A confraria
Durante a semana a cidade foi castigada com uma nevasca mais intensa do que o normal.
– Mudanças climáticas bruscas assim sempre ocorrem quando algo ruim está para acontecer. – disse Emily olhando pela janela do quarto.
– Hermione diz a mesma coisa... – respondeu Rony preocupado – ela diz que magia é a combinação de elementos da natureza; então a natureza é a primeira a se manifestar quando alguma coisa vai mal.
– Ou está para piorar... – disse Draco.
– Bem, desse assunto você deve saber.
– Ao contrario do você pensa Weasley...
– Melhor você se preparar para vigia Rony. – disse Emily os interrompendo.
– O que há com você? – perguntou Draco a Emily. – Não está com uma cara boa.
Emily parecia estar sentindo dores.
– Não é nada.
– O bebê? – perguntou Rony preocupado.
– Ainda tem tempo Rony. Não vai nascer agora e nem nos próximos dias!
– E se ela tiver o bebê enquanto você estiver fora Weasley? – perguntou Draco nervoso do lado de fora do quarto.
– Isso seria muito azar, não acha? A primeira coisa que meu afilhado ver ser sua cara!
O quarto da Sra. Kessler estava com as janelas fechadas; Hermione acendeu algumas velas. O estado de saúde da bruxa piorara muito; o rosto estava pálido e ela quase não se movia.
– Não deve demorar muito. – sussurrou Heckett.
Heckett andava muito calada e era difícil tentar decifrar o que podia estar pensando naquele momento. Hermione já sabia muita coisa sobre ela; era bem mais jovem do que aparentava. Havia estudado algum tempo em Beauxbatons, mas teve que sair para seguir a mãe. Muito cedo teve que cumprir o que Sra. Kessler chamava de tarefa de toda bruxa: ter um filho de um grande bruxo e aprimorar a descendência mágica. A idéia não tinha a ver com manter o sangue puro, mas sim se manter poderosa; segundo a Sra. Kessler a cada geração a bruxa matriarca fica mais forte. Hermione duvidava dessa teoria, mas a Sra. Kessler mais de uma vez a lembrou que Molly Weasley derrotou Belatriz Lestrange uma bruxa muito mais experiente em duelos.
A Sra. Kessler levou essa idéia tão a sério que durante sua vida teve vários filhos de vários bruxos diferentes e obrigou Heckett a seguir pelo mesmo caminho. Segundo o que pensava a Sra. Kessler um poderoso bruxo hindu chamado Khitmutgar era o pai de Grimwig, mas Hermione já tinha visto algumas fotos desse bruxo. Era um homem repugnante. Só um coração tomado por qualquer coisa menos amor não perceberia que Grimwig não se parecia em nada com o tal bruxo. O menino mostrou a Hermione seus novos desenhos. Um retrato preciso do interior da Gemialidades Weasley e de Jorge.
– Ele que foi seu namorado?
– Não, foi o irmão dele.
– Ficou triste quando ele se foi?
– Muito. É horrível gostar de alguém e essa pessoa sair da nossa vida de repente. Como o que aconteceu com Adso e você.
– Ele era legal comigo. Minha varinha foi presente dele; ele disse que era perfeita pra mim.
– Sinto muito por ele.
– Você sabe como ela está? A Sra. Kessler?
– Não sei. O estado de sua avó é complexo.
– Minha... – disse Grimwig e em seguida começou a rir – eu nunca a chamei assim. Heckett não aprovaria.
– Pode soar estranho para você e para ela, mas é verdade.
– Sabia que ela sempre quis você para esse momento; acha que você é a melhor bruxa de todas, mas Heckett acha que vai nos trair como Adso no final. Se fizer isso vai morrer Srta. Granger...
– Grimwig! – chamou Heckett entrando no quarto. – A Sra. Kessler quer vê-lo.
– Já estou indo. – disse o garoto caminhando lentamente.
– O que está fazendo aqui?
– Estávamos só conversando.
– Não chegue perto dele!
– Heckett, você quer mesmo que ele... seja o que a Sra. Kessler planeja?
– É uma honra para ele tê-la como mestra.
As duas bruxas se encararam longamente, mas Hermione se afastou. Já falará demais.
– Hoje à noite... – disse Heckett apontando a porta para Hermione. – Se prepare.
Hermione resolveu ver os pais. Os dois estavam assistindo ao noticiário.
– Foi decretado estado de alerta na cidade; o conselho geral é para que ninguém saia de casa. – comentou o Sr. Granger abaixando o volume da TV.
– Não saiam. – pediu Hermione.
– Você está com aquele olhar; o mesmo olhar de antes de nos lançar o feitiço de memória.
– Bobagem mamãe.
– Sua mãe tem razão.
– Não vou fazer nada! – disse Hermione mostrando a varinha guardada na bolsa.
– Não faça aquilo de novo Hermione. Estou falando sério! Não quero piscar os olhos e acordar na Nova Guiné.
– Nunca mais os farei pensar que são outras pessoas; eu já prometi! Tenho que ir...
– Por que a pressa?
– Tenho uma coisa pra fazer; uma coisa importante.
– Conte.
– Pai...
– Todo pai tem o direito de se preocupar com a única filha! E quando ela é uma bruxa...
– Deixe! – disse a Sra. Granger sorrindo para a filha. – Ela disse que é importante... Seja o que for você vai se sair bem querida.
Hermione não sabia se o que mãe acabara de dizer era bom ou ruim.
Kingsley e Harry se encontraram andando no corredor do Ministério. Kingsley ia para algum lugar, mas Harry andava a esmo tentando pensar, clarear as idéias.
– Você viu o tempo lá fora? – perguntou Kingsley puxando conversa. – Strickland, aquele irritante representando do governo trouxa anda pegando no meu pé; já me procurou para saber o que se passa.
Harry continuou em silencio.
– Sei que está zangado.
– Se Rony soubesse onde Hermione está indo ou que pretende fazer... me mataria por ter deixado. Tentei dizer alguma coisa, mas ela disse pra não me preocupar; disse que fico feio preocupado.
Kingsley deu um breve sorriso.
– Harry... eu e a Sra. Dale já fomos casados e temos...
– Um filho eu vi a foto. Ele é a sua cara.
– Ele voa muito bem... Moody foi o padrinho dele. Enfim, eu dizia a mesma coisa à mãe dele quando saia para alguma missão. É uma sensação horrível eu sei.
