LEMBRANÇAS DA GUERRA II
Havia mais três informantes dos Comensais da Morte na Força Aérea. Havia asseclas de Voldemort no Profeta Diário, o principal jornal bruxo. E dois altos assessores do Ministro da Magia Florence Gatewood eram partidários das trevas. Essas informações foram obtidas depois de Toni M’Bea ter surrado Irena Miller e ter torturado depois os outros espiões que ela tinha denunciado.
Mas aquele gigante africano não estava bem. Ele havia descido ao nível daqueles que combatiam. A expressão satisfeita de Severo Snape quando ele disse que faria tudo o que fosse preciso o enojava.
Mas depois do já que havia visto e feito em seu continente, Toni deveria saber que o mundo não era um lugar justo. E isso o revoltava profundamente.
As denúncias públicas de que havia partidários de Voldemort no núcleo central do poder do Ministério da Magia criaram uma crise sem precedentes no governo bruxo. Pelo menos isso serviu para mostrar à população mágica da Grã-Bretanha o quanto o inimigo era ardiloso. Agora algumas pessoas já viam com desconfiança aqueles que propunham uma trégua. O prestígio da Ordem da Fênix e de Harry Potter voltou a crescer. Principalmente nas semanas que se seguiram ao enterro de Carlinhos Weasley.
- Ninguém está culpando você de nada, Harry – dizia muito sério Jorge após a cerimônia de sepultamento do irmão.
- Bellatriz Lestrange matou Carlinhos – disse Gina, segurando a mão de Harry – Você não deve se culpar por um crime cometido por aquela megera.
- Ele morreu para me proteger – disse Harry sombriamente, olhando Molly Weasley que ainda chorava copiosamente – Aquele Avada Kedavra era destinado a mim.
- Mais um motivo para você continuar vivo e não fazer nenhuma bobagem – disse Rony, que se aproximava do grupo, de mãos dadas com Hermione e envolvendo os ombros do amigo.
- Harry, não faça nada impensado – disse Hermione muito tensa, os olhos ainda inchados, mal recuperada das lágrimas derramadas durante o enterro.
“Não, Hermione, dessa vez, quando fizer alguma, eu pensarei bastante” – pensou o jovem, ainda com o ar sombrio que ostentava desde a morte do irmão de Rony e Gina.
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- Eles são apenas crianças, Helga. Crianças! – repetia Toni M’Bea sem parar.
Dumbledore havia trazido a esposa do bruxo africano para o acampamento, preocupado que estava com o líder da Força Aérea. Ter os seus métodos aprovados por nada mais, nada menos do que Severo Snape, indivíduo que ele detestava, o estava destruindo psicologicamente. E o olhar perdido de Harry Potter o preocupava muito. Essa maldita guerra tinha que acabar!
- Você também fez coisas impressionantes quando tinha a idade desses rapazes e moças, Toni – disse Helga numa tentativa de tranqüilizar o marido.
- Porque eu era um idiota metido a rebelde e não porque precisasse salvar o mundo – respondeu.
- Eu preciso lembrar quem você salvou, querido? – disse a mulher, abraçando-o.
- Não, Helga, foi você quem me salvou. Como você está fazendo agora – disse tomando-a nos braços e beijando a mulher com paixão.
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- É perigoso demais – dizia Toni preocupado.
- E você conhece alguém mais capacitado para missões perigosas? – perguntou Harry Potter de maneira desafiadora.
- Podemos mesmo acreditar na informação? – perguntou Rony desconfiado.
- Vocês sabem que eu confio em Snape tanto quanto eu confiaria num basilisco africano – respondeu Toni – Mas, honra seja feita, todas as informações que ele nos deu até agora foram seguras. Não sei quem é o informante dele junto a Voldemort, mas tem sido de grande valia.
- Sim, inclusive aquela armadilha no vilarejo bruxo – desdenhou Harry.
- Bem, aquela informação também foi espalhada pelo vilarejo. Não creio que o “morcegão” soubesse que era uma armadilha para pegar você - replicou o bruxo mais velho, tentando ser justo – De qualquer maneira, eu preferia que os gêmeos, Luppin e outros fossem até o local.
- POR QUE? – perguntaram Rony e Harry ao mesmo tempo, indignados.
