Prefácio



     Edwiges voava e voava. De forma leve e delicada, mas ao mesmo tempo , determinada e fiel. O pássaro branco como a neve, com olhos grandes e amarelos, exibia um ar de triunfo. Como se tudo ocorresse com o deveria. Podia-se sentir um sorriso na expressão daquela coruja, pois animais também sentem e se expressam. O céu atrás dela era negro, com uma meia-lua bela, e algumas nuvens. Edwiges rodopiou, piou alto; comemorava.
            Harry acordou e viu tudo borrado á sua frente. Colocou seus óculos. Lá estava seu quarto, sua vida. Nada de gaiolas, ou de Edwiges felizes. Tudo o que lhe veio á mente foram os rostos; Dobby, Fred, Lupin, Tonks, Sirius, Snape, Dumbledore, até Cedrico lhe veio á memória. Por que diabos as pessoas á sua volta morriam tanto? Virou-se abruptamente, até que avistou Rony e se lembrou; eles dividiam quarto. Estava tão acostumado com Ron acordando mais cedo que acabava sentindo que o quarto era só dele na parte da manhã.
            O amigo viera sofrendo desde algum tempo atrás. Quando Draco fisgou Hermione. O estômago de Harry se revirou ao lembrar daquilo. Não porque fosse nojento, mas porque seu amigo sofrera muito. Era triste, para Ron. Em compensação, Malfoy estava até mais simpático, do ponto de vista de Harry. Ele e Mione estudavam juntos, riam, se divertiam. Mas, evitavam beijar-se. Até porque, ela ainda tentava ser amiga de Ron.
            - Por que você tem que fingir ser tão forte ? – perguntava para Ron, mas a resposta era sempre a mesma.
            - Eu não estou fingindo. Não ligo se ela está com Malfoy, com Krum ou qualquer outro babaca. Não tenho absolutamente nada haver com isso.
            Harry observou a janela, o mundo bruxo era magnífico. Avistou um escorredor limpando a janela sozinho, e não pode deixar de rir baixo. Apesar de isso sempre acontecer, ainda lhe parecia algo muito divertido. Fazia só três meses que formara-se em Hogwarts. Ouviu um suspiro. Rony acordara.
            Seus olhos estavam vermelhos e inchados, suas olheiras pareciam ter olheiras de tão grande que eram. O menino tinha uma expressão indecifrável. Harry tentou balbuciar alguma coisa, mas não soube o que dizer. Ron era mais emocional do que parecia. O menino sentou na cama, com suas vestes furadas e bem surradas. Ele economizava para o ‘futuro. Ron ainda tinha esperança de ser rico, ao ponto de vista de Harry.
            - Não precisa dizer, estou péssimo. – disse com uma voz arranhada, em meio á um suspiro  - Não sei exatamente o que tem acontecido comigo, simplesmente acordo e não consigo dormir. – ergueu as sobrancelhas e fez uma pausa - Acho que esse lugar deve estar cheio de aranhas... – fingiu estremecer, pelo o que Harry notou.
            - Sim, temos que fazer uma faxina aqui.
            Não era mentira. O lugar encontrava-se um horror. Camisas, cuecas e calças jogadas pelo chão, livros e cadernos espalhados. Via-se gavetas abertas pela metade, ou até fora dos móveis, quebradas. Alguns quadros tortos, com pessoas mexendo-se tentando ficar retas neles, além de um pufoso dentro de uma gaiolinha. Aliás, a gaiola estava aberta. Isso não era um bom sinal. As camas continuavam com as mesmas roupas-de-cama desde que chegaram. Harry perguntou-se por que só agora notara nessas coisas.  O que Hermione diria se tivesse visto o quarto naquele estado ? Uma grande bronca estilo mamãe, com certeza. Alguns risos e ajuda na hora de arrumar, esse seria o resultado. Mas Ron não gostaria nada disso... O que poderia-se fazer então ?
            - Vamos arrumar. – Exclamou Harry – Hoje é sábado e nós íamos passar o dia todo de bobeira mesmo!
            - Está maluco ? Eu que não quero arrumar isso aqui. Vamos dormir, vai. – disse Ron, deitando-se
            - Não, você ajudou a bagunçar, vai ajudar a limpar. – Harry empurrou o amigo e os dois foram começar a arrumar. A primeira coisa que ele pensou foi algo como “vai ajuda-lo a tirar a cabeça de problemas”
            O pior é que adiantou, Ron e Harry riam das coisas que encontravam. Moedas trouxas antigas de Harry, cujas Rony achou muito interessantes e pediu para ficar. Ou então, um lembrol, que lembrou-lhes Neville. O lembrol foi achado debaixo do tapete, quase pisaram nele. Havia também o bisbilhoscópio, que estava dentro de uma cueca de Ron.
            - Não vou nem perguntar como isso foi parar aí. – Disse Harry, enquanto eles riam
            - Podem ter sido aqueles seres que a Luna sempre falava... Narguiles ?
            - Não, pelo amor de Merlim, não confunda. O nome é Nargulés, isso aí é outra coisa.
            Os meninos passaram o dia rindo e rindo. Foi bem divertido, e, ao final do da, cada um tacou-se em sua cama, exaustos. De repente, ouve-se um bicar na janela. Harry e Ron olham ao mesmo tempo e veem uma coruja marrom, com uma carta no bico. Harry, preguiçosamente levanta-se e abre a janela, pega a carta e abre-a. Uma letra caprichada e bonita preenche o pergaminho. Seus olhos se arregalam, e põem-se a lê-la em voz alta.
            - “Queridos Ron e Harry,
                     Como foi o dia de vocês ?  Faz certo tempo que não nos vemos, e pensei que poderíamos nos encontrar para tomar cerveja amanteigada e conversar. Estou precisando comprar ingredientes, de qualquer forma, e não como feijoeszinhos a certo tempo!
“ – Harry para e encara Ron, ele já sabe quem mandou a carta e parece com raiva – “Além disso, pensei que poderíamos conversar, pois certas coisas tem acontecido e... Não me sinto confortável com elas. Preciso realmente falar com vocês.
Saudades,
Mione.”
            - Só isso ? – pergunta Rony, mal-humorado
            - Sim, acho melhor respondermos logo. Ela pode não estar muito longe, mas o ideal seria mandarmos o mais rápido possível.
            - Sim diga que você vai e que eu estou doente. Não vai ser mentira.
            - Ron! Mas, que diabos...
            - Não, Harry. Não me venha com “Ron!” Olhe para mim. Eu lhe pareço bem ? – disse, com olhar de repulsa
            - Mais que droga, cara! - Berrou - Não dá para você parar com isso ? É péssimo te ver assim! Sei que não são aranhas. Vá lá, fale com ela o que você pensa, ou quer. Você não pode evita-la para sempre, ela ainda quer, no mínimo ser sua amiga. Ela tem algo a dizer, pelo jeito é importante.
            - Mas... – Rony abaixou a cabeça – Me dê um pergaminho.
            “Cara Hermione,
                 Tudo bem. Vamos sim encontra-la amanhã, em Hogsmead. Encontremo-nos perto da nova loja de ingredientes, e nos falamos lá. Espero que não seja nada de ruim, e que tudo esteja bem com você. Também tenho que lhe falar uma coisa.
Abraços,
Ron”