Harry continuou olhando Kingsley em silencio; não tinha rancor dele não ter lhe dito suas intenções desde o começo. Era grato por ter lhe salvado a vida. Kingsley perdera grande parte dos amigos em batalhas contra Artes das Trevas, fora o casamento e o filho que quase nem vira crescer. Harry não podia julgá-lo sem julgar a si mesmo.
A noite parecia ainda mais gelada; sentado no escuro de sua casa Harry torcia as mãos sentado no sofá. A casa parecia ter adquirido o ar sombrio de antes da reforma. Foi surpreendido por Guiso; o elfo entregou a Harry um bilhete todo amassado difícil de decifrar a letra, mas Harry conseguiu ler mesmo com alguma dificuldade. Guardou o bilhete no bolso, conferiu o relógio e entrou na lareira.
A Sra. Weasley olhava o relógio da sala; o ponteiro referende a Rony estava muito próximo da palavra perigo.
– O que está acontecendo? Parece que o mundo está congelando! – disse Jorge olhando pela janela da Toca.
– Afasta-se da janela Jorge. – disse o Sr. Weasley.
– O que foi pai? – perguntou Gina sentando ao lado da mãe.
– Magia negra – respondeu a Sra. Weasley – essa noite temos de ficar juntos...
A menos de um quilometro dali Rony batia os dentes de frio. Vigiava a Toca, mas mal podia vê-la por causa da nevasca. Twain apareceu ao seu lado.
– Rápido! Venha comigo! – disse segurando o pulso de Rony.
Os dois aparatam em frente à casa da Conselheira Troy; a casa estava em total silencio. Draco já estava lá.
– Tem alguma muito errada com essa casa. – comentou.
– Sim! – Twain disse entusiasmado.
– Chamou seu chefe? – perguntou Rony.
– Não, ele tem planos pra hoje. Olhe a casa! Eu já estava aqui quando começou!
– Parece que todo esse tempo ruim vem dessa casa. – comentou Rony.
– Aconteceu alguma coisa lá dentro; ouvi a Conselheira gritar e em seguida ficou assim. Aí estão eles!
Os irmãos Lancey aparataram arrastando Mundugo todo ensangüentado.
– Eu disse que daria uma surra nele! Uau! Você não estava exagerando Twain!
– Não vou entrar nesse lugar! – disse Draco.
– Por isso Mundugo nos deu o prazer de sua companhia! Entre lá e veja se ainda tem alguém! Vamos! – empurrou um dos irmãos.
– Essa casa está sob alguma maldição! – guinchou Mundungo.
– Você não carrega amuletos? Use-os! – disse Don Lancey arremessando Mundugo pelo jardim e o chutando até a porta.
– Deixe-o levar a varinha... – disse Rony dando um passo à frente. – Se acontecer alguma coisa com ele não saberemos se o caminho está livre.
– Bem pensado... – disse Don colocando a varinha na mão de Mundugo – se você pular a janela nós iremos atrás, entendeu? Entre lá e veja se está tudo limpo para nós!
– Eu abro a porta para você! – disse Twain empurrando Mundugo com violência contra a porta.
– Vou com ele! – disse Rony. – Não confio nele...
– Você tem coragem!
A casa estava silenciosa; como se o tempo tivesse parado porta adentro. Rony foi carregando Mundugo pelo braço.
– Está quente aqui. – comentou Rony.
– Quem é você?
– Ninguém.
– Estava atrás da Srta. Granger! É amigo dos Lancey!
– Sou muito fã dela. Eles vão saquear a casa!
Rony começou a ouvir uma musica vinda do alto da escada. Uma voz feminina acompanhava a melodia. No fim da escada encontrou o corpo de um elfo; subiu mais dois lances; o corredor terminava em uma porta verde. Pela fechadura viu Lwaxana Troy arrumando o corpo da filha no chão. Fechou cuidadosamente os olhos da filhas. Rony segurou respiração.
– Deanna... – dizia ela – sei que passou por momentos ruins, mas os dias de sofrimento acabaram.
– Ela matou a filha! – gritou Mundugo atrás de Rony.
– Corre! – disse Rony empurrando Mundugo escada abaixo.
Os dois saíram correndo da casa de volta ao grupo.
– A mulher matou a filha! – gritou Mundugo na frente de todos.
– Ela vai sair da casa? – perguntou Don.
– Você ouviu? Ela acabou de matar a filha em algum ritual de magia negra! – disse Rony.
– Eu ouvi! Mas será que ela vai demorar pra sair?
– Não! – disse Draco. – Ela já está pronta!
Lwaxana Troy saiu da casa e lançou da varinha esferas azuis que formaram cabeças de dragões. Jack Lancey estava bem no caminho de uma delas e chegou a apontar a varinha para se defender, mas a esfera atravessou seu corpo; ele caiu no chão tendo convulsões e logo morreu. A cabeça de dragão voltou a ser uma esfera e continuou seu caminho passando muito perto de Draco e Rony.
– Jack! – gritou o irmão.
– Deixe-o ai! Vamos embora daqui! – disse Draco aparatando.
– Volte e ajude meu irmão! – disse Don e Rony o acertou bem no nariz.
Twain e Rony também aparataram. Rony carregando Mundugo; surgiram na frente do Solar Benbow. Mundugo se soltou e saiu correndo pela rua. Draco já estava no quarto com Emily olhando a rua se cobrir de neve.
– Graças a Deus! – disse Emily se atirando em Rony quando ele entrou.
Varias outras luzes azuis cruzavam o Beco Diagonal.
– O que é isso? – perguntou Rony tentando se aproximar da janela, mas Emily o segurou; também estendeu a mão para Draco. Os três sentaram na cama sem dizer nada; ouviram gritos pela rua e a neve começou a caiar mais forte e densa do que qualquer um deles jamais vira.
Um fio de água lentamente passava entre as estátuas na fonte no Ministério. Normalmente durante o dia não se ouvia o barulho da água correndo, mas àquela hora da noite era tudo o que se ouvia no Ministério vazio. O som deixou Harry numa situação desconfortável.
– Vá logo! – disse Kingsley.
– Hermione pode enviar o patrono a qualquer momento!
– E você pode errar um feitiço crucial nessa situação!
– Eu agüento!
