Primeira Aula de Voo



Os primeiros dias em Hogwarts foram realmente bons. Os seus colegas sonserinos estavam sempre prontos a ajudar uns aos outros, Crabbe e Goyle pensavam que ele era alguma tipo de deus, e teve uma agradável surpresa logo na primeira aula de Poções com o diretor da Sonserina, Severo Snape.


O garoto descobriu que o professor favorecia sua própria casa com a mesma freqüência que buscava humilhar Harry Potter e seus amigos grifinórios, o que tornou Poções a sua aula preferida e a mais divertida.


Draco estava feliz em ter apenas essa aula em particular com Potter & Companhia, pois duvidava muito que os outros professores fossem ser tão negligentes quanto Snape. Mas logo descobriu que não era apenas essa aula que teria de dividir com Grifinória.


Ao acordar em uma manhã e se encaminhar para a sala comunal, encontrou um aviso pregado em uma parede, avisando que as aulas de vôo do primeiro ano seriam realizadas na quinta-feira, ao lado dos alunos da Grifinória.


- Ah! Isso vai ser divertido. – disse Draco a Crabbe e Goyle, enquanto se encaminhavam para o Grande Salão. – Eu sou ótimo em quadribol. Deviam ver um dia. Meu pai me deixa usar sua vassoura, e eu realmente acho que serei escolhido apanhador no ano que vem. Acho ridículo não deixarem os alunos do primeiro ano jogarem! E ainda mais ridículo não deixarem trazermos vassouras de casa. Eu tenho uma Comet 260 em casa, em nem pude trazê-la!


E continuou a contar sobre seus jogos, onde ele sempre acabava escapando dos trouxas de helicóptero por um triz, até chegarem à mesa da Sonserina.


O correio não tardou a chegar, e Draco, como sempre, recebeu um grande pacote de doces de casa, ao qual ela abriu fazendo mais estardalhaço que o normal, enquanto falava em voz alta como era triste que algumas crianças não fossem amadas o bastante para receberem nem uma mísera carta de casa.


Draco se levantou para guardar seus doces antes da primeira aula, quando um reflexo na mesa da Grifinória lhe chamou a atenção. O gordinho que perdera o sapo, Neville, segurava um Lembrol. O garoto sempre quisera um Lembrol, mas seu pai achava que tudo que não pudesse ser mostrado e invejado não valia a pena ser comprado, e nem mesmo sua mãe achava essas coisas úteis. Sem pensar duas vezes, fez sinal para Crabbe e Goyle acompanharem ele, e arrancou o objeto das mãos do garoto.


Harry e Rony se levantaram imediatamente, mas saindo de lugar algum, apareceu a professora Minerva.


- Que é que está acontecendo?


- Draco tirou o meu Lembrol, professora.


Disse o gordinho com voz chorosa. Draco fechou a cara, e recolocou o Lembrol de volta sob a mesa.


- Só estava olhando. – falou, e saiu apressado com Crabbe e Goyle em seu encalço.


 


Às três e meia daquela tarde todos os alunos primeiranistas da Sonserina já se encontravam do lado oposto da Floresta Proibida onde aconteceria sua primeira aula de vôo quando os alunos da Grifinória começaram a chegar. Draco pensou em fazer algum comentário a Potter e Weasley, os últimos a aparecerem, mas antes de ter oportunidade Madame Hooch chegou. Tinha cabelos curtos e olhos de um tom de amarelo que lhe lembrava estranhamente as cores da Lufa-Lufa.


- Vamos, o que é que estão esperando? – perguntou com rispidez. – Cada um a lado de uma vassoura. Vamos, andem logo.


Draco escolheu uma que parecia ser a menos pior, se é que isso era possível. Ele não entendia porque Hogwarts não comprava vassouras descentes (como uma Nimbus 2000), se tinha condições. Provavelmente o velho Dumbledore achava que era um desperdício de dinheiro que poderia ser gasto com sangues-ruins e outras idiotices.


