REVELAÇÕES

TRÊS ANOS ATRÁS:

No final do sexto ano de Gina em Hogwarts a guerra explodiu de maneira declarada. Na primeira semana de conflito, setenta e dois bruxos e um número imenso de trouxas foram mortos. Os poucos trouxas que sabiam da existência do mundo mágico queriam reagir a qualquer custo, o que significava usar tudo em matéria de armas. Não era mais como na Idade Média, onde eles possuíam apenas flechas, lanças, espadas e fogueiras. Cogitavam mesmo usar armas nucleares, uma vez que os partidários das trevas possuíam gigantes, dementadores e até dragões.

Florence Gatewood, o novo ministro da magia do Reino Unido, que assumira na segunda semana do conflito após o assassinato do seu antecessor, era um completo idiota. O pai de Gina dissera sombriamente que aquele sujeito os faria ter saudades de Cornélio Fudge, até então considerado o ministro da magia mais incompetente da história. O ministro morto queria resistir de qualquer forma, mas era contra engajar civis no conflito. Gatewood, por sua vez era um fraco. Pressionado pelo ministro dos trouxas, havia pedido um prazo para resolver o impasse da guerra. Enquanto isso os Comensais da Morte prosseguiam com o terror e conseguiam cada vez mais apoio, obtendo adesão através da chantagem, da covardia ou do oportunismo das pessoas.

Foi então que algo aconteceu. Ou melhor, “alguém” aconteceu. Num ataque dos Comensais a uma vila trouxa, Harry Potter, comandando um grupo de estudantes, parte expressiva do que viria a ser a “Força Aérea”, repeliu o ataque, matou cinco partidários de Voldemort e capturou outros cinco. Na verdade havia sido a Ordem da Fênix, organização liderada pelo diretor de Hogwarts, Alvo Dumbledore, quem organizara a defesa. Embora a situação continuasse crítica, esse simples episódio ascendeu as esperanças no coração daqueles que rejeitavam o Lorde das Trevas.

Harry Potter, o “Escolhido”, passou a ser cantado em prosa e verso e tornou-se o símbolo da resistência contra as trevas. Muitos bruxos exigiam que o cargo de primeiro ministro fosse entregue ao velho professor e que o jovem Potter liderasse a resistência. O ministro vacilava. Em público manifestava apoio a Harry e a Dumbledore, mas discretamente procurava controlar a Ordem da Fênix, pois temia perder o seu poder. E nos bastidores, sua assessora especial, Dolores Umbridge negociava uma trégua com Voldemort.

Felizmente as ações cada vez mais audaciosas de Harry sob a supervisão da Ordem da Fênix deram novo alento ao mundo mágico. Toni M’Bea, famoso batedor da seleção de quadribol de Uganda filiou-se à resistência, bem como Vitor Krum, Terry Cole, Angelina Johnson e outros jogadores de quadribol de várias nacionalidades que estavam na Inglaterra na época. E o africano M’Bea sugeriu a formação da Força Aérea.
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Havia fugido de casa, pois sua mãe queria proibir que participasse ativamente do conflito. Não, ela não era boa como Hermione em feitiços de cura. Não era boa com ervas como Neville ou tinha a facilidade de sua amiga Luna com poções. Portanto não iria servir no St. Mungus, que havia se transformado num verdadeiro hospital de campanha. Não que ela não considerasse importante tratar dos feridos. Acontece que Gina Weasley, 17 anos, portanto maior de idade no mundo mágico, era boa em azarações e voava muito bem. Talvez só seu amado Harry Potter voasse melhor do que ela em Hogwarts. Então ela não iria ficar de fora da luta propriamente dita. Não quando seus irmãos e o garoto que amava arriscavam o pescoço.

A localização do acampamento ela conseguira a muito custo com Hermione. Havia azarado dois sentinelas idiotas que não acreditavam que ela fosse quem declarava ser. Então três garotos e uma moça um pouco mais velha que faziam parte da Força conseguiram dominá-la e conduzi-la, entre xingamentos, pontapés e arranhões até o líder do acampamento, Toni M’Bea.

