O jantar
Pouco depois
Draco e Hermione chegam praticamente ao mesmo tempo. O loiro olha para o relógio e vê que está mais de uma hora atrasado e que se por um milagre seu convidado ainda estiver em sua casa, ele deve estar mais do que furioso. Ele olha para Hermione e vê que ela também acabou de chegar. Droga! Ele pensa. Isso não vai ser nada bom
Hermione olha para seu marido. Ela está acostumada a se atrasar quando acontece algo no hospital, mas Draco raramente se atrasa e ela sabe que ele nunca faria isso após ter convidado seu ex-professor de poções para jantar. A curiosidade é grande, ela quer saber o que aconteceu, mas Hermione sabe que isso terá que ficar para depois. Agora é o momento de saber se o convidado ainda continua esperando e enfrentar a ira que certamente acontecerá depois desta desfeita
Eles ouvem vozes na sala e uma delas o casal conhece muito bem, é a voz da sua caçula. Draco e Hermione se entreolham, ambos conhecem muito bem Severo Snape pra saber que a gota d‘água ao atraso seria ser incomodado por uma criança. Só mesmo um milagre poderia salvar o casal da fúria do mestre de poções. Sim, neste momento eles se sentem como colegiais prestes a levar uma detenção por uma tarefa não cumprida
Eles caminham para a sala o mais rapidamente possível esperando que a sua pequena não tenha causado um estrago no jantar e a cena que eles vêem faz com que eles se entreolhem estupefatos. Annie sentada ao lado de Severo Snape, mais perto do que qualquer ser humano já ousou ficar, conversando amigavelmente. Isso por si só não espantaria o casal já que eles sabem que a sua caçula é mais amigável que a maioria das pessoas, o que espanta é ver o temível morcegão das masmorras ouvindo as histórias infantis com algo que não, eles devem estar vendo coisas, mas parece um começo de sorriso
- Que bom que vocês chegaram – Annie diz alegremente, assim que nota a presença dos pais – a Lizzie está há horas no banho e eu estava sozinha e bem, eu resolvi fazer companhia pra nossa visita. Ele estava me contando histórias incríveis
- Você não incomodou o senhor Snape? – Hermione diz esperando veementemente que isso seja verdade
- Ah, não – ela responde – eu só vi que ele estava sozinho e, bem, como vocês se atrasaram...
- Tudo bem, bruxinha – Draco diz. Tanto ele quanto a esposa tem uma certa dificuldade de serem duros com as filhas, principalmente quando a sua caçula teve tão boas intenções. Ele se volta para o professor – mil perdões pelo atraso, espero que isso não atrapalhe o nosso jantar
- Esta senhorita educada explicou que isso não acontece sempre – Snape fala e, diabos, isso foi uma piscadinha que ele deu para Annie? – mas se me permitem dizer, eu penso que estou faminto e creio que esta jovem também
Draco e Hermione se entreolham ainda sem acreditar no que está acontecendo, até que a dona da casa toma controle da situação – se me permite, senhor Snape, vou providenciar para que o jantar seja servido e chamar a minha filha mais velha, fique a vontade
- Pode deixar mamãe eu faço companhia pra ele enquanto vocês providenciam o jantar – Annie diz totalmente a vontade, ela olha para seu novo amigo – enquanto isso, o senhor pode continuar me contando a história do garoto que caiu dentro do caldeirão
Draco e Hermione saem deixando Annie e Snape conversando como se fossem amigos de infância, na mente do casal apenas uma pergunta. Que diabos aconteceu aqui?
