Novo ano, novo plano



Frieza. Eu precisava de frieza para matar. Porque apenas a frieza me traria indiferença.


Só quando reflecti sobre isso é que percebi porque é que ele me beijara.


Os seus lábios tocaram os meus com um propósito apenas, diminuir o meu ódio. O meu ódio a Voldemort seria suficiente para o aniquilar. Eu era indiferente ao rapaz, via apenas o mal que o seu futuro representava, a dor e o sangue que ele traria. Quando ele me beijou, eu já não conseguia ser indiferente, já não conseguia julga-lo apenas por aquilo que se tornaria…fui manipulada.  


            Trabalhei muito durante o longo Inverno que se seguiu à minha visita ao passado. Li livros que continham magia que eu nem sonhava que pudesse existir. Snape reparou no meu novo afinco nas suas aulas de duelos.


            Harry começava a namorar com Ginny, Ron andava enrolado com Lavender. Eu tinha imenso tempo só para mim e dedicava-o à biblioteca. O único visitante ocasional era um Draco Malfoy de expressão preocupada que me olhava com desdém.


            O trabalho árduo que levava era a minha distracção, para não pensar na culpa que me destruía a alma. Como pudera eu gostar de ser beijada por Lord Voldemort? Eu sentia-me suja, traidora, terrivel…mas era impossível não sentir a mais leve sensação de prazer, era extasiante, poderoso…era único.


            A noite de ano novo chegou e Gryffindor organizou uma festa de arromba. Uma banda de finalistas tocou Rock, Metal e Alternativa a noite toda, chamavam-se “Dementor’s Brother” e eu fiquei com a certeza de que tinham um futuro cheio de sucesso. Não sei como é que conseguiram trazer álcool para a sala comum, nem sei quantos vodkas bebi, dancei com vários rapazes a e acabei a noite a dar um estalo a Ron e a dizer-lhe que Voldemort era mais sexy do que ele, quando ele disse que me perdoava os ciúmes. Como se eu alguma vez tivesse tido ciúmes da relação dele com a Lavender…não tinha.


            Ninguém compreendeu a parte do “Voldemort sexy”, mas eu sei que a imagem de Tom Riddle cruzou a minha mente, quando eu esbofeteei Ron. Agradeci por não me ter descaído no meu pequeno segredo. Um Harry muito escandalizado arrastou-me para a cama, adormeci e dormi sem sonhos como já não dormia há muito tempo.


            Quando acordei na manhã seguinte, ressacada e mal disposta, uma nova ideia pairava na minha mente. Eu tinha obtido conhecimento nos últimos meses, conhecimento importante sim, mas nenhuma frieza ou indiferença. Era altura de mudar de táctica.


            Desci até às masmorras de Slytherin e rodei o vira-tempo.


Tom Riddle sorriu para mim encostado à parede, mal cheguei à época dele.


            - Eu sabia que vinhas hoje. – Sibilou antes sequer de eu poder reagir. – Crucio.


            O Crucio dele era muito mais potente do que aquele que eu lhe lançara, caí no chão, a varinha deslizou-me por entre os dedos, os meus olhos lacrimejavam…mas não gritei. Ele não teria o prazer de me ouvir gritar.


            - Eu posso fazer-te sofrer tanto que desejes matar-te no futuro, mesmo que não te consiga matar agora. Nunca subestimes o meu poder, Granger. Eu não gostei da tua brincadeirazinha com a maldição da tortura da última vez.


            Intensificou a maldição. Eu quase que sentia o seu ódio à humilhação que eu lhe fizera. Chorei e solucei, mas não gritei, até que a dor parou. E eu continuava no chão. Olhei-o e murmurei:


            - Jamais me mataria por tua casa.


            Ele olhou-me e riu-se.


            - Corajosa sem dúvida. Já te sentes capaz de me matar? Creio que não…


            Aproximou-se perigosamente e tocou-me nos lábios com as mãos. Sussurrou na minha orelha, afastando os meus cabelos.


            - Creio que não…porque nem todas as recordações são más.


            Beijou-me na bochecha com carinho e depois tomou meus lábios com desejo e desta vez eu sei que correspondi. Eu desejava corresponder, jogar o mesmo jogo que ele. Não sei quanto tempo durou o beijo, mas foi intenso, eu e ele lutávamos pelo controlo, havia fogo entre nós, prazer e liberdade. Quando nos afastámos para recuperar o folego, fitei-o longamente antes de murmurar ao seu ouvido:


            - Não vim para te matar, vim para que me ensinasses a matar.


            E sei que por uma vez na vida, Lord Voldemort ficou atónito, completamente surpreso. Tenho um pouco de orgulho nesse meu feito.


            - Porque haveria de fazê-lo?


            - Porque há uma maneira mais fácil de te destruir…basta humilhar-te. Eu sei que és meio-sangue…acho que se espalhar isso por todos os teus amigos, ficarias sem seguidores.


            ­Ele olhou-me horrorizado. Foi o meu segundo momento de prazer, ver Lord Voldemort com medo do poder que eu tinha sobre ele. Vi hesitação no seu rosto, antes de responder:


            - Eu faço-o, se prometeres que eu não serei a tua primeira vítima, uma vez preparada para matar.


            - Prometido. – Consegui falar…
    - Volta no dia 7 de Janeiro. Encontramo-nos neste corredor. - Ele ordenou, enquanto se afastava. 


 

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Comentários (1)

  • Mónika Black

    Olá !!! Estou a adorar ler esta fic... Posta o mais rapido possivel sim??? Fico á espera. Beijinhos :) MónikaBlack

    2011-11-28
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