Em outra situação talvez a ruiva lhe pedisse um autógrafo. Ele era um ídolo de todos aqueles que gostavam de quadribol. E era também um sujeito impressionante. Gina nunca o havia visto pessoalmente. Certamente tinha uns dois metros de altura e uns cento e cinqüenta quilos de puro músculo. Usava um macacão de couro de dragão e a garota pôde perceber alguns olhares de cobiça das moças que estavam próximas a eles. Ela provavelmente também o acharia bonito se não estivesse tão furiosa e se não estivesse tão ansiosa para encontrar um certo bruxo moreno de olhos verdes.

A garota mais velha a havia imobilizado finalmente com um feitiço e os demais olhavam divertidos aquela ruiva bonita, que tinha os cabelos vermelhos despenteados e um ar bastante rebelde.

- O que estão olhando, seus panacas? – rugiu em direção a dois garotos que conhecia vagamente de Hogwarts.

- Chame Potter e Weasley – disse o africano para uma garota loira, provavelmente da idade de Gina.

Passaram-se alguns minutos tensos nos quais a jovem encarava de maneira hostil o homem negro, que parecia se divertir muito com a sua raiva.

- Se você for mesmo Gina Weasley, acho que sua mãe vai te matar antes do Lorde das Trevas – disse calmamente o homem mais velho com uma voz que lembrava um trovão numa noite calma de verão.

Então o coração de Gina parou de bater por alguns segundos e depois se acelerou descontroladamente. Vestindo um macacão igual ao do africano, Harry caminhava em sua direção, tendo Rony a seu lado. Ela queria abraçar os dois, mas a azaração permitiu apenas que caísse no chão sem nenhuma dignidade, expondo as suas pernas, para a alegria dos marmanjos em volta, que, entretanto, disfarçaram quando olhares gélidos do irmão e do namorado caíram sobre eles.

Com um gesto de varinha, M´Bea prendeu apenas as suas mãos e a ajudou para que levantasse e saísse da posição ”reveladora” em que se encontrava.

- Prove que é Gina Weasley – disse Rony se aproximando dela nesse momento. Um pouco atrás do irmão, tinha certeza que Harry tinha também vontade de abraçá-la. Mas naqueles tempos difíceis todo cuidado era pouco. Os bruxos das trevas usavam a poção polissuco para se infiltrar na resistência com a mesma freqüência que os outros bruxos tomavam suco de abóbora.

- Bem, vejamos – disse num sorriso travesso – Quem mais saberia das revistas trouxas de mulheres nuas que você guardava em baixo do colchão quando tinha treze anos?

Mesmo sendo noite e a única luz disponível provir de tochas, era visível a cor escarlate no rosto do irmão. Harry abafou o riso. Era Gina mesmo. O rapaz percebeu quando ela sorriu. Nenhuma poção conseguiria imitar aquele sorriso. Toni M’Bea, entretanto, iria aproveitar para azucrinar Rony. Claramente se divertindo muito com tudo aquilo, o africano falou fingindo seriedade:

- Não sei se estou convencido. Que tal você contar mais algumas coisas do nosso amigo?

- Eu poderia contar sobre aquele livro que o Rony comprou depois que começou a namorar Hermione...

- NÃO SE ATREVA, GINEVRA MOLLY WEASLEY! – gritou o ruivo.

- “Como controlar a sua ansiedade sexual tendo uma namorada bruxa jovem e bonita”.

- JÁ CHEGA! – decretou o irmão, fuzilando com os olhos o africano que havia se sentado no chão de tanto rir. Como conheciam o gênio do ruivo, todos foram se afastando, alguns segurando o riso, outros gargalhando descaradamente. O assunto das leituras de Rony tornaria o acampamento menos sombrio nos dias subseqüentes.

Assim que se viu livre, Gina pulou sobre Rony enchendo-o de beijos. O ruivo não sabia se retribuía os carinhos da irmã ou se a azarava pela sacanagem que fizera com ele.

- Eu odeio admitir, mas senti muito sua falta, seu grandalhão bobo. E esses são os que a Hermione mandou – disse, dando-lhe uma nova seqüência de beijos.

