Uma Questão de Tempo
Ficamos calados alguns segundos antes de sermos encorajados a bisbilhotar o primeiro andar. Era um lugar arrumado, mas pobremente mobiliado. Havia fotos acima da lareira que se mexiam. Eu gostaria de conversar com as pessoas das fotos porque sorriam simpáticas. Gina vinha rodeando a sala, mas absteve-se em mim. Percebi que ela me observava. Rindo, ela apontou a varinha no meu rosto sussurrando "Lumus". Com a claridade, pude notar que apesar de mexerem e sorrirem elas não pareciam realmente interagir.
- Eles não falam com você. Caso lhe conhecessem antes das fotos, provavelmente fariam algo familiar mas não "conversar" exatamente, entende?
- Você os conhece? - Perguntei, mesmo sabendo que Gina os conhecia. Na verdade, me importava que ela me "apresentasse" à família de Harry. Depois de fugirmos do Beco Diagonal, tomei o dobro de cuidado ao referir-me aos Potter. Antes de conversar com o "garoto que sobreviveu" eu precisava que ela dissesse-me alguma coisa sobre a família dele, assim não falaria algo que complicasse um pouco mais a situação.
- Estes são amigos da família - Gina mostrou-me fotos de figuras diferentes do que se encontraria na rua. Não somente as vestes como também os maneirismos, expressões, modo de interação com os outros membros da cena faziam de cada pessoa nos retratos amigos chegados - Tonks era a mais divertida, em minha opinião - Gina sinalizou uma moça sorridente que empurrava o homem ao lado, fazendo-o rir - Este é Olho-Tonto Moody, maluco e totalmente perspicaz. Olhe só, este é padrinho de Harry, Sirius Black. Antigo dono desta casa.
- Desta casa?
Gina afirmou com a cabeça, porém não detalhou mais nada depois, e nem fez menção de continuar sobre Sirius Black. Fiquei constrangida por segundos até ter coragem de alfinetar mais um pouco. Antes que pudesse formular a pergunta ela interrompeu-me.
- Bom, estes aqui seriam a família atual de Harry - Ela apontou-me um senhor alto no meio da foto, de cabelos escuros e com poucas rugas que mal eram percebidas, ofuscadas pela elegância dele, depois Gina direcionou o ângulo para a direita e pude enxergar uma mulher ruivíssima com um garoto no colo, que puxava a gola do senhor ao lado, um homem simpático que, no entanto, parecia cansado em posar para a foto.
- Parecem felizes - Comentei, antes de entrar no mérito de Harry - Estes seriam os tios ou são amigos da família? Se este é Sirius e Remo, estão um tanto diferentes das que você mostrou antes.
Gina torceu o beiço e sacudiu a cabeça negativamente. Ela ponderou uns instantes, olhou para os lados e, como estávamos sozinhas na sala, ela decidiu ficar na ponta os pés e catar um porta-retrato pequeno e empoeirado, atrás de todos os outros porta-retratos.
- Este é o pai de Harry, Tiago Potter - Procurei atentamente por semelhanças e estas não foram difíceis de encontrar. Mesmo porte, cabelos, expressão. Harry era a cópia do pai. - E esta é Lilian. Dizem que tinha um coração de ouro e era muito valente. Toda a família de Harry passou pela Grifinória, a casa da coragem em Hogwarts. Eles eram mesmo uma família forte - Com atenção, deti-me em Lilian. Estava radiante com aquele vestido claro. Entre o marido e ela, o filho pequeno balançava-se com as mãos. Ela se esforçava para não deixar a saia voar e o marido tentava sustentar sozinho o filho, que não deixava de sorrir nenhum instante.
- Não conte a Harry que lhe mostrei esta foto. Ele pensa que ninguém sabe sobre ela - Gina implorava a mim com a esperança de que eu não mencionasse nada. Mas eu refletia em como contar a ele sobre o que eu lembrara sem deixar suspeitas de que eu vira sua família - Depois que o Sr. Potter se foi, e as circunstâncias que ele deixou, Harry prefere ignorar a existência do pai.
- O que houve com os amigos da família? Eles apoiaram Harry depois do que houve com o Sr. Potter?
Gina voltou-se a outro retrato e reconheceu Remo Lupin, aquele que a camisa era puxada, e Sirius Black, que posava em diferentes ângulos, distraindo um garotinho vez por outra.
- Alguns sumiram, mudaram completamente. Outros fugiram da família e amigos. Isolaram-se. Alguns morreram.
Gina falou bem rápido. Apenas suspirei e decidi mudar de assunto.
- Você disse que Tiago Potter ficou diferente com a família depois de um ataque ao Ministério da Magia, certo? - Gina confirmou e, limpando uma poltrona, sentou-se, apontando para que eu fizesse o mesmo - Mas ninguém conhece o paradeiro dele até agora, correto?
- Isso mesmo.
- Então aquelas pessoas que você me apresentou nas fotos também desapareceram ou fugiram por algum motivo bizarro durante esse período?
- Foi o que aconteceu.
- E Harry continua isolado.
- Sim, mas aonde você quer chegar, Hermione?
- Eu estava pensando, e se o ataque ao Ministério não foi aleatório como dizem? E se foi naquele momento que o bruxo-sem-nome lançou o Maiorem tumultu? Quero dizer, as coisas mudaram muito depois daquilo, não?
- Eu nunca pensei dessa forma. Mas faz algum sentido. Também é verdade que alguns foram piores que outros. Digo, ainda tenho minha família. Harry e Neville foram, dos que eu conheço, os mais desolados.
- Garotas! - Luna entrou na sala quieta e eu não soube dizer se ela ouviu alguma coisa - Estamos na cozinha. Harry quer falar com todos.
Ao longo do corredor havia pequenos quadros, que também se mexiam, mas diferente das fotos extrovertidas, as pessoas retratadas eram elegantes e esnobes. Era cômico que uma imagem retratasse vestígios da personalidade.
Harry estava no extremo da mesa, apoiando uma das mãos. Rony e Neville estavam silenciosos e apenas ajeitaram-se à mesa para nos acomodarmos.
- Antes de virmos morar em Grimmauld Place, Sirius havia escapado de Azkaban. Foi acusado de matar Pedro Pettigrew. Eles eram grandes amigos. Minha mãe dizia que, secretamente, Sirius, Remo, Pedro e Tiago eram Os Marotos. Mas sinceramente não imagino Tiago como "melhor amigo de Sirius".
- Como isso pode ser verdade? Conhecemos Sirius e ele está longe de ser...
- Um assassino. Também penso assim, Gina.
- Por que Pettigrew? Até onde eu saiba ele era um gordinho que se apoiava em outros. Não me parece um bom caráter - Rony acompanhava Harry na cozinha, acendiam mais algumas luzes e buscavam uma cadeira apropriada para sentar - Meu pai falou uma vez que Pettigrew era o maior puxa-saco, e que se aproximava de qualquer um com algo a oferecer.
- Pettigrew ficou muito próximo a Riddle, um dos melhores amigos do Ministro da Magia naquela época - Harry complementou o raciocínio, com um tom mais sério.
- Nada melhor que estar nas mãos do demônio do que no caminho dele - Comentou Rony, com o rosto torcido.