Com a chegada de Patrick os três bruxos foram verificar o Mapa da Magia; Harry o seguiu andando mais devagar do que o costume.
– Vá Harry!
Patrick começou a rir.
– Considere essa sua primeira lição para se tornar Auror: nunca enfrentar um inimigo de bexiga cheia.
– Parem! O mapa Conselheiro! – irritou-se Kingsley.
A superfície da mesa se transformou no mapa usado para detectar feitiços e meio de transportes usados pelos bruxos; as luzes piscavam em grandes intervalos. Patrick ampliou a área que a Sra. Kessler morava e não havia sinais de feitiços mais complexos.
– Nada de especial. – disse Patrick.
Kingsley tocou a mesma área com a varinha e a imagem do mapa se formou muito maior e com mais detalhes. Acostumado a ver Kingsley lidando com política já algum tempo Harry esqueceu o quão incrível bruxo ele era. Havia minúsculos sinais de magia; um tipo de magia que só olhos treinados de um Auror poderia reconhecer.
– Magia das Trevas avançada. Circulando a área; uma fina linha. Olhem bem mais de perto. – disse apontando a imagem.
– Vermelho sangue. – comentou Patrick.
– Hermione enviará um patrono você disse? Ela não vai conseguir; não envolta por esse tipo de magia!
– Hermione consegue! – disse Harry com firmeza.
– Não, ela terá de sair! – disse Minerva McGonagall se juntando aos três.
Começaram a chegar os primeiros avisos do Beco Diagonal. O Mapa da Magia se tingiu de vermelho. Um alerta foi emitido para que ninguém saísse de casa ou do lugar onde estivesse.
– Essas luzes no Beco Diagonal são atraídas por magia – disse McGonagall – seja de qualquer o tipo. Um toque... Os Revistadores só podem ajudar a tirar as pessoas da rua sem usar magia.
– Darei o aviso! – disse Patrick.
– Ela nos isolou! – gritou Kingsley. – Lena Kessler nos isolou!
– Não a mim! Vou atrás de Hermione.
– Essas cabeças de dragão são muito rápidas, se tocarem em você Potter! Você morre! – disse McGonagall nervosa.
Harry deu as costas aos dois e conjurou sua vassoura. Voava sem medo pela noite castigada pela nevasca; conseguia passar entre as cabeças de dragão imaginando que fossem apenas balaços maiores e reluzentes. Estava bem perto do sobrado da Sr. Kessler quando Kingsley o alcançou; voava ao lado de Harry com um gato em suas costas. Harry acenou e sorriu para os dois. As pessoas os viam pela janela e acendiam as luzes; alguns gritavam palavras de incentivo.
– Tem algum feitiço que consegue afastar essas coisas? – perguntou Harry.
– Não. A melhor coisa é não fazermos nada!
– Vamos descer então!
A neve batia na canela de Harry e ele mal visualizava Kingsley e com McGonagall em seu ombro.
– Onde está Patrick?
– Ele passou mal, até vomitou...
– Que delicado...
– Mas está chegando.
Patrick aterrissou na frente de Harry. O corpo pendendo para o lado; não parecia realmente bem.
– Recebemos um aviso. Se tentarmos qualquer coisa essas coisas serão lançadas para fora do Beco Diagonal assinado: Lwaxana Troy.
– Sabia que aquela mulher era uma bruxa das Trevas! – gritou Kingsley. – Você também não é Minerva?
Em resposta a McGonagall deu um longo miado.
– Como fazemos para entrar? – perguntou Harry.
– Já lhe disse que não tem como entrar! Todo feitiço usado nos atingirá de volta. É como um escudo protetor formado de pura magia das Trevas! – disse Kingsley.
– O que fazemos?
– Esperamos!
– Morreremos congelados antes disso acontecer! – disse Patrick.
Da janela do quarto Draco ainda via aquela claridade incomoda; engoliu em seco e deitou na cama. Rony estava abraçado a Emily.
– Talvez amanha isso tudo tenha terminado! – disse ela assustada.
– Sim, você tem razão. Vamos tentar dormir!
Rony começou a pensar em Hermione.
– Ela sairá... – murmurou sem saber o motivo antes de adormecer.
Harry pediu licença e saiu de perto dos outros para se aliviar; cavou um buraco no chão e começou...
– Tive uma idéia! – disse pegando a vassoura; a quebrou no meio e as friccionou criando algumas faíscas.
Kingsley sentiu calor e se virou e Harry estava à frente de uma enorme fogueira
– Quanto apertado você estava?
– Não, foi mérito meu! – disse Harry apontado um homem arrastando um caixote.
– Sou Uriach, Ministro. Seu Revistador matou meu primo, mas devia um favor ao Sr. Potter! Eu os vi da minha janela, todos viram!
– Viram o que eu fiz? – sussurrou Harry timidamente
– Ah, sim...
Patrick deu uma gargalhada tremida; Uriach olhou pare ele com raiva e desprezo.
– Isso os fará se aquecer de um jeito e de outro.
Dentro do caixote havias muitas caixas do conhaque O Velho Dragão.
– Meu preferido! – disse Harry abrindo uma garrafa e tomando um gole.
O conhaque era tão forte que ele sentiu o corpo esquentar de imediato. Jogou a garrafa para Kingsley que também fez um careta. Patrick bebeu uma quase inteira e até McGonagall experimentou um pouco que Kingsley colocou na tampa da garrafa. Os pelos do gato ficaram eriçados. O restante do conteúdo das garrafas foi jogado na fogueira.
– O que está acontecendo nesse lugar? – perguntou Uriach apontando o silencioso sobrado.
– Honestamente? Nós realmente não sabemos... – respondeu Harry.
Heckett acompanhou Hermione até o porão da casa.
– Por que essas coisas sempre acontecem no porão? – pensou enquanto desciam.
Pequenas chamas se formavam iluminando o caminho. Heckett usava um fino vestido violeta e estava descalça. Hermione ouviu sussurros atrás de uma fina cortina. Heckett abriu e a deixou passar. Mulheres de todas as idades começaram a se aproximar a encarando; usavam vestidos quase iguais ao de Heckett, mas de cores diferentes. Vários rostos eram familiares; algumas garotas que trabalharam para a Sra. Robson e até companheiras do time de Gina e Angelina. Havia também elfos muito parecidos com Winky e Veelas.
A Sra. Kessler surgiu em sua cadeira.
