno agora. O tempo entrava em suspensão para ver o que aconteceria com a vida delas. Se agarrando ao batente da janela a ruiva deixou as lágrimas escorrerem pelos olhos já vermelhos e ardidos.


 


Gina saiu do chuveiro e se enrolou na toalha. Imaginar seus dias sem Luna era quase impossível. Imaginar sair do centro de treinamento do Hollyhead Harpies e não ver o sorriso dela lhe esperando. Imaginar sua cama sem ela. Imaginar não mais encontrar bilhetinhos espalhados pela sua bolsa. Imaginar nunca mais sentir o sabor da boca da menina...É assim que seria sua vida agora.


Sentando-se no chão do vestiário, Gina começou a soluçar. Quem sabe se todas as lágrimas saíssem...quem sabe seria mais fácil.




Longe dali uma loira se deitou na grama abraçada aos joelhos, respirando forte. Luna tentava descobrir como viver sem o cheiro e o amor daquela ruiva que há tanto habitava seus sonhos.


 


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N/A: Olá! Aqui estou eu, aqui estou eu. É uma imensa honra abrir esse projeto (ganhei no zerinho ou uuum, ganhei no zerinha ou um!) que é uma prova concreta de que a convivência gera idéias problemáticas. Rsrshua. Está sendo maravilhoso escrever. Adorei fazer esse capítulo, embora que queria uma música feliz, mas enfim. Acho que até a ordem aleatória do WMP quer me transformar em uma dramaqueen. Aff. Los Hermanos é uma banda que estou começando a admirar bizarramente por causa da Van. As letras são tão complexas e “multisense” (não essa palavra não existe. *cara emburrada* Que foi? Licença literária amor ^^), permitem tantas visualizações que não dá para não aproveitá-las em uma fic. Enfim espero que tenham gostado. E a próxima fic será...Tchan Tchan Tchan! Da Van! E a música é Cher Antoine. Vamos ver o que ela fará com isso. Beijos da Miss Granger ^^


 


*pega a capa roxa de cima da cama, veste e puf. Cadê?*


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