- Houve um arrombamento violento em Hogsmeade e uma senhora perdeu o bebê. No processo, interceptaram Sirius e Pedro quando ainda estavam no último ano de Hogwarts – Harry sorriu sem graça e nos olhou, esperando algum julgamento – Os Marotos entravam sem permissão em um bar conhecido. Não sei como conseguiam. Eles estavam no fim de semana que todos nós temos para visitar o vilarejo. Foram inocentados na época porque haviam evidências mais relevantes que apontavam outros suspeitos. Anos depois, o bar foi arrombado novamente e algum objeto de muito valor foi levado. Tiago e Sirius estavam no bar, e Tiago reascendeu a desconfiança do passado dizendo que fora Sirius quem provocou aquele arrombamento e o primeiro, no bar onde Pedro e Sirius estavam no dia. Dias depois, ao serem chamados na Suprema Corte dos Bruxos apenas Sirius compareceu. Pedro Pettigrew foi procurado em casa e tudo o que encontraram foi a porta arrombada e os móveis revirados. Havia também uma capa de Sirius Black suja de sangue – Harry inspirou fundo antes de prosseguir. Ele virou-se de costas e só prosseguiu quando se virou novamente – Encontraram um dedo de Pedro Pettigrew, mas o próprio Pedro havia sumido.
- Você tá brincando? – Perguntou Rony, assustado – E Sirius foi enviado a Azkaban depois disso?
- Sim. Ainda que ele tenha estado conosco naquele dia e depois de despedir-se de nós, seguiu para a Corte.
- Mas Harry, vocês estavam com Sirius e ele seguiu de boa vontade para a Corte. Não faria nenhum sentido ele ter cortado o caminho para Pettigrew. Não teria razão alguma para ser acusado e condenado.
- Tiago não estava conosco aquele dia. Ele estava mais nervoso que o próprio Sirius e resolveu sair ao invés de ir a Corte com o amigo. Sirius foi quem esteve conosco mesmo depois de ser condenado e inocentado.
- Preciso saber de uma coisa, Harry – Pedi antes que ele continuasse – Neste dia, do julgamento, a invasão ao Ministério já tinha acontecido?
- Bom, o julgamento de Sirius foi quando eu ainda era criança. Eu deveria ter uns 3 ou 4 anos, mas minha mãe me contou sobre Sirius, então há coisas que eu realmente lembro. E ele reapareceu algumas vezes mas seu nome carregava lembranças ruins aos bruxos então ele basicamente evitava estar conosco, para não sermos associados a ele. Bobagem. Porém, ao que me lembro, a invasão ocorreu quando eu era criança, nesta idade.
- Você não acha uma coincidência grande demais que as pessoas que você conhece e que seu pai tenham mudado tanto após a invasão?
Gina me fuzilou com os olhos, pois o que eu havia dito insinuava de algum modo que eu conhecia as pessoas próximas a Harry. Por outro lado, o garoto me encarou e finalmente se sentou, como se esperasse por mais alguma informação.
- Eu preciso dizer a você uma coisa. Pode ser que não seja uma informação tão relevante já que estamos em uma delicada da história da magia – Fixei minha atenção a Harry, que procurava uma posição mais confortável entre a cadeira e a mesa – Quando você me disse que seu nome era Harry Potter, eu tive a sensação de que o conhecia muito bem. Eu sei que é estranho, como tantas outras coisas que tem acontecido conosco, mas gostaria que você relevasse o que tenho de dizer.
- Cada um com suas escolhas. É preciso escolher entre o que é fácil e o que é certo. - Harry disse, apoiando as mãos nas costas da cadeira.
- Você sabe que eu já ouvi isso antes? - Falou Neville, comprimindo os olhos.
- Eu também - Rony acompanhou.
- Harry, você é o garoto que sobreviveu! – Interrompi Rony, com muita esperança que alguém mais tivesse aquela mesma sensação – Eu ainda não entendo completamente, entretanto eu sei que isso é real! Você é uma peça muito importante para o que está acontecendo e temos de ajudar. Aquele bruxo que nos atacou no Beco Diagonal pode estar atrás de você. Eu o vi repetindo seu nome enquanto nós fugíamos dele.
Ninguém correspondeu ao raciocínio. Talvez fosse o excesso de informações ou a intensidade delas. De forma congruente, Luna quebrou o silencio.
- Isso deve fazer parte das lembranças que ainda não tivemos - Luna deu a volta na mesa e parou em frente ao armário - Estou com fome, e vocês? - Ela fez menção em abrir e só o fez quando ninguém reagiu.
O armário mexeu-se bruscamente. Encaramos o objeto, esperando que o som anormal tivesse sido de Luna. Percebemos que havia algo realmente estranho quando ela apontou a varinha de nós para o armário, como se nos alertasse. Dois segundos depois uma vozinha abafada nos tranquilizou, e nos permitiu abrir a portinhola.
- Dobby sente muito ter assustado os amigos de Harry Potter - O elfo estendeu as mãos como em brincadeira e saltou do armário. Ainda em alegria exagerada, fez uma longa reverência em cima da mesa – Mas estou muito contente que tenham conseguido entender o bilhete de Dobby!
- Dobby, o que houve na Ordem da Fênix? E por que você está escondido no armário?
- Ah senhor - Ele aproximou-se do garoto fazendo com que nós precisássemos fazer o mesmo - Ele é um bruxo das trevas, e destruiu o salão especial de Dumbledore. Não pude guardar nada, exceto o que Dumbledore me pediu para proteger com a vida - À medida que Dobby sussurrava, percebíamos que ele tremia, e que hesitava em dizer algo muito comprometedor.
- O que você tinha de proteger? – Perguntou Harry, imitando o cuidado do elfo – E quem é esse bruxo?
Mais temeroso do que desconfiado, Dobby fez um gesto de silencio e começou a preparar um bule exageradamente grande cheio de chá. Ele olhava em volta e negou-se a responder quando escreveu magicamente no ar “Monstro”.
No início, eu não havia entendido. Minutos depois, uma bandeja com biscoitos e chá estava disposta a mesa. Com um estalar, Dobby realizou um trabalho muito melhor que o nosso, iluminando todos os compartimentos da casa que poderíamos enxergar da cozinha.
Um grunhido tosco saiu do Hall e entrou na cozinha, praguejando e arrastando umas botinhas surradas.
Dobby apontou para o outro elfo e pudemos então conhecer o que deixava Dobby desconfiado.
- Sangue impuro na casa do meu senhor...
- Claro! Monstro está inibindo Dobby – Disse Harry irritado – Monstro, por favor, cale a boca e nos deixe a sós com Dobby – O elfo carrancudo desabrochou uma cara medonha para Dobby, que se recolheu atrás de Luna. Dificilmente acreditaria que poderiam medir capacidades, mas o estado de Dobby era preocupante. Por que ele temeria Monstro?
Contrariado, Monstro retorceu-se e subiu as escadas, rumo à escuridão dos andares mais altos sob a ordem de Harry “Proíbo que você escute a conversa ou que permita que alguém além de nós a escute”.
- Dobby não podia falar sobre Dumbledore enquanto Monstro estivesse aqui. Nosso mundo está se partindo, senhor. Precisamos ter cuidado com algumas criaturas.
- Monstro sempre teve uma personalidade muito estranha – Comentou Rony, procurando justificar o tratamento de Harry.
- E quem era o bruxo das trevas, Dobby? – Mais uma vez Harry o questionou – Por acaso ele estava atrás de Dumbledore? Como ele sabia onde encontrar a Ordem da Fênix?
