Você me beijou... porque?!



VOCÊ ME BEIJOU...


PORQUE?!


 


  Merda de vida. Merda de vida. Merda de vida. Imagine só: você acabou de levar um toco. É isso mesmo, a sua namorada te mandou passear. E você esta sentado na calçada. É, você não leu errado. Você esta sentado na calçada, em frente à casa dela, olhando para o nada. Fazendo nada. Pensando na desgraça que recaiu sobre você.


 Pois é. Eu, James Potter. Estou aqui. Sentado na calçada. Coberdo do que um dia foi um buquê de flores do campo. Pois é. E pensar que até ontem eu amava aquela coisinha loira que está dentro de casa agora, penteando os cabelos e meditando sobre quem vai atacar desta vez.


 Vaca. Vagabunda. Vadia.


 A velha lição dos três Vs. Eu normalmente usava isso para chatear as garotas na terceira série. Agora não funciona mais. Vai por mim, não tente. Se usar isso com alguma garota, ela vai rir da sua cara e dizer o quanto você é um idiota.


 Principalmente se essa garota for a sua namorada, que provavelmente virará ex-namorada. Negócio complicado, não?


 Enfim, eu estou acabado. No fim do poço. Só o bagaço da laranja.


 Normalmente dizem que quando você esta na pior, lembre-se de que tem sempre alguém que esta pior do que você. Vamos lá. Pense em alguém que está pior do que você, James. Aquele mendigo? Não, ele tá recebendo dinheiro de todo mundo que passa. Aquele velhinho com cara de doente? Não, ele tem uma enfermeira gostosa.


 Hum, não tem mais ninguém nessa rua deserta. Que merda.


 Resumindo para que você, leitor, possa entender melhor, eu estou numa pior que é pior do que a pior dos outros. Deu para acompanhar?


 Ei, ei, espera! Tem uma garota ruiva correndo de uns caras de preto. Nossa, que coisa mais filme de ação. Desde quando uma garota ruiva, baixinha e com cara de criança, é perseguida por uns caras fortes de preto? Será que eles eram policiais? Atá, policiais de preto?! Em Londres?! Acho que estou vendo muitos filmes americanos. Podiam ser bandidos. Pouco provável.


 Ah, meu Deus, agora a garota esta correndo na minha direção. Que legal. O que eu faço com relação a isso? Grito? Finjo de morto? Talvez ela esteja vindo me pedir ajuda, mas o que eu poderia fazer? Os caras que estavam atrás dela pareciam uns gladiadores dos tempos antigos. James, você tem que parar de ver TV. Sério, cara, isso está afetando o seu cérebro.


 Enfim, voltando à garota que ainda está correndo na minha direção e que agora está começando a subir na calçada. Nossa, ela é bonita para chuchu! PQP, James, de onde você tirou esse “para chuchu”? Do livro de gírias do século passado?


 Esquece. Enfim, agora a garota está se agachando na minha frente. Será que ela vai me atacar? Bom, se ela me atacar eu posso me defender com facilidade, afinal, ela é baixinha e ruiva. Mas e se ela for um robô alienígena? Atá, até parece. O fora que você levou deve estar afetando os seus miolos, James.


 - Me beija. – a ruivinha diz e quase se joga em cima de mim, esmagando minha boca com a dela. ‘Tá legal, isso é estranho. Fiquei confuso. Mas, como sempre acontece quando eu fico confuso, logo minha confusão se transformou em uma coisinha chamada irritação. Tipo, ela é louca ou o que?!


 Primeiro que ela nem esperou que eu respondesse. Admito que aquele “me beija” não foi exatamente uma pergunta, mas não é assim. Não é só alguém dizer “vem” que você “vai”. Literalmente, no sentido da palavra. E segundo que ela estava sendo perseguida. O que era um problema. Se eu beijasse que estava sendo perseguida, naturalmente eu estaria me envolvendo na perseguição. O que, no caso, significa que eu seria perseguido e não o contrário. Deu pra acompanhar?


 Enfim, voltando ao assunto, a ruiva esta me agarrando. E eu estava agarrando ela.


 O que foi?! Por que está me olhando assim?! Eu sei que fiquei reclamando o último parágrafo inteiro, mas, poxa, eu sou homem. E tinha uma ruiva maravilhosa me agarrando. O que você faria no meu lugar? Pois é.


 Enfim, estávamos nos beijando com vontade. Tipo, com vontade mesmo. Quem passasse na rua, diria: “Vão para um motel!”. Ou algo do tipo.


 Ficamos assim até que os homens de preto passassem por nós e desaparecessem no final da rua. Então, ela me soltou, dando-me um selinho leve e depois se afastando alguns palmos de mim, se sentando ao meu lado. Ficamos assim, ofegantes por alguns poucos minutos, até que me virei para olhá-la.


 Caraca, ela era bonita. Nossa, não acredito que disse caraça. Voltando ao assunto, ela tinha olhos verdes que me miravam interrogativamente, pele clara, bochechas rosadas, algumas sardas cobriam as maçãs do rosto e o nariz. Os cabelos ruivos eram curtos na altura do ombro e tinham cachos elegantes.


 Irritação. Sim. Irritação. Eu estava irritado. Primeiro, porque ela estava sentada em cima do que sobrara do meu buquê. Segundo... Porque diabos ela me beijara?!


 - Desculpe por isso. – a garota disse, mas não parecia se arrepender.


