A busca
Enquanto isso, na Bulgária
Victor Krum acaba de aparatar em sua casa. Ele ainda não sabe direito o que aconteceu, tudo o que ele sabe é que um dos seus elfos entrou em contato visivelmente agitado e se castigando com uma frigideira. A criaturinha estava aos prantos, o que dificultou bastante a comunicação, mas o ex-apanhador conseguiu entender o essencial, algo aconteceu com seu filho
Ele nunca pensou que poderia sentir algo desta natureza. É como se uma mão invisível apertasse a sua garganta e o mundo todo saísse do seu eixo, e o ex-apanhador deixou uma reunião importante sem sequer pestanejar
- Igor! – ele grita pensando no que pode ter acontecido, mas o garoto não vem, ao invés disso quem lhe recebe é um elfo que evidentemente passou um bom tempo se castigando
- Amo – a criaturinha choraminga – levaram o garoto! O pequeno senhor Krum! Eu tentei impedir, mas eles fugiram. Eu já me castiguei...
- Como assim, levaram meu filho? – ele diz, ou melhor, ele grita. O ex-apanhador faz o possível para manter a calma neste momento, gritar ou castigar a criaturinha não trará seu filho de volta. Ele precisa saber o que aconteceu
Então o búlgaro respira fundo e diz de modo duro – eu ordeno que não se castigue e me conte o que aconteceu. Não esqueça nada
A criaturinha acena com a cabeça enquanto começa a falar de forma assustada – o pequeno senhor Krum se recolheu no horário de sempre. Eu fiz como ordenado, esperei até que ele dormisse, apaguei as luzes e reforcei as proteções. Eu juro que fiz, meu senhor. Eu não esqueci de colocar as proteções na casa, como o senhor ordenou
- Continue – Victor o interrompe. Ele conhece seus elfos muito bem para saber que eles nunca se esqueceriam de cumprir uma ordem sua
- Eu fui deitar depois de me certificar que o jovem amo estava dormindo. Então, antes que eu dormisse, eu ouvi um barulho, eu pensei que fosse o senhor que havia voltado sem avisar, já que não aconteceu nada com as proteções. Eu me levantei para recebê-lo e então vi o pequeno senhor no jardim e antes que eu conseguisse ver o que havia acontecido, ele desapareceu
- Como assim? Ele desapareceu? – Victor agora não contém a sua fúria
- Não sei dizer, senhor. Ele estava no jardim em um minuto e no outro havia sumido – o elfo agora chora ruidosamente enquanto bate a sua cabeça na parede
Victor Krum respira fundo, ele não pode se desesperar agora, os anos de quadribol lhe ensinaram que em certas horas manter a calma é imprescindível. Então ele diz – você viu se havia alguém com ele? Ele estava no jardim? Se acalme e me diga tudo – ele fala novamente para o elfo que o encara lacrimejante
A criaturinha treme incontrolavelmente quando diz – havia algo lá, um homem eu acho. Mas eles sumiram antes que eu conseguisse ver direito. Eu não cuidei do pequeno senhor Krum. Eu vou colocar minhas mãos no forno...
Krum respira fundo, ele mesmo gostaria de castigar o elfo por não ter cuidado do seu garoto, ele sabe que a criaturinha não tem culpa e que ele está sendo insano. Mas é mais forte que ele, Victor também quer se castigar por não ter conseguido manter seu filho a salvo, algo em seu íntimo diz que ele deveria ter se preocupado mais e nunca deveria ter deixado uma criança apenas com os elfos
No entanto, se culpar agora não vai levar a nada. Seus anos como apanhador lhe ensinaram a ter frieza e paciência e é disso que ele precisa agora para saber o que aconteceu com seu filho. A lógica diz que pode ter sido uma espécie de sequestro, afinal ele é um homem rico e poderoso e qualquer pessoa no mundo bruxo sabe disso, resta agora saber quem seria ousado o suficiente para fazer algo desta natureza. Então uma coisa passa pela sua cabeça. Quem poderia ter burlado as suas proteções?
