Surpresa de aniversário
Surpresa de aniversário
Parecia que seus passos estavam me seguindo, então
me virei várias vezes para olhar pra você.
Sem saber, era o início de um novo romance.
Começamos a história do nosso amor ainda não descoberto.
- Koi Suru Kimochi, Saikano OP & ED Single
Tiago se concentrava no pergaminho sob a luz trêmula da vela. Vez por outra interrompia a leitura para esfregar os olhos ou consultar um livro. Do cômodo ao lado, Lílian observava o marido. Estava sentada no chão com Harry. O menino lentamente se acostumava a novos ambientes, longe do silêncio e das cores amenas de seu quarto, e agora chegara à sala em suas explorações. Era uma criança alegre, engatinhava com destreza e ensaiava as primeiras sílabas balbuciadas, como se falasse uma lígua diferente que só seus brinquedos pudessem entender.
- Você não pode parar de trabalhar nem na véspera de natal? - perguntou Lílian, tristemente.
- São só sete e meia - murmurou Tiago. - Prometo que paro daqui a pouco.
A jovem suspirou e sacudiu para Harry um mordedor em forma de pomo de ouro. O menino concentrou os olhos intensamente verdes, exatamente como os da mãe, no brinquedo, antes de esticar o braço para pegá-lo com uma agilidade muito maior que Lílian poderia ter previsto para um bebê.
Ela soltou uma exclamação de surpresa, mas o marido pareceu nem perceber. Lílian então pegou o bebê nos braços e saiu do cômodo.
Logo em seguida, soou a campainha. Mal-humorado, Tiago interrompeu o trabalho para atender.
Era um homem baixinho, atarracado, o pouco cabelo era amarelado e se concentrava na parte de trás da cabeça. Ele deu um sorriso ao dono da casa e entrou, espalhando neve.
- Benjy... - murmurou Tiago - Dumbledore o mandou aqui?
- Não... - respondeu o homem, pendurando a capa molhada no cabide do vestíbulo. - Foi Sirius. Ele me disse que você tinha uma coisa pra consertar, mas não quis dizer o quê.
Tiago sorriu e fez um sinal para que Benjy o acompanhasse. Seguiram juntos por um corredor e entraram na última porta. Descreram um lance de degraus encardidos, indo parar num porão frio, úmido e empoeirado.
Tiago então começou a remexer nas caixas até encontrar uma velha vassoura. Tinha lascas espalhadas por todo o cabo e as poucas palhas que restavam estavam abertas em ângulos estranhos. Ainda assim, o olhar de Benjy iluminou-se ao mesmo tempo em que ele agitava as mãos, sem conseguir conter a surpresa.
- Não me diga que... não! Uma Silver Arrow?! Uma legítima Silver Arrow feita pelo grande mestre Leonardo Jewkes!
- Acho que é sim... - fez Tiago, simulando um tom de pouco caso. - Encontrei outro dia quando estava procurando meu alinhador de bisbilhoscópios. Acha que ainda pode fazer funcionar?
- Bem... acho que posso, mas isso é uma antigüidade. Não seria melhor procurar um restaurador profissional? - perguntou Benjy.
- Não podemos chamar atenção, mesmo com todas as precauções não acho que devamos arriscar. Eu só quero que ela tenha uma aparência melhor e seja capaz de voar, nada mais.
- Você... você vai voar nisso? - Benjy o mirou incrédulo.
- Se você puder fazê-la voar... - disse Tiago, começando a ficar impaciente.
- Eu... eu posso, mas... não se voa numa maravilha dessas!
- Pra que eu vou querer uma vassoura se não for pra voar?
- Voe numa Comet ou numa Shooting Star, uma Silver Arrow merece ficar numa redoma, pra ninguém sequer tocar!
- Pode ou não consertar, Benjy?
- Não!
- Que pena... eu estava pensando seriamente em lhe dar uma Moontrimmer que achei em outra caixa... Mas acho que vou ter que voar nela mesmo.