XXXXX
Enquanto isso, na Bulgária
Igor faz o possível para comer, ele sabe que se não o fizer seu pai irá perguntar o que aconteceu e ele não quer mentir para seu pai, apesar de tudo o menino não se sente bem fazendo isso
Ele evita olhar pela janela. Embora esteja contando os minutos para que se recolham e que ele possa fazer o que tem que ser feito, Igor sabe que esta cada vez mais perto e ao mesmo tempo em que ele não queria que este dia chegasse nunca ele torce para que o dia chegue e que tudo acabe de uma vez
Ele vê que seu pai já terminou a sua refeição ao mesmo tempo em que constata que mal comeu. Para sua sorte antes que seu pai diga alguma coisa eles vêem uma coruja parar no parapeito da janela, a mesma janela da qual o menino não tirou os olhos durante todo o jantar
Victor pega o pergaminho depois de colocar um nuque na bolsa da coruja, então ele se vira para o filho – você se importa de terminar sua refeição sozinho? Eu realmente preciso ver isso
- Tudo bem pai, eu já terminei – ele vê que seu pai o encara depois de olhar para seu prato – eu não tenho muita fome hoje
- Você está bem? – o ex-apanhador pergunta, parecendo preocupado
- Sim, pai, está tudo bem – Igor diz – só não estou realmente com fome, mais tarde eu tomo um copo de leite antes de dormir. Eu vou dar uma olhada nas minhas tarefas de casa agora
O garoto vê, aliviado, que o pai apenas assente com a cabeça e se retira quase ao mesmo tempo em que Igor se levanta da mesa e vai até a janela apenas para ver que não há nada lá fora, nada ainda...
XXXXX
Na mansão Malfoy
O jantar está quase acabando e Severo Snape se vê surpreso ao perceber que não foram horas de sacrifício. Muito pelo contrário, ele precisa dar o braço a torcer e admitir que está sendo uma experiência, digamos, interessante
Ele olha para a filha mais velha do seu pupilo. Snape tem certeza que se a encontrasse com a menina em qualquer lugar e conversasse com ela por cinco minutos, qualquer um seria capaz de adivinhar que a garota era filha de Draco Malfoy, mas diferente do seu pai quando criança a menina não tem aquele ar de quem acha que o mundo tem que se curvar às suas vontades e Snape se pega pensando em como Draco teria sido se fosse criado de forma diferente e ele se pega ficando feliz em ver que Draco não se deixou influenciar pela forma que foi criado e pelo jeito está fazendo um bom trabalho com suas pequenas e neste momento ele se pega relembrando dos breves momentos que passou com a caçula Malfoy.
Nunca em sua vida ele se imaginou em uma situação como a que viveu há alguns momentos, ele nunca imaginou que uma criança tão nova pudesse ler a alma humana com tanta precisão e mais ainda, ele nunca em sua vida pensou que fosse conhecer alguém que tivesse a coragem de encará-lo e dizer o que ela disse e ele também nunca imaginou que teria uma reação como a que teve
Verdade seja dita, se alguém lhe dissesse que uma criança teria a petulância de confrontá-lo desta maneira, Severo diria sem pestanejar que o pequeno ser iria levar uma reprimenda de proporções astronômicas
Mas isso não aconteceu. Antes que o mestre de poções pudesse fazer uso da sua língua ferina, ela o encarou com aqueles olhos límpidos e inocentes, mas ao mesmo tempo tão perspicazes. Olhos de alguém que tem o poder de desvendar almas
- Está tudo bem, senhor Snape? – Annie pergunta e o encara como se mais uma vez estivesse lendo o que está em seu interior
- Tudo, minha jovem – ele diz tentando não parecer muito desconcertado – só estava tentando adivinhar para qual casa a senhorita irá quando for para Hogwarts
- Conseguiu adivinhar? – Annie pergunta
- Confesso que não consegui – Snape responde e pode perceber que os anfitriões parecem cada vez mais perplexos com a interação entre os dois – a senhorita é um livro difícil de ler, eu posso dizer
- E a minha casa, qual seria? – quem pergunta desta vez é Lizzie
- Visto que a senhorita e totalmente parecida com seu pai, não é difícil adivinhar para que casa você irá – ele responde e recebe um sorriso de seu pupilo – o chapéu seletor não terá trabalho algum
- Minha sogra costuma dizer que a Lizzie é o Draco usando vestido – Hermione diz, mais a vontade que pensou ficar um dia na presença de seu ex professor de poções
- Só as partes boas, eu espero – Draco diz, certamente se lembrando do garoto insuportável que ele foi
- Pelo que a vovó diz não são apenas as coisas boas, sempre que eu apronto alguma ela faz questão de me lembrar o quanto a gente se parece – Lizzie diz com uma risadinha – mas tudo bem ninguém é perfeito, nem mesmo eu
- Sou obrigado a concordar com a sua mãe, senhor Malfoy – Snape diz – realmente a sua filha mais velha é a sua versão usando vestido
Draco olha para seu ex-professor. Ele realmente acabou de dizer um gracejo? Quem é este homem e o que ele fez com Snape? Ou melhor, o que a sua filha caçula fez com o temido professor de poções?
