You Love To Hate Me, But Not T



“You love to hate me, but not today.”



Como ela pudera sentir afeição por um Malfoy??? Não se perdoava por isso. Defendera Malfoy e acusara Harry! Sabia que Harry estava certo. Mas como Monitora não podia deixa-lo impune.. E, quando percebeu, as palavras já estavam saindo de sua boca, sem ela perceber:

-Menos 5 pontos para a Grifinória por isso Harry! E você Malfoy, venha comigo.

Não sabia porque dissera isso. Hermione fazia sua ronda quando ouviu barulhos num dos corredores. Foi aproximando-se, e quando se deu conta estava trombando em Harry, que estava sob sua capa da invisibilidade. Do outro lado viu Draco com o nariz sangrando. Havia puxado a capa de Harry. Vira seu olho inchado. Já sabia o motivo da briga.. Harry dissera a ela que iria pegar uns livros proibidos na biblioteca. Provavelmente fora surpreendido por Malfoy. Seu olhar fixou a insígnia de Monitor de Malfoy. Sabia que se não fizesse nada, ela iria ser prejudicada. Sentiu pena, PENA de Draco machucado daquele jeito. E não pensando duas vezes, disse o que disse.

Agora, com Draco andando ao seu lado, mentalizava o olhar de fúria que recebera de Harry no momento que disse aquilo.

-Droga! Ele sabe que sou Monitora! – sem perceber disse isso em voz alta.

Draco tentava estancar o sangue que lhe escorria. Mas não perdeu o momento de provocação.

-Se refere a Potter, não é Granger? Você sempre defende ele.. o que houve hoje?

“Toda aquela palidez contrastando com a vermelhidão de seu sangue...” Hermione ouvira a voz de Draco, mas parecia estar tão longe... que quando olhou para seu rosto foi a única coisa que conseguiu pensar. – que foi que disse?

-nada – disse Draco contrariado. Não estava num bom momento para provocar, realmente... – em que está pensando assim, tão distraída, que foi capaz de não ouvir uma provocação minha?

-Nada. Nada que possa interessar a você no momento.... – a face de Draco parecia iluminar o caminho pelas masmorras, seus olhos cintilavam, e aquele sangue... – vamos, entra ai no banheiro. – e empurrou-o pela porta do banheiro feminino.

-Ei você é louca? Imagina se alguém entra aqui... você é mais afetada do que eu pensava!

-Não discuta agora.. entra e pronto, não tem ninguém à essa hora.

-Que vai fazer, pervertida??

Hermione se limitou a olha-lo com desprezo.

Guiou-o ate a pia e, segurando em sua nuca, fê-lo abaixar a cabeça.

-Pronto, já vai parar de sangrar.. não quero que você morra por ai com uma hemorragia.

-Sei, você quer me matar.

-Não fale também.

Draco sentia a mão quente de Hermione em sua nuca. E arrepiava-se com isso. Em seu 7° ano, não imaginava que poderia se dar bem nunca mais com a Granger, que o repugnava. Sim, ela tinha motivos, mas ele não a provocava por mal desde a .. bem.. desde a um bom tempo. Era mais por prazer de vê-la tão furiosa, seus olhos brilhando... foi acordado por uma jorrada de água fria no rosto. Hermione limpava o sangue que havia escorrido por seu queixo e pescoço...

-Bem, em suas roupas você da um jeito não é? – ela se referia a sua capa, manchada por sangue. – dessa vez parece que Harry estava muito bravo... – zombou ela.

-Não foi só pelo soco dele que isso aconteceu.

-Pelo que foi então? – Hermione perguntava por perguntar... não se importava. Se importava mais em acariciar aqueles lábios macios....

-Tive uma briga com Paul Belenni. Você não o conhece... mas.. não importa.

-O que? Duas brigas em uma so noite e ainda leva dois socos do mesmo lugar?? – Hermione agora prestava atenção, queria divertir-se as custas dele...

-Sim. Pelo menos foram no mesmo lugar.. menos hematomas, sabe. – e murmurou um feitiço que Hermione não pode ouvir, mas viu o resultado: seu nariz parara de sangrar e seu rosto estava completamente limpo e seco. – alem do mais, as duas brigas foram necessárias. Belenni andava dizendo coisas.. ahn.. indevidas sobre uma certa garota.