- Dobby não sabe direito – Ele estreitou os grandes olhos antes de prosseguir – Mas acredite, Harry Potter não pode voltar a lugares mágicos. Harry Potter e seus amigos precisam se esconder. O bruxo das trevas está perseguindo algo muito poderoso que não foi concretizado no início. Foi ele quem lançou o feitiço do tumulto, e criou a Marca Negra.
- Marca Negra? – Perguntei, quando na verdade só pensei alto – Seria aquela caveira verde com a serpente no céu?
Dobby estremeceu e esfregou as mãos antes de me responder afirmativo.
- Mas não houve só isso, senhorita. O bruxo das trevas está reunindo seguidores, como aqueles que invadiram o Ministério da Magia há 20 anos. São chamados Comensais da Morte.
Com o sussurro de Dobby, senti que o grupo estava transcorrendo pelas mesmas respostas, e de fato, nos olhamos significativamente. Quem quebrou as expressões surpresas foi Gina.
- Dobby, porque esse bruxo destruiu a Ordem da Fênix? Até onde sei Dumbledore escondeu a entrada.
- O bruxo é muito mau, senhorita, muito mau. Ele usou uma pessoa de confiança para descobrir a entrada da Ordem da Fênix. E ao explodir a porta – Dobby hesitou um segundo antes de prosseguir, esfregando as mãos mais intensamente – Ele matou o senhor Terrence! O nobre senhor Terrence!
- O QUE? – Gritou Gina, com as mãos na boca.
Uma atmosfera muito pesada caiu em nós. No dia anterior, o senhor Terrence fora responsável por um elixir milagroso que recuperou a Harry, Rony e a mim. Gina parecia chocada demais para encarar o fato. Agora, era muito soturno descobrir que alguém como ele levou tal fim.
- Dobby, por que esse bruxo fez isso? Quem é ele? – Harry colocou a mão no ombro de Gina enquanto ela se apoiava no balcão.
- Sinto muito, senhor. Dobby não conseguiu ver o rosto dele. Dobby ficou muito assustado quando viu o que aconteceu com o Sr. Terrence. Logo depois uma grande explosão destruiu a entrada da Ordem da Fênix. Dobby só pode pegar um embrulho guardado por Dumbledore para Harry Potter e deixar um bilhete de mensagens múltiplas.
- Claro, foi isso que encontrei entre os escombros! – Atentou Neville, pegando novamente o bilhete do bolso e abrindo-o em cima da mesa.
- Não pode ser! Mamãe vai surtar com isso! O senhor Terrence sempre esteve conosco! É amigo da nossa família, nos conhecia desde pequenos! – Falou Rony, tirando o pequeno frasco vazio do bolso. Ele também puxou o forro dos bolsos para fora. Intrigado, fez como se fosse perguntar algo, mas franziu o cenho e se calou.
- Esse bruxo deve ser muito poderoso, tenho certeza de que o Sr. Terrence deve ter tentado impedir – Murmurei, com respeito ao que os Weasley estavam encarando - Ele tem influência no Ministério da Magia, sob seus seguidores e até onde se pode saber, deve haver algum amigo de Dumbledore que não foi leal.
- Nem me fale. Agora não sabemos para onde ir nem em quem confiar – Harry ponderou um instante antes de olhar para mim - Hermione, você não conseguiu enxergar nada mais do bruxo que nos perseguiu no Beco Diagonal?
- Não. Ele estava bem oculto com uma capa.
- Dobby precisa entregar a Harry Potter o que precisa ser entregue – Com as mãozinhas, ele gesticulou a frente do garoto e abriu as mãos, de modo que um pacote pardo do tamanho do elfo recai nos braços de Harry com um som afofado.
Ao abrir o pacote, a única pessoa mais surpresa que eu era o próprio Harry.
- É uma capa de invisibilidade! – Rony, empolgado, sorria para Harry, como se esperasse para “experimentar” – São muito raras! Dumbledore deu a você?
- Não! – Interrompeu Dobby, antes que Harry lê-se o bilhete que havia caído do embrulho – Dumbledore apenas pediu que entregasse. Disse que era muito importante para Harry Potter.
- Com certeza é muito interessante – Disse Harry, estendendo a capa e ficando parcialmente invisível. Sorrimos do resultado – Aqui no bilhete diz “Faça bom uso”. Mas não diz nada sobre o remetente.
- O-ho. “Faça bom uso”. Incrível!
- No que está pensando, Rony?
- Inúmeras possibilidades, companheiro.
- Acho que devemos encontrar alguma maneira de falar com Dumbledore, mais uma vez, sobre o que está acontecendo – Neville olhava pensativo para a janela parcialmente fechada pelas cortinas – Deve ser algo muito mais sério do que imaginamos.
Caminhando para a janela, Neville ficou pálido. Ele virou de forma brusca e acenou com a varinha, de modo que apagou todas as luzes exceto as mais próximas da mesa.
- Certo, o que está acontecendo?
- Harry, há bruxos lá fora olhando para cá. São os mesmo do Beco Diagonal.
- Só pode ser piada! – Rony acompanhou Harry até a janela. Abrindo minuciosamente uma parte da cortina, percebemos que o céu havia escurecido e que não havia sons da rua.
- Se eles estão nos seguindo, eles sabem que estamos aqui! – Alertou Gina - O que vamos fazer? Não podemos sair pela porta da frente, e não temos vassouras.
- E não podemos lançar feitiços no mundo trouxa! Seremos trucidados pelo departamento de regulação!
- Vocês lembram-se de como nos livramos daqueles bruxos em Saint Mungus? – Na ausência de respostas, Neville foi a bolsa de Luna e tirou uma raiz pequenina de mandrágora.
- Usaremos novamente herbologia, meus caros! – Neville pareceu orgulhoso pela sua ideia. Caminhando, pegou um pequeno vaso para guardar a planta – Agora verão a graça de um multiplicador de broto de mandrágora.
Neville não teve tempo de demonstrar as graças do multiplicador de broto de mandrágora. Uma faísca vermelha zumbiu pela janela, estourou o vidro e atingiu um vaso, que espalhou terra por toda a cozinha. Gritos inundaram compartimentos e sujeitos jogavam móveis dos andares mais altos, quebravam louças, e nos forçaram a fugir pelos buracos abertos na parede por feitiço, pouco depois de notarmos que a porta estava empenada e travada por mais escombros. Feitiços transpunham todas as frestas e não pareciam apenas querer assustar. Eles tinham intenção certeira, e buscavam machucar os alvos. Nós.
- Isso está mesmo acontecendo?! - Gritou Rony, correndo pelas escadas – Como entraram aqui?
- Eles nos seguiram, não é? Quem são esses?
- Quem você acha, Neville?
- Se esses são os Comensais que Dobby disse, acho que a gente está muito ferrado! - Harry ofegava entre os dentes.
- Petrificus totalus!
Um homem alto de capuz negro caiu como pedra a minha frente enquanto os outros desviavam de mais feitiços. Neste ínterim, ao subir uma escadaria estreita, olhei para os lados e percebi estar sozinha. Desviava-me de qualquer ruído e terminei me trancando no primeiro quarto que estava aberto. Apavorada, ouvia gritos e mais feitiços sendo lançados. Pela fresta da porta, notei que mais vidros eram quebrados.
Percebi Harry seguido por Rony no corredor, tão perdidos quanto eu. Rony apontava para frente com uma varinha cheia de fiapo e farpa. Estava quebrada. Harry estava com a varinha no bolso. Quis avisá-los de que aquele quarto era seguro, mas um vulto atrás deles impulsionou meu instinto. Os garotos estavam desprotegidos. Abri a porta o suficiente para lançar um feitiço.