– Srta. Granger que honra! Ah, nossa mestra em poções!
Rebecca cutucou Hermione.
– Oi!
– Ela tem me ajudado muito nos últimos dias a manter minhas forças.
– Sim, é um privilegio... – disse Rebecca entregando um cálice para a Sra. Kessler. – Tenho noticias. Quem quer ouvir?
– Por favor... – disse Heckett fechando os olhos – não estou com paciência para você hoje.
– Ok... Lwaxana Troy matou a filha e já chegou. Lançou um feitiço que deixou o Beco Diagonal e isolado e apavorado!
– O que? Lwaxana Troy matou Deanna! Meu Deus! – exclamou Hermione.
– Ela sacrificou a filha em meu nome. – disse a Sra. Kessler se agitando na cadeira. – Lwaxana sempre tentou iniciar Deanna nas Artes das Trevas e ela sempre recusou. Hoje ela aceitou! Deanna sempre foi fraca; não soube escolher... Essa foi a única saída honrosa para uma existência tão apagada.
– Lwaxana é uma das... – começou Hermione.
– Sim, ela é a mais velha da geração que iniciei! Minha primogênita.
– Ela é sua filha!
Lwaxana e Samuel Corso passaram entre a multidão e ficaram ao lado da Sra. Kessler.
– Sr. Corso! Achei que estava...
– Eu? Não! Estava aqui todo o tempo!
– Corso é meu segundo – disse A Sra. Kessler – Heckett e Adso os mais jovens.
– Nossa! Quantos mais a senhora teve? – perguntou Rebecca.
– Não importa!
– Eu vi você e Corso na convenção... – comentou Hermione.
– Ah, não! Saímos para ajudar Lwaxana a deixar as pessoas invadirem. Foi ela que instigou a multidão.
– Tivemos ajudo é claro... – comentou Rebecca.
– Faziam parte do grupo! Estavam na mansão naquela noite!
– Adso estava lá para aprender – respondeu Corso – aquelas pobres pessoas foram prejudicadas por suas condições de nascença. Pobres, mestiços, criaturas... mas isso é mais importante.
– Sinto muito por Adso. – disse Hermione a Sra. Kessler.
A Sra. Kessler tornou se mexer na cadeira.
– Toda bruxa tem obrigação de gerar uma geração melhor! E Adso era brilhante.
– Grimwig será brilhante como ele foi. – exclamou Heckett.
– E principalmente não ignorará os conselhos da Sra. Kessler como Tom, Hayyan e Elvira. – disse Hermione com propriedade.
– Especialmente isso. – concordou a Sra. Kessler com muito esforço. – Grimwig será o maior bruxo das Trevas de todos os tempos! Recebendo ordens diretamente de mim!
– Elvira? – perguntou Rebecca.
– Deixe a Srta. Granger falar; ela descobriu tudo...
– A Sra. Kessler estava hospedada no Caldeirão Furado na mesma época que Elvira. A procurou contando mais detalhes sobre Zenobhia. Sabia da ligação dela com as Artes das Trevas!
– Conheci boa parte da família dela é verdade. – respondeu a Sra. Kessler sem emoção. – Uma grande família unida pelas Artes das Trevas. Ajudar aquela idiota quase me matou.
– Ela abriu um portal para Elvira conseguir sair da ilha! – disse Hermione com raiva.
– O que? – perguntou Rebecca. – Aquela bruxa medíocre! Eu sabia que não podia ter saído de lá sozinha!
– Só piorei desde então. – suspirou a Sra. Kessler. – Elvira foi uma exceção. Geralmente só bruxos tentam conquistar as coisas à força, dominar... querem tudo para si!
– Nem me diga... – comentou Rebecca.
– Nós, mulheres não precisamos de nada disso! Estamos no poder há séculos! Manipulando, influenciando, decisões por todo o mundo. De nós vem a vida! E mulheres se tornam mais poderosas...
– Através de magia das Trevas, é claro. – disse Hermione.
– Vá em frente Srta Granger! Sobre quem quer saber? Tom Riddle? Hayyan Zeelen...
– Pelo o mais óbvio: Tom. Guardar memórias em um diário está em um do seus livros; a senhora menciona um bruxo que escreveu um livro com a própria pele. Não há nada escrito no livro ele é o livro!
– Isso deve ter doído... – disse Rebecca.
– Cale a boca! – disse Heckett.
– Fale sobre Hayyan Zeelen. – pediu Hermione.
– Excepcional bruxo... contra a política do Ministério. O problema é que ele falava abertamente sobre Artes das Trevas e o Ministério estava mais uma vez muito próximo de mim e minhas atividades. Tive que tomar providências em relação a ele; o que coincidiu com inicio de minha obsessão... a senhorita deve saber qual é?
– Produzir uma Horcrux. Só que não conseguiu. A senhora acha o mal, em sua essência, tão puro quando o bem. – disse Hermione. – Matar é algo que se torna simples com o tempo, mas é o oposto da pureza que a senhora precisava. Tom Riddle era virgem. Por isso produziu uma Horcrux...
Rebecca deu uma gargalhada igual a de Harry.
– Meu corpo está morrendo! A senhorita preza o conhecimento tanto quanto eu! Sabe como me custa dar adeus a tudo que construí. Os livros que escrevi e colecionei por todos esses anos nos quatro cantos do mundo e do submundo. Preciso continuar a viver...
– Foi a senhora que matou as crianças do grupo de Hayyan Zeelen. – disse Hermione se controlando.
– Sim fui eu... – disse a Sra. Kessler impaciente. – Agora vão se preparar!
– Tire a roupa, toda ela! – mandou Heckett.
– Aqui? Na frente de todo mundo?
Cortinas se fecharam separando Hermione do grupo. Rebecca passou a frente de algumas mulheres que insistiam em ver Hermione de perto.
– Ela é tímida. – disse tornando fechar a cortina. – Você acertou; elas me chamaram pra entrar para o clubinho.
– Basta só elas se prepararem para o ritual e...
Rebecca começou a rir.
– O prédio está selado por magia das Trevas! Nem seu belo patrono pode romper isso!
– Posso lançar mais de um e você pode me ajudar! Eu vi seu patrono!