-Por que não fez isso antes???? – Hermione olhou indignada pro seu rosto. – briga por garotas.. vocês realmente são uns bárbaros.

-Ia perder a chance de ter você aqui comigo? – e deu um daqueles sorrisos cínicos dele – acho que mudaria sua opinião, Granger, se soubesse que a “certa garota” era você.

E dizendo isso sumiu pela porta.

Hermione não tentou ir atrás. O que fora tudo aquilo? O que ele acabara de dizer mesmo? Ouvira bem? MALFOY A DEFENDERA?? Correu pra porta, olhou pros lados no corredor escuro. Sem enxergar nada, encostou-se na parede.. murmurando um “.. e eu defendi ele...”..



Já de madrugada, voltara pro dormitório. Ainda não assimilara as coisas. Ia subindo as escadas quando viu um vulto sentado. Pelo clarão das velas percebeu que era Harry, e foi sentar-se ao lado dele.

-Harry, você está bem? Er.. desculpa.. eu.. não queria mesmo ter feito aquilo.. mas você sabe...

-Não precisa pedir desculpas Mi.. sei.. é a sua responsabilidade isso... estou chateado por Malfoy. Não tinha que se meter ali, aquela hora!

-A Harry... ele parece estar em todos os lugares ..

-Que quer dizer com isso Mi?

-Em todos os lugares que você não o quer, ele está... – “e em todos que você quer, ele nunca aparece” pensou.

-Ah, ele é uma praga... que se espalha.. mas não falemos dele..

-Claro, como quiser.... escuta, seu olho ta doendo muito? – ao dizer isso tocou o rosto de Harry. Harry segurou sua mão ali:

-Não agora que você esta aqui. – Hermione ficou sem graça. Harry ficou vermelho. E sem nenhum dos dois perceber, estavam se beijando. A claridade da lua entrava pelas vidraças, produzia sombras nas paredes. Hermione ficara espantada com o beijo. Mas entregara-se a ele. Era demais por essa noite...



Era domingo de manha. Ela continuava deitada, olhava ao longe, através da janela. Mas nada via. Via Draco, Draco e sua palidez... sua pele macia.. mas era Harry quem aparecia de repente e a beijava... não houvera explicações para esse beijo. Ambos foram pra seus quartos depois disso. Ela não queria levantar e se deparar com ele. Já era tarde. Mas ficaria ali. Não queria ver Draco também. Queria não ter que fazer mais nada, ver mais ninguém. Viu uma pedrinha voando pra dentro do quarto e caindo aos pés de sua cama. Poucos segundos depois e veio outra. Levantou-se, curiosa, e foi olhar pela janela. La embaixo Harry enfeitiçava pedrinhas e as fazia voar ate ela. Hermione sorriu, divertida. Animou-se, esqueceu de muitas coisas, aprontou-se e foi ao encontro de Harry.

-Hum.. que faz ai tão cedo? Não foi a Hogsmead? – sentou-se a seu lado na grama.

-Cedo? A noite foi longa pra você, não? Preferi ficar aqui... com você. – e sorriu. Hermione correspondeu. Deitaram-se de costas, em silencio, por um instante.

O silencio foi quebrado por uma fala meio incerta de Hermione..

-Harry... que foi que... houve ontem a noite? – Harry brincava com um dos cachos de seu cabelo...

-Ham.. não sei.. mas diga-me.. gostou?

-Quero mais.. – hermione disse isso com prazer. Sempre gostara de Harry. Admirava-o, adorava-o, achava-o perfeito. E agora, ali com ele, era seu céu.

Harry beijou-a . e assim permaneceram por muito tempo. Ficariam mais, se não tivessem sido interrompidos por uma voz muito familiar...