- Se o senhor já terminou a sobremesa, eu gostaria que me acompanhasse com um cálice de licor – Draco diz antes que Snape lhe pergunte por que todos o encaram
- Seria um prazer – eles diz e os dois homens se retiram
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Na Bulgária
Igor não desgruda o olhar da janela, mas lá fora somente a lua e as estrelas. Ele suspira desanimado, pelo jeito não será ainda esta noite. Sabe-se lá quantos dias ainda até que tudo acabe
Neste momento seu pai sai do escritório e Igor nota que seu semblante não está dos melhores – tudo bem, pai? – o menino pergunta parecendo preocupado
- Mais ou menos – seu pai diz – eu vou precisar viajar por alguns dias, não quero deixar você sozinho com os elfos
- Mas eu tenho escola, pai – o menino diz antes que seu pai sugira que ele o acompanhe – eu não posso sair assim, você sabe
- É, eu sei – o krum mais velho diz, ele parece pensar por um minuto – a gente poderia contratar um professor, assim você não ficaria sem estudar, o que você acha?
Igor parece pensar por um momento alguns dias longe seria mais do que ele poderia pedir, mas infelizmente esta fuga poderia ter consequências desastrosas, então ele diz
- Não é que eu não goste da ideia, quer dizer deve ser bom conhecer outros lugares, mas não acho que vai ser bom pra mim sair da escola agora – ele abaixa os olhos – é que eu estou começando a conhecer meus colegas, estou deixando de ser o garoto novo – ele fala torcendo para que seu pai não perceba a mentira nem o tremor em sua voz
- Entendo, filho – Victor diz ao mesmo tempo em que ele gostaria muito de ter a presença do seu garoto, ele também se sente orgulhoso de ver que o menino está começando a se ambientar na sua escola e de maneira alguma ele quer atrapalhar este processo – mesmo assim não me sinto confortável em deixar você sozinho
- Eu vou ficar bem, pai – o menino diz – além disso, temos os elfos, não é mesmo? Eu tenho certeza que eles vão cuidar bem de mim e depois eu não me importo de ficar sozinho uns dias, você tem que ficar quanto tempo fora?
- Pelo menos uma semana – ele diz com um suspiro – talvez mais
- Não é tanto tempo assim, pai – o menino tenta animá-lo – eu vou ficar bem. Quando você vai?
- Em um ou dois dias no máximo – o ex-apanhador diz, ele parece pensativo e então seu semblante se ilumina – eu tive uma ideia, se eu sair em dois dias será na sexta e como a minha primeira parada será na Inglaterra, você poderia vir comigo pra ver suas amigas, o que você acha?
O menino olha para o pai com a respiração suspensa. Se ele disser que não gostaria de ver as suas amigas da Inglaterra ele estaria mentindo, sem falar que seu pai ficaria cismado, mas ao mesmo tempo a sua ausência pode trazer consequências terríveis, não apenas para ele
- E então, filho. O que você acha? Passamos o final de semana em Londres, você fica com suas amigas enquanto eu trabalho e voltamos no domingo pra você assistir as aulas na segunda
- Parece legal, pai – ele diz esperando veementemente que seu pai não perceba que ele não está tão animado quanto deveria
- Ótimo! Eu vou entrar em contato com Hermione amanhã mesmo e providenciar tudo – ele olha para o relógio – e o senhor vai deitar já que amanhã cedo temos muito a fazer
Igor apenas assente com a cabeça e se recolhe levando em sua mente mil pensamentos...
NOTA DA AUTORA
Aqui está o capítulo! Um pouco mais rápido como prometi, mas nem de longe tão rápido como gostaria. Como disse antes, estou tentando me organizar pra não demorar tanto, mas o final do ano é muito atribulado pra quem trabalha em escola.
Espero que tenham gostado do capítulo, eu sei que está pequeno, mas até que eu consiga me organizar pra postar com maior regularidade eles continuarão pequenos, espero que entendam
Quem puder deixar uma palavrinha vai me fazer muito feliz
Bjos e até o próximo
Comentários (2)
Estava ansiosa pela postagem...esperando o próximo!!!
2016-11-23Sempre muito ansiosa para ler o próximo...obrigada por postar!
2016-11-18