Capítulo I



-Daniel!! – Gritou Lucy do fundo da estação, ao que Daniel voltou a cabeça e procurou pela amiga inutilmente por entre o mar de cabeças.



-Luc...? – Começou por chamar, mas mal conseguiu acabar seu nome, a jovem atirou-se aos seus braços, num abraço o mais apertado que os seus braços permitiam.



-Onde é que se meteu a Kim? – Indagou, largando-o como se nem lhe tivesse tocado.



-Nossa, que saudade – gracejou Daniel sarcástico. E tentando novamente procurar Kimberly por entre a multidão sem bons resultados – Sei lá onde é que ela tá; e olha que aquela corvinal não é fácil de perder de vista...



-É melhor a gente passar, ela depois acha a nossa carruagem, não vou perder o expresso dessa vez – respondeu Lucy animada, entrando na plataforma 9 ¾ .



-Porquê? Vai querer dizer que não gostou de ir pra Hogwarts num hipogrifo, o ano passado? – Devolveu Daniel antes de entrarem no expresso.



-Talvez tivesse gostado mais se não tivesse de ter partilhado o lombo desse hipogrifo com mais uma pessoa atrás e um lufa-lufa doido que acha que consegue voar em hipogrifos na frente – retorquiu, abrindo a porta de um compartimento vazio.



-Como assim? Quem ia na frente era eu, grifinória tonta...– continuou Daniel, ansioso por entrar no compartimento para desempedir a passagem.



-Eu nem respondo...



-Não vale a pena – respondeu divertido, entrando.



-Afs! Cadê a Kim? – Repetiu, se jogando no assento.



-Levando na retaguarda – revidou o outro com um sorriso comum e tomando o lugar à sua frente.



-Ah é, esqueci que não dá pra fazer retóricas na sua frente.



-Até parece que você não gosta de sentir saudade de mim só pra pular nos meus braços depois – gracejou, inclinando o corpo para a frente, baixando a cabeça sem tirar-lhe a vista.



-Oh, sim! é verdade! Eu te amo!! – Cantarolou Lucy com dramatismo, de olhos fechados voltados para cima, uma mão no peito e outra para o teto; provocando o riso do amigo.



-O quê? Luciana Potter se declarando a Daniel Knight?! – interveio Kimberly, animadíssima com o início do ano, jogando as malas para cima de Daniel que caiu de mau jeito – oh, desculpa. – Disse, dando pouca importância, virando-se para Lucy – que calamidade é essa que te leva a admitir?



-Começou cedo, esse ano hein? – Lucy interveio.



-Aí, ninguém vai me ajudar, não? – Pediu Daniel, tentando colocar as malas nos assentos para poder se levantar.



-Eita, tudo eu – reclamou Kimberly, que em menos de meio minuto preparou sua bagagem para a viagem e recolocou Daniel no seu lugar. – Pronto... Melhor agora? Não quer mais nada?



-Já que insiste, uma cerveja amanteigada – brincou Daniel, recostando-se à janela.



-Nhé, bebé – devolveu Kim, mas foi puxada para fora do cubículo pelo namorado, Hubert Weasley, que em pouco tempo devolveu-a mais despenteada aos amigos. – Ufs. Enfim. Ah! Vocês não sabem! Vamos ter uma aluna nova.



-Assim? Sem mais nem menos? – Interveio Lucy.



-No penúltimo ano? – Indagou o outro.



-Pois é. Meio esquisito, eu sei, mas ela é esquisita mesmo. Eu gosto dela, se chama Madison.



-Porquê ela veio pra cá? Veio atrás de alguém? – Perguntou Lucy, interessada.



-Que nada, acho que sou a única pessoa que ela conhece de verdade em Hogwarts.



-Mas como é que ela é? Simpática? Vale a pena aproximar?



-É gostosa? – Interrompeu Daniel, sem conter mais a pergunta para provocá-las.



-Com a cabeça de cima, Daniel, de cima – devolveu Lucy, e voltando para Kimberly. – Ignora. Mas conta aí o que você sabe sobre ela.



