Fim de mundo e Deus Grego.
Dei um suspiro de alívio quando percebi que o carro trouxa da minha mãe entrava na rua que levava a casa da tia Merly. Como eu e mamãe não estávamos nos falando quando saímos de França, eu nem imaginava onde ela poderia me deixar, já que me expulsara de casa.
A julgar, pelo péssimo humor que estava ela seria bem capaz de me mandar pros quintos dos infernos. Ou na melhor das minhas hipóteses ela iria me colocar num orfanato.
- Não posso ficar com você Anne.
Como se ela quisesse ficar comigo. Ela me expulsou de casa e agora tava dando uma de cínica.
- Marcus fica inquieto quando demoro a voltar... Ele pode estar fazendo maluquices com a varinha...
Esqueceu que estou aqui? Porque sempre ela dava tanta proteção ao meu irmão mais novo, ela sempre cuidava mais dele do que de mim. Eu mal suspirei. Eu não estava disposta a quebrar meu voto de silêncio. Estava furiosa com mamãe. Ela além de fazer um barraco enorme, me confiscou a varinha. Fiz cara de ironia e continuei no carro, enquanto ela se dirigia a casa simples da minha tia Merly.
De costas mamãe podia ser confundida com uma garota modelo. Eu ficava admirada com isso. Seus cabelos loiros, diferentes do meu, balançavam alegremente ao andar, e ela usava roupas lindas azuis turquesa. Seu rosto estava ficando velho e ela dizia que era culpa do entres que eu a fiz passar.
Pois ela devia achar que tinha muita sorte. Quando a mãe de Mary Cowley descobriu que a filha fora reprovada nos NOMS em Beauxbatons seus cabelos ficaram brancos da noite pro dia. Mas o que eu tinha feito era bem pior que isso.
Antes de deixarmos de nos falar, tudo o que minha mãe me dizia era coisas do tipo:
- Anne, meu Merlin... Como pode?- Ou o clássico:
- Quando era mocinha e tinha a sua idade... – Seguido do típico diálogo super brega e chato.
Ai eu explodia de vez:
- MÃE ISSO FOI A MUUUUUITO TEMPO. – E algumas palavras que não são coisas que devemos gritar ao ter um orgasmo.
Aí rolava uma briga de nomes que até o capeta ficaria assustado. Sorte que são em francês...
Que mais podia eu fazer? Eu prometi a Samanta que não contaria nécas. E outra: As pessoas não viviam dizer que a gente deveria ter palavra? Ao ser expulsa de casa, percebi que Samanta olhava para mim do outro lado da rua, da janela do seu quarto. Desviei o olhar.
Pela janela do carro, eu não tirava os olhos de mamãe e tia Merly que xingava de susto ao saber de tudo por ela. Ai mamãe começou a gesticular muito enquanto falava. Claro que estava contando, com detalhes terríveis, a proeza de sua única filha ter conseguido ser expulsa de uma escola “pra lá de boa”. Tia Merly morava em um vilarejo, em Londres, chamada Hogsmead.
Perdida em meus pensamentos, levei um puto susto quando minha ‘adorável’ mãe escancarou a porta do carro trouxa. Achei que o apocalipse estava começando quando aquela porta se abriu e vi o rosto histericamente alterado:
- Vamos Anne, desça.
Desci o mais devagar que pude, enquanto ela e Merly se despediam com um abraço.
Merly era a irmã mais velha de mamãe, mas parecia mais jovem.
- Não quer mesmo ficar para um bom chá?
- Não Merly, tenho coisas a fazer.
Enfiei as mãos no bolso enquanto mamãe descia meu malão, minha vassoura e uma pequena bolsa onde estava minha varinha e alguns livros.
E foi assim que fui chutada para aquele fim de mundo. Só tinha duas coisas pela frente: passar um verão de merda e me mostrar profundamente grata quando Sua Majestade me permitisse voltar para outra escola em França, ou seja lá onde for.
Acordei. Novo dia, me sento na cama e resolvo abrir as cortinas e deixar o sol entrar. Mais ao abrir a cortina dei de cara com um corpo seminu em uma espreguiçadeira trouxa no quintal da casa vizinha. Meu santo Merlin,que isso???
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