- Porque eles adorariam matar o Eleito e seu melhor amigo – disse Toni contrariado - Porque pode ser outra armadilha, porque eu não confio tanto assim no Snape. Porque a morte do Eleito faria as pessoas perder a fé que podem continuar resistindo. Essas razões são boas o suficiente para vocês? – perguntou, visivelmente aborrecido.
- Pensei que você não acreditasse nessa conversa de “eleito” – disse Rony.
- Francamente, Rony – respondeu o africano – Você acha que o que eu acredito é importante nesse momento? As pessoas acreditam que Harry é o Escolhido. Voldemort acredita nisso. E esse é o problema. Voldemort acredita nisso! - repetiu como se fosse algo para fixar na memória.
- Eu não gostaria que Rony fosse, Toni. Mas eu irei. Eu respeito muito você, mas você não pode me impedir – falou Harry de maneira decidida.
- Eu sei que não – disse Toni muito sério – E você iria de qualquer jeito. O que eu lamento.
- E nem pensem em me deixar de fora – completou Rony.
- Eu vou ter que lamentar duplamente então – concluiu o africano.
- Eu também vou, é claro – disse uma muito decidida Gina Weasley que havia entrado naquele momento na barraca que servia de alojamento para o irmão e o namorado.
Toni M’Bea suspirou longamente. OK. Iria ter que lamentar muito! E eles eram apenas garotos!
Aquela missão representou uma vitória psicológica importante para os que se opunham a Voldemort. As pessoas passaram a acreditar realmente que podiam ganhar a guerra. Eles haviam destruído um importante esconderijo dos Comensais da Morte e descoberto documentos que implicavam muita gente que aparentava uma postura neutra na guerra. Isso desmoralizou mais ainda os partidários de uma trégua com o bruxo das trevas. O mundo mágico começava a desconfiar seriamente daqueles que defendiam um acordo. Se antes eram vistos como pessoas sensatas, agora todos os defensores da tal trégua passaram imediatamente à condição de suspeitos de alianças espúrias com os Comensais de Voldemort. Apesar de tudo, o covarde do Gatewood continuava deixando uma porta aberta secretamente para a negociação com “você-sabe-quem”.
Mas o mais importante havia sido a captura de Belatrix Lestrange, temida Comensal da Morte e tida como tão cruel e quase tão poderosa quanto o seu mestre.
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Bellatriz Lestrange havia sido encurralada. Krum e M’Bea haviam lançado feitiços ante-aparatação. A megera desprezível já havia matado dois combatentes e disparava feitiços a esmo, dificultando a aproximação dos demais. Harry conjurou um escudo que rebateu as maldições lançadas pela bruxa e a estuporou. Ou pelo menos assim havia imaginado. O problema é que a mais fiel partidária de Voldemort usava um manto encantado que a protegia da maioria das azarações. O feitiço que o “garoto que sobreviveu” lançou, entretanto, foi tão forte que ela caiu atordoada, dando a todos a impressão de estar fora de combate. Todos conheciam a potência dos feitiços lançados por Harry.
- Harry? – chamou Gina, preocupada. Ela havia azarado, estuporado, arranhado e chutado comensais para chegar até o garoto que amava. A princípio, feliz por vê-lo vivo e inteiro, a ruiva correu para abraçá-lo. Nesse momento viu o movimento furtivo da bruxa das trevas. No instante seguinte atirou-se sobre Harry, recebendo, próximo às costelas um jato negro que lhe rasgou as vestes e fez o sangue jorrar. Certamente o feitiço seria fatal se a atingisse, ou a Harry, de maneira frontal.
A reação desse foi instantânea. Mais tarde haveria muitos exageros para descrever o que ocorreu ali, naquela região remota da Inglaterra. Mas de qualquer maneira foi impressionante. Dois raios prateados saíram dos dedos desarmados de Harry e todos tiveram a impressão que seus olhos verdes escureceram nesse momento. Um dos raios decepou a mão de Bellatriz, que segurava uma segunda varinha, que como Irena, certamente a havia escondido nas vestes. O segundo dilacerou o lado direito do rosto da bruxa, que caiu, agora sim, realmente desacordada, com parte do seu outrora belo rosto destruído e o olho direito perdido para sempre. Harry ofegava, segurando, preocupado, Gina em seus braços. Um vento frio soprou e todos olharam o jovem bruxo com espanto.