 Eu não respondi. Ela se remexeu, desconfortável.


 - Meu nome é Susan Gray. – ela disse.


 Parei por um minuto. Cara, ela realmente havia se entregado. Me virei para olhá-la novamente, dessa vez com uma sobrancelha levantada em incredulidade.


 - Não. Seu nome não é Susan Não-Sei-Das-Quantas. – eu acusei, quase apontando um dedo para a cara dela, mas me lembrando de que isso é falta de educação.


 - E como sabe? – a ruivas perguntou, desafiadora.


 Eu ri alto.


 - Simples. Tem um “L” pendurado no seu pescoço. – eu expliquei, enquanto esticava a mão e pegava devagar o pingente sustentado por uma corrente prateada no pescoço delicado da garota.


 Bem, para falar a verdade verdadeira, não era bem um “L” que tinha pendurado ali, tipo, havia sim um “L”, mas era um “L” acompanhado de um “?”. Nada a ver, porque aquilo dava a impressão de a garota não saber o resto do nome dela. Exemplo: começava com “L” e terminava com o que? Por isso era usado o “?”. Deu pra acompanhar?


 Enfim... Cara, será que dá para parar de ficar falando “enfim”? Sério, isso deixa a história monótona e sem graça. Mas eu acho que é porque eu mudo de assunto muito rápido.


 Ok, voltando à história do nome...


 - Tudo bem. – a ruiva disse. – Admito. Meu nome é Lily Evans.


 - James Potter. – estendi minha mão para que ela apertasse. Ok. Isso é uma coisa ridiculamente romântica, mas... Fazer o que? Quando ela apertou minha mão, eu me lembrei do beijo que ocorrera segundos atrás. Eu sei, super meloso.


 Mas... Junto com essa onda melosa que tomou conta do meu humilde ser, veio também a irritação. De novo. Pois é, hoje eu estava com os nervos à flor da pele, o que não era para menos. Eu havia acabado de ser beijado por uma louca que eu não conhecia. Depois de levar um fora. O que me fez perguntar à ela:


 - Porque você me beijou?! – ops. Acho que saiu meio grosso.


 - Você não viu? Eu estava sendo perseguida por uns caras estranhos de preto.


 - E porque eles estavam perseguindo você?


 - Eu não sei. Meus pais não me dizem. – Lily me respondeu, abaixando a cabeça e olhando para as mãos que se contorciam no colo. Ela parecia nervosa. – Sabe... eles... trabalham muito e... não tem tempo pra mim. Então, eles colocam seguranças atrás de mim o tempo todo para que nada me aconteça.


 A ruiva fez uma pausa. A história estava começando a me interessar.


 - Então hoje eu decidi que ia sair para fazer alguma coisa diferente, sem os seguranças. Mas assim que me vi fora de casa, esses caras começaram a me perseguir. – ela terminou.


 Era uma história realmente fascinante. Chegava à ser interessante. E seria até triste, se não fosse a mesma história que a minha atriz favorita estava interpretando na novela das oito.


 - Você é atriz? – não pude deixar de perguntar, assim, bem na cara de pau.


 Lily engoliu em seco.


 - N-não. – gaguejou.


 - Que estranho. Podia jurar que já te vi fazendo esse papel na TV.


 Não. Sério. Porque, meu... Como assim, a garota vem, me beija sem motivo e ainda se sente no direito de mentir para mim?! Qual era a dela?


 - Ok. Admito. – ela disse. – Meus pais são ótimos. Não tenho seguranças e nem ninguém correndo atrás de mim. Não sei quem eram aqueles caras e nem nunca conheci nenhuma Susan Gray. Mas minha vida é normal e é  por isso que ela se torna chata. Eu estava andando na rua e te vi. Não estava fazendo nada e senti vontade de beijar você.


 Senti minha boca se escancarar. Fiz questão de eu mesmo fechar minha boca. U-A-U.


 Bem, vamos recapitular. Hoje de manhã eu havia levado um fora da minha namorada loira e vaca. Apanhei com um buquê de flores do campo. Fiquei sentado na calçada. E com isso veio um furacão ruivo que sentiu vontade de me beijar. Não, espera. Reescrevendo: um furacão ruivo e lindo que sentiu vontade de me beijar/agarrar.


 O que podemos tirar de lição de moral? Levar foras tem seu lado bom? Não. Ficar sentado na calçada com um buquê de flores  acabado do seu lado tem seu lado bom/ótimo. Precisava fazer isso mais vezes.


 Com um sorriso no rosto (e completamente não-lembrando da minha ex-namorada), beijei Lily Evans.


 


X&X


N/A: postei!! Postei!!


Comentários, gente, por favor.


Beijos.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (2)

  • Artemis Granger

    ficou leve e engraçado. gostei. palavrões bem colocados - do jeito q eu gosto

    2012-04-29
  • IsaBlack

    amei três milhões de vezes! *------------* Thomas, vc escreve de um jeito que dá vontade de ler eternamente, sério! o.O Eu adoro como vc faz o fluxo de consciência do James! É tãoooo engraçado! E a traminha toda também, super divertida! *o* De verdade, vc é um dos meus autores favoritos daqui! xD *momento tietagem!* kk agora, please, se meu pedido valer alguma coisa: escreve uma SM! *-* ia ser um sonhoooo! :D parabéns de novo! ameei! :D beijãoo!

    2011-10-12
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.