            Ele sentiu uma extrema vontade de sublinhar o “você”, e deixar claro o quando ele odeia Malfoy. Sentia o ódio arder em suas veias. O que ela viu nele ?, pensou,  Será que, ele enfeitiçou-a ? Claro! A poção do amor. Ele pode ter usado nela... Isso explica tudo. Por que não pensei nisso antes ?
                - Bem, agora, vamos jantar e depois dormir, pois estou exausto. – disse Ron, dando um sorriso enquanto entregava a carta á coruja que, assim que a recebeu voltou voando rapidamente.
                - Oh, sim, vamos. – disse Harry, feliz pelo amigo ter-se animado depois de todo esse tempo, já fazia em torno de duas semanas que ela e Draco namoravam.
                Os meninos trocaram seus pijamas e saíram. Harry sugeriu que comesse pratos trouxas para variar. Ron simplesmente concordou, despreocupado. E lá se forma para uma pizzaria. Rony ficou admirado com a quantidade de tipos de pizza. Demorou muito para escolher, então Harry pediu uma mussarela média para dividirem.
                - Essa coisa é deliciosa! – disse Ron, colocando mais um pedaço na boca – Hum, fez uma boa escolha, Harry.
                - Essa, na verdade, é a pizza mais simples daqui, Ron. – Respondeu, rindo.
                - Sério ?! Caramba!
                Quando acabaram, ainda pediram duas ‘brotinhos’ de chocolate, que deixaram ele ainda mais admirado. Comeu com pressa e felicidade, porém, lá se foram os poucos dólares restantes de Harry. Ao contar isso para Ron, um suspiro triste foi sua resposta. O garoto realmente gostara daquele prato.
                Dormiram calmos e felizes naquela noite. Naquela noite.

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