Rony não teve outro remédio senão sorrir. Sua irmã era mesmo incontrolável. Tinha muita pena do seu amigo nas mãos dessa ruiva. Depois de ajeitar uma franja da garota que lhe caia teimosamente sobre o rosto, o rapaz afastou-se, olhando significativamente para Harry. A última coisa que precisava era presenciar sua irmã e seu melhor amigo se agarrando.

Gina não apenas abraçou Harry. Ela o sufocou. Era incrível como aqueles braços delicados poderiam ter tanta força. Sem dúvida ela havia herdado da mãe a habilidade para abraços calorosos e sufocantes. E erguendo-se até a altura do rosto do namorado, beijou-o com paixão. Depois, quando desgrudou os seus lábios do rapaz moreno para que ele respirasse, sussurrou no seu ouvido:

- Você fica muito gostoso nessa roupa.
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HOJE:

Hermione conhecia Rony mais do que a si mesma. Ela sabia que o rapaz não a procuraria na casa dos pais, onde não era exatamente bem vindo, se não fosse uma emergência. E emergência era normalmente o apelido de Harry Potter.

- Você precisa vê-lo, Mione – disse o ruivo tenso – O caso parece grave.

- Não há médicos no mundo bruxo? – perguntou o pai de Hermione contrariado.

- Eu sou médica, lembra? – respondeu-lhe a jovem, com visível ar de desafio. Havia desaparatado e segundos depois aparatou com uma camisa larga, jeans e sua maleta com instrumentos médicos mágicos. E virando-se para os pais, que assistiram silenciosos a movimentação da filha, sentenciou:

- Depois nós continuamos a conversa.

- Lá vai você... – ia reclamando a Sra. Granger.

- Harry Potter é meu melhor amigo e precisa de mim – cortou-a a Hermione – Para aonde, Rony?
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Se Helga fosse religiosa como o seu esposo, rezaria nesse momento para que Hermione chegasse rapidamente. Havia tratado dos cortes de Harry, mas obviamente esse não era o seu principal problema. Quando estudou enfermagem nos Estados Unidos havia trabalhado algum tempo como voluntária numa clínica que tratava de dependentes de drogas. Os sintomas eram óbvios, embora não estivesse relacionado a nenhuma substância que ela conhecesse. Toni havia feito um feitiço de localização e encontrado apenas alguns frascos de uma substância que ele e Rony reconheceram como um estimulante usado no mundo mágico como antidepressivo. Segundo os parcos conhecimentos dos dois bruxos, esse remédio não era tão forte assim e havia apenas mais um vidro, além daquele com qual Harry havia se ferido. Havia também dois recipientes vazios de um remédio com cheiro levemente ácido que os bruxos não souberam identificar. Seria essa a droga que atormentava o amigo e da qual ele havia ficado dependente?

Lentamente Harry abriu os olhos. Ainda estava incontrolavelmente trêmulo. Estava no seu quarto e não se lembrava como havia chegado nele. Tinha um curativo no braço e nem mesmo se lembrava o que havia produzido o machucado que ardia incomodamente. Quando tentou se levantar, dois braços delicados, mas firmes fizeram pressão para que continuasse deitado. Helga olhava para ele preocupada. Percebendo subitamente que vestia apenas uma sunga, o jovem procurou por alguma coisa que o cobrisse, mas foi tranqüilizado pela amiga.

- Nem pense em se levantar, Harry – disse maternalmente. E vendo o embaraço a procura de roupas, acrescentou de maneira brincalhona: - E não precisa se envergonhar. Você não tem nada que eu já não tenha visto antes. Sabe como é... Enfermeira formada, casada há mais de dez anos, dois filhos homens. Decididamente, ver um homem jovem de sunga não me ofende tanto assim.

De qualquer maneira, Harry preferiu cobrir-se com um lençol, uma vez que não tinha cabeça nem raciocínio para encontrar roupas descentes naquele momento. Então dois estalos foram ouvidos e Hermione e Rony aparataram no quarto. Hermione não parecia muito feliz com ele. A expressão que tinha no rosto era a mesma que ele já vira tantas vezes quando ela estava inconformada com alguma desobediência às regras, tantas vezes praticadas por ele e por Rony em Hogwarts. Mas ao invés da bronca que imaginava ouvir, a bruxa aproximou-se da cama e o abraçou. Ela estava chorando. Harry também teve que lutar contra um nó que lhe subia pela garganta. Magoar ou entristecer os amigos era pior para ele do que todos os feitiços que havia recebido na guerra.