- Petrificus totalus!
- Densageo!
Minha menção em voltar foi mais rápida, mas ao abrir a porta, um raio atingiu-me no rosto. Senti borbulhas pipocarem na boca e gradualmente meus dentes ficaram mais sensíveis. De repente, não conseguia fechar a boca apropriadamente. Interceptada por Harry, que correndo em minha direção olhou-me perplexo, tirou a varinha do bolso, apontou-a para mim e gritou "finite encantartem", mas evitou qualquer comentário.
- Corre Hermione!
- Eu não conhefo fua cafa, Harry!
- Siga em frente e vire a direita!
- Afui fentro do quarfo? Onde esfão os oufros?
- Nos perdemos!
- Como asfim?! Fuantos fômodos tem fua cafa, por afafo?
- É sério que você quer saber tudo isso, agora?!
- Franfamente!
- Hermione, tivemos sorte de encontrar você. Precisamos de um lugar seguro para os outros!
- É aqui que eu defo firar?
Esbarrei em Neville, que grunhia estremecendo. Harry e Rony ajudaram-no a levantar. Neville parecia muito abatido.
- São Comensais, com certeza. Quase consegui capturar um, mas ele lançou-me um feitiço - Murmurou o garoto, com a mão na cabeça.
- Lançaram Crucio em Neville - Disse Gina, entre uma respiração e outra - Eu não sei quem são, quero dizer, a identidade deles, mas um tinha uma marca no antebraço. Era a mesma da Marca Negra. O que houve com seus dentes?
- Longa hisfória...
- O que eles querem com a gente? - Perguntou Rony, olhando em volta - Para onde vamos?
- Eu fá fisse - Frisei, reforçando aos outros o que disse sobre Harry - Ele é o garoto que sobrefifeu. Esse bruxo esfá afrás de Harry! E por que você esfava com a varinha no bolfo?
- Eu não sei...
- Eu deveria ter bloqueado o feitiço. Ele foi "confundido" - Explicou Rony, um tanto mais vermelho.
- "Confundus"? - Perguntou Neville, um pouco mais recuperado - Esses caras não vieram só para assustar a gente.
- Eu não sei de que você lembra, Hermione, mas eu não tenho nada de especial. Como pode ser? Eu sou o Harry! Só Harry!
- Esqueçam isso por um segundo! - Exclamou Rony - Além disso, Dobby foi quem disse que aqui era segur...
- Ei! - Interrompi Rony, que cruzou os braços - Onde esfá Dobby?
- A última vez que o vi ele tinha usado magia para me proteger de alguns bruxos - Disse Gina, com a mão no pescoço - Sabem, Elfos não usam feitiços contra bruxos.
- Dobby é esperto - Comentou Luna, com as mãos cruzadas - Ele deve ter conseguido escapar.
- Escutem! Precisamos encontrar outro lugar. Se eles descobriram onde estamos não poderemos tampouco ir par‘A Toca - Disse Gina, depois que uma porta rangendo no andar abaixo interrompeu a conversa - Alguma sugestão?
- Temos de despistá-los então - Falou Luna, com uma luzinha acesa na ponta da varinha e com um sorriso mínimo nos lábios machucados.
Ao reparar grupo, notei mais uma vez nossa aparência. Perguntei-me em que instante eu havia me alistado em uma guerra. Neville e Gina pareciam exaustos e definhados. Luna tinha o beiço inchado. Rony estava com a varinha rachada. Harry com a varinha em mão, mas pálido. Sua cicatriz parecia mais vermelha e se ele sentia dor, conseguia disfarçar muito bem. E o personagem mais ridículo do grupo, Hermione Granger, estava com dentes que ultrapassavam os limites aceitáveis do que era agradável de olhar.
- Eles querem machucar os amigos de Harry Potter! - Dobby surgiu atrás do grupo, sussurrando após deixar dissipar uma fumacinha branca - Dobby tentou proteger, mas os bruxos eram muitos para Dobby.
- Como eles descobriram este lugar? - Perguntou-lhe Harry, falando baixo - Você nos disse que aqui era seguro.
- Aqui... - Dobby tremeu um pouco, em seguida, aproximou-se de Harry cambaleando - Alguém sabe onde é a casa de Harry Potter. Alguém muito poderoso. Aquele-que-não-deve-ser-nomeado.
- Esfamos fendo feguidos desde o Beco Diagonal! - Dobby estreitou os olhos, risonho com minha aparência. Não senti nada contra, apenas sorri em retorno. Eu sabia que estava muito ridícula. Ele estalou os dedos e meus lábios adormeceram. No minuto seguinte, meus dentes estavam perfeitamente posicionados.
- Hermione está certa, estamos sendo seguidos por aquele homem de capuz! - Neville concordou, ainda respirando forte.
- Dobby pode ajudar os amigos de Harry Potter! - Ele avançou, mas não conseguiu prosseguir. Haviam pingos no chão. Quando Harry o segurou, ele tentou levantar novamente e se equilibrou, como se procurasse convencer de que ele estava bem. Sua mãozinha cobria parte da barriga. Não forçamos que ele nos mostrasse o ferimento depois de tentarmos oferecer ajuda.
- Podemos nos dividir em dois grupos - Luna sugeriu - Quando estivermos seguros podemos enviar mensagens para nos reencontrarmos.
- Dobby está ferido, mas aparentemente ainda pode usar os poderes. A varinha de Rony está mais para um graveto.
- Cala a boca, Harry. Estou ferrado. Mamãe vai me matar - Comentou Rony sem evitar sorrir, olhando ironicamente para a varinha.
De repente, fomos interrompidos por dois silvos longos. Uma luz forte invadiu as pequenas frestas da porta distante. Empunhamos a varinha, porém Dobby reagiu muito mais rápido. Ele segurou os braços de Gina, Neville e Luna e sumiu no segundo seguinte. Olhei para os garotos e estes estavam tão confusos quanto eu, a julgar pelas expressões. Não fazíamos ideia do que fazer enquanto ouvíamos alguém se aproximando. Sem poder fugir do quarto, nos preparamos a nossa frente. Inevitavelmente, sorri cômica ao lado da varinha tosca de Rony. Ele torceu os lábios, irritado.
A luz forte invadiu o batente e a porta de madeira despedaçou-se. Enquanto minha pupila contraía para identificar o sujeito, uma mãozinha suada segurou meu antebraço. Pisquei duas vezes para readaptar minha visão ao lado de fora da casa. Em frente da casa, Dobby cambaleou duas vezes antes de nos soltar.
- Perdoe-me senhor Harry Potter- Ele contraiu os grandes olhos e apertou a barriga mais uma vez, para só então permitir que Harry o sustentasse - Dobby tentou tirar todos da casa, mas Dobby não tem mais força para usar magia.
- Harry, precisamos sair - sussurrou Rony, olhando em volta e parando no céu, que mesmo sendo dia, estava profundamente em verde escuro - Precisamos nos esconder em outro lugar.
Dobby piscava com mais frequência e as grandes pupilas dele começaram a dilatar. Estremeci com o que isso significava. Harry acomodou-o nos braços dizendo "Vamos". Dobby fez um movimento brusco mais uma vez e saltou dos braços de Harry, postando-se a frente do garoto. Com as mãozinhas manchadas de vermelho, lançou um lampejo roxo.
- Avada Kedavra!
