Baby, can I hold you?



QUERIDO, EU POSSO TE ABRAÇAR?


 


 


 


 Querido Ronald,


 É tão estranho começar uma carta assim... Justo eu que costumava te dizer que as normalidades da vida nunca valiam a pena. Pois bem. Aqui estou eu, começando uma carta usando uma frase tão normal que chega a ser frustrante. Acredite, se eu soubesse como começar, teria escolhido uma saudação diferente.


 E se eu tivesse começado com “me desculpe”, teria lhe parecido mais adequado? Quem sabe se a carta tivesse apenas essa frase, as palavras não me seriam necessárias. Mas cheguei à conclusão de que uma simples frase não demonstraria com intensidade suficiente o que estou sentindo agora: triste, magoada, trocada, desiludida... Descartada no sentido literal da palavra.


 


Sorry


(Desculpe)


Is all that you can say


(É só o que você pode dizer)


 


 Dois meses depois do Natal do nosso sexto ano. Será que isso te lembra algo? Normalmente, você deve estar pensando que este foi o dia em que você finalmente conseguiu Hermione Granger. Nunca se passou pela sua cabeça que esse foi o dia que você magoou Lilá Brown...


 Bem, e pensar que ela conseguiu você de volta depois de todo esse tempo. E agora a magoada sou eu. Sinceramente, não sei como continuar depois disso. As palavras me fogem quando começo a falar de sentimentos com você, mesmo que seja por carta. Uma carta que nem sei se você vai responder.


 


Years gone by and still


(Os anos se passaram e ainda)


Words don’t come easily


(As palavras não vem facilmente)


Like sorry, like sorry


(Como desculpe, como desculpe)


 


 Será que foi alguma coisa que eu falei? Ou algo que fiz que te roubou de mim? Não me recordo de nenhum desacordo que tivemos que terminou sem uma resolução. E se te magoei, você nunca se queixou. Eu, por um acaso, esqueci alguma vez de lhe pedir perdão por uma briga que começou por culpa minha?


 Se esse foi o caso, peço que me perdoe.


 


Forgive me


(Perdoe-me)


Is all that you can say


(É só o que você consegue dizer)


 


 Sabe, nós sempre brigamos tanto, que às vezes eu nem levava à sério. E as coisas que nós diziamos nunca eram pra valer. Pelo menos assim eu pensava.


 Já nos separamos faz tanto tempo, que eu nem me lembro mais do motivo: uma briga, um sentimento, um esquecimento, uma mentira, uma verdade não dita... Não importa mais. A questão é que eu fui embora e... você não foi atrás de mim, como costumava fazer. E quando voltei para tentar uma reconcialiação, Lilá já havia ocupado o meu lugar.


 Não tenho palavras para descrever o que senti naquele momento. Talvez nem eu saiba. A raiva ocupava toda a minha mente.


 


Years gone by and still


(Os anos se passaram e ainda)


Words don’t come easily


(As palavras não vem facilmente)


Like forgive me, forgive me


(Como perdoe-me, perdoe-me)


 


 E mesmo depois de tudo isso, ainda sinto a sua falta. Talvez essa seja a única frase que deva ocupar essa carta. Sinto sua falta. Pois essa é a única coisa coerente que consegui te dizer até agora. O resto está tão confuso, que nem eu mesma consigo entender.


 Já fazem dois anos, eu sei. Quem sabe eu tenha chegado tarde demais, ou quem sabe você sinta a mesma vontade que eu. Talvez você já tenha se esquecido.


 Quando Gina me deu a idéia de escrever-lhe uma carta, pensei que seria para te convencer a voltar para mim. Mas creio que metade do que estou dizendo aqui, não seja o que você realmente queira ouvir. Ora, não posso fazer nada a respeito, se você não me diz o que quer ouvir de mim!


 


But you can’t say “baby”


(Mas você não pode dizer “querido”)


“Baby, can I hold you tonight?”


(“Querido, eu posso te abraçar essa noite?”)


 


 As vezes me pergunto se o problema real seja algo que eu deixei de te dizer. Ou algo que eu disse no momento errado. Ou as duas coisas juntas, o que torna tudo ainda pior. Sinto-me uma inútil em minha incapacidade de te entender. Você não é complicado, eu é que sou incapaz de te entender.


 


Maybe if I told you the right words


(Talvez se eu tivesse dito as palavras certas)


At the right time you’d be mine


(No momento certo, você seria meu)


 


 Podemos combinar, ainda, que eu não fui a única culpada.


 Eu tento, todos os dias, entender qual a minha parcela de culpa em toda essa história de abandono. E você? Tenta entender? Ou será que você já se esqueceu?


 Posso lembrar-lhe das estupidas atitudes que você costumava tomar quando ainda éramos um casal. Posso dizer-lhe todas as coisas más que você disse para mim, que me magoaram. Posso entender sua parcela de culpa. Mas será que você pode entender qual a sua culpa? Essa é a coisa mais importante.


 E mesmo depois de tudo isso, e depois de todo esse tempo, sinto-me péssima ao constatar que eu ainda te amo.


 


I love you


(Eu te amo)


Is all that you can say


(Isso é tudo o que você pode dizer)


 


 Não só me sinto péssima, como me dói dizer isso. Você não faz idéia, Ronald, de quantas vezes tive de reescrever essa frase para que ela pudesse ser escrita com perfeição nessa carta. Me custava admitir que ainda te amava. Mas já que estou aqui, não me custa admitir.


 Depois de todo o tempo que passamos juntos, eu ainda tenho dificuldades em dizer que te amo.


 


Years gone by and still


(Os anos se passaram e ainda)


Words don’t come easily


(As palavras não vem facilmente)


Like I love you, I love you


(Como eu te amo, eu te amo)


 Ainda te amo. Apesar de tudo. E, quem sabe, se eu tivesse lhe dito isso mais vezes, você ainda estaria aqui comigo.


 Carinhosamente,


 Hermione Granger.


 


But you can’t say “baby”


(Mas você não pode dizer “querido”)


“Baby, can I hold tonight?”


(“Querido, eu posso te abraçar essa noite?”)


Maybe if I told you the right words


(Talvez se eu tivesse dito as palavras certas)


At the right time you’d be mine


(No momento certo, você seria meu).


 


X&X


 


N/A: gente, anota ai: musica do Tracy Chapman – Baby can I hold you.


Eu recomendo, é muito boa.


 E eu não achei lá grande coisa, mas quem quiser comentar, será muito bem vindo.


Esse é um presente anônimo pra minha sogra, que fez aniversário na semana passada. Acho que ela não curte muito Harry Potter, sem falar que a fic nem tá em clima de aniversário, mas é essa a intenção do presente anônimo: a pessoa não sabe que ganhou o presente.


Enfim, parabéns pra minha sogra. Comentem em homenagem à ela.


Beijos.

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Comentários (1)

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