O Arquivo Z
Kingsley Shacklebolt não lembrava o dia exato que foi nomeado Ministro da Magia quase quatro anos antes; lembrava-se apenas de ter dito:
– Interino. Isso será temporário!
A ex-mulher Leueen Dale e do filho do casal Alastor “Shack” Dale Shacklebolt estavam com ele.
– Até tudo se normalizar. – afirmou Kingsley apertando a mão dos conselheiros que ele pensava que o ajudariam a restaurar o Ministério da Magia.
– Sra. Shacklebolt, seu marido é o novo Ministro da Magia depois de uma longa e dura jornada contra Arte das Trevas... – começou uma jovem repórter que acompanhava Rita Skeeter.
– É Srta. Dale agora se não se importa e não tenho nada a acrescentar...
– Leueen – interferiu Rita Skeeter rispidamente – eu marido... seu ex-marido. Acha que ele dará conta dessa nova responsabilidade?
– Ele tem as melhores intenções tenho certeza.
Rita Skeeter olhou por cima dos óculos para o grupo de conselheiros ao redor de Kingsley.
– Ele é expert em Artes das Trevas, mas o que sabe sobre serpentes e dragões?
– Se sabe alguma sobre serpentes e dragões Srta. Skeeter é seu dever comunicar ao Ministério! – disse a Srta. Dale.
– Sei de muita coisa, muita coisa que logo seu marido... ex-marido – disse Rita virando os olhos – vai começar a saber.
A Srta. Dale encarou Rita Skeeter com uma expressão de desprezo.
– Você acha que as pessoas valem pelo que escondem ou invés do que dizem ou fazem, não é?
– Não penso nada a respeito de ninguém. No caso de Kingsley quero ver como ele vai lidar com os problemas que não precisam de contra azarações para serem resolvidos.
– Prefere guardar toda a sujeira para você mesma Rita isso eu posso entender...
– Venha Emily! Há outras pessoas mais interessantes para falarmos!
Rita reuniu o grupo de conselheiros para mais uma sessão de fotos ao lado de Kingsley.
– Vamos começar a trabalhar! – disse Kingsley ao Sr. Weasley. – É uma pena sua aposentadoria Arthur; você seria de grande ajuda.
– O momento não é dos melhores para minha família. O funeral de Fred foi o momento mais doloroso de minha vida e de Molly também.
– Eu sei. – respondeu Kingsley abraçando o amigo.
– Tome cuidado com esses conselheiros... – disse o Sr. Weasley abaixando a voz – a maioria se omitiu! Alguns são mais do que corruptos!
– Eu sei, mas no momento precisamos de paz. Voldemort se foi! Precisamos no reerguer e pra isso preciso de apoio.
– Dessas pessoas você não terá Kingsley! Com exceção de Madeleine e de Rick Nelson você estará num covil.
– Eu me agüento! – respondeu Kingsley confiante.
O começo de euforia foi próspero e em poucos meses muita coisa começava a entrar nos eixos, porém Kingsley que fora um ótimo Auror, realmente não tinha experiência em política e se viu dependente das decisões do Conselho da Magia. Doze bruxos que discutiam e votavam. A palavra final era de Kingsley, mas nunca havia uma maioria consistente e Kingsley se viu na posição de ter suas próprias convicções abaladas em acordos que teve de fazer. Seus dois amigos leais Madeleine Hayes, uma das Conselheiras mais antigas e o chefe de uma das sessões de segurança do Ministério Rick Nelson estavam com ele a maior parte do tempo. Entre as Conselheiras mais antigas a que Kingsley odiava era Lwaxana Troy, uma mulher cuja imagem já servia para assustar a qualquer um. Poucos se atreviam a desafiá-la e ela e Kingsley nunca concordavam em nada; ele podia sentir naquela mulher um toque de malignidade comum as bruxas ligadas as Artes das Trevas que combateu por anos, mas na política, como aprendeu a duras penas, apenas saber que uma pessoa é corrupta não é o bastante para livrar-se dela.
Em um debate doloroso Kingsley viu a sessão dos Aurores ser fechada com o argumento que o maior bruxo das Trevas ter sido derrotado. O primeiro voto tinha sido justamente de Lwaxana Troy.