Outro lampejo verde e forte jogou Dobby contra nós. Não consegui identificar a origem do feitiço, mas um bruxo estava contorcido no chão, imóvel. Harry, com Dobby no colo, levou-nos para um parquinho envelhecido, cercado por árvores, permitindo-nos enxergar parte do prédio.
A areia molhada tornava a situação muito mais angustiante e injusta. Ainda temíamos ser descobertos, entretanto, a coragem de Dobby era merecível ao risco. Com alguma habilidade, Harry e Rony (usando a varinha que eu tinha), enterraram Dobby na areia e, em uma folhagem nova, puderam perpetuar à entrada do parque, com letras talhadas: Dobby, o elfo doméstico livre.
Harry nos cobriu com a capa de invisibilidade e, juntos, paramos em frente da casa.
Grimmauld Place estava destruída. Harry, Rony e eu, o trio mais improvável do século, estávamos em uma corrida pelos outros, pelos trouxas que surgiam esporadicamente e que precisavam ser protegidos, por Dobby, o elfo que se arriscara completamente por seus amigos bruxos e por aqueles que ele acabara de conhecer. Sem que eu pudesse evitar, gotas quentes caíram dos meus olhos, relembrando em sequência a palidez de Dobby e como seus grandes olhos perderam o brilho até que seu pequeno corpo não mais sustentou a dor e entregou-se a frente de Harry.
O pequeno e nobre elfo doméstico, Dobby. Mais honroso que muitos bruxos. Dobby estava morto, e eu mal tive tempo de conhecê-lo.
- E agora? - Sussurrou Rony, por baixo na capa.
- E agora, precisamos ir a algum lugar. Eu não conheço lugar mais seguro no mundo que Hogwarts. Mas acho que seria estupidez colocar Hogwarts em perigo.
- Harry, precisamos encontrar Dumbledore. Ele precisa saber o que houve conosco e com a Ordem. E precisamos saber aonde Dobby levou os outros.
- De qualquer forma, nosso mundo está em perigo. Não importa aonde formos Harry, suas escolhas não mudam quem você realmente é.
- Tudo bem. Rony, você lembra da Casa dos Gritos?
- Uma das entradas a Hogwarts.
Em dois segundos, estávamos em um corredor assustador. Paredes e o próprio chão rangiam sozinhos e mexiam-se mesmo sem vento. O cheiro abafado e úmido concentrou-se na Capa. Harry agasalhou o objeto dobrado embaixo do braço e seguiu em frente.
Descemos por algum tempo até adentrarmos em uma caverna minúscula. O cheiro de terra molhada dificultava o passo, contudo, não pude evitar a ansiedade. Finalmente conheceria Hogwarts. Minha respiração aumentou audivelmente. Harry olhou para trás e sorriu enquanto Rony inclinou a sobrancelha, em concordância.
Eles saíram daquele buraco antes de mim. Respirei fundo e apenas quando senti o vento gelado do exterior tomei coragem para dar o primeiro passo. Quando saí, Rony pressionava o nó de uma árvore que silenciosamente movia os galhos. Olhei adiante e pude admirar a então grandiosa Hogwarts.
- Benvinda a nossa antiga e eterna Escola, Hermione.
Um castelo maior de que eu pudesse imaginar iluminava-se por um sol forte. Era início da tarde.
Os garotos pareciam tão empolgados quanto eu para entrarmos no castelo. Eles adiantaram assuntos como as escadas que se moviam, os fantasmas, o poteigest Pirraça, as casas as quais cada aluno pertencia (Lufa-Lufa, Corvinal, Grifinória e Sonserina), os salões comunais, as disciplinas que se aprende. Quando perguntei a eles se estava OK irmos até lá atrás de Dumbledore, eles desconversaram. Aparentemente, éramos três bruxos desentoados no meio de um corpo estudantil. Fiquei imaginando se “Hermione Granger” faria alguma diferença por lá, mas balancei a cabeça quando vi tantos estudantes caminhando por corredores, abrindo ou fechando portas, usando varinhas, soltando feitiços simples e incríveis.
Até sorri com as reações de garotinhos ao notar nossas pegadas de lama pelo corredor sem realmente ver quem as causasse.
- Rony, o que você acha de andar mais devagar? Você é tão alto...
- Se aquele grupo da Sonserina notar as pegadas, eles vão querem descobrir quem está fazendo.
- Pior do que a sonserina seria um professor perceber. Já pensou na professora McGonagall?
- O que tem a Sonserina?
- A única coisa que você precisa saber sobre a Sonserina, Hermione, é que não há um bruxo que não tenha ficado mal que não tenha sido da Sonserina.
- Claro, você falou na Minerva, agora ela deve estar por aqui. Olha lá aqueles se escondendo – Sussurrou Harry, fazendo Rony torcer uma careta – Essa não, é o professor Flitwick!
- É possível que ele nos sinta? Você sabe, o tamanho dele... – Rony fez menção da estatura. Mas achei meio rude.
- Aquele é professor? O que ele leciona?
- Feitiços – Responderam Harry e Rony juntos.
- Vocês estão brincando? – Incrédula, apontei minha varinha a eles. Como se não soubessem o que era o objeto, olharam de volta e deram de ombros – Às vezes, vocês são uma vergonha. Não podem usar nenhum feitiço para confundir ele?!
- Feitiço contra um professor? – Indignado, Rony lançou um sorriso surpreso a Harry – Acho que estamos sendo uma má influencia para ela.
- Rony, Hermione, vocês tem a sensação de que já viveram isto antes? – Chegávamos a curtos passos do professor e começamos a transpirar por baixo da capa, procurando fazer o menor barulho possível – Digo, acho que há um feitiço para distraí-lo, ou distrair os demais.
- Qual Harry?
- Rony, você se lembra do feitiço de levitação? Algo com leviosá...
- Espera! Eu me lembro! Simas explodiu a minha pena depois de...
- Rony, o feitiço!
- Bem, er... Vingardium leviosá – Rony esticou a varinha rachada por uma brecha, fez um movimento de girar e sacudir, mas uma fumacinha preta e muito fedorenta foi o que o objeto produziu. Entorpecida e irritada, puxei a varinha de Rony de volta.
- Você vai acabar matando a gente com essa varinha, Rony. Aposto que você está falando errado – Sem querer esperar reações, cheguei-me à brecha da capa e mirei no professor, que precisava dar 4 passo para desviar dos alunos – Vingardium leviosa.
O professor, para minha surpresa, realmente flutuou um metro do chão. Os alunos menores, que não são gente, fizeram um círculo em torno dele e não sabiam como desfazer o feitiço. Alguns riram, outros, constrangidos, temiam lançam algum feitiço errado. Neste meio tempo, aproveitamos para atravessar todo o corredor, e antes de subirmos um andar, olhamos para trás.
Senti-me culpada por rir junto com os garotos. Mas nosso sorriso desmanchou tão logo avançamos pelo corredor. A então professora Minerva vinha ao nosso encontro. Ela era alta, parecia muito inteligente e imponente com sua postura de professora. Ao seu lado, com expressão muito séria, um homem pálido ajeitava as mangas da capa. Ele olhou exatamente para nós. Era possível ouvir a respiração dos garotos e sem pensar muito, tampei a boca dos dois. Eles expandiram o rosto como se compreendessem e com um sincronismo muito fajuto, tentamos voltar para o corredor. Ouvimos passos pararem quando uma voz esperada ecoou.
