DONE ALL WRONG



DONE ALL WRONG


 


 Blaise Zabine olhava preocupado para uma criatura estranha que se embrenhava pelas paredes de seu quarto. Era estranha. Tinha olhos grandes e muitas pernas. Já havia um bom tempo que o garoto a havia notado, mas não conseguia fazer nada a respeito. Ele sentia medo da criatura.


 Pensara várias vezes na possibilidade de chamar seu pai, mas tinha medo da reação que o mesmo teria ao saber que seu filho estava com medo de um animal tão pequeno.


 Blaise estava abraçado com seu travesseiro e observou o quarto novamente, procurando outros indivíduos como aquele espalhados pelo local. Até aquele momento, o pequeno animal não havia feito nada que pudesse assustar o menino, pelo contrário. Havia ficado a andar pelas paredes, curtindo a solidão de sua vida miserável.


 O bichinho não faz nada, ele tentou convencer a si mesmo. Mas... e se houvesse mais deles espalhados pelo quarto? E se eles decidirem subir nele? E se eles estivessem fazendo uma casa embaixo de sua cama?


 Na escuridão do quarto, ele não conseguiria vigiar a todos de uma vez. O pensamento de que todas aquelas criaturinhas estariam andando pelo seu quarto manteve os olhos de Blaise abertos. Seu pai mesmo dissera que se deve manter os inimigos sob vigilância constante.


 Finalmente, depois de vários minutos, o bichinho voltou a se movimentar. E o medo venceu o pequeno Blaise, que gritou por seu pai.


 - Papai! – gritou um ou duas vezes até que o Sr. Zabine acordasse e se levantasse de sua cama.


 Blaise esperou, escutando os passos de seu pai se aproximando pelo corredor, até que este abrisse a porta de seu quarto e acendesse a luz. Nesse pequeno intervalo de tempo, o menino teve tempo de se arrepender.


 - O que foi, Blaise? – perguntou o Sr. Zabine, claramente irritado por seu sono interrompido.


 - Tem um monstro na minha parede! – disse o menino, saindo de baixo das cobertas e apontando o bichinho inofensivo na parede.


 O homem seguiu o olhar do filho e observou a pequenina criatura na parede. E sorriu, tirando a varinha do bolso e matando o inseto. Depois se virou para Blaise com um olhar critico. O garoto se encolheu.


 - Bem... – disse o Sr. Zabine. – Normalmente os bichos ficam de baixo da cama, não acha?


 O pequeno Blaise arregalou os olhos.


 - O senhor acha que tem algum bicho de baixo da minha cama também? – perguntou.


 O Sr. Zabine andou até a cama do filho se sentando ao lado dele.


 - Quantas vezes vou ter que repetir que não precisa ter medo dessas coisas, Blaise?


 O menino se encolheu um pouco mais.


 - E-eu sei, papai. – disse com sua voz de menino de cinco anos. – Mas dessa vez era um bicho bem assustador mesmo, não achou?


 - Era apenas uma aranha. Menor do que a sua mão. Completamente inofensiva. – ele apontou o bicho morto no canto da parede. Blaise, então, descobriu o que acontecera com a aranha.


 - Porque você matou o bichinho, papai? – perguntou chateado.


 - Acho que a pergunta certa é: porque você não matou a aranha? – perguntou o Sr. Zabine, apontando seu dedo indicador no peito do filho.


 Blaise acompanhou o dedo de seu pai, olhando para o próprio peito e pensou na resposta que daria.


 - Porque eu não tenho uma varinha, papai. – respondeu sorridente.


 - Há muitas maneiras de matar um inseto sem a varinha, Blaise.


 - E-eu sei. Mas o bichinho não ‘tava fazendo nada de errado.


 - Então porque estava com medo dele?! – explodiu o Sr. Zabine. Havia sido tirado da cama às duas da manhã para matar uma aranha inofensiva.


 Uma lágrima solitária caiu pelo rostinho rosado de Blaise e ele voltou a abraçar o travesseiro, escondendo-se atrás dele.


 - Responda-me, Blaise Zabine!


