A Mascote do Time
Já era novembro, e eu mal tinha reparado que já estava iniciando meu terceiro mês em Hogwarts, meus pais tinham razão, a escola me fazia esquecer do restante do mundo, era como uma segunda casa pra mim. Meu pai... tenho certeza que ele adoraria vir até a escola pra assistir o meu primeiro jogo no Sábado, mas pelo o que Flinch tinha me falado os pais não tinham autorização pra isso.
Estávamos treinando como loucos pra essa partida, se a vitória fosse nossa colocaríamos a Sonserina realmente na frente na copa das casas, se a Grifinória ganhasse eles ficariam em segundo lugar. Tenho certeza que se não fosse pelo ódio do professor Snape pelos grifinórios eles não teriam perdido tantos pontos.
Aliás, ele não tirou 30 pontos da Sonserina como falou que iria fazer se não funcionasse...Eu tinha certeza que iria dar certo, mas ele ainda mancava e eu vi um pequeno rastro de gotas de sangue na direção da sala dele. Talvez ele tivesse se recusado a usar uma poção feita por uma aluna do primeiro ano... Óbvio que era isso! Também, eu banquei a impertinente sabe-tudo. Espero que ele não tenha ficado irritado comigo, ele não mostrou nada nesse sentido durante as aulas essa semana. Professor Snape só dirigiu um comentário a mim essa semana que não estivesse estritamente ligado às aulas, e era sobre a partida de Sábado. Claro, eu teria que fazer ele se orgulhar, afinal graças a intervenção dele eu estava no time.
Tenho que admitir, eu estava anciosa pelo jogo, mas aquela ansiedade boa...Até que Sábado finalmente chegou, e toda a minha energia positiva virou nervosismo! Que coisa ridícula de se admitir, mas eu estava com medo de entrar no campo e enfrentar outro time, não era mais um treino com meus companheiros de casa. Eles, por mais sonserinos que fossem, não tentavam me derrubar de verdade, mesmo o Marcos* que era um dos nossos batedores – ele joga como se a vida dele dependesse disso, descobri depois que é por que ele é burro e a única perspectiva de vida dele é virar jogador de quadribol – jogava tranqüilo comigo, acho que tem algo relacionado com a minha idade. Agora, por mais legais e justos que os grifinórios fossem eles realmente queriam vencer esse jogo, eles precisavam disso pra ter alguma chance de vencer o campeonato das casas, e se dependesse de Harry Potter, eles teriam o jogo garantido, afinal Terêncio – nosso apanhador – não era exatamente muito bom.
Esse turbilhão de pensamentos passou por minha cabeça enquanto eu tomava café da manhã, ou melhor: enquanto eu tentava tomar café da manhã, já que não conseguia engolir nada. Os outros jogadores me encaravam preocupados, eles sabiam que eu era muito boa, mas tenho certeza que eu estava com uma cara péssima.
- Ei!
A voz me tirou dos meus pensamentos
- Giulia! Giulia! Tá me ouvindo – Blás sacudia a mão na frente do meu rosto, quando eu assenti com a cabeça – Relaxa, vai dar tudo certo.
- É Rosier, nós vimos você jogar, fica tranqüila aqueles grifos não tem a menor chance contra você. Tenta comer alguma coisa...
- Brigada meninos, mas acho que o que eu comer eu vou por pra fora...
- Você tá tão branca quanto o Snape – Terêncio falou pra mim – É melhor você comer alguma coisa, não queremos perder a melhor artilheira da Sonserina por falta de alimentação.
Me forcei a engolir um bolinho de mel e um copo de suco de abobora. Vi sorrisos do meu time me dando apoio. Bateu o sinal, chegara a hora.
Levantei da mesa com o resto do time, mas não sem antes receber um abraço duplo de Blás e Draco – foi no mínimo estranho, mas eu me senti bem – eles me desejaram boa sorte e ficaram sentados na mesa.