- Professor Snape, professora McGonagall – Chamou Dumbledore. Meu estômago deu um salto, e para não tropeçar, segurei o antebraço de quem estava mais próximo – Preciso perguntar se já os encontraram – Ele vinha de um ponto mais estreito do corredor, de maneira que o víamos, mas parcialmente. Dois segundos depois ele se inclinou para a esquerda e cruzou os braços para trás. Estávamos em um ângulo extremamente ridículo caso não estivéssemos sob a capa de invisibilidade. Relaxamos, no entanto, quando Dumbledore sorriu para nós, mas agiu como se apenas esperasse a resposta dos professores.
- Ainda esperamos que apareçam, diretor Dumbledore – Minerva torceu as mãos e tirou uma corrente da palma direita – Mas é necessário mesmo entregá-la o vira-tempo? É um objeto tão perigoso para alguém tão pouco conhecido por nós.
- Professora Minerva, você poderia se surpreender ao ocorrer riscos. E tenho certeza de que confiará nela rapidamente, tanto quando eu.
- Diretor Dumbledore, sobre o bruxo que conjurou o feitiço...
- Eu peço, Severo – Interrompeu Dumbledore, estendendo a mão para o professor – Que venha à minha sala. Quanto ao vira-tempo, professora, em breve se livrará dele. Se alguém precisa de algo, provavelmente deverá ir ao 7º andar e gostar muito de tapetes – Eu poderia jurar que Dumbledore piscou para nós.
Os dois professores curvaram as sobrancelhas, mas seguiram para lados opostos. Severo seguiu Dumbledore enquanto Minerva caminhava ao nosso rumo. Pressionamo-nos contra a parede, instintivamente. Ela não hesitou em prosseguir em direção ao barulho de aluno. Talvez Flitwick ainda não tivesse se recomposto.
Olhamo-nos e seguimos até um hall pilhado de quadros e armaduras. As pessoas nas pinturas atuavam como se estivessem vivas, e as armaduras cintilavam prateadas. Era estranho passar por elas sem que nosso reflexo produzisse sequer um vulto. Paramos ao chegarmos a uma galeria de escadas. Que se mexiam.
- Sobre o que Dumbledore disse – Sussurrou Harry, parado ao pé da primeira escada, dando passagem para alguns poucos alunos passarem correndo – Vocês acham que ele falava sobre nós?
- Em qual parte? Se ele falava sobre nós pro Snape não deve ser tão bom.
- Dumbledore disse que eu teria alguma proximidade com a professora Minerva. O jeito como ele falou e olhou para nossa direção. Ele sabia que estávamos lá.
- Uau, Hermione! Se a Minerva gostar de você, acho que você ainda será mais irritante.
- Que delicado, Rony. Obrigada – Eu acho que meu desprezo pelo comentário foi dito com muito mais rancor do que eu gostaria. Rony tentou ser indiferente, mas ficou vermelho e nem por isso me senti menos ofendida.
- Bem – Harry quebrou o desconforto – Dumbledore falou algo sobre o 7º andar – Ele olhou para nós como se esperasse uma confirmação. Eu ainda estava chateada, mas falei mesmo assim.
- Ele disse que se alguém precisa de algo, deveria seguir para o 7º andar e gostar de tapetes.
- Eu acho que nunca fui ao 7º andar, mas considerando que ele diz coisas sem sentido qe depois fazem todo o sentido...
Pareceu uma vida até conseguirmos chegar ao andar. As escadas realmente gostavam de trocar. E dava nos nervos. Quando finalmente chegamos, o corredor estava deserto. Decidimos tirar a capa. Logo depois, um fantasma passou por nós, pareceu ignorar. Congelamos, mas tentamos ser alunos tranquilos apenas passando pelo corredor. Ela voltou, balançou o vestido, saldando-nos, e seguiu em frente, sem dizer nada.
- Acho que a gente tem muita sorte.
- E agora, Harry?
- Ele falou sobre tapetes – Respondi a Rony - Talvez haja uma sala com tapetes ou...
- Ou talvez aquele tapete signifique alguma coisa – Harry parou em frente a um tapete de parede que ocupava metade do corredor. Era admirável não perceber isso desde o início.
- Como você viu isso e nós não? – Falou Rony, tocando o tecido.
- Não tenho certeza, mas aquele fantasma saiu daqui. Será que é alguma passagem secreta? – Ele apalpava da tapeçaria à parede, tocando o que podia, procurando por algo que não existia.
- Harry, acho que entendemos errado. Vai ver ele nem estava falando com a gente.
- Não, Hermione, precisamos encontrar. Há algo aqui, você não sente?
- Na verdade, acho que podemos ser descobertos desse jeito.
- Por que não tentamos algum feitiço? – Rony levantou a varinha e pigarreou.
- Acho melhor não. Não com a sua varinha.
- Você tem alguma ideia melhor, Hermione?
Ouvimos alguns ruídos. Harry rapidamente jogou a capa sobre nós. Nos recostamos no tapete. Eu não acreditaria se não visse. Uma porta delineava-se na parede a frente. Tiramos a capa, e foi Harry quem abriu a porta, apenas aguardamos ao lado dele.
Era uma sala imensa e ocupava mais que uma parede do corredor. Fez-me lembrar de uma série britânica na qual a T.A.R.D.I.S era sempre maior por dentro. Na antessala, as armaduras enfileiradas faziam sombra a luz indireta. Haviam cristais flutuantes que refletiam mais salas. Armários acumulavam livros em um canto, enquanto espelhos refletiam a amplitude do lugar.
- O que você acha que é este lugar?
- Tanto quanto você – Respondeu Harry a Rony – Não faço ideia. Mas Dumbledore queria que encontrássemos isto. Resta saber porquê.
Enquanto eles conversavam sobre as possibilidades, distraí-me com um porta-retrato. Uma foto envelhecida amparada por um livro da estante.
- Harry, Rony, olhem só isto – Hesitei antes de prosseguir – Acho que você deve conhecê-los, Harry.
O garoto olhou para a foto por um tempo com a testa franzida. Rony me tocou no ombro, indicando para deixá-lo a sós.
- São meus pais. Eles estiveram aqui, eu acho. São os mesmos cristais, vejam.
- Então eles conheciam este lugar? Nunca disseram nada sobre isso?
- Nunca. E vejam aqui! São os pais de
- Neville!
- Eu sabia que haviam estudado juntos, mas é estranho que não saibamos nada sobre este lugar. Quero dizer, Dumbledore nos trouxe, certo?
- Harry, eles estão com as varinhas nas mãos. Há luzes mais fortes e outras pessoas de costas refletidas nos espelhos. O que você acha?
- Bom, talvez usassem a sala para praticar feitiços.
- Mas Harry, eles poderiam fazer isso em qualquer lugar. Por que praticar em uma sala secreta?
- Porque aqui era a verdadeira sede da Ordem da Fênix.
Gina veio acompanhada de Luna e Neville, acenando a varinha aos cristais que serpenteavam mais claridade que o necessário. A sala era muito maior.
- Vocês precisam dar uma olhada lá atrás – Neville estava encantado, certificou-se de que todos o acompanhava – parece uma sala de guerra. Há inclusive um baú trancado por feitiço. Senti cheiro de poções vindo de dentro.
- Diga por você – Interrompeu Gina – Ouvi serpentes...
- Só um minuto, de onde vocês vieram?
- Meu adorável irmãozinho, você ainda subestima os Elfos? Por falar nisso – Gina corou e perguntou a mim – Onde está Dobby?