Mais tarde, ainda preocupado com a namorada, cuidada por Hermione, Harry dizia aos amigos, curiosos em saber sobre o feitiço lançado contra Lestrange, que não fazia a menor idéia de como o havia invocado. O que era a mais absoluta verdade.
- Toni, você que é um sujeito religioso, me faça um favor – dizia Krum, com seu tradicional ar carrancudo.
- Favor, Vitor? – perguntou distraidamente o africano, ainda olhando intrigado para Harry. Aquela demonstração de magia era uma das mais impressionantes que ele havia visto. E sem varinha.
- Agradeça ao cara lá em cima pelo fato do garoto aí estar do nosso lado – concluiu o búlgaro, apontando espantado para o Harry Potter.
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- Você tem idéia de como eu fiquei preocupado? Que idéia foi aquela de se lançar na frente de um feitiço das trevas? – perguntou Harry aborrecido. Se fosse morresse, Gi, eu...
O jovem bruxo não conseguiu dizer mais nada. Segurou a mão da namorada e começou a chorar silenciosamente.
- Mais duas pessoas morreram hoje – disse depois de um momento – Você viu o que escreveram no Profeta Diário? Que eu, Dumbledore e Toni levamos crianças para a morte.
- Harry – disse Gina na voz mais calma e compreensiva que conseguia articular naquele momento. Suas costelas ainda doíam, mas Hermione, improvisada como enfermeira, havia garantido que ela estaria boa em dois dias – Você não deve se culpar pelas mortes. Certamente quem escreveu isso deve ser um daqueles asseclas de “você-sabe-quem”. Venha aqui... – disse a garota, afastando-se um pouco e abrindo espaço na estreita cama que ocupava.
Meio desajeitado, Harry sentou-se ao seu lado, afagando gentilmente o seu rosto. Gina sabia que esse era o verdadeiro Harry Potter. Não o “garoto que sobreviveu”, ou o Escolhido. Mas o garoto tímido, que sofria a cada morte, que se preocupava com ela e com os amigos.
- Ei, pode me abraçar, garoto – brincou na ruiva – Eu não vou quebrar, sabe? Precisa de mais de uma Comensal da Morte para isso.
- Sabe que eu tenho inveja do Toni? – perguntou Harry, enxugando as lágrimas, irritado consigo mesmo por aquela demonstração de fraqueza. Como Gina o olhava intrigada, o garoto continuou – Ele faz o que precisa ser feito. Sem remorsos. Sem choros. Eu sou patético...
Gina deitou-se na cama, trazendo o namorado para junto dela, afagando seus cabelos rebeldes.
- Você não se diminui por ter sentimentos, Harry – disse Gina de maneira compreensiva – A propósito: Helga veio me visitar ontem.
- Sério? – disse Harry um pouco mais animado – Eu nem sabia que ela estava no acampamento.
- Dumbledore a trouxe. Suponho que ele tenha percebido que Toni precisava desabafar com alguém.
- Desabafar?
- Sim, Harry, desabafar – disse Gina impaciente – Todos nós precisamos fazer isso de vez em quando. E...bem, talvez outras coisas, uma vez que ela passou bastante tempo a sós com o marido.
Ambos riram ligeiramente constrangidos. Eles também estiveram muito perto de “fazer outras coisas” nesses meses de convivência na Força. Gina estava um tanto sonolenta, efeito da poção que havia tomado contra a dor. Estava prestes a cair no sono, mas ainda tinha algo importante para dizer àquele moreno de olhos verdes.
- Helga me contou o que Toni fez depois de torturar aqueles traidores. Sabe o que foi?
- Suponho que tenha assobiado uma daquelas canções africanas, tomado um cerveja amanteigada, feito amor com a esposa... – ia dizendo Harry, tentando soar indiferente. Ele também estava começando a ficar sonolento.
- Talvez ele tenha feito isso também – replicou Gina – Mas o que Helga me disse foi que ele chorou como um bebê.
- Ele o quê? – perguntou Harry espantado. Não que ele julgasse negativamente uma pessoa por chorar. Sobretudo com as tensões da guerra. Mas não conseguia imaginar aquela fortaleza que era M’Bea derramando lágrimas.
- Chorou, Harry. O cara que você acha um super-homem chorou como uma criança. Essa droga dessa guerra o afeta tanto quanto a qualquer um. Então não se envergonhe de chorar perto da sua garota. Eu não o acho patético por isso. Ah, e venha dormir.Eu não vou deixar você ir embora!