- Você tem uma Moontrimmer? - o bruxo arregalou os olhos para Tiago.
- Há quanto tempo você acha que os Potter são loucos por quadribol?
- Ok, ok, eu conserto a Silver Arrow... Mas você tem mesmo a Moontrimmer, não tem?
- Estou dizendo que tenho.
- Tiago, tem alguém com você aí em baixo? - ouviu-se a voz de Lílian vinda do corredor acima.
- Sim... Benjy veio ver se consegue resolver a infestação de fadas mordentes... - e então se virou para Benjy: - Não quero que ela saiba de nada, vai ser uma surpresa, ok?
- Certo, certo.
- Fenwick esta aí? - a voz de Lílian novamente. - Quando subir, passe pela cozinha pra provar os biscoitos que eu fiz.
Ouviram passos se afastando acima e Tiago sussurrou:
- Eu sugiro que você diga que está de dieta. Lílian anda muito entediada por passar o dia todo em casa e tem se aventurado na cozinha, mas entenda, ela não leva o menor jeito... Eu queria de saber pra onde vai a facilidade que ela tem com poções quando troca ingredientes das receitas...
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- Está tudo muito estranho - disse Lílian para a silhueta que se projetava no meio das chamas da lareira.
- Estranho como?
- Ah, Andrômeda, estranho... Como se ele estivesse sempre me escondendo alguma coisa.
- Os homens sempre escondem... - ela se virou para olhar algo atrás de si. - Niphandora, largue já essa varinha, Ted, faça alguma coisa! Como eu ia dizendo, eles estão sempre escondendo.
- Mas o Tiago nunca foi assim.
- São as concepções diferentes que homens e mulheres têm de um relacio... NÃO FAÇA O PAPAI BATER NO TETO! Só um minuto, Lílian.
A silhueta de Andrômeda saiu da lareira e tudo que se ouviu nos minutos seguintes foi uma barulheira de gritos e coisas caindo e batendo, como se um grande terremoto estivesse atingindo a casa dos Tonks.
- Pronto - disse Andrômeda, voltado a aparecer entre as chamas. - Onde paramos? Ah sim, você devia ler o livro da Isabelle Dunstar, "O que as bruxas nunca entenderão sobre os bruxos", você saberia o que quero dizer.
Lílian suspirou baixinho tentando refrear as lágrimas. Seu coração estava apertado com a falta que sentia de Marlene. A falta da pessoa que costumava rir das suas dúvidas. Que tinha aquele jeito estranho de sempre arrancar confidências. Que falava naquele tom de voz irônico e desdenhoso, e, ao mesmo tempo, gentil, capaz de fazer Lílian voltar à realidade e ver as coisas como realmente eram, e não distorcidas por sua mania de exagerar em tudo.
Porque era disso que ela precisava naquele momento. De alguém com senso crítico perfeito que a convencesse que a diferença de Tiago era apenas algo que ela própria colocara na cabeça. De alguém que não a levasse tão a sério.
Visitara os túmulos dos McKinnon incontáveis vezes desde a tragédia que os trucidara. Ficava sentada defronte à lápide de Marlene deixando as lágrimas caírem e serem secas pelo vento frio. Sabia que não podia ter evitado, ninguém podia. E também sabia que ainda tinha uma vida se estendendo a sua frente que, mesmo destituída de um dos seus pilares de sustentação, tinha que continuar.
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O sexto ano da Grinfinória tinha acabado de subir pela escadinha prateada em direção à torre onde tinham aula de Adivinhação. A sala estava escura, a lareira tinha sido acesa a despeito do calor e um cheiro adocicado de incenso se espalhava pelo local.
Lílian caminhou carrancuda até uma poltrona no canto da sala e se afundou pesadamente nela, sendo seguida por outras duas sextanistas que ocuparam as poltronas dos dois lados.
- Quem aquele idiota pensa que é... - bufou a ruiva, cerrado os punhos nos braços da poltrona. - "Você tem que me ouvir", como se eu devesse alguma coisa pra ele.
