Capitulo 2
Capitulo 2
Seguiu seu instinto e entrou na primeira porta que vira. Ao ver onde o comensal estava, imediatamente o estupefou, tendo êxito no ataque. O comensal caiu e sua mascara voou para fora de seu alcance. Quem era o maldito... ou a maldita, pois fios longos se soltaram quando a mascara caiu. O sol começava a nascer agora, e graças a isso a cor acaju do cabelo se destacara com força, cobrindo o rosto da mulher que apalpava o chão em busca de algo para cobrir o rosto, murmurando palavras inaudíveis ao homem que a atacara. Pouco a pouco, o desespero começava a lhe controlar. Não podia deixar que ele visse seu rosto.
- Então você é novata? – ele perguntou, ainda com a varinha em punho – Vou te dar um desconto e deixar pegar sua varinha para ter um duelo decente... mesmo que duvide que façam isso com os que matam, certo?
Algo nele estava diferente. Ele parecia mais nervoso, mais impaciente, sentindo falta de algo que ele não fazia ideia do que ser. E no instante que viu a cor acaju que coloria o cabelo da inimiga, sentiu-se traído e abandonado. Ódio misturado a possessão o dominavam pouco a pouco, e o peito doeu de maneira desconhecida quando viu uma cicatriz na mão da mulher. Uma dor desconhecida mas nostálgica, que o dava um sentimento de proteção sob a mulher. Mas o que raios era aquilo tudo? Ela é um comensal, não uma amiga ou amante!
- Não tenho varin-
- Quieta! – Gritou, espantando tanto ela quanto a si mesmo. No instante em que pode ouvir sua voz mais claramente, uma pontada forte de dor dominou seu corpo, quase fazendo-o cair. Ele não viu o sorriso dela ao perceber que ele reagira assim, muito menos viu o brilho de esperança em seus olhos verdes. Talvez, apenas talvez, ele a tirasse daquela situação. Mas não, não devia criar esperanças, aquela fora uma escolha dela e apenas dela. Ninguém sabia daquilo, ninguém poderia saber, muito menos ele. Ela gemeu ao tentar se levantar, e ele reagiu atacando-a novamente antes que pudesse se controlar, e o arrependimento sentido foi absurdo. O corpo dela bateu na parede e em um baque surdo caiu no chão, imóvel.
Ele fez menção de aproximar-se, principalmente ao ouvir um gemido vindo dela, mas antes que pudesse fazê-lo um vulto preto apareceu e o lançou para longe, sentindo o impacto do armário sobre suas costas. Logo em seguida, o teto caiu entre ele e os comensais, aumentando ainda mais a poeira.
- O que esta fazendo aqui? – ouviu uma voz feminina perguntar, ainda sem conseguir enxergar direito. Uma pontada rápida de dor passou por sua cabeça, o cegando por um segundo.
- Eu é que pergunto. – Se assustou. A segunda voz era muito conhecida por ele, tanto quanto era odiada, e ele nem se lembrava da razão – O que pensa que esta fazendo?
- Snape? – perguntou alto, esperando que ele o ouvisse. O sol que acabava de nascer permitiu que ele visse apenas a sombra dos inimigos pela cortina de fumaça que tomara o local. – Snape? – voltou a chamar, dessa vez mais alto. Resolveu provocar. – Seboso?
- Estupore!
O feitiço passou a alguns centímetros de seu corpo, e explodiu um móvel qualquer do quarto. Sorriu. Sempre funcionara, e não era por que não estava na escola que não funcionaria. Ele revidou aproveitando a vantagem de poder ver o inimigo, mas este já havia se protegido e preparava-se para atacar novamente.
- Seboso, que bom te ver aqui! – Continuou, apenas para provocá-lo. Agora que pensava, estava quase sentindo saudades disso, de provocá-lo e fazê-lo passar vergonha. Nunca negou que era divertido, mesmo tendo diminuído a diversão com o tempo. Por que começou a parar mesmo? – Sabe, eu já estava com saudades. Não pudemos duelar no último ataque, não é verdade?
- Calado, Potter. – A voz dura e amargurada quase cuspiu as palavras, e o ódio contido nelas era óbvio. Mas por que também sentia certo medo vindo dali? Os feitiços não cessavam pela troca de palavras, e a mulher em momento algum se pronunciou, deixando-o desconfortável.