-Ela é meio parecida comigo, não tão alta, mais da sua altura; é morena... tem um pouco ar de doida quando se diverte...



-Então e...? – Insistiu Daniel, gesticulando com as mãos em frente ao tronco.



-Que mala, depois você próprio vê.



-Ela não tá aqui? Ela podia vir com a gente, já que ninguém veio aqui... – Começou Lucy, mas mal acabou o que disse quando Lianora Lispector e Gabriella McFellow, ambas sonserinas, irromperam pelo cubículo rindo às gargalhadas.



-Há... eu não acredito... que mulherzinha... oh, desculpem, não sabia que tinha gente aqui – desculpou-se Lianora, adentrando com a amiga. – Os outros estão todos ocupados, vocês não se importam que a gente fique aqui, né?



-Claro que não – respondeu Lucy, que como Daniel, sempre se dera com as duas, mesmo sendo de casas diferentes. – Nossa, a gente não se fala desd’o ano passado.



-É verdade – comentou Gabriella, animada, deixando a bagagem na entrada por não haver mais espaço. – E aí, Daniel? O que conta?



-Nada... – respondeu, absorto, virando de seguida para Lucy: - Acho que a ideia de ir procurar a aluna nova tá fora de questão agora.



-É... Não tem importância, a gente acha ela quando chegar – respondeu, acomodando-se na janela para que coubessem melhor. – Credo, esse trem diminui com os anos!



-Você é que cre... – começou Daniel, interrompido por Lianora:



-Aluna nova? Quem? É gostosa?



-Ah, não, outra não! – reclamou Lucy.



-Você é sapatão desde quando? – Perguntou Kimberly, espantada.



-Eu? Sapatão?? Que nojo! Eu sou bi e é desde sempre.



-É, ela é bi – teatrou Gabriella para Kimberly, como se falasse de uma doida.



-Ok...



-Brincadeira – sussurou Lucy a Kimberly, mas ao que Lianora ouvui, ficou indinada:



-Não, não é. É verdade!



-Concorda, Lucy – pediu Gabriella, que com um solavanco, caiu para cima de Lianora juntamente com um caderno de Lucy que se desfolhou em cima de Daniel.



-Ahh! – Gritou Lianora, quando os joelhos da amiga foram de encontro ao chão e o peito da mesma para o meio das suas pernas; mas ao invés de ajudá-la, abraçou a sua cabeça, pressionando-a contra a barriga.



-Desenhos novos! – Vibrou Daniel simultaneamente com o caderno desenhado por Lucy no colo.



-Não! Larga! São meus! – Devolveu Lucy, apoderando-se da propriedade perdida.



-Eu sei, por isso mesmo é que eu quero ver! – Respondeu Daniel, enquanto as outras duas lutavam, uma para se levantar, a outra para impedir que isso acontecesse, e Kimberly, no meio daquilo tudo, apenas pedindo que a deixassem de fora da confusão.



-O quê que tá acontecendo aqui...? – perguntou o corvinal Gustav Hullden, abrindo a porta do compartimento e suspreendendo-se com a confusão.



-Não é pra perguntar, é pra me ajudar a sair – pediu Kimberly, tentando livrar-se da bagagem de Lianora que caíra com a confusão.



-Você que sabe... o Weasley tá ali no fundo à direita – respondeu Gustav, e mal pôs Kimberly para fora, gritou: - Ei! Briga feminina!!



-Ei! – Interveio Daniel, indignado, numa posição constrangedora com Lucy a fim de lhe tirar o caderno.



-Vai dizer que não gosta de fazer parte? – bradou Narcise Beckann, quando um enorme aglomerado de rapazes se instalara à porta.



-Fazer parte... pode até ser... mas aí deixa de ser feminina – respondeu a custo.



-Quer ajuda? – interveio o grifinório Henry Nortwell, divertido com a situação como todos os outros.



-O que está acontecendo aqui?! – Berrou o professor Longbotton, que com um feitiço simples deixou todos os alunos um pouco atordoados, o suficiente para controlar a situação. – Voltem para as suas carruagens, todos vocês. Isto não é uma festa, o expresso poderia ter descarrilhado por vossa causa. – E quando a última porta se fechara, ainda ajudara Gabriella e erguer-se – Nem no expresso vocês dão um desconto?