– A única coisa feliz que posso pensar agora e ver Heckett agonizando implorando por sua vida medíocre! Devia ter matado essa velha quando tive chance, a envenenado, mas não eu tinha que ouvir você! Pode esquecer... Você fará o feitiço que elas mandarem você fazer e todas tomaremos chá em seguida! É o único jeito que continuaremos a viver!
– Não, não farei!
– O que você acha? Que elas não sabem que você e Harry têm planejado alguma coisa? Acha mesmo que não a forçarão a fazer o feitiço para deixar essa velha vaca viver mais cem anos?
– Protegi a todos ao meu redor! Harry, meus pais e até os Weasley!
– E a pessoa que não está ao seu redor que você finge não se importar?
Heckett abriu as cortinas.
– Vocês duas são amigas demais. Saiam. Você se purificou como eu mandei?
– Sim.
– Nada de contato intimo com nenhum homem?
– Não!
– Nem com você mesma?
– O que? Não!
– Quase uma virgem. – riu Rebecca.
– Eu poderia se quisesse ter contato intimo com alguém...
– Com Patrick? – perguntou Rebecca puxando a varinha. – Não ousaria!
– Você terminou com ele se lembra?
– Que tal um duelo? – sugeriu Heckett rindo. – Resolveria muita coisa...
– Ele faz barulhos estranhos enquanto dorme saiba disso.
– Não me importo! Rony ronca como um...
A Sra. Kessler em sua cadeira as aguardava; iluminou uma mesa com uma pilha de pergaminhos.
– Não se preocupe Srta. Granger não precisará matar ninguém; Heckett fará isso.
– Você matou Waxflatter. – disse Hermione a Heckett.
– Ele perseguiu a Sra. Kessler e Grimwig! O feriu!
– Chega! – gritou a Sra. Kessler. – Fiquem quietas e me escutem!
O grupo todo ficou em silencio como crianças a frente de uma contadora de histórias em uma livraria.
– Tempos atrás quando a humanidade ainda vivia usando peles de animais sem conhecer agricultura e... mais nada. Quando adoravam a chuva, o trovão... Uma tribo foi acometida por uma epidemia sobrando apenas uma mulher! Temendo que ela escapasse os homens a prenderam em uma caverna e um por um a possuíram por meses até que nascesse a primeira criança! Confinada a mulher clamou pelos poderes ocultos na natureza e muitas criaturas até então desconhecidas vieram a seu auxilio. Depois de anos uma menina nasceu; um menina gerada na escuridão. A primeira bruxa das Trevas! Essa menina também foi mantida presa até que pudesse começar uma nova geração, mas ela já dominava a magia e matou o restante da velha tribo; ela iniciou uma nova geração e espalhou pelo mundo levando consigo os primeiros...
– Historia legal, não? – disse Rebecca a Hermione.
– Claro, não há provas que isso realmente aconteceu... Aposto que ela vai dizer agora que...
– Sou descendente direta dessa bruxa!
– Eu sabia... – disse Hermione.
– Srta. Granger, está prestes a fazer parte da historia da magia. Parecia tão entusiasmada em nossas conversas. O que pode ter acontecido?
– Peço desculpas; estou um pouco nervosa.
– Ela não achou que chegaria tão longe! A essa altura o Ministério já teria entrado e prendido todas nós. Ela e sua amiga mestra de poções! – disse Heckett.
O grupo todo riu até Rebecca.
– Estamos tão ferradas...
– São quase trezentas varinhas contra vocês duas. Por isso comecemos o ritual! – disse Lwaxana.
– Depois de muitos anos – começou a Sra. Kessler falando para o grupo – descobri uma nova forma de prolongar minha vida. Descobri um novo tipo de pureza digamos assim. Entrega, devoção...
Samuel Corso colocou uma varinha sobre uma mesa a frente de Hermione.
– A varinha Ederleth. Quando viu que eu não retribuía a seus sentimentos... ele se matou. A morte oferecida. Entrega.
– A varinha de Deanna! – disse Lwaxana Troy mostrando para a Sra. Kessler e as outras – depois de ser iniciada; eu a matei. O sacrifício de sangue em seu nome Lena! Devoção...
A Sra. Kessler tocou as duas varinhas com carinho.
A parede se iluminou com gravuras do Feitiço Enigma. Um bruxo apontando um castelo, três bruxas confabulando e um bruxo enforcado no final. As figuras ampliadas mostravam detalhes que poderiam ser fundamentais para o resultado final. Hermione decorara as imagens desde a primeira vez que as vira na mesa de Heckett.
– “O Passeio”; – continuou a Sra. Kessler – um jeito “leve” de matar alguém. A vida simplesmente acaba, sem dor, sem suspeitas... Heckett realizará essa parte do feitiço e a senhorita a ultima. As três vidas oferecidas; as três almas em meu nome me protegerão e prolongarão minha vida! Viverei para ver Grimwig crescer, se aperfeiçoar como bruxo e produzir uma Horcrux tão pura quanto a de Tom Riddle! Ele se tornará o maior bruxo que mundo...
– Avós são sempre as mais corujas não? – comentou Rebecca e Hermione pode ouvir algumas risadas abafadas.
– Cale a boca. – Heckett; Rebecca apertou os olhos para ela.
– Grimwig produzirá uma Horcrux para deixar a senhora imortal também? – perguntou Hermione.
– Para a última e crucial parte – continuou a Sra. Kessler ignorando a pergunta de Hermione – precisamos de alguém um tanto diferente.
– Hermione... – disse Heckett passando os dedos sobre o rosto de Hermione – sua alma é limpa e essa pureza será a ligação final. A conclusão do feitiço.
A Sra. Kessler esticou a mão e puxou Hermione para frente.
– Todo o poder descrito pode ser seu agora. Junte-se a nós Hermione, de verdade. Mostre a ela!
Uma bruxa saiu do grupo e segurou o braço de Hermione. Soprou no rosto de Hermione o pó púrpura. Através dos olhos vermelhos da mulher Hermione viu Rony deitado ao lado de uma mulher desconhecida. As bruxas começaram a rir e a dançar em volta dela.
– Hermione! – cutucou Rebecca.
Na Toca a Sra. Weasley via o ponteiro com o nome do filho chegar mais perto da palavra “perigo”.
A Sra. Kessler teve um espasmo.
– Ele tem que morrer Hermione! Deixá-la livre da vergonha! Estará livre para começar sua própria geração.
– Estou disponível – disse Corso – podemos começar essa noite!