- Protego! Pretrificu Totalus! Vamos lá, Seboso, converse comigo! Faz tanto tempo que não nos falamos. Estupefaça!
- Tem toda razão... – Ele começou, e James não chegou a perceber como ficara de cabeça pra baixo.
- “Levicorpus”? Feitiços não verbais não são bem a minha praia, mas isso comprova que você também sente saudade das nossas conversas na escola, Seboso! Protego. Liberacorpus.Alias... – Começou, levantando-se do chão e sorrindo sarcástico, ignorando a dor na perna - Posso te chamar de Sev?
- Seu... Sectusimpra! – Ah, o sectusimpra. Sempre odiara esse feitiço, causa um estrago enorme no atingido. Era como se facas cortassem cada parte do seu corpo, o que o tornava perigoso: na maioria das vezes, a vítima perdia a consciência e morria por perda de sangue. E mesmo que ele não quisesse que isso acontecesse, não pode fazer nada a não ser esperar o feitiço, que continha uma incrível velocidade, o atingir. O que não aconteceu. Não fechou os olhos como quem espera uma provável morte, manteu-os abertos, encarando as rajadas brancas e perigosas do feitiço, e viu quando um vulto jogou-se na sua frente, recebendo o feitiço em seu lugar.
Ela caiu no chão, quase inconsciente, soltando gemidos de dor e tremendo, com a roupa negra rapidamente ficando com um brilho estranho. Logo, a pouca pele exposta também foi manchada por sangue. Ela tossiu e Snape avançou sobre ela, murmurando baixo o suficiente para que James não ouvisse.
James apenas a observou, ignorando a imagem de Snape ao lado dela.
Tremia, sangrava, gemia de dor. Recebera o feitiço por ele, um inimigo. Estava no estado deplorável que ele, James, deveria estar: morrendo aos poucos. E a cada segundo passado a necessidade de socorrê-la crescia, dominava sua mente, que agora tinha como alvo dominar seu corpo. Desesperou-se ao ver que seu pé direito se movera para traz, pra longe da mulher. Mas se desesperou por quê? Ele devia aproveitar o momento de fraqueza de Snape e abatê-lo ali mesmo, para logo após sacrificar a mulher. Bastava um mover de varinha. Mas por que não se mexia? Por que os olhos desesperados não paravam de seguir a trilha de sangue da comensal?
Não notou Snape murmurar encantos de cura, e com certeza não percebeu o desespero no sussurro do inimigo. Viu a boca dela se mexer, mas não ouviu nada. Também não ouviu Snape bufar e só percebeu ter sido atacado por ele após sentir a parede bater contra suas costas. Ouviu um estalo e bufou. Aparatam, pensou.
Levantou-se, decidindo não pensar naquilo agora com algo lhe dizendo que não era importante, e foi até outro quarto do casebre destruído, um que tinha visão para o “campo de batalha”. No caminho, pode observar melhor a casa, e viu uma boneca de pano no chão. Estaria em ótimas condições, se não pelo furo bem no meio de seu peito, que deixava a espuma escapar, e os dois botões verdes que representavam os olhos, cuja costura estava levemente afrouxada. Verdes... não fora essa a cor que vira nos olhos da comensal? Um verde estranho, de uma tonalidade estranha e que parecia não estar em seu natural. Colocou a boneca em cima de um móvel qualquer e aparatou para onde a batalha ocorria. Ficou aliviado ao ver que naquela altura, o local já estava vazio e completamente silencioso. A cabeça doía e desistiu de pensar. Aparatou novamente, dessa vez para dentro de seu quarto no subúrbio trouxa de Londres.
O plano era despencar em sua cama, limpar sua mente e voltar a dormir, mas Sirius já fazia isso por ele, e Remus lia pacientemente um dos livros de sua pequena estante. Não tirou os olhos do livro quando murmurou um “Bem-vindo”, mas pode ouvi-lo ignorar o amigo deitado na cama e jogar-se sobre ela, roncando pouco depois. Riu um pouco e voltou a se concentrar em sua leitura. Os dois amigos realmente não andavam dormindo bem pra aceitar o sono naquelas condições.
Sono que, para James, veio conturbado.
