Chalé das Conchas

No Chalé das Conchas...





Abri os olhos com certa dificuldade, tentando enxergar alguma coisa.

Não fazia ideia de onde diabos eu estava. Minha cabeça doía muito. Movi debilmente o corpo e cada osso meu reclamou. Minha visão parecia nublada, enquanto meus olhos tentavam reconhecer aquele lugar. Onde, em nome de Merlim, eu estava?

 

Escutei um barulho ao longe, parecia... era como se fosse... O mar?!

 

Tentei abrir melhor os olhos? Onde estavam Rony e Harry? De repente o pânico se alastrou por todo o meu corpo, fazendo meu peito arder.

 

Quando finalmente consegui erguer a cabeça, em busca de alguma pista de onde estava, senti dois braços fortes me envolverem de uma forma quase sufocante. Era Rony, ele estava lá! Seu cheiro preencheu meu cérebro, e apenas correspondi ao abraço, me sentindo incrivelmente protegida.

 

- Mione... – Eu pude ouvi-lo sussurrar com a voz rouca, e de repente meu coração se arremessava furiosamente contra meu peito, Rony estava vivo.

Seus braços me apertavam cada vez com mais intensidade e se não fosse pela maldita dor nas costelas, teria ficado colada a ele para sempre.

 

- Ron, eu... – tentei explicar que precisava respirar, mas antes que precisasse dizer, ele se afastou, me olhando de uma forma que não me lembrava de já ter visto antes; seus olhos pareciam tensos e temerosos.

 

- Está tudo bem? – Perguntei aflita, a lembrança de horas, ou minutos atrás, não sabia ao certo, se tornaram claras, e o medo me invadiu mais uma vez. – E o Harry? – Tentei levantar, olhando para ele cada vez mais assustada.

 

- Harry está bem – ele disse parecendo cansado e desviando os olhos dos meus. Rony passou as mãos pelos cabelos, parecendo nervoso, como se temesse me contar alguma coisa, mas não insisti para que falasse, por ora saber que ele e Harry estavam bem era o bastante.

 

- Onde estamos? – Perguntei tentando entender o que havia acontecido, até onde me lembrava estávamos na mansão dos Malfoy.

 

- Esta é a casa de Gui e Fleur – ele respondeu se virando para mim mais uma vez. – Como você se sente?

 

- Como se tivesse sido atropelada por uma manada de hipogrifos. – Respondi sincera, arrancando dele um sorriso torto, que fez meu coração bater ainda mais rápido. Pensei que fôssemos morrer, era quase como um sonho ter Rony ali na minha frente, e saber que todos nós estávamos vivos. Deixei escapar um suspiro que parecia estar preso na minha garganta há muito tempo.

 

- Tive tanto medo. – Confessei sem encará-lo diretamente. – Não medo de morrer, tive medo que vocês morressem... – Não pude conter a lágrima que escapou pelo canto do olho. Rony sentou na beirada cama, e pegou minha mão. O gesto espontâneo dele acalmou meu coração, e deixei o ar escapar, o alívio percorrendo meu peito.

 

- Também tive medo... – ele me olhou mais vez daquela forma penetrante, me deixando totalmente desestabilizada. – Maldição, eu tive muito medo. Seus gritos... Inferno sangrento, eles doeram fisicamente em mim. – Notei ele engolir em seco, como se tentasse evitar um choro que parecia preso e prestes a explodir a qualquer momento.

 

Sua voz era tão desesperada. E não pude desviar meus olhos dos seus. Senti a ponta dos dedos dele deslizarem gentilmente entre os meus, e meu corpo vibrou involuntariamente. Ele continuava me olhando como se temesse que algo de ruim ainda pudesse acontecer.

 

- Está tudo bem agora, Ron – disse apertando gentilmente sua mão, querendo que ele se sentisse seguro como eu me sentia perto dele.

 

Rony se aproximou um pouco mais, fazendo meu coração disparar subitamente.

 

Um silêncio constrangedor se instalou entre nós, e de repente não sabia se o som da respiração descompassada que ouvia era a minha ou a dele. Talvez fosse de nós dois, não sei ao certo, estava mais preocupada em sustentar o olhar azul que permanecia grudado no meu.

 

- Hermione, eu... eu... – A respiração dele agora estava muito perto, podia sentir o hálito quente contra os meus lábios. Era como se ele procurasse dentro de si coragem para se aproximar mais, e meu coração apenas implorava para que ele a encontrasse.

 

Embora sentisse meu rosto arder, mantive corajosamente meus olhos nos dele, torcendo para que ele entendesse o que eles diziam, o que eu esperava pacientemente ao longo de todos esses anos.

 

Aproveitei que nossas mãos ainda estavam unidas, e alisei delicadamente a dele com o polegar, numa tentativa desesperada que ele continuasse.

 

Rony se mexeu, parecendo finalmente entender os gritos silenciosos dos nossos olhos; sua outra mão pousou nas minhas costas, e antes que eu pudesse fechar os olhos completamente seus lábios estavam sobre os meus. Foi como se estivesse sendo tragada para dentro de uma tempestade. O beijo começou devagar, como se ele temesse me machucar, os lábios dele eram quentes e macios, e implorei intimamente para que aquele beijo nunca mais acabasse.

Rony intensificou o beijo depois de explorar meus lábios com devoção e carinho, senti sua língua pedir passagem... Levei minhas mãos a sua nuca, e deixei que meus dedos se perdessem entre os fios vermelhos. Meu gesto pareceu dar ainda mais coragem a Rony, ele me pressionou contra seu corpo, me beijando de forma cada vez mais urgente, levando-me a um mundo de sensações que eu nunca imaginei existir, e do qual eu nunca mais queria sair.