– Faça! Faça agora! Meu espírito está indo! – mandou a Sra. Kessler.
– Quem você quer que morra? Rony ou a mulher que está com ele? – perguntou Heckett ao lado de Hermione.
– Hermione! – Rebecca tornou a chamá-la. – É esse pó! Está fazendo você ver e imaginar coisas!
– Acho que ela escolheu Rony afinal! Muito bem, a terceira morte. Um presente!
Heckett levantou a varinha.
– Eu o vi – Rebecca sussurrou no ouvido de Hermione – ele está tentando volta pra você. Todo esse rancor passará...
– Sou vingativa!
– Não, não é! Você é uma pessoa normal que foi magoada! Eu a convenci a se vingar de Pansy, não era seu desejo... Você não é uma bruxa das Trevas.
Heckett deu continuidade ao ritual.
– A terceira morte: Silentii communis... Honorem communem fore!
Hermione voltou a si e desejou com todas as forças que o amor dentro dela alcançasse Rony como um patrono invisível e o protegesse.
– Meu amor por ele é mais forte que o de vocês pelas Artes das Trevas! – sussurrou juntando forças.
Na ultima gravura o homem enforcado tinha o rosto de Rony e junto com as outras foi consumidas por chamas muito vermelhas. Heckett colocou sua a varinha junto das outras duas.
– Sua vez! – disse para Hermione.
– Não! – exclamou Hermione apontando a varinha para ela.
– Está feito! Três vidas para que uma vida prossiga!
– Rápido ou serão mais! – mandou Lwaxana apontando para Rebecca.
O grupo inteiro também apontou as varinhas para Hermione.
– Ela disse que está feito... – disse Rebecca também apontado a varinha para Hermione.
– Vamos bruxa mais inteligente da sua geração mexa-se! – caçoou Heckett.
Hermione olhou para a Sra. Kessler agonizando e para as varinhas sobre a mesa. Apontou a própria varinha para as outras três e disse com firmeza:
– Vida recebida! Vida renovada! Aliquam vitae corpus potestatem.
Um coração batendo se formou no ar e Hermione o soprou direto no rosto da Sra. Kessler.
– Factum. – concluiu com a mão tremendo. Acabara de realizar um feitiço de magia negra.
Lena Kessler abriu os olhos; todas as bruxas se aproximaram em silêncio. Formaram um circulo até que ela se levantou e sorriu para o grupo. Colocou a mão sobre o peito; sentou uma espécie de prazer sentindo o coração bater; sua aparência não era mais abatida ou fraca; pelo contrario parecia ter rejuvenescido.
– Crescemos todos os dias em numero e poder! – gritou.
Na Toca a Sra. Weasley chorava no ombro do marido aparada pelos filhos.
– Vamos sair daqui! – disse Hermione puxando Rebecca.
– Você realmente deixou essa velha cretina forte novamente...
– Temos que encontrar Grimwig!
– Quem é esse? Um elfo?
– O filho de Heckett!
– Para que? Ele é um deles!
– Não, não é! Como Adso também não era! Não de verdade, não no fundo!
– Não entendo Hermione! O que você fez?
– Pouca coisa comparada a elas... – disse Hermione mostrando Heckett e Lwaxana.
A euforia das bruxas foi contida por Lwaxana. Frente a frente com a Sra. Kessler, sua mãe biológica; bateu palmas e fez uma exagerada reverencia.
– Conseguiu Lena! Foi recompensada afinal e quanto a nós?
– Serão minhas eternas protegidas!
– Enquanto a Deanna?
– Lwaxana se eu pudesse ressuscitar os mortos começaria por Adso; você sabe disso. Não tenho culpa que escolheu mal seu parceiro e teve apenas uma filha, que por sua vez, também não fez boas escolhas.
– Adso era perfeito então?
– Ele era especial.
– Não. Ele deixou o grupo por uma garota trouxa. – disse Samuel Corso. – Ele era vulnerável, fraco, com tendências atípicas de um grande bruxo das Trevas. E você matou Remigio mesmo sabendo que ele nos fez um favor em se livrar de Adso!
– Pior! – disse Heckett. – Matou uma de nós! Elzy... Elzy Robinson! Uma de nossas melhores seguidoras! Elzy trouxe mulheres até você durante anos!
– Ela trouxe mulheres que reclamavam dos maridos, dos filhos... Mulheres de vidas miseráveis e infelizes que achavam que éramos algum tipo de grupo de ajuda! Não é esse o tipo de bruxa que precisamos! Precisamos de talento!
– Nunca teve intenção de fazer alguma coisa por nós! A seguimos e a encobrimos por anos! – disse Lwaxana.
– Você e Heckett foram as piores! As mais fracas! E você Corso? Tendências atípicas? Você correspondeu a Ederleth e todos sabem disso!
– E você uma mentirosa aproveitadora! – gritou Heckett. – Waxflatter não foi atrás de você! Ele viu o Grimwig; ele reconheceu semelhanças... Waxflatter e Grimwig são ligados pelo sangue; o meu sangue e o de...
– O que? – disse a Sra. Kessler encarando Heckett – Um herdeiro daquele infeliz? Você teve um filho com um dos filhos de Waxflatter? E o manteve sob meu teto todos esses anos! Um bruxo sem nenhum talento como você! Um desperdício...
– Eu o amava e você o matou. Só matei Waxflatter porque ele foi atrás de Grimwig e poderia contar a alguém, mas antes de matá-lo eu contei a verdade e, de certa forma, ele morreu feliz porque você foi enganada todos esses anos.
– Me desobedeceu pela ultima vez Heckett!
O patrono de Hermione nada pode fazer como Rebecca previra. Hermione parou um instante para tomar ar.
– Sua vingança tem a ver com Ramona de Luchero? A curandeira do St. Mungus que morreu em Azkaban?
– Sim, a Srta. Kessler e ela trabalharam juntas na poção Siempre Viva; quando Ramona foi presa Lena Kessler tirou o corpo fora mais uma vez!
– Você só quer se vingar por que a amava. E a Sra. Kessler a tirou de você...
– Ela era minha mãe... – disse Rebecca – e morreu sozinha numa cela em Azkaban!
– O único que a Sra. Kessler realmente amava era Adso. – disse Hermione. – Ela sabia que ele não poderia ser um bruxo das Trevas e mesmo assim foi ele que ela escolheu!