Aula de poções. Como estava com preguiça de fazer a poção decidida pelo professor, trocou Sirius por Remus e ‘permitiu’ que o amigo fizesse todo o trabalho, prometendo-lhe não brigar com ninguém até o final da tarde. Preferia assim, pois evitava mentir: não resistia a sair para se divertir de noite, e Remus sabia muito bem disso. Mas dessa vez, estava com cara de irritação e olhava fixamente para a dupla a sua diagonal esquerda. Nem a pequena explosão de Sirius e Pedro o fez desviar o olhar da maneira cordial como Severus Snape falava com uma bonita gryffindor ruiva, que era prontamente correspondido.
Os dois, claro, faziam a poção sem qualquer dificuldade, e até brincavam um pouco enquanto isso. Ambos, enquanto a poção fervia, tentavam arrumar o cabelo um do outro de maneira desajeitada, mesmo que ele duvidasse que o cabelo do slytherin sofresse algum efeito perante o ar quente, como acontecia com o cabelo da garota. Quando ele jogou alguns bagaços de erva nela, ela riu e jogou de volta, tudo de maneira discreta. Quando ele, James, jogara algumas folhas nela, ela o enfeitiçara, e de maneira nada discreta. O que Snape tinha que ele, o grande James Potter, não tinha?
Remus percebeu a encarada do amigo sobre a dupla, exatamente como percebera algo mais, mas ficou em silêncio e sorriu de leve. Que diria que o grande James Potter se sentiria assim, com ciúmes.
- Agora, é só cortar a raiz e- Ai! – James ajeitou-se na cadeira, quase pulando, quando ouviu o pequeno gemido da colega de casa. Havia se cortado com a faca que deveria cortar a raiz, mas graças a Merlin não era nada serio. Sorriu ao lembrar-se das outras maneira que já a vira se machucar, sendo terrivelmente desajeitada como era ao sentir-se tranquila. E fechou a cara ao dar-se conta disso. Só a via desajeitada – e então realmente tranquila – com as amigas ou com Snape. Sempre Snape.
- Tudo bem? – A voz preocupada de Snape a perguntou. Ela assentiu e sorriu de leve, levando o dedo ferido a boca. – Aqui – ele disse, tirando um vidrinho de suas vestes – Você esta sempre se machucando, então passei a carregar um comigo.
- Obrigada, Sev. Você esta sempre me salvando, mesmo. – Ele corou. Corou e apenas James viu isso, o que aumentou sua irritação. Ele abriu o vidrinho e pingou uma gota da poção no ferimento da amiga, que soltou um leve gemido de dor quando a poção começou a fazer efeito: o ferimento se fechou sem deixar cicatriz, e uma fumacinha rala se espalhou rapidamente. Ele só ouviu o gemido e viu a careta de dor que ela fez.
- Tudo ok, Evans? – Ela virou-se pra ele, fuzilando-os com os olhos, mas segurou a língua.
- Sim, Potter. Não foi nada, agradeço a preocupação. – Sempre cordial, ele pensou.
- Se quiser, a acompanho até a enfermaria e-
- Não é necessário, obrigada. – Ela nem se dera o trabalho de vira-se pra ele, e percebendo isso, ele insistiu.
- Mas com certeza sou melhor companhia que o Seb-
- Chame-o assim novamente e eu juro por tudo o que me é sagrado que você não vai estar no próximo jogo de gryffindor. – A voz fria o atingiu, mas não o amedrontando. Parecia, de certa maneira, decepção.
- Tudo bem... – Ainda o ignorando, apenas voltou a fazer a poção. Do fundo da sala, um pergaminho amassado atingiu sua cabeça e o riso divertido de Sirius e Pedro pode ser ouvido. James se sentou, contrariado, e passou a encarar o livro que instruía como fazer a poção.
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Olá! o/
Esse ficou um pouquinho mais longo que o primeiro, e é ainda mais importante que ele também. É um capitulo que já deixa muita coisa subentendida, da mesma maneira que deixa o leitor ainda mais confuso.
Sacrifice é basicamente a minha visão sobre o quão forte é o amor entre Lily e James, então eu criei um situação que coubesse bem dentro da cronologia imposta por Rowling durante a serie de Harry Potter, então, como eu tentei deixar claro no primeiro capitulo, só faz seis meses que eles saíram de Hogwarts, o que quer dizer que estão em 1979!
De agora em diante, vou tentar deixar um comentário meu em cada cap, e se alguém fizer perguntas, tentarei respondê-las por aqui também!
Espero que tenham gostado e peço reviews!
Até! o//
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