 - Eu não sei, papai. Ela estava me assustando.


 - Então porque você não a matou?!


 - Eu não queria ser malvado.


 - Ah, Blaise! – disse o homem, apoiando o dedo indicador e o polegar na ponte do nariz, mostrando frustração.


 O olhar marejado de Blaise foi do pai para o bichinho morto no canto da parede. Mais uma lágrima escorreu pelo rosto do garoto.


 - Deixe eu te explicar uma coisa, filho. – disse o Sr. Zabine, olhando o menino com seriedade, mostrando que este deveria prestar atenção.


 A carinha molhada de Blaise apareceu de trás do travesseiro, encarando o pai com curiosidade.


 - Tudo o que te assusta, deve ser derrotado de alguma forma. Não importa como.


 O menino pensou nas tantas vezes em que seu pai havia sido mal na sua frente: quando lhe mostrara a marca macabra que carregava no braço, quando gritara com sua mãe, quando gritara com ele... E tantas outras vezes. Seu pai era assustador com ele. E Blaise se perguntou se deveria matá-lo por aquilo. Afinal, seu pai mesmo havia dito que se deve derrotar aquilo que o assusta.


  - Mas...


 - Não, Blaise. Essa é a verdade. Não importa o quanto isso possa parecer assustador para você. – o Sr. Zabine fez uma pausa. – Se você soubesse o quão malvado eu fui com as pessoas que representavam perigo para mim...


 


Done me wrong


Done all wrong


 


 Blaise olhou para o pai com os olhos arregalados. Será que seu pai havia matado tantos bichos como aquele que estava na sua parede?


 - Fazendo isso, eu fiz mal à muita gente. Até a mim mesmo. – ele mostrou o braço esquerdo com a marca negra para o filho que se encolheu ao ver. – Me juntei ao homem mais cruel que já conheci.


 O homem fez uma pausa, se esquecendo momentaneamente da criança de cinco anos, encolhida atrás do travesseiro.


 - Tudo isso porque o senhor se assustou? – perguntou Blaise, timidamente.


 - Tudo isso porque eu queria poder. Se eu estivesse do lado de Voldemort, eu não me assustaria. Os outros é que se assustariam comigo.


 


All the wrong I’ve done I’m sure I’ll live quite long


All the wrong I’ve done, will be undone in song


 


 - E o senhor tinha que me incluir nisso?


 O Sr. Zabine encarou seu filho com uma expressão de confusão.


 - O que quer dizer, Blaise?


 - O senhor me assusta às vezes.


 - Você se assusta com qualquer coisa, Blaise. E é por isso que terá de se tornar um Comensal da Morte.


 Blaise o encarou, as lágrimas secando no rosto rosado de criança.


 - Mas... e se eu não quiser ser?


 - Porque não ia querer?


 O garoto secou as lágrimas que começaram a sair. Seu pai estava começando a falar daquele jeito assustador de novo.


 - É que... não sei se quero ficar matando todos os bichos que me assustarem.


 - Mas não fizer isso, você não vai durar muito tempo, filho.


 


If you’re doing wrong


If you’re done all wrong


You can rest assure you’re gonna live quite long


 


 - O senhor já tentou?


 O Sr. Zabine olhou para o menino, se perguntando se ali havia mesmo uma criança de apenas cinco anos.


 - Não.


 - Então como sabe?


 


If  we’re doing wrong


 we’ve all done wrong


If we do no wrong I’m sure we would be gone


 


X&X


 


N/A: POSTEI UMA SHORT NOVA!!!


Quem gostou, por favor comente. Quem não gostou comente também.


A música usada foi Done All Wrong do Black Rebel Motorcicle Club.


Procurem e ouçam. Vale a pena.


 


 


 

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Comentários (1)

  • IsaBlack

    Gostei MUITO.  Eu acho o Blaise um personagem muito interessante. Tinha muita vontade de escrever sobre ele! :) Você escreve bem demais! Parabéns... essas histórias com as personagens crianças sempre me instigam muito... Eu adoro. Ficou ótima! Parabéns mesmo, Thomas! :D beijão

    2011-09-05
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