Ele tem vontade de gritar a plenos pulmões, mas não é hora pra isso agora. O que ele tem que fazer é respirar fundo e descobrir o que aconteceu com seu filho...
XXXXX
No Ministério da Magia da Inglaterra
Harry tenta usar a sua melhor feição profissional ao ver Severo Snape em sua sala. Por mais que ele tente, Harry ainda não consegue ser totalmente imune ao seu olhar frio reservado aos estudantes, pelo menos não quando não está preparado para encontrá-lo e certamente ele não estava preparado para uma visita como essa nas primeiras horas do dia
- Bom dia, professor – ele diz buscando seu tom mais profissional – a que devo esta visita logo cedo? O senhor descobriu alguma coisa sobre o acidente com a secretária do Draco?
- Não sou mais seu professor e isso não pode ser considerado propriamente uma visita – Snape diz com seu mau humor habitual – e não eu ainda não descobri nada, a minha presença é por outro motivo, eu imagino que você está ciente de que a senhora Malfoy não tem notícias do marido há alguns dias
Harry luta para não deixar sua surpresa transparecer, nunca em sua vida ele imaginou que receberia a visita do tão temido professor de poções se mostrando preocupado com a família Malfoy. Ele vê que Snape espera uma resposta, então faz sinal para que ele se sente enquanto diz – sim, eu estou ciente. A Hermione me procurou ontem. Estou vendo o que eu posso fazer, mas infelizmente como ele tem aparecido nas reuniões, não posso considerá-lo uma pessoa desaparecida. Eu sei que o Malfoy nunca faria algo assim, eu sei que tem algo estranho, mas oficialmente não posso fazer nada
- Entendo – Snape diz de modo ácido – a sua posição no ministério não permite que você ajude a sua amiga
Harry respira fundo. A última coisa que ele quer é se indispor com seu ex-professor, ainda mais que ele precisa da sua colaboração para descobrir o que aconteceu com a secretária do Malfoy. No entanto, tudo tem limite e os seus limites são relativamente baixos quando se trata de defender aqueles que ama. Então ele encara o professor e diz:
- É interessante saber que o tão temido professor de poções está questionando alguém por não quebrar uma regra. E não, não é por causa da minha posição no ministério que eu não posso fazer nada. Como o senhor mesmo citou alguns dias atrás eu não deixei que o ministério me impedisse quando ele decretou o que aconteceu com a senhora Summer um acidente, mas agora as coisas são mais complicadas, envolve chaves de portal e tudo mais e eu duvido que o ministério vá autorizar algo assim mesmo pra mim
- Entendo – Snape diz. Ele é forçado a admitir que o apreço de Harry pela senhora Malfoy sempre foi grande e se Harry diz que não há como ir para África, Snape é obrigado a acreditar, mas isso não significa que ele deve concordar. Então ele completa – mas nada impede que outra pessoa vá verificar, não é mesmo?
- Não, nada impede – Harry diz – mas para mandar um auror, eu teria que seguir todo o protocolo e acabaria dando no mesmo
- Vejo que a sua perspicácia continua a mesma – Snape o encara – é difícil demais pra você ver que não é de um auror que eu estou falando?
Harry luta para não deixar seu queixo cair. Ele está mesmo ouvindo o que ele pensa que está ouvindo? Severo Snape está mesmo se oferecendo para ir até a África do Sul saber o que aconteceu com Draco Malfoy? Harry sabe que ambos tinham uma certa ligação na época da escola, mesmo assim isso lhe parece demais
- Sim, Potter – se Snape fosse outra pessoa ele estaria rolando os olhos agora – é isso mesmo que você está pensando. Eu estou me oferecendo para ir ate a África ver se algo aconteceu ao senhor Malfoy. Agora eu o aconselharia a acabar logo com esse estarrecimento e me dizer se você está disposto a me ajudar, eu não tenho o dia todo, você sabe
Desta vez Harry perde a luta e o seu queixo cai, é claro que ele já estava pensando em uma forma de mandar alguém para descobrir o que aconteceu com o Malfoy, mas nunca em sua vida ele teria pensado que esta pessoa poderia ser o Snape. Ele tenta se recompor enquanto diz retomando seu tom profissional – o senhor recebeu uma carta de um proveniente mestre de poções africano, que o convidou para passar um tempo em Joanesburgo para trocar experiências e por isso solicitou uma chave de portal e tendo em vista seus importantes trabalhos e meu apreço a sua pessoa, eu estarei solicitando uma chave de urgência
- Sem ironias, Potter, mas serve – Snape diz – quando poderei partir?