A garota à direita, morena, lançou um olhar divertido para a da esquerda, loira, e as duas reviraram os olhos para Lílian, que continuava a resmungar:
- Eu posso namorar quem eu quiser, ele não tem nada com isso... À propósito quem foi que andou espalhando que eu estou namorando o Mário? - a garota morena se remexeu no assento, mas Lílian não percebeu que ela se balançava de riso contido, estava mais concentrada em sua raiva.
Muito menos percebeu quando a professora fez uma longa explicação sobre a observação de bolas de cristal e só despertou de seu torpor de ódio quando a garota loira ao seu lado se inclinou para o orbe sobre a mesa, franzindo as sobrancelhas finas em busca de algo que não fosse a fumaça branca etérea.
- Bom, isso está bem claro - constatou. - Teremos uma nevasca nesse inverno.
- Não, Aine - cortou a outra garota. - Isso quer dizer que essa bola estúpida não presta - ergueu a bola e a examinou contra a luz fraca de um abajur coberto com um xale.
- Você vai quebrar, Marlene - Lílian se precipitou e arrancou o orbe das mãos da amiga. Pousou-o com cuidado na mesa e aproximou bastante o rosto, até encostar o nariz na superfície fria do cristal.
- Lá vai a vidente - riu Marlene.
Lílian não lhe deu atenção. Diferente de suas amigas, ela tinha necessidade de se manter séria nas aulas de Adivinhação. Como que por instinto, ela sabia que lidar com borras de chá e leitura de mãos a fazia resgatar uma parte de si mesma que ela não conhecia. Ou que conhecia muito pouco. Há tempos descobrira que podia ver coisas que as outras pessoas, nem mesmo outros bruxos, eram capazes de ver. Algumas vezes, sonhava com coisas que se realizavam. Tinha palpites e sensações inexplicáveis, e, nesse momento, ela simplesmente sabia que havia algo para ver na bola de cristal.
Deixou a mente vagar em meio ao branco tremulante, aspirou profundamente o perfume de ervas carbonizadas, se concentrando totalmente em manter a respiração calma e lenta, mas o calor da sala fazia dessa uma tarefa muito difícil. Mesmo assim, ela pôde sentir que aos poucos sua percepção penetrava as profundezas do orbe, a nuvem disforme branca que se movimentava lá dentro foi adquirindo cores.
Instintivamente, a garota fechou os olhos e sentiu que sua consciência escapava do mundo ao redor, da sala escura e do calor abafado.
- Senhorita Evans! - Lílian ouviu o eco e, imediatamente, teve a sensação de ser sugada, sua consciência se afunilando e encolhendo, seus olhos vagarosamente se abriram. A luz era muito forte e ela teve que piscar várias vezes até conseguir ver algo além de um borrão branco. Percebeu que alguém segurava um lenço junto ao seu rosto e um cheiro de menta lhe impregnava o nariz.
Tossindo e com a cabeça rodando, seus olhos se apertaram para fitar os estudantes atônitos amontoados ao redor e Lílian reparou vagamente que tinha caído da poltrona.
- Ela está voltando... - escutou uma voz murmurar e se deu conta de que era a professora de Adivinhação.
Tinha a cabeça apoiada pelos braços de alguém e virou para o lado, reconhecendo Marlene, tudo em câmera lenta. O tempo, que um segundo atrás, quando estivera imersa em imagens embaralhadas correndo diante de seus olhosrápida e descontroladamente, parecia voar, agora estava quase que estático.
Então sentiu alguém apertando sua mão e teve a mesma sensação de calor e segurança que ela sentia que já experimentara em algum lugar, embora ela não soubese muito bem onde. Exultante, Lílian virou para o outro lado.
Mas a pessoa com quem se deparou nunca, jamais, lhe transmitiria calor segurança alguma e também não tinha o direito de estar apertando sua mão como se fosse seu amigo.
- Você está bem, Lílian? - perguntou Tiago, com a voz rouca de quem estava verdadeiramente assustado.