– Acha que essas pessoas são capazes de amar alguém?
– Todo mundo pode amar alguém!Agora que Adso morreu vão preparar Grimwig e não posso deixar isso acontecer!
– Espere Hermione! Não respondeu a minha pergunta: o que você fez?
– Cumpri minha parte! – disse Hermione recomeçando a andar.
No porão a Sra. Kessler continuou a falar, mas o que as bruxas passaram a ouvir foi um som muito agudo e alto. Todas foram obrigadas a tapar os ouvidos.
– Você falhou Heckett! – gritou alguém.
– Não, eu fiz exatamente o que queria fazer.
O grupo começou a apontar as varinhas para Heckett; ela parecia extremamente calma em meio aquela situação. A imagem de Lena Kessler começou a se tornar cinza; ela gesticulava em aflição apontando para Lwaxana e Heckett até que começou a se dissolver numa pilha de cinzas até desaparecer.
– Espero sinceramente que isso tenha doido... – disse Heckett.
O grupo de mulheres avançou sobre ela, mas Lwaxana com um estalo da varinha as jogou para longe; fez uma nuvem púrpura se levantar do chão e as mulheres começaram a ficar atordoadas batendo uma nas outras; apertando com força os olhos e gritando; cada uma presa as suas próprias alucinações. Heckett saiu por uma passagem e encontrou Hermione e Rebecca na sala de estar. Samuel Corso também as alcançou.
– Lwaxana nos aguarda. – disse Corso.
– Ela não matou a filha não é? – perguntou Rebecca.
– Não. Ela está bem viva e finalmente foi iniciada. Deanna tem o sangue de bruxos poderosos: o nosso – disse Corso olhando de lado para Lwaxana – não podíamos deixá-la de fora.
– Apesar de resistir as nossas ações ela sempre foi leal. Nunca pensou em nos delatar. – explicou Heckett.
– Vocês a coagiram. – repetiu Hermione.
– Há tanto segredos guardados entre as famílias bruxas que você nem pode imaginar Hermione.
– Vocês enganaram a velha direitinho. – disse Rebecca manuseando a varinha. – A varinha da tal Deanna não contou para o feitiço!
– Vocês duas também queriam nos pegar; foi bem esperta Hermione, mas sabíamos que estava fingindo todo o tempo. É claro. – comentou Heckett. – Não demorou em entender o que estava acontecendo. Acreditou que Lwaxana tinha realmente matado Deanna, mas foi adiante.
– As gravuras não eram as originais. Eram bem parecidas; feitas por Grimwig. Ele é um desenhista muito talentoso.
– Poupei a vida do seu querido Rony.
– Não, não poupou! Sua vaca pretensiosa! Eu sabia que o feitiço que estava fazendo era uma enganação! – retrucou Hermione com raiva.
– Você acaba de xingar alguém Hermione – comentou Rebecca – estou começando a gostar de você!
Deanna foi trazida amparada por Grimwig.
– Grimwig! Heckett escute-me!
– Vocês duas podem se juntar a nós; ambas são talentosas. – disse Lwaxana entrando na sala.
– Não queremos o caos e respeitamos outras criaturas. – disse Heckett. – Temos regras e uma hierarquia. Você iria se dar bem Hermione. Também não pretendemos tomar o poder do Ministério essas bobagens. Como Lena disse: estamos sempre muito perto do que acontece...
– Certo! Estamos dentro!– disse Rebecca. – Ouviu Hermione? Elas são legais!
– Querem tornar Grimwig um bruxo das Trevas. Isso é um pouco demais pra mim... – respondeu Hermione apontando a varinha para Heckett.
Algumas mulheres passaram por elas correndo desesperadas algumas arremessavam objetos no chão ou uma nas outras.
– Bem, Lena Kessler também tinha razão em relação a alguma dessas mulheres... Ardeat vadias! – disse Heckett.
Pequenas chamas começaram a se formar nos cantos do cômodo.
– O prédio logo se tornará uma imensa caldeira ou se juntam a nós agora ou...
– Você não queria acertar contas com ela? – perguntou Hermione a Rebecca.
– Sim, mas ela melhorou muito desde que nos vimos pela ultima vez... – Rebecca respondeu impressionada.
– Secans Vitro! – disse Heckett e cacos de vidro saíram de sua varinha ferindo Hermione e Rebecca bem nos pulsos.
O novo grupo saiu arrastando o garoto deixando as duas tentando estancar o sangue. O fogo começou a se espalhar pelo tapete e cortinas.
– Por que bruxos das Trevas gostam tanto que tudo termine em fogo? – perguntou Hermione enrolando uma toalha de mesa no pulso de Rebecca.
– Falta de imaginação; eu faria tudo diferente. Pra começar não nos deixaria com nossas varinhas.
– Como Elvira. Ela sempre tomava nossas...
– Não repita esse nome!
Algumas bruxas chegaram até o telhado, mas não conseguiam aparatar. Em desespero ameaçavam se atirar.
Do lado de fora Harry estava desesperado para entrar, mas até a calçada estava fervendo e fez toda neve em volta derreter.
Rebecca tentou desbloquear a ultima lareira, mas não conseguiu. O fogo começou a rodeá-las.
– Devia ter matado Heckett quando tive chance! Por que eu fui dar ouvidos a você?
– Vamos segui-los; eles foram para algum cômodo seguro que talvez não esteja enfeitiçado contra aparatação.
Uma esfera branca surgiu na sala; Hermione pode ver o rosto contraído de McGonagall.
– Alguém quer ajudar você! – disse Rebecca.
– Não vou sem o garoto ou você!
– Vá! Se você não for eu vou!
– Então vá! – gritou Hermione.
– Se eu quiser eu vou mesmo!
As duas ficaram paradas em silencio e ponto de luz começou a sumir. Ouviram vozes e a cabeça de Harry apareceu; ele deu impulso e se jogou aos pés de Hermione.
– O que aconteceu? – perguntou ele segurando o braço de Hermione. – Por que não saíram?
– O garoto! Harry, temos que achá-lo!
– Eles foram por aquele lado... – disse Rebecca. – Eu ia sair...
– Não ia não!
Encontraram a todos numa sala de paredes vinho; todos elegantemente vestidos. Mesmo Grimwig e Deanna tinham um ar superior, mas o sorriso que o garoto deu a Hermione fez Harry acreditar que a amiga tinha razão sobre ele.
