Prólogo



Espanha, séc. XIV


 


“A população começava a ir contra a inquisição. O número de hereges aumentava. A tortura era o novo método de retirar informações, e o enforcamento passava a ser uma solução para matar bruxas.


Então a inquisição passava a ser mais enérgica, acendia cada vez mais fogueiras, matava mulheres em todo o país.”


 


A pequena praça do vilarejo estava iluminada pela lua cheia e as tochas dos habitantes. Eles esperavam que a mulher, que vinha sendo arrastada aos gritos, fosse presa a fogueira. Todos estavam atentos à cena e não viam a garota loira que chorava num lugar mais escuro vendo a mãe sendo arrastada e amarrada enquanto gritava desesperadamente.


 


O velho cardeal dava a sentença. E a fogueira era preparada para ser acesa. Samantha Niglesh, tinha apena dez anos e via as chamas vermelhas subirem e devorarem sua mãe que sofria, gritava, implorava. E ela correu o mais rápido que pôde, ela tinha de apagar o fogo, ela tinha de salvar sua mãe. As lágrimas deixavam sua visão turva, e antes que conseguisse sequer chegar à multidão, foi segurada.


 


- Me solte! Largue-me, trouxa. Solte-me, isto é uma ordem. – Ela se debatia e usava toda a força que uma garota de dez anos possuía, e toda a força que o desespero e a loucura lhe deram naquele momento.


 


- Calma bruxinha, se acalme. Eu sou sua amiga estou lhe salvando! – A figura vestida em negro, que lhe segurava e colocava a mão sobre sua boca para silenciá-la, sussurrou em seu ouvido.


 


Mas a pequena ficou enlouquecida, se debatia. Sua mãe nada mais falava, e ela não conseguia mais ver nada através das lágrimas. E isso foi o suficiente para que no minuto seguinte desmaiasse.

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