- Estiquem a mão direita sobre a vassoura. – mandou Madame Hooch, de repente. -  E digam “Em pé!”


- EM PÉ! – gritaram todos.


A vassoura de Draco voou imediatamente para sua mão. O garoto olhou ao redor, presunçoso, percebendo que poucas vassouras tinham obedecido. Para seu deleite, a vassoura de Hermione Granger simplesmente se revirou no chão, e a de Neville Longbotton nem se mexeu. Mas a de Harry Potter parecia ter ido para sua mão sem problemas, pensou o garoto revirando os olhos. Crabbe e Goyle tampouco tinham conseguido erguerem suas vassouras.


- Hey, você aí. – disse Madame Hooch para Draco. – você sempre segurou sua vassoura assim?


- Sim. – respondeu.


- Bem, então você segura esta vassoura de maneira errada faz anos, menino. Veja, não segure tão na frente, assim a vassoura subirá demais, e você pode perder o controle!


Draco, muito envergonhado, segurou a vassoura do modo como a professora ensinou, olhando para Potter e Weasley, que certamente pareciam deliciados com o fato de o garoto ter passado carão.


- Agora, quando eu apitar, dêem um impulso forte com os pés. – disse a professora. – Mantenham-se as vassouras firmes, saiam alguns centímetros do chão e voltem a descer curvando o corpo um pouco para frente. Quando eu apitar... Três... Dois...


Mas Neville Longbotton deu um forte impulso com sua vassoura particularmente quebrada antes mesmo de a professora terminar de contar.


- Volte, menino! – gritou ela, mas Neville subiu como uma rolha que sai sob pressão da garrafa, quatro metros, seis metros... Draco teve certeza que o menino iria cair a qualquer momento. O que não tardou a acontecer.


BUMBA! – um baque surdo, um ruído de fratura e o tal garoto caído de borco na grama, estatelado. Sua vassoura continuou a subir cada vez mais alto e começou a flutuar sem pressa em direção a Floresta Proibida até desaparecer de vista.


Madame Hooch se debruçou sobre Neville, o rosto tão branco quanto o dele.


- Pulso quebrado. – ela murmurou. – Vamos, menino, levante-se.


Virando-se para o restante da classe, disse:


- Nenhum de vocês vai se mexer enquanto levo este menino ao hospital! Deixem as vassouras onde estão ou vão ser expulsos de Hogwarts antes de poderem dizer “quadribol”. Vamos, querido. – ela completou para Neville, com o rosto manchado de lágrimas.


Antes que pudesse se conter, uma gargalhada escapou da boca de Draco. Ele sabia que não fora nada sério, pois ele mesmo já quebrara o pulso algumas vezes, e uma simples poção era necessária para consertá-lo. Com certeza Madame Ponfrey curaria o garoto na hora.


Em contrapartida, a cara de Neville Longbotton ao cair fora realmente hilária.


- Vocês viram a cara dele, o panaca?


Seus colegas da Sonserina riram, mas uma garota de longos cabelos morenos, da qual Draco só sabia o sobrenome (Patil), disse:


- Cala a boca, Draco.


- Uuuu, defendendo o Neville? – disse Pansy Parkinson, a garota que não parava de segui-lo para todo lugar. – Nunca pensei que você gostasse de manteiguinhas derretidas, Parvati.


De repente o olhar do garoto foi atraído por um brilho na grama.


- Olhe! – disse, atirando-se para recolher o Lembrol, sem acreditar na sua sorte. – É aquela porcaria que a avó do Neville mandou.


- Me dá isso aqui, Draco. – falou Harry em voz baixa. Todos pararam a conversa para espiar a possível briga. Para impressionar, Draco soltou uma risada malvada.


- Acho que vou deixá-la em algum lugar para Neville apanhar, que tal em cima de uma árvore?