-É essa mania que a Lianora tem de começar tudo em grande... – comentou Daniel, ainda divertido. O único no compartimento.



-Estou de olho em você, Knight. – respondeu o professor secamente. – E em vocês também. Por favor, vão com mais calma esse ano ou teremos de abrir uma ala de detenção para cada um. – Concluiu, fechando a porta.



-Viram o que vocês fizeram? – Reclamou Lucy, com o caderno ainda apertado contra o peito.



-Ah, Lucy, deixa de ser santinha, vai – revidou Lianora.



-Santinha? Ela? Há! – Devolveu Daniel – vai me deixar ver ou não?



-Que modos! – Protestou Lucy.



-Por favor... – sibilou Daniel entredentes.



-Custou muito? – Perguntou Lucy, entregando, por fim, o caderno.



-Custou, obrigado – disse o outro, sem tirar o sorrisinho dos lábios que tanto a irritava.



-E aí? – Interveio Gabriella – já assumiram?



-De novo? – Injuriou Lucy, aproveitando-se da absorção de Daniel em seu caderno – Eu-não-gos-to-de-le! Quantas vezes vou ter de repetir?



-Até quando quiser, mas a gente vai encher o seu saco até você admitir que gosta dele – investiu Lianora, com ar sério.



-Coitada da menina, dêem um desconto a ela – pediu Kimberly pela amiga.



-Ah, que nada, ela merece – Devolveu Gabriella sem más intenções.



-E também, ela já tá acostumada – comentou Lianora.



-Infelizmente, não é? – ripostou Lucy, encostando-se à janela, satisfeita por ver os ânimos gerais mais calmos, e seus desenhos serem passados de forma invertida. – E aí, Li? Quais são as novidades? Finalmente desencanou do Patrick?



-Eu... beijei quinze garotos essas férias – respondeu, fazendo o sinal de aspas para dar ênfase à palavra “beijei” radiante, ao que Lucy e Kimberly fitaram-na boquiabretas.



-Eh, quinze – interveio Gabriella, num tom descontraído em contraste com as outras duas. – Não foram dezesseis nem nada...



-Não, foram quinze – respondeu a outra, como se a expressão incrédula das amigas não tivesse nada de mais.



-É, foram quinze, pra ser um número mais certinho.



-Sim, é pra ser mais certinho – concordou Lianora com uma gargalhada, mas prosseguindo mais séria sem perder o sorrisinho perverso. Até Daniel desviou a vista do caderno com um ar espantado. – Não, é que o Phearson não contou direito, porque além de ter namorada, foi só uma vez.



-Mas a maioria tinha namorada – observou Gabriella, cujo comentário fez as testas dos três contraírem-se com ainda mais rugas.



-Ah, pois é – lembrou, mas seguindo na gargalhada. – Mas não terminou com ela por mim e tava bêbado!



-Certo... – Murmurou Lucy, absorta como Kim e Daniel. Fora a única coisa que conseguira proferir.



-O que é que tem? Vai dizer que isso não tá com nada, e começar com papo furado de gente certinha? – Revidou Gabriella.



-Não... a gente já conhecia um pouco essa faceta da Lianora mas...



-Eu só não sabia que vocês achavam tanta graça... – Comentou Kimberly.



-Não só acho graça como tou como ela – declarou Gabriella com orgulho.



-Ah tá? – Perguntou Daniel, antes mesmo de digerir o que estava ouvindo.



-Eu só abro horizontes – falou Lianora, inchada de orgulho; desinteressando Daniel. – Aliás, abri os horizontes a muita menina de Hogwarts, não é verdade?



-É verdade, a mim inclusive. E é ótimo, meninas, sério – afirmou Gabriella, arregalando os olhos para dar ênfase à veracidade do que diziam. Lucy não queria acreditar na cena, de tão caricata que estava, nem parecia verdadeira, muito menos com Gabriella incluída.