- Dobby... Não está mais conosco – Tentei explicar de forma suave, mas parecia injusto não dizer o que aconteceu. Quando expliquei, Gina partiu da indignação ao horror, Neville ficou muito quieto e Luna pareceu indiferente (passei a querer chamá-la “Di-Lua”, fazia sentido pra mim) por um instante.
- Dobby fez uma escolha muito nobre. Talvez fosse esta a maneira dele retribuir o que você fez por ele, Harry – Luna estava calma, e sua conclusão, de certa forma, trouxe algum conforto.
- Eu não pedi para ele fazer isso. É um pouco demais, não acha?
- Gratidão não é um favor, Harry. Ele deveria se sentir o Elfo mais sortudo do mundo.
- Dobby falou algo a vocês sobre esta sala? – Perguntou Harry, sério, encaminhando todos ao lugar onde Neville indicara antes.
- Ele disse que esta é a Sala Precisa, secreta. Creio que Dumbledore deva ter instruído Dobby a isso. Ainda não tenho certeza de como funciona, mas tem a ver com desejar algo com muita intensidade. Dobby não terminou de explicar porque...
- Ele foi nos buscar – Concluiu Harry – Gina, este é o 7º andar de Hogwarts. Estávamos à procura do que Dumbledore mencionou.
- Você encontrou Dumbledore.
- Não da maneira que gostaríamos, Neville. Estávamos sob a capa de invisibilidade. Ele disse para procurarmos algo no 7º andar. Acho que ele já sabe sobre Dobby também.
- Por quê ele falaria com Minerva e Snape?
- Ele deve saber sobre os Comensais que invadiram sua casa, Harry!
- Não só isso, Rony. Se ele nos trouxe a Sala Precisa, ele quer dizer algo com tudo isso.
- Ele não deixaria a fotografia dos seus pais displicentemente na estante. Seus pais e outros bruxos da foto estiveram aqui praticando feitiços.
- Tudo bem, Hermione. Se você acha isso, então poderia explicar para quê estavam praticando? Não sei se reparou, mas esse lugar é uma sala de treinamentos.
- Vocês estão vendo o que estou vendo – Neville estava atônito e olhava para o nosso oposto. Fiquei apavorada, mas não hesitei para ver o que ele apontava – O professor Snape! – Sussurrou ele.
- O que? – Harry e os outros viraram. O professor que seguira Dumbledore estava lá, na nossa frente. Harry deu um passo e ia falar alguma coisa. Porém o professor o fagulhava com os olhos. Ele cambaleou, contorceu-se e de repente, enegreceu. Um vulto de metros de altura sugava a luz do salão. Gina suspirou e estendeu a varinha. Os outros a seguiram. Eu o fiz só por instinto.
- Ridiculus!
O dementador embranqueceu, virou fumaça e com o aceno da varinha de Harry, ele transformou-se em pó e foi lançado para um baú mal-trancado. A criatura se debatia lá dentro, piorando a situação do objeto. Harry selou o baú e trancou-o dentro de um armário visto de longe do salão.
- Como você sabia?
- Você tem medo de serpente. Neville tem medo professor Snape.
- Era um bicho-papão.
- Você está bem, Neville?
- Vamos vasculhar o lugar. Se Dumbledore nos trouxe, vamos encontrar a resposta.
- Não vamos precisar de muito tempo – Logo me distraí com a pequena biblioteca fascinante do salão, porém, não tão fascinante quanto o que eu havia achado – Este pergaminho tem a minha letra!
- Sua letra é minúscula!
- Sério que você só reparou isso, Ronald?
- Claro que não! Percebi que é um garrancho também.
- Você é...
- Sabe-tudo, veja aqui. É a minha letra. E a de Gina. Olhe! A de Harry também!
- Minha letra? O que é isso? Uma espécie de lista...
- Eu ainda não sei. Apesar de reconhecer minha letra, eu não escrevo mais tão mal assim, a não ser que esteja com pressa ou tensa.
- O que diz o pergaminho?
- Um segundo – Meus dedos suavam enquanto desenrolava o papel e mais nomes apareciam até que chegasse ao cabeçalho – Aqui diz “Armada de Dumbledore”.
- As coisas não tem ficado mais fáceis, se é que vocês já não perceberam – Comentou Rony. Quando leu o pergaminho, repassou aos outros – Dumbledore queria formar uma armada? E com a gente?
- Não somos só nós! Aqui tem Finnigan, Chang, Creevy, Thomas, Smith, McMillan, Abbott…
- Ana Abbott?! – Exclamou Neville, tomando o pergaminho de Gina – Tem também membros de outras casas.
- Menos a óbvia – Enfatizou Gina.
- Eu não sei o que estamos fazendo aqui! Vamos atrás de Dumbledore!
- Rony, ele deve ter nos colocado juntos aqui na Sala Precisa por um bom motivo – Sugeri, ficando intrigada com um pequeno raio dourado entre os livros.
- O que é isso, Mione? Parece uma medalha ou...
- Uma moeda!
- É um galeão!
- Galeão? – Perguntei a Rony, que analisava a moeda, fascinado.
- Sim, a moeda de maior valor que temos!
- Não parece uma moeda oficial.
- E não é mesmo, veja Rony. Não há marcações nem símbolos.
- Gina, olhe esses livros atrás de você. Há outra moeda.
- Que coisa, parou de brilhar.
- Ahn, eu acho que... – Encostei minha varinha na moeda e ela cintilou mais uma vez. Em outras estantes, mais raios dourados cintilaram. Cada um pegou uma moeda.
- Ai! Esse negócio esquenta!
- Cada um encontrou uma moeda?
- Parece que sim, Harry. Por quê?
- Melhor as mantermos conosco. É um palpite.
- E é um dos bons, Harry. É curioso que não haja uma para mim.
Dumbledore acabara de entrar e deixou que a porta se fechasse sozinha.
- Senhor, o que significa esse lugar?
- Oh, a Sala Precisa. Descobri um lugar muito reconfortante ao passar pelo 7º andar com a bexiga cheia. Hogwarts ainda surpreende um velho que precisa tirar água do joelho. Por curiosidade, Harry, no que estava pensando quando passava pelo corredor?
- Eu precisava encontrar o que o senhor nos disse...
- Eu não disse nada exatamente, disse? – Dumbledore olhou significativamente para o garoto. Nos entreolhamos. Harry pareceu iniciar e encerrar um conflito interno.
- Eu procurava por respostas – Harry murmurou. Dumbledore sorriu.
- Não só você, Harry, não só você – Dumbledore olhou para mim e pediu minha moeda.
- Você sabe o que é isso, senhorita Granger?
- Não senhor. Eu esperava que pudesse me dizer.
- As brechas temporais abertas pelo feitiço tem feito acontecer e aparecer nesta realidade outras coisas criadas em outros tempos.
- E o que isso significa? Que coisas da outra realidade podem se infiltrar no nosso mundo? Ou o contrário?
- O fato, Srta. Granger, é que dentre muitas perguntas há respostas que você pode encontrar. Por exemplo, estas moedas. Você pode nos dizer o que são.
- Como?
- Você as criou.
- O que?! Eu não – De repente, estava claro. Meu nome na lista. Minha caligrafia. Minha varinha produzindo um efeito sobre as outras. A “Armada de Dumbledore”.
- Gina, a AD não lhe faz lembrar nada?
- AD?
- Foi você quem nomeou a Armada de Dumbledore!