A corrupção aos poucos voltou a rondar os corredores do Ministério e Solomon Bluter começou a tirar de Kingsley noites de sono. O pub de Solomon nos documentos do Ministério funcionava como tantos outros pubs, mas escondido em seus porões havia degradação e morte. Aquele lugar funcionava havia anos mantendo-se sob o mau-caratismo de inúmeros funcionários do Ministério que freqüentavam o lugar. Kingsley fez de tudo para fechá-lo, mas não conseguiu por vias legais.
Com o tempo Kingsley passou a ter problemas com Bunko em Gringotes. O líder dos duendes começara lhe causar constrangimentos declarando não se curvar aos desejos de bruxos. Simplesmente ele decidia a quantia que um bruxo podia ou não sacar de seu próprio ouro e, as vezes, nem permitia o acesso de trouxas ao interior do banco. Os trouxas começaram a se queixar aos montes e se não houvesse uma competente mediação entre o governo trouxa e o Ministério conduzida por Ferdinanda Twitch os problemas seriam muito maiores. A reputação de Kingsley começara a oscilar.
– Estou exausto... – disse Kingsley a Srta. Dale.
– Tome seu chá. – disse ela calmamente.
– Shack entrou para os Revistadores. Nem em meu filho consigo mandar.
– Mandar não é o seu forte.
– Você deveria ser a Ministra...
– E você faria o que?
– O mesmo que Arthur... me aposentaria para esperar netos.
– Acha que conseguiria?
– Não, eu acho que não.
– Qualquer um estaria passando o que está passando agora. Dumbledore lhe diria isso e acrescentaria que muitos já teriam desistido.
– Ele sempre gostou mais de você. – disse Kingsley terminado seu chá.
Depois de todo esse tempo Kingsley se lembrava claramente da manha que a Conselheira Hayes lhe passou informações de um rapaz novato no Ministério.
– Um dos Revistadores contou que o rapaz... – ela conferiu o nome na pasta – Patrick conseguiu que uma mulher fizesse o saque que precisava. Bunko não criou muito caso só grosserias rotineiras, mas... Permitiu o saque.
– Completo?
– Inteirinho! Esse rapaz tem se saído muito bem em suas tarefas; recebi relatórios muito interessantes sobre ele. E há uma vaga na sessão dos papa galeões.
Patrick e Kingsley se conhecerem no mesmo dia e o rapaz ocupou a vaga cujo antecessor havia resolvido se mudar com a família para outro continente. Não demorou muito para que Patrick se tornasse assunto de muitos funcionários; afinal era um rapaz elegante, cheio de energia e iniciativa.
– Ele é um manipulador nato. – disse Kingsley aos amigos.
– Outros aqui também são. – respondeu Madeleine.
– Tenho um filho um pouco mais novo que ele; tem idéias doidas sobre o próprio futuro e muda tudo em cinco minutos... Patrick não pergunta nada a ninguém! Impossível um rapaz tão jovem ser tão centrado!
Rick Nelson também não gostava de Patrick.
– Concordo...
– Infelizmente antipatia por ele não lhe tira os méritos de saber lidar com Bunko. – disse a Conselheira.
– Isso é mais estranho ainda... – comentou Kingsley. – Por que só ele? Bunko fez de tudo para impedir meu acesso aos cofres de Comensais da Morte e de suas famílias e de repente fica bonzinho e cooperativo?
Se o caso com o líder do duende parecia resolvido o pub de Solomon Bluter nunca dera tanto trabalho. Quando os Revistadores chegavam não havia ninguém ou nada demais que causasse problemas ao seu dono.
– Ele está sendo avisado isso é obvio. – disse o Sr. Nelson em mais uma reunião privada com Kingsley e a Conselheira Hayes.
– Raiker é o chefe dos Revistadores agora; acabou de ser promovido com méritos. – disse a Conselheira.
– Eu sei, mas tenho mandando a ele ordens de uma última hora e mesmo assim não pegamos Solomon com as mesas, as grades de luta ou as Veelas! E tem mais: um rapaz foi morto no Beco Diagonal; o pai fechou a loja e se mudou.