-Eu tô numa de compartilhar o bom da vida com quem ainda não tem. A quem eu posso abrir os horizontes agora, Gabi?



-À Kim! – Delatou a inquirida, deliciada com o rumo da conversa.



-Eu??



-Não, a Kim não precisa, ela já tem o Hubert. Tá bom que é o único, mas pelo menos já começou. Eu gosto é de desafios! – Vibrou Lianora, ao que Lucy apenas se encolhia no assento.



-A Lucy! – Observou Gabriella, para desgraça da outra, que só pensava “oh não...”



-A Lucy! – Concordou felicíssima, mas antes mesmo de continuar, um ruivo alto abriu a porta, interrompendo sua linha de pensamento e chamando a atenção de todos.



-Você é a Lianora?



-Sim, sou eu. E você, quem é?



-Eu me chamo George Lion, sou da Corvinal. Não quer vir aqui me ajudar a fazer ponta no meu lápis?



-Claro – respondeu, erguendo-se e dirigindo-se para o garoto, indagando ainda antes de sair: - O que é um lápis?



-Eu te mostro – disse antes de fechar a porta.



Os quatro entreolharam-se.



-Eu vou lá, aposto como ele não tá sozinho – declarou Gabriella, seguindo a amiga.



Os três olharam-se com um misto de nojo e tristeza no rosto.



-Elas viraram umas... – começou Lucy.



-Putas – completou Daniel ao ver a impotência da amiga em terminar a frase.



-Sim, obrigada pelo vocabulário – Lucy reclamou.



-Como é que elas conseguem ser tão... vazias? – Continuou, ao que Kimberky não lhe tirou os olhos de cima, compartilhando seu pesar, e Daniel continuou a folhear o caderno, dando apenas indiferença ao assunto. - Você não vai dizer mais nada? – Ao que Daniel simplesmente respondeu, sem parar o que estava fazendo:



-Eu não, elas sabem o que querem da vida; se elas querem seguir por aí, elas que vão, desde que não me provoquem...



-Ainda bem – Aliviou Lucy, descansada em ouvir o que queria. Ainda abriu a boca para tecer algum comentário, mas nada saiu, pelo que desistiu.



-...Eu também não tenho muito pra falar... Eu tenho o meu namoradinho, que é muito meu, e ai delas que cheguem perto dele.



-Elas não vão chegar... É seu... E acho que elas ainda te respeitam, e respeitam a gente... pelo menos, a gente – positivou Lucy.



-Eu não teria tanta certeza se fosse você – comentou Daniel, ainda de olhos postos nos desenhos que pareciam nunca mais acabar.



-Você conhece elas melhor do que eu? – Questionou Lucy, indignada.



-Eu conheço e bastante bem esse tipo de garota. O que elas querem não é segredo pra ninguém. São umas... vazias, como você disse; e se são vazias pra algumas coisas sérias, também são pra outras.



Lucy fitou o amigo, impressionada como Kimberly, que de tão deprimida estava pelas colegas que decidiu mudar de assunto:



-Ah... Lucy, o que é um lápis?



-Isto – disse, mostrando um lápis novo, de grafite escuro e macio, próprio para desenho.



-E isto é fazer ponta – aproveitou Daniel, apoderando-se do lápis e do apontador de Lucy, demonstrando a Kimberly o que Lianora e Gabriella estariam fazendo naquele momento, não estivessem ainda dentro do trem.



-Ah, certo – agradeceu Kimberly, emcabulada. – Eu vou procurar o Hubert... – E saiu.



-Eu fico triste por elas, eu gosto delas... Você não? – Comentou Lucy quando estavam sós, deslocando-se para a direita do amigo e encostando-se ao mesmo para observar melhor os próprios desenhos que chegavam ao fim. – Hein? – Insistiu, recebendo apenas um murmúrio de concordância e um ligeiro aceno em resposta.



-Dá licença... – Adentrou uma aluna da idade dos dois, mas ao se dar conta da cena, se apressou a pedir desculpa pela interrupção.



-Não, não, pode entrar, é sério – pediu Lucy, que logo se levantou.