Lílian puxou o braço com violência e tentou erguer o tronco para sentar, mas a dor na nuca se intensificou, a cabeça voltou a rodar ao mesmo tempo em que pontos brilhantes surgiram em seu campo de visão. A sala saiu de foco e, quando a garota achou que estava prestes a ter outra visão, tudo ficou escuro.
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- Vamos dorminhoca, esqueceu que dia é hoje?
Lílian abriu os olhos e não entendeu por que de repente tudo estava tão claro. Então viu Tiago sentado ao lado da cama e se deu conta de que a torre escura e as visões tinham sido um sonho.
Ele passou o braço pelas costas da mulher e a ergueu dos travesseiros:
- Depois você reclama que sou eu esqueço das coisas.
Por um segundo, ela o mirou confusa, mas logo em seguida se lembrou do que ele estava falando. Claro, como poderia ter esquecido, estivera ventilando nos ouvidos de Tiago a semana inteira pra que ele não se esquecesse do aniversário de casamento... Subitamente, ela se perguntou por que tinha sonhado com um acontecimento do passado logo naquele dia. Fora sua primeira visão realmente forte, embora ela só viesse a entender aquele amontoado de imagens desconexas muito tempo depois: o casamento, a gravidez e o nascimento de Harry, o atentado aos MacKinnon.
"Resta penas..." Mas, antes que pudesse concluir o pensamento, Tiago a beijou e toda e qualquer racionalidade foi varrida de sua mente como um sopro que derruba um castelo de cartas.
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- Sério, Tiago, aonde estamos indo? - Lílian tateava inutilmente o ar ao redor em busca de algo que lhe desse uma pista de para onde Tiago estava conduzindo a vassoura. Ele a tinha vendado, tanto para fazer surpresa quanto por saber que ela tinha medo de altura e o agarraria dolorosamente pelo pescoço a cada subida.
- Se eu contasse, deixaria de ser surpresa - respondeu ele, se inclinando para corrigir o rumo. Benjy fizera um ótimo trabalho na velha vassoura, mas não tinha conseguido corrigir a tendência a desviar para a esquerda, o que se tornava um problema em viagens mais extensas como aquela.
"Uma viagem de vassoura, bem típico de Tiago...", pensou Lílian, contraindo o rosto contra o vento gelado. Um casal normal comemoraria o aniversário de casamento num restaurante, com vinho e ao som de violinos, mas não eles. Desde o primeiro aniversário, Tiago fazia questão de planejar coisas fora do comum - e infinitamente mais divertidas que um restaurante cheio de elfos domésticos alvoroçados, ela tinha que admitir.
No primeiro aniversário, ele a tinha convencido a ir numa expedição de "ajuda humanitária" aos trasgos montanheses e os dois acabaram passando três dias perdidos numa floresta completamente desumanizada, até finalmente se darem conta de que estavam dando voltas e mais voltas no acampamento. Claro que ela ficara bem brava por Tiago ter deixado o mapa ser comido por um pomorim dourado, mas no fim das contas tinha sido bem romântico tirar umas férias longe de todo mundo.
No segundo, ele tinha chegado em casa com uma caixa amarela, fazendo muito mistério. Lílian quase o trucidou quando finalmente abriu a caixa e dela saltaram dezenas se insetos azul-safira berrante. As asas ficavam no topo da cabeça e giravam em torno do próprio eixo como em helicóptero trouxa, fazendo um zumbido engraçado. Ela ficou ainda mais brava quando vários deles a picaram e começou a gritar estridentemente, até perceber uma leve tonteira e, no segundo seguinte, estava levitando há mais de um metro do chão e ouvia as risadas divertidas de Tiago, que ascendia lentamente ao seu lado. Tinha sido uma noite memorável, pensou, sentindo-se corar com a lembrança.
Lílian percebeu que estavam desacelerando e seus pés tocaram suavemente o chão, ao que ela puxou a venda dos olhos e reconheceu imediatamente a colina em Hogsmead onde ela e Tiago tinham dado seu primeiro beijo.