– Nem queixa quis prestar? – perguntou Kingsley.
– Mudou de idéia mais rápido do que... o cara se urinou todo! Aqui no Ministério! Acho que Solomon tem aumentado suas atividades ameaçando comerciantes. Os que não freqüentam aquele buraco e lhe deixam milhares galeões apostando em lutas sangrentas com certeza!
– Raiker está mesmo metido nisso? – perguntou Kingsley. – O novo chefe dos Revistadores?
– Ele colabora de alguma forma, mas há alguém mais acima...
– Acham que é Patrick. – disse Kingsley finalmente.
– Lwaxana gosta de Patrick... – comentou Madeleine. – Ela não esboçou uma reação sequer quando Raiker foi promovido por criar o Mapa da Magia e ele é noivo da filha dela, Deanna! Mas olha Patrick com bons olhos e isso na minha experiência com mulheres inescrupulosas não é um bom sinal!
– Vocês têm provas?
– Não, mas...
– Acham que dois eficientes funcionários do Ministério estão metidos num caso grave de corrupção e até assassinato, mas não tem provas! – disse Kingsley.
Os dois amigos do Ministro se calaram.
A falta de provas continuou. Aconteceram mais mortes no Beco Diagonal; sempre parentes de comerciantes. As famílias sempre alegavam acidentes e se mudavam e já não era segredo a taxa de proteção que Solomon cobrava dos comerciantes que resolviam ficar. A lei do silencio soava mais alto do que nunca nos corredores do Ministério e na cabeça de Kingsley.
Ironicamente quem deu o primeiro passo para ajudar Kingsley foi ninguém mesmo do que Rita Skeeter. O ótimo desempenho de Patrick o deixou popular também o colocou na mira da repórter. Ele já se mostrava vaidoso e fazia questão que todos soubessem que todas as boas idéias votadas e aprovadas pelo Conselho tinham sido dele, mas evitava entrevistas e até mesmo fotos se não fossem obrigatórias.
A repórter bisbilhoteira colocou sua ajudante Emily para seguir Patrick. Ele se queixou ao Ministro e a moça foi proibida de continuar sua tarefa, porém Kingsley tomou suas anotações que já mencionavam as visitas de Patrick a Mansão Malfoy e saídas noturnas.
A morte suspeita do funcionário que cuidava dos arquivos do Ministério fez Kingsley e os amigos terem certeza que não estavam lidando com um amador. A última pessoa que o homem pretendia se encontrar era justamente a repórter de Rita Skeeter, Emily.
Depois de muito analisar o comportamento de Patrick; Kingsley elaborou um plano arriscado que muitas vezes esteve perto de abortar. Patrick era reservado com os colegas de Ministério; muitos o apoiavam, mas não eram próximos a ele e outros o evitavam como podiam. O que Patrick precisava, segundo Kingsley pensou, era de alguém de sua idade para acompanhá-lo.
Um bom tempo já havia passado e Harry Potter se preparava para encarar o mundo sem Voldemort. A situação era perfeita ainda mais porque nem Hermione e Rony aceitaram, cada um por seus motivos, trabalhar no Ministério; Harry estaria sozinho.
– Você pode trabalhar numa das áreas administrativas do Ministério. – disse Kingsley durante um jogo de quadribol num domingo ensolarado.
– Sem Artes das Trevas por perto?
– Rotina e mais rotina. Preciso de alguém que saiba lidar com trouxas também; ajudá-los em Gringotes. Coisa fácil e o salário é razoável.
– Eu aceito.
Harry quase morreu queimado no galpão cheio de objetos de Artes das Trevas; a culpa segundo apontavam as poucas provas era de Roman Young.
– Roman jamais viveria escondido numa cabana desarrumada e suja como aquela! – disse Madeleine Hayes.
– As provas colhidas Madeleine... – disse Kingsley aborrecido.
– Plantadas! Você sabe disso!
A conselheira alertava para o comportamento de Harry junto de Patrick.
– Potter segue Patrick para todos os lados.