- Me dá isso aqui. – berrou Harry, mas Draco rapidamente montou em sua vassoura e saiu voando o mais alto que juldou prudente, considerando sua vassoura velha.


- Venha buscar, Potter! – gritou ele, sem esperar que Harry fosse de fato.


Mas Draco havia se enganado. Em um segundo Harry agarrara a vassoura e já ia subindo, até ouvir a voz de Hermione Granger.


- Não! – ela gritou. – Madame Hooch disse para a gente não se mexer. Vocês vão nos meter numa enrascada.


Mas Harry não lhe deu atenção, montando na vassoura e dando um impulso. Draco não podia acreditar que aquele garoto nunca tivesse montado uma vassoura na vida, a julgar pelo modo como voava bem. Até mesmo melhor que ele!


- Me dá isso aqui – mandou Harry. – Ou vou derrubar você dessa vassoura.


- Ah, é? – tentou caçoar Draco, apesar da preocupação. Eles estavam muito altos, se caísse ele não quebraria apenas o pulso.


Harry curvou o corpo para frente como se voar de vassoura fosse o seu mais normal meio de transporte. Fez um curva fechada, mas que Draco conseguiu escapar por um triz. Algumas pessoas no chão aplaudiram a performance de Potter.


- Aqui não tem Crabbe nem Goyle para salvarem sua pele, Draco. – berrou Harry. Mas Draco não precisava que lhe dissessem isso, ele próprio já havia percebido. Tomando uma decissão de súbito, disse:


- Apanhe se puder, então! – gritou, atirando a bolinha de cristal no ar e voltando o mais rápido possível para o chão.


Ele desmontou da vassoura bem a tempo de ver Harry agarrando a bolinha a alguns centímetros do chão, num mergulho espetacular, principalmente com uma vassoura naquelas condições.


- HARRY POTTER!


Era a professora Minerva que, apesar de ser a diretora da Grifinória, não dava facilidades para seus alunos.


- Nunca... Em todo o tempo que estou em Hogwarts...


A professora mal conseguia falar tamanho o espanto. Draco sorriu.


- Não foi culpa dele, professora.


- Calada, Senhorita Patil...


- Mas Draco...


- Chega, Sr. Weasley. Potter, me acompanhe, agora.


Harry olhou para Draco e seus amigos, que sorriam vitoriosos, antes de acompanhá-la. Ele seria expulso.


Não muito depois disso Madame Hooch voltou, e disse que estavam dispensados. O garoto considerou aquele um dia produtivo.


Para a infelicidade de Draco, na hora do jantar Harry se encontrava na mesa da Grifinória, parecendo mais satisfeito do que nunca rodeado por uma orda de ruivos. Assim que os dois gêmeos Weasley se retiraram, ele seguiu até a mesa, acompanhado por Crabbe e Goyle.


- Comendo a última refeição, Harry? Quando vai pegar o trem de volta para a terra dos trouxas?


- Você está bem mais corajoso, agora que voltou ao chão e está acompanhado por seus amiguinhos. – disse Harry.


- Enfrento você a qualquer hora sozinho. – respondeu Draco, um plano começando a se formar em sua mente. – Hoje à noite, se você quiser. Duelo de bruxos. Só varinhas, sem contato. Que foi? Nunca ouviu falar de duelo de bruxos, suponho?


- Claro que já. – se intrometeu o ruivo. – Vou ser o padrinho dele, quem vai ser o seu?


Draco mirou Crabbe e Goyle, medindo-os.


- Crabbe, meia-noite está bem? Nos encontramos na sala de troféus, está sempre destrancada.


E saiu acompanhado por seus amigos.


- Vamos mesmo num duelo? – perguntou Crabbe, animado. Draco sentiu uma pontinha de pena de ter que acabar com a alegria do amigo, mas disse:


- Não seja idiota, claro que não! Corajosos se dão mal, espertos se dão bem. Venham, precisamos falar com um certo zelador. 

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