- Parece familiar, mas soa mais como algo para renomear “Associação de Defesa”, esse nome me repugna. Defesa contra o que, não acham?
- Essas moedas foram criadas para convocar os membros da AD! Mas porque montar uma armada? Estávamos nos preparando para algo em outra realidade?
- Confesso que fiquei curioso também. Honrado pela prática de feitiços em grupo, com um nome tão peculiar, e com membros tão exóticos – Dumbledore caminhou até a fotografia e mostrou-a a Harry mais uma vez.
- Senhor, lembrar-se de acontecimentos atemporais e fracionados não dificulta nosso próximo passo?
- Além disso, haviam comensais, senhor. Eles nos atacaram na casa de Harry. Dementadores nos atacaram duas veze. E Dobby está morto.
- Eu sinto muito pelo que tem acontecido. Infelizmente, devemos correr contra o tempo, Srta. Granger. O restante está fora do nosso controle. Há muitas coisas que precisam de respostas. Dobby foi um Elfo único e leal. É lamentável. Mas ele sabia dos riscos que eu não queria expô-lo. Ele o fez pela própria vontade.
- Então todos nós estamos em perigo, mas não sabemos o quanto, não é?
- Creio que mais do que se imagina. Receio ter de pedir para falar com vocês três – Ele apontou para nós e fez questão de levar-nos a uma sala mais afastada – A Srta. Granger já deve tê-los esclarecido sobre Harry. É necessário que estejam preparados para distorções e atitudes de pessoas que nunca imaginariam fazer.
- Eu não entendo.
- Você é o garoto que sobreviveu, Harry. Temo que o nosso mundo saberá quem você é em breve.
- Mas todos nós temos sobrevivido. Sabe, os comensais.
- Não Harry, isto é muito maior. Muito embora ainda esteja pressionando o professor Slughorn, creio que o professor Snape já esteja administrando outra situação.
- Por que o professor Slughorn e o Snape estariam envolvidos.
- Ora, todos nós estamos Harry. Eles também têm um papel fundamental na outra realidade. Descobrimos isto pouco a pouco. Estamos condicionados a fazer algo e eventualmente o faremos. Faremos uma escolha e isto será fundamental, assim como o Sr. Weasley e a Srta. Granger.
- Eu? – Falamos Rony e eu juntos, com os olhos arregalados.
- Sim, vocês já fazem parte da história. Ou acham coincidência estarem juntos desde quando se conheceram? Na hora certa, terão de escolher entre o que é fácil...
- E o que é certo – Completou Harry, de relance a Rony.
- Mais uma vez, lamento ter de alertá-los. De agora em diante, será mais perigoso. Coisas que não terei como evitar que enfrentem. Vocês três juntos precisam confiar um no outro.
- Senhor, por acaso, o bruxo que lançou a maldição que nos confundiu, ele está reunindo comensais e está atrás de mim?
- Temo que sim, Harry. Vocês precisam saber que este bruxo é Tom Riddle.
- Riddle?! – Exclamou Harry para Rony.
- Riddle está fazendo tudo isto? É difícil acreditar, os Hagrid jamais confiariam em pessoas com o caráter ruim – Correspondeu Rony à altura da indignação.
- O Riddle que conheciam deixou ambições e habilidades falarem mais alto, de modo que o poder de um bruxo determina quem ele é. Precisam ter cuidado. Acredito que seu plano é transformar nosso mundo em bruxos de sangue-puros. Um grande erro.
Senti os olhares direcionados a mim, mas eu sabia por que.
- Então qual a razão de perseguir Harry? Ele é um sangue-puro, até onde sei.
- Ainda há um propósito maior pelo qual Harry deve sobreviver.
- Então Riddle lança um feitiço contra o tempo, persegue mestiços, não dá certo, ele reúne seguidores e agora está atrás de Harry?
- Sim, Srta. Granger. E é brilhante que você esteja aqui. Quero que conheça uma pessoa, a professora McGonagall.
Ela estava atrás de nós há um tempo, pelo que pude notar. Sorria a mim, como se aprovasse minha atitude. De alguma forma, eu gostaria de provar a ela que eu era esperta o suficiente para ser aprovada por ela. Mas não havia nada naquela hora que eu pudesse fazer. Apenas me contentei em sorrir em retorno.
- As moedas foram criadas pela Srta. Granger para notificar os demais membros da Armada de Dumbledore. Ela lembra parcialmente sobre a Sala Precisa e sobre Harry. Não vejo motivos, professora McGonagall, para não entregar-lhe.
- Bem, diretor Dumbledore. Se você não tem qualquer objeção, eu também não tenho.
A professora tocou no meu ombro e me afastou de Rony e Harry. Eles ficaram apenas me olhando enquanto eu, de relance, queria saber o que estava acontecendo.
- Isto, Srta. Granger, é um vira-tempo – Acho que a professora McGonagall não suspeitava que eu já tivesse visto a corrente, embora bem pouco – Você vai precisar em determinada hora. Creio que é esperta o suficiente para sabê-lo – Meu coração bateu mais depressa. Será se era perceptível minha necessidade de provar?
- Professora, o que seria um vira-tempo?
Ela ficou surpresa e depois esticou o colar para depois dobrá-lo em dois, colocando-o em mim e nela mesma. Minerva forçou dois giros no pingente, e o pequeno objeto soou duas vezes. A sala girou como em um furacão, mas na perspectiva interna. Fiquei confusa e decidi focar apenas no pingente, que voltava ao seu lugar dentro do próprio eixo.
- Bom, você precisa fazer silencio. Nunca poderá ser vista por si no mesmo lugar, nem pode deixar que as pessoas confirmem que você esteve em dois lugares ao mesmo tempo, entendeu?
- Sim senhora. Mas isto significa administrar o tempo, certo?
- De certa maneira sim, mas jamais, em nenhuma hipótese, pode ser vista nas condições que lhe especifiquei, entendeu Srta. Granger? Coisas terríveis acontecem com os bruxos que alteram o tempo.
- Sim – Incisiva, lembrei-me do próprio Riddle. Um bruxo sozinho conseguiu arruinar dezenas, senão milhares, de vidas e destinos.
Estávamos no mesmo lugar de antes, mas Rony, Harry e Dumbledore haviam sumido. Longe da vista dos outros, apenas pude ouvir o que diziam algumas vozes.
“- Por quê ele falaria com Minerva e Snape?
- Ele deve saber sobre os Comensais que invadiram sua casa, Harry!”
- São nossas vozes! Somos nós! – Murmurei à professora. Ela confirmou e me guiou a outra sala, que não comportava muita coisa, senão um baú. Lá longe, ainda se podia ouvir algum eco.
“- Não só isso, Rony. Se ele nos trouxe a Sala Precisa, ele quer dizer algo com tudo isso.
- Ele não deixaria a fotografia dos seus pais displicentemente na estante. Seus pais e outros bruxos da foto estiveram aqui praticando feitiços.”
- Você está certa sobre os pais de Harry. Eles faziam parte da Ordem da Fênix e treinavam feitiços de Defesa Contra as Artes das Trevas – Comentou Minerva, chegando-se cautelosamente próxima ao baú – Você vai precisa ficar um pouco distante, Srta. Granger. Vou soltar este bicho-papão, mas não se preocupe, você sabe como tudo termina.
- Mas... Assim você provou Harry também.
Com um sorriso de confirmação, ela girou a varinha e deixou que o baú se abrisse.
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