– São amigos. Era o que eu esperava!
– Ele é uma má influencia ao garoto que já não é chegado a obedecer ordens! Patrick já pensa em ser conselheiro! Meu lugar Kingsley! Aquele miserável quer meu lugar!
– Sua idéia de apoiar Percy Weasley é ridícula!
– Eu preciso fazer alguma coisa! Ao invés de podá-lo você deu mais terreno a ele! Deu a ele mais responsabilidades, mais funcionário e mais confiança! Ele tem mais apoio do que nós aqui dentro! Por medo ou por competência... Patrick está nos passando para trás a cada dia!
– Harry está com ele!
– Ele é só um rapaz! Apesar de tudo Harry Potter é só um rapaz que está deslumbrado com o novo amigo! Já lhe dei muitas indiretas... Patrick o carrega como um troféu! Ele extorque os comerciantes praticamente na frente de Harry! O pobre rapaz está servindo de propaganda para Patrick! O deixando mais temido e poderoso! Isso estava no seus planos?
– Você está certa! Mas Harry não sabe o que Patrick faz! Ainda não tem experiência... Em breve... Harry é nossa melhor chance! Acredite em mim. Dumbledore disse que o destino de Harry não era só ligado ao que já sabemos. Eu confio nele. Ele está se tornando um homem e como todos nós tem certos caminhos a percorrer!
– Não podemos esperar Harry Potter amadurecer Kingsley. Escute o que estou dizendo! Estamos afundando a reputação do Ministério, a nossa reputação...
Meses depois Rick Nelson foi morto; Harry e Patrick foram para a ilha Queequeg. Venceram Elvira e Patrick ficou mais poderoso do que nunca e se tornou mesmo conselheiro no lugar de Madeleine; a única coisa boa foi Lwaxana deixar o cargo para a filha Deanna.
– Até um dia Kingsley. – disse Lwaxana amável, mas Kingsley não pode deixar de sentir alivio em vê-la partir.
A partida de Rony fez Kingsley pensar em desistir de tudo. Apesar de comemorar quando Solomon foi preso por Harry e desaparecer logo em seguida, o fracasso da convenção, a conspiração envolvendo outros conselheiros e a morte de Madeleine Hayes o abalou demais. Os comerciantes o viam como um fraco que os deixaram a mercê de um assassino. Enviara a Conselheira Troy em uma missão com Patrick na certeza que ela lhe traria provas contra ele, mas ao contrario! Ela passou a apoiá-lo e o defendeu em frente ao Conselho. O Ministro tinha certeza que Patrick assassinara Duke Duralumínio, mas sem o testemunho de Deanna e do filho de Duralumínio mais uma vez Patrick se saiu como grande herói e ainda trouxe a maior quantidade de ouro que Ministério já vira na historia.
A Srta. Dale tentou animar Kingsley contando as intenções de Harry em descobrir mais sobre os Bruxos Zeelen; segundo seu informante alguma coisa havia acontecido entre Harry e Patrick. Os dois começavam a se afastar e Harry estava desconfiado que Patrick tivesse mandando alguém esvaziar os cofres dos envolvidos na conspiração.
– É hora dele saber tudo! – disse Kingsley. – Como eu o usei e como ele passou por muita coisa que não devia passar. Ele, Hermione e Rony...
– Não pode contar ainda! Ele está... Estamos finalmente perto de alguma coisa!
– Estamos no mesmo lugar desde o dia que começamos. É hora de eu fazer o que devia ter feito antes!
– Kingsley por favor... Acredito que Harry fará a diferença como você disse que faria, como você planejou.
O que Kingsley se referia a fazer não era contar alguma coisa a Harry. Na manha seguinte ele se preparou para enfrentar Patrick de homem para homem. Entraria para história como um Ministro da Magia fracassado e assassino, mas não se importava de acabar de manchar sua honra com o sangue de Patrick Rent.
A visita da Srta. Dale e Hermione tiraram sua concentração, mas não o fizeram mudar de idéia.
