O dia seguinte do amor

Ela abre os olhos, uma sensação gostosa e quente percorre todo seu corpo nu coberto por lençois brancos e sedosos - só não tanto quanto sua pele macia. Pisca mais forte para enxergar melhor, e se depara com alguém de pele sardenta sob na qual está apoiada em seu tórax forte e largo.

A luz vinda da janela trazia um ar acolhedor no quarto do primeiro andar. Os olhos incrivelmente azuis dele estavam fixos na nuca dela, exposta por causa dos cabelos espalhados ao lado da cabeça.

Quando a luz estender a roupa nos telhados
E for todo o horizonte um frêmito de palmas
E junto ao leito fundo nossas duas almas
Chamarem nossos corpos nus, entrelaçados,

 - Bom dia. - Ron disse num tom baixo, quase um sussurro, para não acordá-la se ainda estivesse dormindo. Ela levou um pequeno susto, mas o fato de ouvir a voz dele a acalmava.

Hermione começou a acariciar o peito dele com a ponta dos dedos num movimento muito sutil, e o beijou levemente, o que fez Ron sentir um arrepio na espinha.

- Bom dia.

Ele agarrou a cintura dela com seus braços longos e musculosos e a puxou mais ao seu encontro com cuidado, mas com desejo. Encaram demoradamente os olhos castanhos e azuis e os sorrisos-inevitáveis- no rosto um do outro, logo depois.

Ron escorregou as mãos da cintura até o cabelo castanho e ligeiramente volumoso dela, fazendo um leve cafuné. Hermione arfou. Ela tirou a mão dele de sua cabeça e entrelaçou suas mãos as dele.

Seremos, na manhã, duas máscaras calmas
E felizes, de grandes olhos claros e rasgados...
Depois, volvendo o sol as nossas quatro palmas,
Encheremos o céu de vôos encantados!...

Se beijaram. O toque quente e voraz nos lábios aveludados, cobiçosos por mais amor, era algo inexplicável mesmo depois de tantos beijos e carinhos e gostos. As brigas diárias não eram mais problema para se preocupar. Sim, haviam muitas ainda, mas apenas essa sensação de paz e ao mesmo tempo ansiedade era capaz de desatar esse nó sem fim.

Quando o beijo acabou, ele abraçou-a forte, ela retribuiu, as mãos percorrendo suas costas brancas. Ron desceu as mãos até os quadris de Hermione, colando mais seus corpos.
Ela podia sentir o corpo dele forçar -de forma amável- contra o seu, a fazendo sentir algo que ninguém mais a fazia sentir, se sentia completa, amada, desejada, correspondida.

- Então, Sra. Weasley... - Ron disse assim que se separaram. As suas piadas e graçinhas fora -ou não- de hora a fazia feliz mesmo que por fora sua expressão seja de contragosto.

- Hum...? - Grunhiu ainda sorridente. O termo a agradou, era tão bom ser chamada assim, esperara tanto por isso, passou por tantos perigos só para poder ser chamada assim ao menos que fosse uma vez.

- Como é a sensação de estar casada? - Ele agora era galante, muito diferente do velho Ron, bruto e com a amplitude emocional de uma colher de chá. Ter passado entre torturas e guerras, o medo de perder quem ama, o tornou mais sensível - se é que isso é possível com Ronald Weasley-.

- Ronald, estamos apenas a algumas horas casados e você já quer uma resposta?

-  Quero. E desde quando você me chama de Ronald?

Ela não respondeu, ficou fitando-o. Não de raiva, ou frustração. Tentava ver de novo o menino nos olhos daquele homem magnífico. O mesmo menino que tinha medo de aranhas, que não conseguia fazer nem um simples feitiço de levitação.

 E as rosas da Cidade serão ainda mais rosas,
Serão todos felizes, sem saber por quê...
Até os cegos, os entrevadinhos... E

Vestidos, contra o azul, de tons vibrantes e violentos,
Nós improvisaremos danças espantosas
Sobre os telhados altos, entre o fumo e os cata-ventos!



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Mario Quintana é o meu inspirador, um gênio na minha opinião. E é por isso que dedico esta fic do casal por quem sou eternamente apaixonada à ele.
Esta é minha primeira fic sem conter um poema meu. Fiquei muito feliz com o resultado.
Obrigada a todos que comentarem. 

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