Na fogueira



O verão estava sendo inesquecível. Como haviam prometido, havia uma semana em que Ben estava hospedado N'a Toca. Todos os dias quando o sol nascia, eles acordavam e corriam para o gramado para jogar quadribol. Se dividiam em times de seis pessoas e disputavam a vitória até o apanhador apanhar o pomo e acabar com a partida. Na maioria das vezes Teddy era o apanhador, por ser o antigo apanhador do time da Grifinória. Disputado pelos líderes, quem não o conseguia optava por Albus. 


No final do dia, montavam cabanas no jardim e contavam histórias de terror em volta da fogueira. 


-Em todas as noites de lua cheia, o lobisomem se trasforma. E se você não se cuidar, ele pode te atacar quando você menos espera. -Hugo falou com uma lanterna em mãos, iluminando seu rosto. Era uma quarta-feira, faltavam aproximadamente duas semanas para as aulas recomeçarem. -É uma criatura imensa e peluda, de dar frio na barriga. Acreditem em mim.


Alguns riram da ironia. Os menores se encolheram de medo, olhando para todos os lados a procura de alguma criatura imaginável. Rose encarou Hugo intensamente, enquando o mesmo ria em silêncio.


-É mesmo Hugo. -Ela interrompeu o silêncio. -Cuidado. O lobisomem pode te atacar a qualquer hora, a qualquer minuto. Fique atento.


Ben deixou escapar uma gargalhada. Aqueles que estavam se segurando para não rir acabaram fazendo um escândalo. Os gêmeos Lorcan e Lysander Scamander eram os únicos que não estavam entendendo nada. Eles eram filhos de Luna Lovegood e Rolf Scamander. Eram um ano mais velhos que Hugo e um ano mais novos que Rose, portanto naquele ano iriam pela primeira vez em Hogwarts.


Albus, sentado perto de Lorcan, se esticou e cochichou algo em seu ouvido. O gêmeo tampou a boca com as mãos e se virou para cochichar algo no ouvido de seu irmão, que se espantou da mesma forma.


-Albus! -Rose havia percebido do que eles falavam. Ela se levantou e sentou-se no pequeno espaço do lado dele. -Por que contou?


-Uma hora ou outra eles tinham que saber. -Ele deu um sorriso torto, sempre fazia isso quando cometia algo de errado. -Todos aqui já sabem.


Ela olhou em volta da fogueira, realmente todos sabiam. Seus primos e Teddy, eram os únicos ali além dos gêmeos.


-Tudo bem. -Ela respirou fundo e voltou para seu lugar ao lado de Ben. -Não fiquem assustados Lorcan e Lysander. Eu não sou tão assustadora como Hugo falou.


Hugo sorriu e imitou um lobisomem por trás de Rose, enquanto os outros riam.


-Hugo, eu estou te vendo. E estou falando sério, se você não se cuidar nas noites de lua cheia, cuidado.


Um dos gêmeos a olhou espantado.


-Não, não. -Ela falou ao vê-lo. -Por favor, não se assuste. Só falo isso porque ele é meu irmão e...


Enquanto ela terminava seu dicurso um barulho chamou a atenção de todos. Eram asas batendo, cada vez mais intensas. Louis e Roxanne se abaixaram e uma coruja negra foi anunciando pouso segurando uma carta em suas pequenas garras. Ela passou raspando entre os dois e antes mesmo de levantar voo, soltou-a no colo de Lorcan. Ele levantou a carta diante dos olhos. Primeiro parecia confuso, mas logo um sorriso se abriu em seu rosto.


-Recebi minha carta de Hogwarts! -Ele pulou do banco de madeira. -Não acredito, tantos anos esperando e finalmente a recebi!


Alguns que estavam sentados levantaram-se para parabenizá-lo. Ele parecia a pessoa mais feliz do mundo. Após algum tempo de comemoração um grupo de pessoas se reuniu para falar sobre Hogwarts. Lorcan dizia que queria ir para a Corvinal, a casa de sua mãe.


Hugo sentava-se ao lado de Lysander, que parecia um pouco desanimado. Albus, que conversava junto a Lorcan e alguns outros garotos, pareceu preocupado ao olhar a cena. Levantou-se de onde estava e foi se sentar junto aos dois.


-Por que você anda tão triste? -Ele olhou para Lysander. -Não está feliz pelo seu irmão?


-Estou, estou. -Falou Lysander. -Acontece que... Acho que essa carta nunca vai chegar para mim. Todo dia eu penso nela, e ela nunca chega. Tenho medo... Medo de não ir para Hogwarts.


-Não pense nisso, Lysander! É claro que ela vai chegar. Sabe, quando era minha vez de recebê-la, demorou muito. Rose a ganhou antes de mim! E nem por isso eu achei que ela não ia chegar.


-Mas acontece que nós somos irmãos gêmeos. Não deveria chegar ao mesmo tempo?


-As vezes sim. As vezes não. Vocês não são iguais em muita coisa. Olhe bem, em que casa você quer ficar?


-Eu queria ir para a Grifinória...


-Viu? Seu irmão quer ir para a Corvinal. Não é porque vocês são gêmeos que tem que ser iguais em tudo. Apenas tem a mesma aparência, mas são diferentes.


-E ele tem razão. -Comentou Hugo.


-Entrem para dentro de casa! -Harry apareceu na porta D'a Toca. -A janta está quase servida!


Eles entraram dentro de casa e tiraram os casacos, pois a lareira esquentava demasiadamente o local. Todos trabalhavam em conjunto. Molly dava as ordens e todos a obedeciam. O motivo daquele trastorno era a comida, feita para o aniversário de Ronald.


-Vamos! Gina, por favor, arrume a mesa. -Falava Molly enquanto cozinhava o arroz. Olhou para George que vinha despreocupado com a vida. -Fred, tire a galinha do forno!


George a olhou tristemente. Ela parou tudo o que estava fazendo e desmoronou nos braços do filho. Ele a abraçou e falou:


-Francamente, mulher, você diz que é a nossa mãe.


Ela riu no meio de lágrimas. Todos pararam oque estavam fazendo. Alguns deixaram lágrimas rolarem sobre o rosto.


-Vamos, temos algo a fazer. -Ela sorriu, limpando as lágrimas. George, com o rosto molhado, tirou a galinha do forno e a colocou na mesa já arrumada. Era uma longa mesa com lugares de sobra. Ao longo dos anos a família ia adicionando novas cadeiras, quase não sobrava espaço, mas sempre arrumavam um jeito.


Gina chamou a todos e quando a sobremesa estava servida -um bolo de aniversário preparado por Hermione-, cantaram parabéns e voltaram para as cabanas, onde tiveram uma longa noite de sono.

 







 

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