Minutos depois Kingsley dizia contra azarações junto a um grupo de Inomináveis para o corpo quase sem vida de Harry. Parecia que Harry fora esfolado vivo e junto com suas palavras Kingsley derrubava algumas lagrimas. Os olhos de Harry estavam fora das orbitas e apontavam de Kingsley para o lado. A vida do rapaz estava por um fio e Kingsley imaginava a dor que aquele movimento lhe custava. Ele finalmente se virou; Harry apontava Patrick abraçado a Hermione que chorava histericamente. A Srta. Dale também chorava com as mãos no rosto.
– A azaração! – repetia ela tremendo.
– Inversão... O corpo se inverte; os órgãos ficam para fora sem a proteção do esqueleto! – disse Kingsley se levantando. – É o que está acontecendo! Maldito Fargas...
Cobriram o corpo de Harry por completo; Hermione se desesperou quando o grupo o levou. Kingsley a tirou dos braços de Patrick e praticamente a jogou em cima da Srta. Dale.
– Leve-a daqui! – ordenou, mas a Srta. Dale mal se movia. – Leueen tire Hermione daqui agora!
– O que?
– Ela precisa ir! Entende?
– Claro... – respondeu a mulher amparando Hermione e a carregando pelo corredor.
– Garotas só atrapalham nessas horas! – disse Kingsley a Patrick que enxugava o ombro do paletó onde Hermione havia chorado. – Patrick, preciso que... se prepare para caso...
– Harry morrer?
– Sim. É uma azaração muito poderosa.
– Nossa! Achamos que esse dia nunca chegaria, não é?
– Fique aqui Patrick e cuide dos compromissos do dia. Tenho que me certificar... Preciso pensar no que dizer. – disse Kingsley controlando a vontade de matar Patrick ali mesmo.
– Seja objetivo senhor. – disse Patrick friamente.
– Estava pensando nos Weasley.
– Sim, claro isso deve ser dito pessoalmente. Pode escrever alguma coisa para os jornais, mas não pense nisso agora! Certifique-se que ele... só certifique-se...
– Tenho que ir.
– Não se preocupe com nada senhor. Deixe o Ministério por minha conta! – disse Patrick com confiança.
Kingsley o deixou e entrou em uma das lareiras, mas na verdade voltou para sua sala. Esperava que a Srta. Dale tivesse entendido suas intenções e levado Hermione para lá também; felizmente as duas estavam a sua espera; Hermione ainda chorando e confusa. Kingsley conjurou para as duas capas de viagem muito pesadas e as empurrou lareira adentro.
Algumas horas antes...
Harry e Hermione foram à sala da Srta. Dale muito cedo; ela acabara de chegar e ouviu toda a idéia que os dois jovens tinham elaborado.
– Ouvi dizer que a senhorita era uma pessoa racional, mas o que está me dizendo Srta. Granger...
– Srta. Dale – começou Hermione – quando eu e Rony aguardávamos os outros para buscar Harry na casa dos tios por acaso ouvimos Kingsley mencionar sobre os arquivos de Tom Riddle! A senhora sabe que esse tipo de arquivo deve estar em algum lugar aqui no Ministério.
– Não questiono a existência desse lugar; o que não posso entender é a maneira como pretendem chegar até ele! Isso é loucura!
– A sala do Ministro; a sala que Kingsley ocupa agora. – disse Harry. – Tenho certeza que o acesso é por lá! É o lugar mais seguro do Ministério! Só pode ser!
– Acha que pode entrar na sala do Ministro da Magia e procurar?
– Sim. A sala é protegida contra inimigos e eu sou amigo de Kingsley; assim como Hermione; ela vai fazer uma visita a Kingsley e eu vou com minha capa da invisibilidade dar uma olhada.
A Srta. Dale olhou Harry custando a crer que ele falava serio. Depois de muito pensar e despachar vários memorandos encarou Harry e Hermione.
– A senhora sabe que esse lugar existe. – disse Harry sorrindo.
– No chão da sala há símbolos do Ministério espalhados; alguns estão em relevo. No canto a esquerda há uma mesa com um vaso... Empurre-o.
– Entendi.
– Sabe que este é um prédio subterrâneo Harry. Só tem um caminho a seguir...
