SENHOR PRESIDENTE



-Bom dia para vocês também - disse Draco Malfoy com a sua característica voz arrastada – É também um prazer revê-los.

- Que raios de brincadeira é essa, Vítor? – perguntou Rony, levantando-se, pronto para socar alguém, talvez Vitor Krum, talvez o velho Florean Fortescue, mas seguramente Draco Malfoy.

- Humm... vejo que já conhecem – disse um carrancudo Krum, aparentemente sem nada muito inteligente para falar.

- Que merda...

- Modere o linguajar, Weasley – disse Malfoy como se fosse um professor advertindo um aluno muito mal educado – Há pessoas mais velhas na sala – afirmou, fazendo uma reverência aos homens idosos, que sorriram de maneira simpática para o loiro.


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Revista “Bruxa Semanal”, uma semana atrás:

“Um jovem homem de negócios, solteiro e muito sedutor”, por Anna Skeeter

Todo mundo sabe que Draco Malfoy é um dos jovens bruxos mais ricos da Grã Bretanha. Muitos também o odeiam e desconfiam dele, pois seu pai, Lúcio, era um dos principais auxiliares de “você-sabe-quem” durante a guerra, terminada há três anos, que devastou o mundo mágico. Draco, entretanto, como sempre faz questão de frisar, nunca foi um “Comensal da Morte”. Ele diz isso exibindo um belo sorriso (Gente! Como ele é bonito!) e mostrando o braço direito, desafiando alguém a encontrar algum sinal da “marca negra”, que todos sabem, os seguidores do bruxo das trevas usavam.

Realmente, apesar de algumas desconfianças que ainda desperta, ele lembra que Harry Potter em pessoa depôs em sua defesa ao final do conflito. “Ora”, afirma ele muito seguro de si, “vocês não acham que o ‘garoto que sobreviveu’ iria falar em minha defesa se desconfiasse que havia alguma coisa sinistra a meu respeito, não é mesmo?”.

A verdade é que ele vem tentando conduzi-se da melhor forma possível. Apesar da fortuna que possui, que poderia render-lhe uma vida de futilidade, o jovem vem estudando e preparando-se para o mundo dos negócios. Depois de cursar, de maneira surpreendente uma prestigiada universidade trouxa e graduar-se em Administração e Marketing (deve ser o único bruxo britânico com tal qualificação), acaba de concluir na Alemanha uma especialização em Negócios Bruxos.

Dizem que em breve, nosso promissor jovem deve estar ocupando uma função importante na iniciativa privada, embora ele se negue a dizer qual e aonde.

Diferentemente de Harry Potter (bonito, mas intragável!), nosso belo homem de negócios loiro recebeu muito bem nossa reportagem e falou dos planos para o futuro. Disse que é cedo para assumir um compromisso romântico sério, mas está aberto a novos relacionamentos (O que vocês estão esperando,garotas??), que pretende trabalhar duro em sua nova função (que não diz qual é, mas afirma que em breve todos ficarão sabendo) e que não guarda rancor de ninguém, mesmo tendo que encarar a tristeza de ter ficado órfão durante a guerra. Aliás, a guerra é um dos poucos assuntos que ele não toca. Nega-se a dizer se é verdade que a informação decisiva para a derrota de “você-sabe-quem” partiu dele. Muito humilde, diz que toda a glória da vitória final sobre os partidários das trevas cabe a Harry Potter e às pessoas que bravamente participaram da batalha final (Gente, ele não é fofo assim modesto?). Perguntado se guarda alguma mágoa do herói do mundo mágico, ele reafirma que não, que a velha rivalidade que tinham nos tempos de Hogwarts era coisa de criança e, da parte dele, não há mais nenhum ressentimento.

“Pessoalmente, entendo que o mundo é muito melhor com Harry Potter vivo e o Lorde das Trevas e seus comensais mortos”, afirmou para essa reportagem num gesto de muita coragem, uma vez que entre esses comensais estavam seus pais e vários ex-colegas de Sonserina, sua casa em Hogwarts.

Ah, esse Draco Malfoy não é mesmo tudo de bom? E ele só tem vinte e um anos!
E quando perguntamos se ele tem em mente algum tipo especial de garota, sabem o que respondeu? “A garota especial surgirá na hora certa. Eu saberei quanto a conhecer”. UAU!!! Não é lindo?



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- Ei, eu não sabia que vocês eram desafetos – desculpou-se Florean – Achei que tivessem deixado para trás a velha rivalidade entre grifinórios e sonserinos...

- Eu deixei, é claro – afirmou Malfoy, parecendo sincero – Mas algumas pessoas demoram para crescer, você sabe...

- Não vem não, Malfoy! – disse finalmente Harry, aparentemente saindo do seu torpor – Você não vai começar a dar uma de grande homem sábio e maduro pra cima da gente!

- Eu não precisaria, se vocês não ficassem agindo como crianças – disse calmamente o ex-sonserino, arrancando de Rony um rosnado de ódio.

- Escutem, rapazes – interveio Krum – Por que nós não conversamos como pessoas civilizadas? Que tal deixar o Sr. Malfoy falar?

