A canção que eu fiz pra você



E pelo que sei, você gosta de mim...


 



 Ronald Weasley olhava sériamente para o violão que segurava nos braços. Tinha aprendido à tocar aquele objeto tipicamente trouxa com muita dificuldade. Sem falar a dificuldade que teve para comprar aquilo (juntar todos s galeões necessários para comprar um violão fora a coisa mais dificil que já fizera). Agora se perguntava o porquê de ter aquilo.


 Se a maior parte da dificuldade se baseara em conseguir um violão e aprender a tocá-lo, a outra maior parte se concentrava em compor uma música. Ele conseguira, é verdade, mas fora dificil.


 Rony tinha o violão, tinha a música... mas não tinha mais a garota. Talvez nunca a tivesse tido. Talvez a tivesse perdido quando deixou de convidá-la para o Baile de Inverno. Maldito Victor Krum! Maldito jogador de quadribol tarado e pervertido! Ele lhe roubara Hermione.


 E para melhorar, Rony e Hermione haviam discutido depois da festa.


 Era por isso que ele estava ali, na Sala Comunal, ainda vestido com a roupa ridicula do baile. O violão na mão. Tocaria ou não a música para ela?


 Harry havia dito que esse era o melhor momento. Que Hermione não gostava de Krum, gostava de Rony.


 E ele, Rony, decidiu acreditar nele.


 Respirou fundo e tomou (mentalmente) uma boa dose de coragem. Se levantou da poltrona onde estava e subiu os degraus para o dormitório feminino.


 É claro que ele havia se esquecido de que os degraus para o dormitório feminino se transformavam em um escorregador quando pisados por um menino (medidas de segurança). Rony escorregou de volta para o chão da Sala Comunal, caindo com um baque barulhento e xingando um pouco alto demais, enquanto observava as escadas voltarem ao seu formato original.


 Rony não teria realmente se importado em esperar até amanhã para falar com Hermione, já que não havia como subir para o dormitório feminino, e chamá-la estava fora de cogitação. Ele não teria se importado, mas a porta do dormitório feminino foi aberta e uma garota de cabelos cacheados desceu pelas escadas.


 Por um momento, Rony se esqueceu de levantar do chão. Ficou meio distraído com o pijama vermelho que Hermione usava e que lhe caía tão bem.


 - Ronald! – ela exclamou surpresa.


 Rony balançou a cabeça para voltar ao foco e se levantou devagar, abanando as roupas, expulsando uma poeira imaginária. O violão estava suspenso por uma de suas mãos.


 Assim que a surpresa passou, Hermione fechou a cara e fingiu indiferença.


 - O que está fazendo aqui? – perguntou.


 Certo. A conversa estava iniciada. Mas... como prosseguir? Rony sabia que devia dizer alguma coisa, mas não sabia o que.


 - Veio pedir desculpas? – a morena perguntou, para ajudá-lo na situação.


 - Não.


 - Ah, então quer meu dever de poções? – Hermione perguntou com a sobrancelha levantada.


 - Não.


 


Eu não vim aqui pra entender ou explicar


Nem pedir nada pra mim


Não quero nada pra mim


 


 Ronald abaixou a cabeça e encarou o violão.


 Porque todas as vezes que Rony tentava vê-la, Hermione pensava que era com esses fins? Ele havia dado isso a entender?


 - Então, porque? – ele a ouviu perguntar.


 Rony levantou a cabeça para encará-la. Hermione o encarava com franco desgosto. Sua expressão lembrava bastante a de uma sonserina. Foi dificil acreditar que aquela garota gostava dele.


 - Vim para... – ele pausou, com medo da reação dela.


 - Para?


 - Vim porque... hã... queria... queria con-conversar com você. – terminou, pigarreando e amaldiçoando a si mesmo por ter gaguejado.


 Hermione riu alto, assustando Rony.


 - O que faz você pensar que eu queira conversar com você? – perguntou debochada.


 - Você gosta de mim. – ele respondeu calmamente.


 


Eu vim pelo que sei


E pelo que sei, você gosta de mim


É por isso que eu vim


 


 Rony sorriu, satisfeito consigo mesmo pela ousadia, ao ver a expressão de Hermione mudar e ela parar de rir abruptamente.