Gina puxou Harry para mais perto dela e ambos se ajeitaram da melhor maneira possível no pouco espaço da cama.
Mais tarde, quando Rony foi visitar a irmã, junto com Hermione, olhou contrariado os dois dormindo abraçados. Pensou em fazer um escândalo, mas um olhar de censura da namorada o calou. Depois, ele mesmo não estava tão indignado quanto fingia estar. A imagem de Harry dormindo nos braços de Gina evocava sentimentos muito mais fraternais do que propriamente lascivos. O ruivo ajeitou o cobertor sobre os dois e deu um beijo na face da irmã, que fez uma pequena careta e apertou mais ainda o namorado contra si.
- Esses dois não tem jeito! – disse mais para si mesmo do que para a namorada.
- Venha, Rony – disse Hermione ternamente – Eles já provaram que são bastante responsáveis. E estão lindos dormindo desse jeito! Parecem duas crianças.
- Espero que sejam apenas duas mesmo – disse baixinho Rony, enquanto fechava a barraca com um feitiço de isolamento.
- Rony! – exclamou Hermione chocada, dando um tapa no braço do namorado.
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- Tá legal, desembucha! – disse Harry, segurando o amigo pelo braço e arrastando-o para uma área deserta do acampamento. Há dois dias Rony mal falava com ele e com Gina.
- O que você anda fazendo com a minha irmã, Potter? – perguntou o ruivo com o semblante carregado, desempenhando de novo o papel de irmão superprotetor.
- Potter? – perguntou Harry indignado – Desde quando você me chama pelo sobrenome?
- Desde que você começou a dormir com a minha irmãzinha, talvez... – respondeu o ruivo de maneira sarcástica.
- Seu trasgo idiota! – xingou Harry, indignado – Eu dormi com a sua irmã, entendeu? Dormi , apenas! Nós infelizmente não fizemos nada. E eu não forçaria Gina a fazer nada que ela não quisesse. Você acha que eu sou o que? Um pervertido sexual? Eu fico controlando o que você e Hermione fazem?
- É diferente... – ia dizendo Rony, começando a perder o ímpeto inicial.
- Diferente por que? – perguntou Hermione, que ouvindo a discussão do amigo e do namorado, resolveu intervir – Harry nunca perguntou para você se nós dormimos juntos. E eu falo dormir de outro jeito, se é que você me entende. E, sim, Harry, eu e Rony dormimos juntos.
- Mione! – repreendeu-a o ruivo, o rosto quase tão vermelho quanto os cabelos. Harry segurava o riso.
- Ah, vejo que você ficou embaraçado... – disse-lhe a namorada de maneira sarcástica – Isso talvez ensine você a não se meter onde não é chamado. E você deveria confiar mais na sua irmã e no seu melhor amigo!
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Três dias mais tarde receberam A INFORMAÇÃO, como ficaria conhecida depois a localização dada por Draco Malfoy do esconderijo de Voldemort a Severo Snape. Os pais do jovem sonserino haviam sido, ao que parecia, mortos pelo Lorde das Trevas. As razões que levaram o Lorde a se desentender com os Malfoys continuavam um mistério até os dias atuais.
Harry exigiu uma reunião a sós com M’Bea e Rony. Haviam organizado há algumas horas os planos para o ataque à fortaleza de Voldemort. O pedido do rapaz era estranho, uma vez que cabia ao africano convocar reuniões, públicas ou privadas e aparentemente todos os planos já estavam traçados. Rony estava ainda constrangido pelo ataque do dia anterior e tentou desculpar-se com o amigo.
- Esqueça, Rony – disse Harry – Eu sei que você se preocupa com a sua irmã. E é sobre Gina que eu queria discutir com vocês. Eu também me preocupo com ela.
- Eu também tenho que participar dessa conversa? - Perguntou Toni surpreso.
- Você principalmente, Toni – explicou Harry – Eu quero Gina fora dessa missão.