Chegamos ao campo e entramos nos vestiários, era estranho afinal eu era a única menina do time, mas como não tinham tantas na Sonserina não era nenhuma surpresa. Eu tinha uma portinha diferente pra mim que dava em um vestiário próprio, posso apostar que isso não existia antes de eu entrar no time, o lugar tinha cheiro de madeira nova. Coloquei meu uniforme verde e prata, eu gosto dessas cores... Prendi meus cabelos ondulados em um rabo de cavalo bem forte e coloquei uma faixa de cabelo prata para segurar os fios da minha franja, fazia um contraste interessante o prata com o castanho escuro do meu cabelo. Eu sabia que eu estava tentando focar em outras coisas pra não pensar no que estava prestes a acontecer, mas Flinch com seus gritos vindo do outro vestiário não conseguiam me deixar esquecer.
- Muito bem, vocês sabem como funciona: Temos que vencer esse jogo de qualquer jeito, e mostrar pra esses malditos grifinórios quem manda aqui!
Todos gritaram concordando com as palavras do nosso capitão, eu podia ouvir o barulho dos outros alunos nas arquibancadas já gritando e torcendo, apertei minha Nimbus 2001 e ergui a cabeça para entrar em campo. Agarrada na minha vassoura nada mais parecia me preocupar, Madame Hooch iria apitar o jogo e estava parada no centro do campo com a caixa das bolas.
— Quero ver um jogo limpo meninos — disse quando estavam todos reunidos à sua volta.
Reparei que ela falava isso olhando diretamente pro Flinch – certamente ele não era o tipo que jogava limpo, não foi a toa que eu não passei nenhuma informação sobre o Potter pra ele. Parei para observar as arquibancadas uma serpente se estendia sobre toda a torcida da Sonserina, uma faixa com tinta brilhante dizia “Potter para Presidente” na torcida vermelha e ouro. Vi que ele também vira os dizeres, sorri pra ele quando seu rosto voltou a atenção para os demais jogadores. Todos montamos as vassouras e nos pusemos no ar, ouvi o silvo do apito prata de Madame Hooch. Me movimentei imediatamente, tínhamos treinado para que o primeiro gol fosse meu numa tentativa de desestabilizar o time adversário. Lino Jordan, um grifinório e amigo dos gêmeos batedores, iria narrar o jogo.
— E a goles foi de pronto rebatida por Angelina Johnson de Grifinória que ótima artilheira é essa menina, e bonita, também.
— JORDAN! – Professora Minerva gritou com ele perto do amplificador de voz
— Ela está realmente jogando com força total, um passe lindo para Alicia Spinnet, um bom achado de Olívio Wood, no ano passado ficou no time de reserva, de volta a Johnson e.. Não, Sonserina tomou a goles, o capitão de Sonserina rouba a goles e sai correndo. Marcos está voando como uma águia lá no alto, ele vai mar.. Não, foi impedido por uma excelente intervenção do goleiro de Grifinória, Olívio, e Grifinória fica com a goles, no lance a artilheira Cátia Bell de Grifinória, dá um belo mergulho em volta de Marcos e sobe pelo campo e... AI, essa deve ter doído, ela levou um balaço na nuca, perdeu a goles para Sonserina. Agora Giulia Rosier voa como um foguete na direção de Wood…Que desvio incrívellllllll do balaço arremessado por Weasley, é parece que a menina sabe o que está fazendo! Outro balaço passa perto, parece que eles desviam dela e não o contrário! Um dos Weasley está se aproximando da Rosier, e lá vem um balaço! Ela perde a goles… OPA! Não perde a goles coisa nenhuma! Parece que a Sonserina arrumou uma excelente artilheira! Ela arremessou para Flinch quando viu Weasley vindo em sua direção. Angelina voa lado a lado com Flinch, Alicia se junta pelo outro lado, o que é isso minha gente?! Elas estão prensando o sonserino num sanduiche! Me coloca no meio que eu não faço essa cara feia! E lá vem a mascote da Sonserina, Rosier passa por baixo de Flinch e rouba a goles…e é GOLLLLLLLLL da SONSERINAAAAAA.
A arquibancada Sonserina foi ao delírio, a serpente parecia viva de tanto que era sacudida pelos alunos. Os grifinórios vaiavam. Olívio Wood me encarava exasperado, pronto - pensei - agora ele sabe do que eu sou realmente capaz.