- No final do dia – Harry fala assumindo seu tom profissional – enquanto isso, temos tempo para descobrir em que hotel bruxo o Malfoy está e providenciar a sua hospedagem no mesmo lugar, assim não levantaria suspeitas sobre o que estiver acontecendo lá
- Vou providenciar tudo, estarei aqui às dezessete horas – Snape diz se afastando com um farfalhar das suas vestes negras
Caramba! Isso foi estranho... – Harry pensa largando-se em sua poltrona
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Em Joanesburgo
Tudo agora é um borrão, sem cor, sem forma definida. Draco não sabe mais dizer se foi ou não ás reuniões. Aliás, neste momento ele não sabe sequer o que está fazendo, pra falar a verdade está ficando difícil pra ele dizer onde está e pra ser sincero existem alguns momentos em que ele não consegue dizer com certeza quem ele é. A única coisa que ele sabe é que algo está acontecendo. A última lembrança que ele tem é de estar se engasgando com algo que lhe empurraram pela garganta
Ele procura a sua varinha. Draco sabe que precisa fugir, ele não a encontra e mesmo que encontrasse, o loiro sabe que tentar aparatar agora seria uma loucura e, mesmo que não fosse, ele não está certo a respeito de onde ir
Isso precisa parar... É seu ultimo pensamento antes de voltar ao torpor...
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Nas empresas Malfoy
Blaise está levando tudo da melhor forma possível em vista das circunstâncias, se fosse em outra época, talvez a empresa estivesse um caos. Ele pensa, orgulhoso de si mesmo.
Apesar de ter se apavorado no início, ele finalmente está conseguindo levar tudo mesmo com a ausência de Draco
As coisas só não estão tão boas por dois motivos, o primeiro deles é evidentemente o fato de Draco não ter dado nenhuma notícia, o que o está preocupando bastante, já que nem a família tem notícias dele. Isso está muito estranho. Blaise tentou falar com ele no hotel, mas todas as vezes, ou ele está dormindo ou ele foi para as reuniões
Como se não bastasse, Jezz também está ausente. Ela mandou uma coruja dizendo que pegou algum vírus misterioso e que não podia sair de casa, segundo o medibruxo que a atendeu, o vírus não é letal, mas causa bastante desconforto, além de ser contagioso. Por isso ela teria que ficar alguns dias afastada do trabalho
Isso adia também seus planos de chamar a garota para sair. Ele pensa frustrado, nada melhor do que a companhia de uma bela mulher para fazer a tensão dos seus dias atribulados se afastarem
Mas pelo jeito, isso vai ter que ficar pra depois. Ele pensa. Mas tudo bem, eu tenho tempo. Ele fala para si mesmo enquanto mergulha de cabeça nos recentes relatórios
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Mais tarde
Snape chega ao ministério. Ele leva uma pequena valise, embora espere não ficar muito tempo, ele precisa se preparar para o que virá. O ex-professor de poções só espera que não tenha acontecido nada grave com Draco Malfoy ele não suportaria ver a pequena Annie sofrendo
Annie... Ele pensa e não pode deixar de sorrir. É incrível como uma criança inocente tenha um poder tão grande sem nem mesmo manifestar magia. Ele não sabe explicar, mas Snape sabe que mesmo que aquela criança venha a ser um aborto, ela é mais poderosa do que muitos bruxos que ele conhece
Vai dar certo eu vou trazer seu pai de volta, pequena dama. Ele pensa enquanto se dirige novamente a sala do Potter
- Tudo certo? – ele pergunta sem delongas e vê Harry assentir com a cabeça
- A chave de portal será ativada em cinco minutos – Harry diz e lhe entrega um cartão – este é o nome do hotel em que ele está e a sua reserva. Se me permite, eu aconselharia a não ir logo perguntando sobre ele, não sabemos o que aconteceu por lá