- A melhor sugestão até agora... – ia começando Malfoy, mas Rony o interrompeu:

- Eu não vou ficar aqui ouvindo o que essa serpente nojenta tem pra dizer! – gritou, fazendo menção de sair.

- Calma, Rony – disse Harry, segurando o ruivo pelo braço – Já que estamos aqui, vamos ouvir o que ele tem pra dizer.

- Muito sensato, Potter – afirmou Malfoy, aparentemente sem nenhuma emoção.

- Sensato o cacete! – xingou Harry – Eu apenas estou curioso em saber como pessoas descentes como o Vitor e o Florean se meteram com você – afirmou, lançando olhares de censura ao dono da sorveteria e ao búlgaro, que se encolheram um pouco, incomodados.

- De qualquer modo, obrigado – continuou o loiro – ignorando o último comentário do ex-grifinório.

Depois de se sentar à mesa de reuniões, fazendo um gesto afetado para os outros também se sentarem, Draco Malfoy serviu-se de um copo d’água, mantida gelada através de alguma magia, cortesia da sorveteria Florean, e dirigiu a palavra especificamente a Rony e Harry:

- Eu represento um grupo de investidores que entende que o quadribol na Inglaterra pode ser muito lucrativo. Estamos investindo muito dinheiro nisso. O Sr. Krum investiu também uma parte do seu dinheiro nesse empreendimento. Eu também tenho dinheiro meu investido aqui. Achamos que ressuscitar o Cannons vai agitar o mercado no Reino Unido. Muita gente ainda torce para esse time. Eu torcia para esse time.

- Você? – perguntou Rony, incrédulo.

- Claro, um dos meus antepassados, um Malfoy da Escócia, para ser mais específico, foi um dos fundadores do Cannons – sorriu orgulhoso – Queremos um time forte- retomou - que brigue pelo título logo no primeiro campeonato. Todos os times estão se fortalecendo. As Harpias contrataram aquela batedora dos Estados Unidos, os Pegas contrataram o apanhador que se formou em Hogwarts agora. Chamam o garoto de o “Harry Potter loiro”. O União trouxe dois batedores sul-africanos e aquela garota brasileira que jogava na Espanha. Sem contar o Tornados, cujo time já é muito bom, com a Johnson, o Davies, enfim, o time é tricampeão. E nós queremos os melhores: vocês dois- apontou para Harry e Rony - o Krum, Gina Wealey, Toni M’bea, bem acho que vocês viram a lista.

- Só não entendo uma coisa – ponderou Harry – Por que colocaram você como presidente?

- Quantas pessoas você conhece no nosso mundo com formação em administração e marketing esportivo? – desdenhou Malfoy

- Eu nem sei o que diabos é isso... – admitiu o apanhador dos Trasgos, amaldiçoando-se por ser menos esperto do que aquela serpente loira.

- É isso, Potter – falou triunfalmente - goste você ou não, eu sou o cara qualificado para o trabalho. Assim como você, o Weasley e o Krum são os caras mais qualificados para jogar. Escutem – falou depois de um momento, em que todos ficaram em silêncio – Vocês depuseram a meu favor no final da guerra. Será que é tão difícil assim jogar no time em que eu sou presidente?

- Malfoy – falou Harry, visivelmente se controlando para não bater no loiro ou gritar com ele – Você se esqueceu que eu disse que não havia provas contra você, não que você fosse inocente. Eu jamais mandaria alguém para Azkaban sem ter certeza da culpa dessa pessoa, mesmo um canalha como você. Isso não quer dizer que eu goste de você, ou que eu já tenha esquecido o imbecil preconceituoso que você era nos tempos de Hogwarts. Ou que eu tenha perdoado a maneira que você tratava Rony e Hermione, meus melhores amigos. Tudo bem, talvez sem aquela informação a gente não tivesse vencido a guerra, ou estaríamos em guerra até hoje. Não sei. Não sei qual a sua motivação ao nos dar aquilo, embora eu tenha minhas suspeitas, mas leia os meus lábios: EU ACHO VOCÊ UM CRETINO! E NEM SE PERDESSE COMPLETAMENTE O JUÍZO EU PENSARIA EM TRABALHAR PARA VOCÊ!

Por um momento Malfoy fitou Harry com uma expressão indefinida. Não parecia irritado, ao contrário, parecia triste e humilhado com as palavras do outro. Florean encarava os dois, chocado demais para dizer alguma coisa. Vitor Krum cofiava o seu vasto bigode, olhando para o vazio. Até Rony parecia um pouco chocado e sem saber o que dizer. O loiro levou a mão ao bolso do terno elegante, sobressaltando os presentes, que cogitaram a hipótese dele puxar a varinha e azarar Harry. No entanto, quando tirou a mão direita do bolso superior do terno, havia apenas um lenço com o qual enxugou a testa. Refletiu em silêncio por mais um minuto, então, aparentemente controlado disse com sua voz arrogante e arrastada, surpreendendo a todos:

- Senhores, acho que o Sr. Potter e eu precisamos conversar a sós.








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