- Por que você não me falou, Harry? – disse Hermione – Eu poderia ter ajudado você, seu idiota!

- Hermione, por favor, não chore.Eu não queria preocupar vocês, eu não queria que vocês...

- Harry, querido – interrompeu-o energicamente a jovem medibruxa. Ele estava visivelmente confuso, Hermione sabia. Dar explicações naquele momento apenas poderia piorar o seu estado de confusão mental – Faça um favor a todos nós: cale a boca!

A última frase, entretanto, foi dita sem a menor hostilidade. Hermione novamente começou a demonstrar toda a usa eficiência como curandeira, fazendo vários instrumentos examinarem o amigo pela segunda vez em poucos dias. Harry não tinha disposição ou ânimo para contrariá-la.

- Vamos, beba isso – disse Hermione após concluir os exames, estendendo-lhe uma poção.

- Mas isso não é...

- Exatamente. Você ainda não está pronto para se livrar dela.

Imediatamente Harry mergulhou num mundo escuro sem sonhos. Nem mesmo notou Hermione, preocupada, passar as mãos nos seus cabelos, como faria uma mãe com um garoto levado, que enfim houvesse sido colocado para dormir. Ou uma certa ruiva entrar subitamente no quarto e ser impedida pela amiga de se atirar sobre ele. De maneira irracional, Gina Weasley achava que Harry Potter nunca estaria suficientemente protegido a não ser nos seus braços.
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- Eu ainda acho que Malfoy é culpado! – afirmava Gina categoricamente. Ela precisava pôr a culpa em alguém. Do contrário ela própria se sentiria culpada. A pouco menos de três anos atrás dissera coisas horríveis para Harry quando o então namorado a procurara. Depois disso, passaram muito tempo longe um dos outro. De alguma maneira ela se sentia culpada por reencontrar Harry tão magro que nem parecia um atleta profissional, com crises de “ausência” e agora, descobriria, dependente químico, algo muito raro no mundo bruxo.

Gina havia combinado há uma semana passar no apartamento do irmão e do amigo para acertar com Rony os detalhes do grande jogo de quadribol que se realizaria no sábado seguinte. O GRANDE JOGO POTTER/WEASLEYS teria sua segunda edição. No ano passado havia sido apenas um evento imaginado por Harry e pelos gêmeos Fred e Jorge para arrecadar fundos para as instituições que ajudavam as vítimas da guerra. Havia, entretanto, feito tanto sucesso que todos exigiram que se tornasse anual. O jogo desse ano havia sido incluído no calendário dos grandes eventos bruxos da Grã-Bretanha e turistas dos Estados Unidos e do Japão disputavam no mercado negro os poucos ingressos disponíveis. Estariam presentes os Weasleys, Potter, M’Bea, Krum enfim, toda a nata do quadribol.

No ano passado ela preferiu adiar a sua volta para a Inglaterra, pois não estava pronta para reencontrar Harry. Nesse ano, entretanto, era uma das mais animadas com o evento, prontificando-se a ajudar na sua organização. Toda essa animação ruiu por terra, quando encontrou o irmão e Toni com cara de enterro e soube que Helga e Hermione cuidavam de Harry.

Pensou seriamente em azarar a amiga, que a impediu de abraçar Harry, de cuidar dele. Depois, com muito esforço foi retirada do quarto para que o moreno descansasse. E passou a alimentar teorias conspiratórias.

- Aposto que Malfoy enfeitiçou o Harry – repetiu pela enésima vez em poucos minutos.

- Gina, por favor, seja racional – pediu Toni, não pela primeira vez – Harry não está bem há algum tempo. Talvez devêssemos deixar Hermione e Helga explicarem, já que são as únicas pessoas aqui com conhecimentos médicos.

Como Hermione continuava muda, a esposa de Toni se adiantou:

- Bem, eu não tenho conhecimento de medicina bruxa, mas é óbvio que Harry é um dependente químico. Eu já vi isso antes e conheço os sintomas.