 - Ah, é mesmo? – Hermione ainda tentou parecer sarcástica, mas a pergunta saiu apavorada.


 - Sim. – ele respondeu, dando um passo despreocupado em direção à ela. – Acho que eu já sabia faz algum tempo.


 - E veio falar comigo só agora? – ela já tinha desistido de continuar brava com ele.


 - Demorei um pouco para aceitar. – justificou-se. – Mas desisti de me manter indiferente. Principalmente depois de hoje.


 


Eu não quero cantar pra ninguém a canção


Que eu fiz pra você


Que eu guardei pra você


 


 Hermione deu um passo para trás, talvez fugindo dele. Mas era impossível saber.


 - Depois de hoje?


 Rony franziu a testa em concentração. Talvez essas não fossem as palavras certas.


 - Na verdade – se corrigiu – depois de Krum.


 - O que tem ele?


 - Não finja que não sabe.


 - Não sei mesmo, já que você não me diz. – retrucou ela.


 - Você sabe perfeitamente que tenho ciúme. Não preciso dizer.


 


Pra você não esquecer


Que eu tenho um coração


E é seu


 


 Rony pôde perceber que a havia pego de surpresa com suas palavras. Ela não esperava que ele dissesse isso assim, tão facilmente.


 Hermione abriu a boca uma ou duas vezes, mas não conseguiu dizer nada, então fechou-a. Olhou ao redor em busca de uma saída, mas nada lhe ocorreu. Poderia fugir pela escada e se trancar no dormitório, mas não daria esse gostinho à Ronald.


 Assim, ficou parada, o encarando.


 Rony sentiu o terrível ímpeto de fazê-la se sentir tão ruim quanto ele.


 - Você estava com o Krum só para me fazer ciúme. – Rony voltou à dizer.


 - Não precisa ficar me dizendo isso. Sei o que eu fiz. – disse, começando à ficar nervosa. – E não pense que tem alguma moral por isso.


 - Não penso.


 - Que bom.


 - Mas posso começar a pensar.


 - Isso pode demorar.


 - Tenho tempo sobrando.


 


Tudo o mais que eu tenho


Tenho tempo de sobra


 


 Hermione bateu o pé.


 - O que você realmente veio fazer aqui, Ronald?!


 - E isso importa?


 - É claro que importa! – retrucou irritada. – Encontro você jogado do lado de fora do dormitório, me acusando de gostar de você! Mas não escutei você dizer se gosta de mim...


 - E isso importa? – Rony voltou à perguntar.


 A garota sentiu os olhos encherem de lágrimas e, por um momento, pensou que chorar na frente do ruivo não teria problema, já que ele sabia de tudo. Mas rechaçou a idéia e segurou o choro.


 - Então porque veio aqui?


 - Não sei.


 Rony pensou em retirar o que havia dito. Já se arrependera de tentar fazer ela se sentir mal como ele. Tentou chamá-la quando Hermione se virou e começou a voltar para o dormitório feminino.


 A canção que havia composto para ela ainda presa na garganta. O violão pendendo frouxamente de sua mão.


 


Tive você na mão


E agora


Tenho só essa canção.


 


X&X


 N/A: comentem!


 


 


 


 


 

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Comentários (4)

  • Mariana Berlese Rodrigues

    SIMPLISMENTE P-E-R-F-E-I-T-O ESSE CAP. A-M-E-I *.*#MORRI A-M-E-I <3 <3 <3 MUITOOOOOOOOOO LINDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA *.*CHOREI MUITO AQUI :)

    2013-02-25
  • Maryh Malfoy

    Nossa, Perfeito! Amei, imaginei tudo como se fosse real, e ficou perfeito! Queria conseguir escrever tão bem quanto você! Parabéns mesmo, do fundo do meu coração! Bjs ~Maryh 

    2012-11-27
  • Neuzimar de Faria

    Por que eles sempre têm que complicar tudo?

    2012-10-22
  • Nina.Potter

    Perfeito. Consigo imaginar a cena de tal forma que até parece real.

    2012-04-26
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