– Para baixo. Eu sei Srta. Dale! Estou preparado!
– Tem uma espécie de duende lá e você terá que passar por ele. Sei que é sensível a luz, mas tem um ótimo faro. Depois disso não sei o que tem pela frente. Só ouvi falar desse lugar!
– Não vai poder usar magia – disse Hermione – Kingsley saberá se usar. Vamos começar eliminando seu cheiro natural. Uma poção deve resolver. Vou arrumar os detalhes!
– Traga chocolate! Duendes gostam de açúcar.
– Ainda há outros problemas – disse a Srta. Dale a Harry quando Hermione saiu – se achar arquivo não poderá tocar nele. É um arquivo azarado por um grande bruxo!
– Já escapei de uma Maldição Imperdoável.
– Você não é invencível rapaz!
– Eu sei, mas terei mais tempo para trazer o arquivo. Quando a azaração se manifestar já saberemos a verdade. Meus amigos se livrarão desse peso na consciência e descobriremos mais pessoas ligadas a esse grupo que ainda podem estar por ai!
– Você tem certeza?
– Tenho! É isso que preciso fazer!
– Tem certeza que não vai fazer isso porque acha que pode fazer? Isso é muito importante não para você... se cometer algum erro...
– Sei que posso fazer. – disse Harry com convicção. – Devo isso à família Weasley e até ao Sr. Waxflatter.
Hermione trouxe a poção com o selo Slater e um acessório bem útil: sua bolsa de contas enfeitiçada. Empurrou a poção para Harry.
– Nem vou perguntar o que tem aqui?
– Eu bebi uma poção com seu cabelo e não reclamei! Vamos beba e tire a roupa.
– A roupa? É mesmo necessário?
– O cheiro da roupa; bem pensado. – concordou a Srta. Dale.
– O que mais tem ai?
– Uma lanterna, chocolate e um pouco de água. Coloque sua varinha também. Harry! Cubra-se com a capa!
– Desculpe! – disse Harry acabando de se despir sob a capa. Pegou a bolsinha de contas e pendurou no pescoço por de baixo da capa.
– Mostre a cabeça para eu desejar boa sorte. – disse Hermione se aproximando.
Harry deixou que a amiga o beijasse no rosto imaginando como Rony ficaria zangado se soubesse que ela o beijou enquanto estava completamente nu.
– Irei com vocês para ajudar distrair Kingsley. – disse a Srta. Dale respirando fundo.
Até chegar à sala de Kingsley os três tiveram que andar e pegar o elevador. O chão estava gelado e Harry imaginou o quão humilhante seria se fosse descoberto nu sob a capa seguindo a Srta. Dale e Hermione.
Não houve problema para Hermione entrar na sala de Kingsley; ele pareceu surpreso com a visita, mas contente. Harry localizou o selo no chão e bem devagar tocou de leve o vaso de flores de plástico; o selo se abriu para uma pequena escada. Harry se apressou em descê-la e o selo tornou a se fechar.
Mesmo com a lanterna continuou sob a capa. O chão continuava gelado e ele começou a sentir os pés adormecerem. Tentou acelerar o passo, mas em determinado momento a escuridão ficou muito maior que a luz da lanterna; Harry começou andar mais devagar. Em algum momento o piso virou terra e em mais alguns passos chegou a uma porta de madeira. Abriu o chocolate e o deixou no chão. Um tipo de duende sem olhos e com unhas enormes abriu a porta e farejou o doce; tateou o chão e sentou para comer; Harry passou por ele sem tocar a porta. Algumas pedras saltavam da parede formando degraus; saltando de um em um chegou a uma espécie e ante-sala. Um esqueleto estava caído a sua frente; Harry arrancou-lhe o braço e empurrou a porta seguinte com ele. Sentiu o duende passar por ele tentando agarrar a luz da lanterna. Harry a apagou; no escuro só ouvia o duende farejá-lo; várias vezes ele chegou muito perto; quando não ouviu e nem sentiu mais a presença da criatura começou a se mover deixando mais chocolate pelo chão para poder se afastar e acender a lanterna novamente. Tentou seguir uma linha reta até que, ao descer o pé, não sentiu o chão. A pouca luz iluminou só uma parte das inúmeras caixas empilhadas. Harry foi escorregando pelo barranco e chegou bem perto da primeira caixa. Felizmente havia letras bem grandes pintadas e ele pode saber que direção tomar.