Houve um momento de silêncio pesado, que foi quebrado por Gina, que bufou com desprezo:

- Ora, Helga, tenha dó! Você não quer nos convencer que Harry está viciado naquelas drogas que os trouxas cheiram, injetam, ou seja, lá o que fazem com elas, não é mesmo? Você pode ser boa em costurar as pessoas, como os trouxas fazem, mas...

- Mas esse conhecimento ajudou salvar a vida de muitos bruxos, inclusive alguns amigos seus, se não me engano – interrompeu-a Toni com um certo tom de hostilidade que não lhe era comum. Helga também havia servido no St. Mungus durante a guerra e suas habilidades como enfermeira haviam sido muito úteis para trouxas e bruxos. O bruxo africano não estava nem um pouco contente em ver Gina duvidar da capacidade da esposa.

A ruiva ficou visivelmente constrangida com a bronca. Procurando se controlar, segurou a mão de Helga e disse:

- Desculpe, amiga. Eu não estou agora muito racional mesmo. Não quis duvidar do seu conhecimento. Mas, convenhamos, não é muito comum encontrar bruxos viciados em drogas. Talvez em bebidas fortes, como uísque de fogo, mas Harry não tem o hábito de beber.

- Nem cerveja amanteigada ele tem bebido – acrescentou Rony, que estava até então calado e tinha o semblante preocupado.

- Harry está viciado em poção para dormir – afirmou Hermione sombriamente, saindo enfim do seu mutismo.

- O QUÊ? – exclamaram os demais presentes.

- Mais especificamente, ND-32, “Poção para Dormir Sem Sonhar”, a mais forte de todas, vendida e ministrada sob rigoroso controle do departamento médico do Ministério da Magia – acrescentou a curandeira. Era isso que havia naqueles vidros vazios que Toni e Helga encontraram

- Eu lembro que Madame Pomfrey nos dava isso em Hogwarts quando éramos tratados de algum trauma – afirmou Rony – Harry deve ter ingerido isso várias vezes.

- Bem, a poção que Pomfrey usava era bem mais fraca do que essa – explicou Hermione – Mas temo que o nosso amigo tenha tomado conhecimento dela naquela época.

- Mas a poção que você deu para ele agora, não foi exatamente essa? – perguntou Gina, apontando para a maleta médica de Hermione, dentro da qual havia um vidro da mencionada poção.

- Exatamente – esclareceu Hermione – O problema é que Harry provavelmente resolveu se livrar da dependência sozinho, o que é impossível. Por isso ele estava tomando aquela poção estimulante, cujo vidro machucou sua mão. Poções para dormir sem sonhar, se tomadas em excesso causam fadiga, falta de apetite, inconsciência, perda de peso e no limite, anemia, descalcificação óssea e delírios. O problema é que quando a pessoa se torna dependente, é necessário ir diminuindo gradativamente a dosagem para que o organismo se acostume com a ausência da substância. É muito raro alguém obter uma quantidade grande dessa poção para se tornar dependente, com todo o controle que existe sobre ela.

- Mas não para alguém com o dinheiro e o prestígio de Harry, não é mesmo? – questionou Rony desolado. Ele se recriminava mentalmente por não ter ficado atento às possíveis idas do amigo à Travessa do Tranco, onde ocorriam a maioria dos negócios ilícitos do mundo mágico e onde alguns bruxos maléficos ficariam muito felizes em vender a peso de ouro substância ilegais ao “Eleito”.

- Nós não estamos fazendo a pergunta certa – sentenciou Hermione numa voz sumida – O importante não é como Harry conseguiu ter acesso a essa poção fortíssima. Isso nós sabemos que ele conseguiu. Devemos nos perguntar o porquê.

- É claro que tem a ver com a guerra – disse Helga, preocupada.

- E com algumas mortes em particular – completou Rony, olhando de maneira significativa para Hermione, ambos recordando do pesadelo de Harry com Carlinhos Weasley.

- E com idiotices que algumas pessoas disseram a ele quando ainda estava muito sensível sobre algumas coisas. Está na hora dessa Weasley aqui parar de culpar os outros e assumir algumas responsabilidades – disse de maneira resoluta Gina, sob os olhares surpresos dos demais – Isso é o mais racional que consigo ser nesse momento – completou.

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