A garota ficou olhando os dois com ar céptico por um pouco: Lucy, de pé, tentando transparecer calma e Daniel que, após um bocado, por fim deslocou o olhar intrigado para a desconhecida.



-Se você diz... – Respondeu passados alguns segundos, que mais pareceram horas constrangedoras para Lucy, que suspirou com a expressão convencida da outra. – Credo, vocês têm tanta bagagem; eu só trouxe esse carrinho e uma bolsa...



-Não, é que nem tudo isso aqui é nosso, é d... Você tem um carrinho? – Observou Lucy, admirada.



-É, tenho, mas não é pra pensar que sou sangue-rium  não, viu?



-Não, quê isso... – respondeu Lucy, tentando ajudá-la a colocar o carrinho no lugar em frente a Daniel, mas não foi necessário. – Eu sou Lucy Potter, e você?



Ela a olhou intrigada por um instante, mas logo respondeu:



-Madison Malfoy, prazer – ela se apresentou, cumprimentando Lucy com um par de beijinhos na face. E virando-se para o outro, esperando reação.



-Eu... desculpa – pediu, levantando e aproximando o rosto para cumprimentá-la de igual forma. – Daniel Knight... Você é a aluna nova?



-Aluna nova... se vocês querem assim... Eu fui transferida do outro lado do Atlântico, de New York, só isso – comentou, sentando-se em frente aos dois.



-Nossa, tão longe! Deve ter demorado bastante a sua viagem – disse Lucy.



-A não ser que tenha vindo de avião – observou o amigo, olhando para o carrinho de Madison.



-Interpretou direitinho – respondeu, desenhando por fim um discreto sorriso no rosto frio. – Eu e trouxas nos damos bem.



-A gente também conhece uma família meio trouxa, mas não temos assim tanto contato – falou Lucy.



-Ah eu agüento eles bastante. Principalmente no verão. Eu já tive até um namorado trouxa; nos dois sentidos, mas vá... E aí? Vocês são de qual casa?



-Eu sou da Grifinória e ele é da Lufa-Lufa.



-Conhecem uma Kimberly da Corvinal?



-Sim, claro, ela falou de você.



-He, ela era a única aluna que eu conhecia que preste nessa escola – confessou Madison.



-Agora você conhece a gente. – Interveio Daniel - só é pena que nenhum de nós seja da mesma casa...



-Não tem probelma, eu vou pra Sonserina e fica equilibrado.



-Mas você não escolhe a casa assim, sem mais nem menos – infromou Lucy. – O chapéu selecionador é que decide a melhor casa pra você.



-Se eu mentalizar que a Sonserina é a melhor casa pra mim é lá que ele me põe. Pr’além de eu já estar no penúltimo ano e o chapéu não se importar tanto comigo, a minha família tem historial na Sonserina. E eu gosto de verde – completou com um sorriso, que nem por isso se sobrepôs ao ar frio e distante que tinha.



-Mas aí ficava chato... A gente fala mais com quem é da própria casa – lamentou Lucy.



-Isso não é problema, a gente fala por mensagens.



-Como assim? – Indagou Daniel.



-Celular... Nunca ouviram falar?



-Só mais ou menos. Sei o básico – respondeu Lucy.



-Deve chegar – alegrou-se a outra, dando celulares simples a cada um. – Supus que ninguém aqui tivesse, por isso arranjei alguns baratinhos e básicos pra não embolar as vossas cabeças...



-Ah, mas não precisa, sério – recusou Lucy.



-Não, é um favor que vocês me fazem se não vamos ficar na mesma casa. São todos da mesma rede e as mensagens já estão pagas pra descomplicar...



-O quê? Mas eu nunca mexi nisso...



-Tem calma, Lucy, eu te ensino – interveio Daniel. – Valeu mesmo, nunca tive um.



-Você também nunca mexeu em nenhum – revidou Lucy, idignada.



-Quem falou?



-Tá bom, tá.



-Eu resolvo isso. Liga aí o bicho – comandou Madison.



-Ahn... – fez Daniel, girando o objecto, até se decidir por um botão que o iluminou. - E agora a gente procura... Aqui: mensagens; aí a gente faz isso, e... Isso, e escreve.