– Letra Z... – pensou respirando fundo.
Como não havia muito espaço entre as caixas ele resolveu ir por cima; tirou a capa e a enrolou na cintura. Não havia sinal do duende.
– Agora a parte fácil...
Pulando de caixa em caixa e examinando suas laterais encontrou a caixa com a letra Z pintada em vermelho. Harry evitou olhar para os lados; a escuridão o envolvia e o deixou mais ansioso. Usou o braço do esqueleto como alavanca e tirou algumas tabuas do teto da caixa. Eram poucas pastas e Harry afastou uma das outras com os dedos do braço arrancado.
– Zeelen! Achei!
A pasta comum entre outras; ele estava a poucos metros de acabar de vez com um segredo de anos. Se usasse magia seria pego mais rápido; não havia outro jeito e ansioso Harry pegou a pasta com as mãos e a colocou sobre o teto da caixa.
– Tudo está aqui!
Zeelen, Bruxos (organização para execução de Artes das Trevas)
N° Protocolo: 15287621
Bruxo responsável:
Nota de urgência:
Eu, John Fargas com base na lei de Sigilo Necessário Para Casos Sem Solução disponho de autoridade...
– Aposto que inventou essa lei no mesmo dia seu bastardo. – disse Harry com raiva e continuou a ler.
Importante... A partir da atual data esse arquivo passa a ser azarado; qualquer leitura e/ou menção a detalhes representativos da historia...
A utilização de magia é reconhecida como toque pessoal do bruxo...
Harry abriu a pasta e leu o mais rápido possível o registro de Waxflatter sobre aquela noite.
– Hayyan Zeelen brilhante bruxo... Comprovado registro de atividades ilegais...
A voz de John Fargas surgiu de algum lugar
– Sugiro que deixe essa pasta no lugar onde a encontrou! Você tem trinta segundos...
– Vai pro inferno seu desgraçado! – gritou Harry correndo os olhos nas paginas do arquivo.
Harry lembrou detalhes que Hermione havia lhe contado do livro da biblioteca da Sra. Kessler.
– Crianças... crianças... crianças?
– Seu tempo está se esgotando! Cinco...
Harry largou a pasta e levantou as mãos. Acabara de ler um depoimento perdido há anos. Sentia-se eufórico e confiante. A pasta fora aberta e nada acontecera. Poderia ser aberta de novo por mais trinta segundos se a levasse com ele? Usaria magia dessa vez; isso atrairia Kingsley até lá.
– Seria mais rápido! Posso fazer de novo. Posso mostrar aos outros! Lumus Máxima!
Harry ficou de joelhos apontando a varinha para a escuridão; iluminou a pasta, mas não chegou a tocá-la novamente; as letras sumiram. Uma luz se formou sobre sua cabeça.
– Invertus! – soou a voz de Fargas.
– Não! Eu a fechei antes do tempo acabar seu velho canalha! Não! Nãooo!
– Qualquer leitura e/ou menção a detalhes representativos da historia... Estava escrito na capa.
Harry começou a sentir muita dor; tirou a capa da cintura parecia pesar uma tonelada e queimava sua pela; olhou paras as mãos e pode ver sangue, nervos e por fim os próprios ossos. Acabou caindo de cima da caixa. Viu Kingsley deslizar ao seu lado; sentiu o corpo suspenso no ar e a dor aumentar quando ele o jogou no chão de uma sala escura. Um grupo de bruxos se juntou a ele repetindo contra azarações. Harry não conseguia mais respirar, se mexer ou fechar os olhos. Começou a entrar em pânico.
– Estou morrendo... – quis dizer ao par de olhos castanhos que o encarava.
A pasta voltou sozinha para seu lugar entres os arquivos do Departamento de Arquivos de Alta Periculosidade do Ministério da Magia. Ligado diretamente ao Departamento de Mistérios.
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