- Grifinória de posse da goles, Angelina voa como um raio! Desvia de um balaço, Rosier voa em seu encalço...Alicia entra na frente de Rosier e bloqueia sua visão! Angelinaaaaa marca! E é GOOOOOOOOOOOOOLLLL DA GRIFINÓRIAAAAAAAA!
Soquei o ar, não era pra grifos agirem daquela forma! Me bloquear assim?! Que absurdo! E que comemoração ridícula foi aquela do Potter? Sacudi a cabeça buscando focar no jogo. A saída era nossa...Deitei meu corpo sobre minha Nimbus para ganhar mais velocidade, ia jogar com minhas vantagens: eu tinha uma vassoura excelente, era pequena, leve e, portanto veloz.
— Sonserina de posse da goles — Lino Jordan continua narrando. — A artilheira Rosier se desvia de dois balaços, dos dois Weasley, da artilheira Bell e voa para, esperem aí, será o pomo?
Ouvi a palavra mágica do jogo na voz de Lino Jordan “pomo”. Mas isso não tinha nada a ver com a minha função, eu tinha que marcar o maior número de gols possíveis e continuei meu caminho. Wood estava tão desconcentrado prestando atenção no pomo que esqueceu de proteger o gol. 20 para a Sonserina, 10 para Grifinória. Flinch tinha cometido uma falta no Potter – exatamente da mesma forma que Alicia tinha entrado na minha frente, ok, talvez um pouco mais agressiva -, mas não foi um problema como o time tinha ficado irritado ela bateu pra fora.
- Sonserina novamente tem a posse da goles! Rosier mostra que não veio pra brincadeira! Ela voa novamente para o gol! Os dois Weasleys se aproximam dos balaços! BALAÇO DUPLOOOOOO! DIFICILMENTE ELA ESCAPA DESSA! - essa era uma vantagem de ter o jogo narrado, podia saber tudo que estava acontecendo pra me proteger de balaços malucos, fiz um oito no ar com a minha vassoura desviando dos dois balaços e ouvi as exclamações de surpresa e os gritos dos Sonserinos – Incrívellllllll! Ela desviouuuuuuuuu! Ter aprendido a jogar com Nicholas Rosier certamente a ensinou a lidar bom balaços! E ela marcaaaaa novamente! Sonserina 30, Grifinória 10!
Comemorava mais um gol com meus companheiros de time, fiquei feliz com a menção ao meu pai, teria que contar pra ele que ele ainda era referencia como batedor. E o jogo retornava – como essa sensação é boa! – Flinch roubou a goles novamente e foi atingido por um balaço, mas conseguiu arremessar a bola vermelha bem a tempo de eu marcar novamente! Os Sonserinos iam ao delírio com os gols!
Observei a arquibancada, todos apontavam para o alto com um ar preocupado. Quer dizer, os Sonserinos não. Parei minha vassoura no ar para ver o que era: Harry Potter sacudia em sua vassoura como se ela fosse um touro de rodeio.
Flash: Snape, Hermione, capa preta pegando fogo, Quirrel caindo na arquibancada. Harry voltando para a vassoura
Eu realmente tinha que ter um flash desses durante um jogo. Que ódio que me deu nesse momento, mas não poderia simplesmente ignorar isso. Olhei para Quirrel e para Snape na arquibancada dos professores, os dois mantinham os olhos fixos em Harry e murmuravam alguma coisa, e pelo estado da vassoura do Harry algum deles azarava a vassoura enquanto o outro proferia a contra-azaração.
Voei na direção da arquibancada Grifinória procurando por Hermione e a encontrei observando Harry com seus binóculos. Me posicionei bem na frente do Harry para tampar a visão dela. Ela baixou o binóculo com uma cara irritada, eu fiz sinal com as mãos para que ela colocasse de volta. Ouvi gritos da Sonserina, Flinch marcara mais um gol enquanto os gêmeos voavam abaixo de Harry para evitar uma possível queda. Ela atendeu meu pedido e eu apontei desesperadamente para a bancada de professores, eu sabia que ela reconheceria uma azaração, ela deu um pulo e saiu correndo das arquibancadas.