-Uau, você realmente sabe mexer nisso!



-Não, só por alto – confessou com uma careta.



-Eu ensino vocês a escrever depois, com calma, que é mais complicado. Quando a gente já se tiver instalado direito... A gente faz isso depois da primeira refeição – completou, recostando no assento.



-Mas os seus amigos trouxas sabem... – Começou Daniel.



-Não. Essa é a melhor parte – respondeu com o já habitual sorriso um tanto gélido, deixando os dois entretidos com os aparelhos.



-Ah, finalmente – disse Lucy quando o engenho do expresso enfim descansou.



Saíram e dirigiram-se normalmente, como sempre fizeram aquando da chegada a Hogwarts, ao salão principal. A decoração do mesmo fugia um pouco ao normal, uma vez que Hermione se sentira deveras inspirada e decidira decorar o teto com uma cor característica das folhas de pergaminho, rasurado com a letra de cada aluno e professor que tomava um lugar. As mesmas cintilavam mensagens simpáticas e acolhedoras, desejando boas-vindas ao ano letivo que se iniciava. Lucy e Daniel sentaram-se em suas respectivas mesas, revendo os colegas separados pelo verão, mas mesmo assim mantiveram a proximidade, sentando-se de costas um para o outro. Madison, por sua vez, não tomou qualquer lugar; ao invés, deslocou-se para o início do amontoado ligeiramente organizado de alunos do primeiro ano, ao contrário do que Hagrid lhe indicara. Este ainda se voltou para avisá-la, mas por já estar sentado, Hermione pediu-lhe que assim permanecesse para que não levasse a mesa atrás, evitando um pouco mais de confusão.



O silêncio ainda não reinava, mas a diretora não quis esperar pelo mesmo. Não se deteve a lançar um feitiço que a todos emudeceu por instantes, e começou com um animado discurso. Aborrecidos com o mesmo, os alunos tentaram conversar, mas ainda sobre o efeito do feitiço, apenas ficaram-se pelos olhares. Satisfeita pela irrelutância, a diretora prosseguiu com o discurso por mais bastante tempo, até achar que já não havia mais nada a ser dito, pelo menos, até ao início do ano seguinte. Ordenou, por fim, que a selecção começasse, e permitindo aos alunos que pudessem falar novamente.



-E aí? Em qual acha que ela vai ficar? – Perguntou Lucy, virando para trás.



-Acho que ela consegue a Sonserina, ela é bem metida e é uma Malfoy...



-Eu acho que você devia dar uma chance a ela, não julgar a primeira impressão...



-Ok, então ela é só uma Malfoy; é suficiente. E você? Pra qual acha que ela vai?



-Eu voto... na minha. Eu só espero que ela não vá pra Sonserina; se a Gabriella ficou como ficou assim que se afastou da gente por uns meses, sei lá...



-Agora você se preocupa com a Malfoy?



-Não é isso, é só que...



-Ah, já sei, tá com medo que elas se juntem e virem concorrência difícil? – Daniel escarneeou, quando Lucy não continuou o raciocínio, não por não consegui-lo, mas por ver Madison tirando o chapéu da cabeça, acompanhada pelos habituais aplausos de aceitação da mesa sonserina, e uns poucos assobios dos mais velhos, arrancando-lhe um infimo sorriso algo encabulado, mas esse último detalhe só havia sido notado por quem estivesse a menos de um metro de distância. Voltando a cabeça novamente para Lucy, vibrou – há! Ganhei!



-É... parece que sim... – Comentou Lucy com uma ínfima tristeza, ao ver a recente amiga ser chamada por Lianora com histerismo.



-O quê que você viu nela afinal, pra tar assim? A gente mal conheceu a garota... – Estranhou Daniel – tá certo que ela tem uns atributos... visíveis, mas eu achava que você não ligava pra eles.



-E não ligo idiota! – Gritou Lucy, que por pouco não se fez ouvir por muito mais gente.



-Tá bom, tá bom... Só tava brincando... – Se desculpou, voltando para a sua mesa puxado pelo ombro por uma colega.

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