– Sr. Potter. – disse Samuel Corso.
– Deanna! – disse Harry.
– Ela ainda está confusa – explicou Heckett.
– Cansei – murmurou Deanna – de ser usada. Finalmente descobri meu caminho.
Lwaxana segurou a mão da filha. Hermione explodiu de raiva:
– O que fez com ela e o que pretendem fazer com Grimwig é a mesma coisa que a Sra. Kessler fez com vocês!
– É muito diferente! – disse Heckett se aproximando de Hermione. – Você passou todo esse tempo conosco! Não aprendeu nada sobre nossa missão!
– Sua missão é causar sofrimento as pessoas! Aprendi isso! Heckett você não teve escolha, mas Grimwig ainda tem! Você não o quer perseguido! Você não quer que ele sofra!
– Nós todos temos muito a ensinar ao nosso querido Grimwig – disse Corso apertando o garoto – mesmo que Lena fosse uma cretina a idéia dela de um bruxo especialmente criado para servir as forças das Trevas foi brilhante.
– Ele é só um garoto. – disse Harry.
– Hoje sim! – disse Lwaxana. – Com o passar dos anos e nossa dedicação a ele...
– Grimwig – perguntou Harry – o que você quer? Sua vida não será nada comum.
– Ele sabe que foi o escolhido! – exclamou Heckett.
– Eu também fui – disse Harry ao garoto – mas de certa forma tive sorte. Encontrei pessoas que me ajudaram em meio a minha missão a ter uma vida normal. Eu fui para a escola, joguei quadribol, beijei garotas...
– Pare! Ele sabe que essas coisas são efêmeras, triviais! – disse Corso.
– Fazem parte da vida de um garoto!
– No tempo certo... – começou Heckett, mas Lwaxana a interrompeu.
– Chega dessa conversa! O prédio vai desabar e nos iremos embora.
As três mulheres foram para o lado de Corso. Hermione olhou para o garoto.
– Não respondeu a Harry; o que você quer?
– Pense... como se diz mesmo o nome dele? – perguntou Rebecca a Hermione.
– Como você agüenta essa garota? – perguntou Heckett a Hermione.
– Grimwig para poder produzir uma Horcrux não poderá conhecer muitas garotas. – disse Harry apontando a varinha para Corso.
– No tempo certo ele... – gritou Heckett.
– Isso não é nada demais! – exclamou Corso.
– Pra você não faz diferença você é gay! – disse Hermione.
– Heckett leve o garoto daqui. – Corso tornou a exclamar.
– Venha conosco! – pediu Grimwig a Hermione.
– Não posso...
– Quero que ela venha conosco! – Grimwig gritou para o grupo.
– Ela não quer. – respondeu Heckett.
– Deanna também não queria e vocês a fizeram mudar de idéia! Eu a quero!
– Heckett o leve daqui! – mandou Lwaxana.
Uma lareira se formou na parede bem ao lado de Heckett. Era inevitável um confronto; Harry tinha Corso bem na mira. Só Deanna ainda confusa, não apontava a varinha para ninguém. O prédio começou a trepidar.
– Vá! – mandou Lwaxana.
– Não! – exclamou Grimwig se livrando de Heckett. – Não sem a Srta. Granger!
Rebecca começou a fazer sons estranhos; Harry achou que ela tivesse sido atingida por algum feitiço, mas ela começou a rir a principio tentando se controlar depois a gargalhar descaradamente.
– Em todo tempo que estive aqui só a vi recebendo ordens Heckett. – disse Rebecca apertando a barriga.
– Pare! – disse Grimwig.
– Da velha, dessa outra menos velha – disse Rebecca apontando Lwaxana – e agora desse moleque! Desculpe, isso foi demais para mim!
– Pare! – gritou Grimwig.
– E que tipo de nome é esse? Acha que será um grande bruxo das Trevas com esse nome que Heckett deu a você? Ah, aposto que nem isso ela pode escolher!
– Já disse para parar! – gritou o garoto apontando a varinha para Rebecca. – Não fale desse jeito com a minha mãe!
Heckett olhou surpresa para o garoto.
– Do que você me chamou?
Por um momento os olhos de Heckett se encheram de lágrimas; Rebecca a surpreendeu e a estuporou; Corso tinha a varinha apontada para Hermione quando o piso cedeu os separando; a parte debaixo do sobrado estava em chamas. Corso se jogou na lareira; Lwaxana se segurou no candelabro e também saltou entre as chamas verdes. Harry poderia segui-los, mas segurou a mão de Hermione; ela tentava alcançar Grimwig debruçado sobre Heckett.
– Salvem-se... – disse Deanna.
– Ou todo mundo ou ninguém. – Harry respondeu.
– Ah, que drama! – gritou Rebecca.
Harry derrubou uma estante com os pés; Deanna e Rebecca atravessaram por ela e chegaram até a lareira; Harry carregou Heckett; Hermione entrou com Grimwig. Centenas de lareiras passaram a toda velocidade; a pressão era tanta que nenhum deles, incluindo Corso e Lwaxana Troy, conseguiam se mexer. Estavam presos na imensa Rede de Flu. Harry sentia o corpo sendo puxado para todos os lados ao mesmo tempo. Olhou para Deanna; a expressão arrasada, mas decidida; ela se atirou com toda força contra a primeira lareira que passou e de repente tudo ficou em câmera lenta; Harry podia ver até detalhes das salas por onde passavam. O corpo de Deanna começou a se desfazer e Harry em vão tentou gritar; ao mesmo tempo sentiu o corpo livre. Rebecca saltou; Hermione fez sinal positivo a Harry e abraçou o garoto; Harry segurou Heckett com mais força e também saltaram em direções opostas, em lareiras diferentes. Samuel Corso e Lwaxana Troy tentaram sair, mas a Rede voltou a funcionar com ainda mais força e rapidez e destroçou os corpos deles e o de Deanna Troy.
A neve que atrapalhava as ruas durante dias parou de cair. Na cidade toda pessoas abriram as janelas para ver o céu, que de repente ficou limpo, e a lua minguante. Rony acordou com Emily o encarando de olhos arregalados.
– Desculpe... Eu sei que ronco...
Comentários (2)
Muito FODA!
2012-07-17Só existe uma expressão pra esse capitulo: UAU!
2012-07-17