Uma fogueira ardia na luz difusa do anoitecer. Lílian desmontou, olhando boquiaberta para uma coisa que não se lembrava de ter visto ali antes - um par de fileiras de árvores encurvadas cujos longos galhos se deitavam uns sobre os outros, formando uma espécie de túnel.
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- Por que está me seguindo, Potter, você tem a Héstia dando em cima de você, não é suficiente? - a adolescente de cabelos ruivos subia a colina em passos rápidos.
- Não é isso, Evans, é só que você está indo para o lado errado.
Ela olhou ao redor, sem reconhecer o caminho para Hogwarts que tinha pretendido tomar. Arrgh, tudo culpa do Potter!
- Você não sabe para onde eu estou indo... - resmungou a garota.
- Então suponho que eu deva ir falar com McGonagal, porque do outro lado dessa colina só tem a Floresta Proibida, cheia de centauros e trasgos.
Lílian o olhou com raiva e, teimosamente, continuou a subir. Mas Tiago correu até ela e a agarrou pelo braço, fazendo-a virar com violência.A garota ficou satisfeita por estar escuro o suficiente, assim pelo menos ele não podia ver seu rosto corando rapidamente. Porque foi precisamente nesse momento, fitando os olhos castanhos de Tiago Potter se destacando na luz difusa do anoitecer, que ela entendeu o motivo de todas as reações intensas de seu corpo em resposta a um simples toque dele, a confusão de pensamentos que tomava sua mente quando ele sorria provocador.
E entendeu porque sentiu que queria estar muito mais perto de Tiago do que estava agora. Por causa daquela repentina sensação de perfeição só de estar em contato com a pele dele.
- Então essa é o sua tática, não é? - perguntou Lílian, sorrindo desdenhosamente, a despeito de sua vontade de sair correndo. - Você persegue as garotas até um lugar e então agarra elas no escuro.
Ele apenas sorriu, sem responder e sem soltar o braço dela.
- Quantas garotas você já perseguiu dessa forma até conseguir o que quer? Deixe-me ver... - ela mesma parecia estar fazendo as contas.
Ele se manteve calado novamente, e Lílian engoliu as palavras seguintes percebendo que a resposta estava bem clara nos olhos dele. "Só você."
Antes que ela percebesse, tinha sido envolvida nos braços de Tiago, sua consciência irremediavelmente perdida num turbilhão de sensações e emoções explodindo simultaneamente ao contato com os lábios dele.
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Tiago a puxou para junto de si. Por um instante, ficaram imóveis, fitando um ao outro, tão próximos que Lílian podia sentir as batidas do coração dele como se fossem do seu próprio. Em seguida, ele a ergueu nos braços com leveza, e entraram no abrigo de folhagens. O chão estava coberto por algo branco e fofo, mas Lílian não pôde identificar o que era quando Tiago a pousou sentada. Um fogo mágico ardia, contido num canto distante, incidindo calor sobre os dois.
Inicialmente, ele apenas fitou-a nos olhos, como se quisesse guardar para sempre na memória a lembrança daquela noite. Depois, lentamente, Tiago se sentou diante dela e se aproximou o suficiente para envolver com os braços a sua cintura, ainda sem desviar os olhos dos seus. Lílian passou os braços em volta do seu pescoço e ele murmurou algo junto ao seu cabelo enquanto seu abraço se apertava. Tiago abaixou a cabeça e Lílian desviou o olhar para os seus lábios, percebendo, pela primeira vez naquela noite, o quanto queria aquilo.
Seus lábios se colaram e uma súbita iluminação a atingiu quando percebeu que já sentira esse mesmo calor antes, que já se perdera num beijo exatamente dessa maneira em algum momento antes. Estava vivendo o que a visão lhe mostrara, anos antes, e era tão indescritivelmente bom quanto ela podia se lembrar...
Com essa constatação, suas costas cederam e escorregou para baixo, carregando Tiago consigo, sentindo que o aro dos óculos dele encostava em sua pele.
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