 

Eu podia sentir seu desespero em cada movimento, e apenas esperava que ele estivesse sentindo o meu também.  

 

De repente era como se não existisse uma guerra. E se não fosse a maldita dor aguda comprimindo minhas costelas, quando Rony me apertou com ainda mais força, eu sequer lembraria que havia sido torturada por Belatriz. Mas não pude evitar gemer agoniada, e Rony se afastou preocupado.

 

- Merda. - Ele esbravejou nervoso, tive vontade de sorrir, era tão adorável vê-lo preocupado. 

 

- Me desculpe, eu ... caramba. Eu não queria machucar você. Eu não tive a intenção... Inferno sangrento!

 

- Ron, está tudo bem – tive vontade de aproximar meu rosto do dele e beijá-lo, mas não tive coragem o bastante.

 

- Mas você está tão machucada, e eu simplesmente não consegui me controlar...

 

- E eu gostei que você tenha se descontrolado – admite antes que fosse capaz de conter meu impulso, sentindo o rosto queimar, mas feliz por ter dito coragem de dizer quando vi que Rony sorria parecendo encantado com o que eu havia acabado de dizer.

 

Ele voltou a se aproximar e mais uma vez colou seus lábios nos meus, mas dessa vez de uma forma absurdamente gentil, fazendo todos os pelinhos do meu corpo se arrepiarem. Fechei os olhos e aproveitei o toque dos seus lábios nos meus, tive medo de abri-los e descobrir que tudo não passara de um sonho.

 

- Hermione, eu... – Ele se afastou brevemente, eu mantive meus olhos fechados, sentindo a respiração dele tocar meus lábios. Eu poderia dizer que Rony estava lutando para escolher as palavras.

 

- Eu esperei tempo demais para fazer isso, e agora simplesmente não sei como controlar os impulsos desesperados de beijar você. – Ele fez uma pausa, buscando ar para continuar. - E hoje tive tanto medo de perder você, e se eu continuasse esperando jamais iria me perdoar.

 

Ele se calou e eu abri meus olhos; os dele estavam me olhando de uma forma tão intensa que senti meu corpo tremer diante daquele olhar. Minha respiração ficou suspensa diante das suas palavras.

 

- E por que você esperou tanto? – Perguntei de súbito, ainda tentando voltar a respirar normalmente.

 

Ele suspirou angustiado.

- Por achar que simplesmente eu não mereço você. Maldição, você é tão brilhante e impressionante. – Eu queria mandá-lo calar a boca e dizer que ele era um grande imbecil, por pensar isso, mas continuei calada, esperando que ele falasse tudo, agora que parecia finalmente ter encontrado coragem para fazê-lo.

 

- Merlim! Você é tão incrível, tão linda. Eu... bem, eu não tenho muito para lhe oferecer. Eu não sou rico ou famoso, não sou sequer inteligente ou corajoso...

 

- Ron – chamei um pouco desesperada, eu não poderia permitir que ele continuasse, era tão insano que Rony pensasse isso de si mesmo, mas ele estava determinado a continuar e voltou a falar sem me dar chances de dizer qualquer coisa.

 

- Hermione, eu só quero que saiba que mesmo que eu não seja o cara mais talentoso e corajoso do mundo, vou estar sempre aqui para você, vou protegê-la e cuidar de você, e mesmo que não seja grande coisa, quero te dar tudo que tenho aqui – ele tocou no próprio peito, bem sobre seu coração.

Senti um nó se formar em minha garganta e de repente não conseguia mais respirar, estava prendendo a respiração, sem conseguir dizer nada. Tentei lutar contra as lágrimas, mas uma acabou escapando pelo canto do olho.

 

Rony se aproximou de mim, limpando gentilmente a lágrima com o polegar.

 

- Mione, não chore, por favor – eu abri a boca uma ou duas vezes, mas as palavras pareciam ter me abandonado. Eu estava tão surpresa e tão admirada...

 

E de repente me sentia corajosa o suficiente para jogar meus braços em volta do pescoço de Rony e beijá-lo com todas as minhas forças, e foi exatamente isso que fiz, assustando-o; mas ele só precisou de dois segundos para se recompor e me beijar com a mesma intensidade.

 

 


 

 

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N/A: Bem, embora essa passagem esteja em DFI, aqui tentei trazer o momento pelo ponto de vista da Hermione, o que ela sentiu ao saber que Rony estava vivo e ao seu lado.
Agradecimentos especiais a Viviane Barreda pela betagem, a Pipoca e a Carol (Tia Carolis) pelo incentivo incondicional e a Lilly por me permitir usar suas fanarts maravilhosas.
E um muito obrigada a todos que leram. 

Beijos,
Disomers 

 
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N/B por Viviane Barreda

Ownnn... Será que se eu pedir a Belatriz me tortura? Quero ganhar um beijo desses com direito a uma declaração de amor e tudo ♥♥

Depois de ter sido torturada por aquela vaca, a Hermione realmente merecia ser tratada com o máximo de carinho possível, os momentos de dor e incerteza que ela viveu só serão apagados com muito amor, carinho e a chance de poder lutar para construir um novo mundo mágico ao lado das pessoas que ela ama e defende, pessoas como o ruivo que acaba de deixar claro pelo quê está lutando.

Foi esclarecedor ver como nossa heroína se sentia, como lidava com todo o sofrimento e também foi comovente assistir ao oásis de paz e plenitude que ela vivenciou em meio à guerra.

Não sei o que acontece comigo, mas essas fics em primeira pessoa me deixam com vontade de ter um segundo capítulo... XD

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Mil Bjs,

Vivi

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