-Ora ora, que romântico vocês aqui hein? – era Draco. Harry levantara-se. Tentava se controlar... como Malfoy conseguia-o atrapalhar até com isso?? Estava fazendo quase um favor a ele, iria ridicularizar aquela chatinha da Hermione na frente de todo colégio.... desde que Cho não aceitara ficar com ele por causa da intimidade que ele tinha com Hermione, ele queria vingar-se dela... e nada melhor do que faze-la acreditar que ele estava mesmo afim dela agora, e depois ainda ganhar fama as custas dela.. poderia dizer que conseguia qualquer garota do colégio, ate mesmo A Hermione... não era de sua indole fazer isso, ele sabia.. mas não agüentava mais ser aquele garoto bonzinho de sempre. Ele tinha poder. Porque não usa-lo? Porque sempre ser proibido de fazer isso?? Estava cansado de sempre ser mandado. Queria mandar. ãh ãh.. Draco você sempre esta presente na hora errada....

-Que você quer Malfoy? – perguntou ele, irritado.

-Uh.. nada em especial.. so ter uma conversinha em particular com sua.. ahn.. namorada. – e conteve o que pareceu um riso.

Hermione corou. Não disse que não era namorada de Harry. Mas percebeu nos olhos de Malfoy que ele não estava achando tanta graça assim...

-É.. um minuto Harry. Deve ser sobre a ronda de amanha. – levantou-se, passou direto por Draco, e ele a seguiu. Foram parar quando Harry já não podia vê-los.

-Que é? – hermione estava curiosa

-Em partes, é sobre a ronda. A prof. Minerva quer saber se você pode fazer, porque a Guery está doente e..

-Posso sim. Onde?

-Nas torres. Amanha, as 21 horas. E outra, comigo. – ele queria ver a cara de desprezo dela ao ouvir isso...

-Ok. – mas acabou não vendo. – que mais tinha a dizer?

-Ah, te digo amanha a noite.. – desconcertado com a atitude dela - provavelmente poderemos conversar muito... – e foi andando pro castelo. Hermione alcançou-o e passou por ele, apenas dizendo:

-Espero que valha muito a pena ouvir... Malfoy – e foi correndo na direção que Harry estava.

Draco olhou com cara de nojo naquela direção.

- Potter, Potter... veremos se seu joguinho da certo. Você não tem minha experiência ainda..



Harry ficara olhando os dois afastarem-se. Maldito Draco, sera que ele sabia de algo e iria dizer a Hermione?? Não.. ele não iria querer ajuda-la... mas tinha que se apressar. Tentaria algo mais quente com Hermione, essa noite mesmo. Sabia que ela não resistiria a ele.

Hermione vinha correndo. Era bonita, pensou. Mas nenhuma Cho. Gostava dela, mas não como de Cho. E por ela era capaz de muita coisa... isso era o que ele pensava.

-Ora, era sobre a ronda mesmo.... – e sentou no colo de Harry, fazendo uma careta de contariada. Mas na verdade havia adorado a noticia.

-Ahh .... – harry beijava seu pescoço agora, acariciando levemente sua cintura...

-Err.. escuta harry.. - Hermione se arrepiou, mal imagina que aquilo estava acontecendo... – acho melhor nos encontrarmos a noite por ai e..

Harry, contrariado, mas não querendo fazer pressão demais pra ela não desconfiar, soltou-a – Hã, se você prefere assim.. nos vemos hoje a noite – levantou-se, e murmurou qualquer coisa sobre ir pro treino de quadribol. Hermione sentiu-se aliviada.

Que estava acontecendo, de novo??

Ela amava Harry. Ou amara? Ela odiava draco. Ou odiara? Confusa, sim.. de repente quando perde todas suas esperanças, Harry entrega-se a ela. Draco, não a despreza mais. Tem um olhar diferente, e ela pode ver todas as intenções possíveis nele.



Sentada num canto da sala comunal, evitava as pessoas. estava absorta em seus pensamentos. Draco.. Harry... que dera naqueles dois? Que foi que Draco disse sobre defende-la...? Carol Lestich, uma quartanista, interrompeu-a:

-Ei, o Harry tá te esperando na torre de astronomia e...