Rony e o africano ficaram calados por um longo tempo. Rony arrependido das coisas que dissera ao amigo no dia anterior. Era óbvio que Harry amava sua irmã, do contrário por que ele iria poupá-la de uma missão que sabia vital e que a presença de Gina seria importante? Toni apenas refletia. A ruiva faria falta, sendo a boa piloto de vassoura que era, além de uma bruxa extremamente habilidosa em azarações e feitiços de combate. Por outro lado, entendia a posição de Harry. O jovem ainda se corroía por causa da morte de Carlinhos. Certamente não suportaria perder a garota. M’Bea odiava tomar decisões como essa! E inegavelmente a ruiva distraía Harry.
- Quem vai dar as más notícias? – quis saber o ruivo. Conhecia muito bem a irmã. Sabia que ela não aceitaria pacificamente ficar de fora do assalto à suposta fortaleza do “Lorde das Trevas”. Principalmente quando os irmãos, amigos e o namorado arriscariam a vida.
- Você conhece a Gina, Rony! – disse Harry impaciente – Você acha mesmo que ela vai aceitar? Eu pessoalmente vou tirá-la do caminho.
Quando M’Bea encarou Harry preocupado, o jovem bruxo automaticamente se defendeu:
- Eu não vou permitir que outro Weasley morra, Toni! Não adianta tentar me convencer.
- Não era isso que eu estava pensando – retrucou Toni calmamente – Eu também acho melhor Gina ficar para trás se você vai ficar o tempo todo preocupado em salvá-la. Eu sei que vocês se amam e eu acho isso extraordinário, mas eu vi como ela distraiu você contra a Lestrange. E você precisa estar com toda atenção voltada para o “cara de cobra”.
Como o semblante do homem negro continuava carregado, Rony perguntou:
- E o que mais o preocupa, Toni?
- O depois.
- Como assim? – quis saber Rony.
- Se eu conheço a pequena Weasley, e eu acho que a conheço bem depois de meses de convivência, eu suspeito que ela vai odiar o Harry por poupá-la dessa forma. Todos sabemos as suas boas intenções. Mas, ela vai compreender?
- Não sei, Toni – disse Harry decidido – Talvez ela passe a me odiar. Talvez ela não compreenda o que vou fazer, mas ela estará viva. Isso é o que importa pra mim nesse momento.
Tocado com a decisão tomada pelo amigo, Rony levantou-se e abraçou Harry.
- Boa sorte, companheiro – disse com voz embargada, vendo o “garoto que sobreviveu” se afastar para fazer o que tinha que ser feito.
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- Encontro romântico? – perguntou Gina sorrindo. Harry estava visivelmente nervoso. Estavam na tenda do rapaz, que havia sido selada com um feitiço. Rony estranhamente não estava por perto. Ela julgou que a bronca que Hermione havia dado no namorado havia sido suficiente para o ruivo parar de bancar o irmão mais velho ciumento e superprotetor. Dali a algumas horas eles iriam sair na missão mais perigosa de todas, que talvez decidisse a guerra. Ela julgou que o moreno queria algum tempo a sós com ela.
- Você confia em mim? – perguntou-lhe Harry, visivelmente tenso.
- Claro que confio! – afirmou a garota - Eu confiaria minha vida a você – disse se aproximando do jovem bruxo e abraçando-o – Você não precisa ter medo de me machucar – sussurrou no seu ouvido. Equivocadamente ela julgava que Harry a havia chamado ali e despistado ou dispensado o irmão para que eles pudessem dar uma passo decisivo em seu relacionamento.
Gina o beijou de maneira apaixonada. Harry não teve como não retribuir. Sentiu o perfume dos seus cabelos, o seu hálito doce. A sensação de vertigem o invadiu nesse momento. Puxou a ruiva até a cama estreita, envolvendo-a nos braços.
- Eu sempre amei você – disse a garota, as faces coradas e uma mecha do belo cabelo ruivo caindo-lhe sobre os olhos. Ela era linda, pensou Harry. Mas, de alguma forma, a declaração de amor de Gina o trouxe de volta a realidade.
Gina sorriu quando o namorado se afastou um pouco e abriu a jaqueta que usava sobre o macacão de couro de dragão. Imaginando que fosse se despir da roupa, apreciou com interesse o movimento feito por ele. Foi a última coisa que viu. Acordou horas depois no St. Mungus. Zonza, viu que Hermione a olhava preocupada. Demorou pouco tempo para que que entendesse o que havia se passado. Harry a havia desacordado com um feitiço.
Ele a havia tirado do caminho. O maldito Escolhido havia bancado o herói novamente. E nesse momento Gina o odiou com todas as suas forças.
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