- Você está falando com alguém que trabalhou como espião duplo por anos, Potter. Não me subestime – ele diz – eu mando notícias assim que souber de alguma coisa
Harry assente com a cabeça e Snape parte para tentar descobrir o que aconteceu com Draco Malfoy
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Enquanto isso, na casa dos Malfoy
Hermione observa suas meninas brincarem no jardim. Annie não foi para a escola e Lizzie resolveu ficar com ela, tanto quanto Hermione não gosta quando suas pequenas perdem aula ela não se sente muito segura em se afastar das meninas agora
Respira, Hermione, respira. Ela fala para si mesma, a morena está muito perto de entrar em pânico pela falta de notícias. Em outra ocasião, ela não pensaria duas vezes antes de pegar uma chave de portal e ir para Joanesburgo, mas agora ela sabe que as coisas não são tão simples assim, ela não pode simplesmente deixar as suas meninas para fazer isso, sem falar que as coisas podem estar bem e Draco apenas ter resolvido não se comunicar. Ela pensa, mas logo espanta este pensamento. Você está louca, Hermione. O Draco nunca sumiria assim, ele não deixaria a família inteira preocupada. Não seja insegura agora. Ela se recrimina
Você precisa espairecer. Ela pensa e decide que se Annie não sentir mais nada, mais tarde fará uma visita aos Potter, assim as meninas se distraem um pouco e ela também. Além de buscar com seus amigos uma forma de descobrir o que está acontecendo
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Em Joanesburgo
Snape olha o luxuoso quarto que agora será seu aposento por alguns dias. Pra ele isso é um desperdício de dinheiro, mas ele entende que se passar por alguém importante e abastado pode fazer com que seja mais fácil as línguas se soltarem
Evidentemente ele ainda não falou nada com ninguém, ele não sabe o que pode estar acontecendo, nem se existe alguém do hotel envolvido. Então o que ele vai fazer no momento é se instalar, depois Snape irá fazer o reconhecimento do local e quem sabe trocar uma palavra ou duas com alguém. Snape sabe que não é exatamente uma pessoa boa em estabelecer relações, mas ele também sabe que é uma pessoa perfeitamente capaz de trocar uma palavra ou duas com estranhos. Não que ele goste disso, mas se é necessário ele o fará
Ele vai utilizar a sua capacidade de ser sutil aliada a sua legitimência, algo que ele raramente faz. Mas situações desesperadoras pedem medidas extremas. Ele olha para o relógio e vê que já são mais de dezoito horas, um pouco tarde para um chá, mas um horário perfeitamente aceitável para uma bebida no bar do hotel
E é por lá que ele vai começar. Afinal nada como uma boa dose de uísque de fogo para fazer com que as pessoas fiquem propensas a falar
Snape deixa a sua famosa capa no quarto. Agora é necessário um visual mais casual. O show vai começar...
NOTA DA AUTORA
Demorei, mas cheguei! Capítulo saindo do forno pra vocês! Espero que tenham gostado, eu sei que as coisas estão começando a se complicar, mas não se preocupem, a tendência é complicar ainda mais... (corre pras colinas)
Desculpem a demora, eu tinha avisado que enquanto não terminar as fics que estão mais atrasadas isso iria acontecer. A boa notícia é que duas delas estão realmente na reta final, então da próxima vez que eu aparecer por aqui esta fic terá mais prioridade
É só, bjos e até o próximo
Comentários (2)
Aguardando o próximo cap. :-) O que o magnífico mestre de poções irá descobrir?
2019-08-22Ahhhhh! Estou na primeira fila com um balde de pipoca aguardando o show do Snape começar... Muito curiosa por aqui kkkk
2019-07-29