Voei para o lado de Flinch e marquei mais dois gols enquanto Hermione provavelmente corria para a área dos professores. Eu tinha minha varinha nas minhas vestes, meu pai tinha me falado pra nunca ficar sem ela e eu obedecia isso a risca, mas eu não queria ter que usá-la no meio do jogo e de todos, ainda mais apontando para a barraca dos professores.
Eu tinha certeza que Hermione achava que era Snape, ele jamais se mostrara preocupado em ajudar nenhuma casa além da Sonserina. Provavelmente ela nem tinha reparado no Professor Quirrel. Marquei mais um gol nesse meio tempo, nem estava tendo trabalho em marcar, afinal todo o outro time estava preocupado com o Potter. O placar era inacreditável 80 para a Sonserina e 10 para a Grifinória, mas eu não estava satisfeita, não era um jogo justo. Foi quando eu olhava para o placar que vi: uma chama saia da capa negra do professor Snape, nada tinha sido feito contra o professor Quirrel e Harry ainda sacolejava na vassoura. Dei impulso e voei na direção do pequeno fogo, aparentemente Snape ainda não percebera, tudo o que eu precisava fazer era quebrar o contato de Quirrel com Harry, enquanto voava desabotoei a capa do meu uniforme. Praticamente furei a arquibancada de professores, derrubei Quirrel e joguei a capa do meu uniforme sobre o fogo. Ouvi exclamações distintas das arquibancadas, olhei para o alto, Harry montava sua vassoura novamente. Sorri e voltei a voar buscando a goles quando o vi voando para o chão, se abaixando: Coitado! Sacudiu muito lá em cima, deve ter tomado muita coisa no café da manhã! Vai vomitar! Que nojo! Bom, pelo menos ele não vai fazer isso no ar.
Qual é a minha surpresa quando eu vejo uma bolinha dourada com asas babadas nas mãos de Potter! Ele quase engoliu o pomo! Flinch não parava de gritar que ele não tinha agarrado o pomo, mas engolido! Flash : Pomo de ouro, uma bela caligrafia: Eu abro no fecho. Bom mais um flash, e esse não fazia o menor sentido, talvez seja válido eu anotar essas coisas? Que droga. Sonserina perdeu, 80 a 160, maldito pomo de ouro. Sobrevoei a arquibancada dos professores para buscar minha capa.
- Senhorita Rosier, por que a senhorita invadiu essa arquibancada e jogou sua capa? Garanto que com esse tempo a senhorita não estava com calor.
- Professora McGonagall eu... – olhei para o Professor Snape, mais atrás Quirrel me encarava – olhei de longe e pensei ter visto fogo perto do professor Snape.
Os olhos de McGonagall se arregalaram.
- Fogo?
- Minerva, me desculpe o incômodo, mas eu acendi uma pequena chama para me aquecer a senhorita Rosier certamente ficou preocupada e tentou ajudar.
Foi a minha vez de arregalar os olhos, ops, eu tinha certeza que ele sabia o que eu tinha feito. Droga, ele ia começar a me fazer perguntas que eu não queria responder. Será que ele me daria verissaterum? Não...é regulada pelo Ministério, você não pode simplesmente dar verissaterum pras pessoas por curiosidade. Flash: Snape invadindo a mente de um Harry mais velho. Legitimencia! Socorro! Ele não poderia invadir a minha sem que eu soubesse, poderia? Ele certamente deveria ser muito bom nisso. Qual era o nome do negócio pra bloquear isso? Ocluvênlia? Ocligênia? Teria que reler sobre esse assunto. Encarei o professor, ele erguia a capa verde e prata de quadribol na minha direção.
- Senhorita Rosier? Sua capa.
- Obrigada senhor. Desculpe por apagar o fogo, não sabia que tinha feito para se aquecer. Se soubesse não teria apagado, realmente fiquei preocupada.
- Sei muito bem como a senhorita se preocupa com determinados fatos. Passe no meu laboratório após o jantar para discutirmos a poção que a senhorita me mostrou.
- Sim senhor.
- E bom jogo. Se dependêssemos de você teríamos vencido a partida.
- Agora vá querida, a senhorita certamente precisa de um banho depois desta partida.
- Sim senhora. - os cumprimentei com a cabeça - Professora McGonagall, Professor Snape.
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