Hermione já havia levantado e ido até lá. Os corredores ainda estavam claros, a noite estava clara. Subiu as escadas correndo, e no ultimo degrau, parou, comtemplando Harry de costas pra ela. Andou silenciosamente ate ele. Parou a seu lado. Ele a olhou, sem demonstrar espanto, e disse um “boa noite” baixo, sorrindo. “Como era difícil fingir sorrisos” pensou. Hermione respondeu, e não teve tempo de perguntar o que estava fazendo ali. Harry já a beijava calorosamente, sua mão passeava por suas costas, Hermione já não conseguia controlar. Harry encostou a boca em seu ouvido e num sussurro disse que queria ela por toda noite. Hermione não respondeu, não podia acreditar que Harry dizia aquilo, não era de seu feitio... mas... porque não arriscar? As caricias continuavam cada vez mais ardentes, ela gostava daquilo... mas ao mesmo tempo não queria continuar. Sabia que aquilo não podia ser real. Mas se não era, porque não continuar? Era irresistível parar.

Um demônio parecia soprar-lhe coisas no ouvido. Ficaram ali, os dois, ate não escutarem mais som por todo o castelo. A maioria já havia ido dormir.. o céu agora estrelado iluminava o rosto de Harry, seus olhos verdes azeitonados pareciam ter luz própria. Ah como Hermione amava aqueles olhos... aquele cabelo bagunçado que só ele tinha.. todo aquele jeito desajeitado, mas carinhoso dele..

Alguém tossira no topo das escadas. Ambos se soltaram ao mesmo tempo, olhando surpreendidos. Paul Belinni, o monitor Sonserino, estava ali, encarando-os.

-Hu, creio que... bem.. não atrapalhei o casalzinho não é mesmo? – deu uma risada – quem diria hein, os dois santinhos se agarrando aqui... 5 pontos a menos pros dois, e de volta pro dormitório. – virou as costas sem esperar uma resposta.

Hermione olhava perplexa.

-Como assim alguém viu a gente aqui?? Esse garoto vai contar pro colégio todo! Harry.. – Harry interrompeu-a:

-Relaxa Mi, aquele é o Paul.. conheço-o, não vai dizer nada a ninguém..

Hermione não se tranqüilizou. Se ele contasse o que vira, os dois naquele amasso, Hermione não iria sair do quarto nunca mais! Resolveu não discutir aquilo. Queria sua cama, apenas.

E la se foram os dois pro dormitório, hermione muito seria e Harry sem nenhuma preocupação.



Aquela fora sua pior noite. Deitada, não conseguiu dormir, pesadelos a atormentavam.. Paul contara a todos o que havia acontecido, aumentando as coisas, claro. Ela seria tida como uma vulgar qualquer... Paul, Paul... foi lembrando-se.. não era um tal de Paul quem draco havia mencionado???



Covarde. Como pude fazer isso? Devia ter dito a ela. Mas porque, nem gosto daquela san.. daquela garota! Noite passada, antes de sair pra sua ronda, conversara com Paul. Este havia lhe contado sobre o que Potter pretendia fazer. Usar Hermione, ridiculariza-la. E Paul seria o encarregado de “presenciar” o fato, para depois conta-lo a todos... havia chamado Draco para surpreender Hermione e Harry juntos. Mas ele não aceitara. Não sabia o que sentira, mas repugnara a idéia. Não gostava de pensar que havia alguém brincando com Hermione, que não fosse ele. Pediu pra Paul não fazer aquilo. Acabaram discutindo e brigando. Pronto, seu primeiro soco no nariz. Saiu enfezado do salão da Sonserina. Andando pelo corredor, trombou em algo. Era Potter, invisível sob sua capa. Não conteve sua raiva, que nem ele sabia daonde vinha, e sem maiores explicações deu-lhe um soco. Pronto, ai estava o segundo soco que havia levado. E ai Hermione chegou. E defendeu-o, ao invés de Potter. E depois o ajudou. Ele sentia-se no dever de contar a ela. Mas não contou. Preferiu ficar oculto na historia. Apenas esteve presente quando os dois agarravam-se. Viu quando Paul entrou. Percebeu o medo no rosto de Hermione. Mas nada fez. Covarde, ele o era.



Na manha seguinte, Hermione não acordou, foi acordada por suas colegas de quarto, que se jogavam em cima dela perguntando detalhes da noite passada. Uma delas trazia um panfleto falante na mão, que imitava as vozes de Hermione e Potter, e uma outra voz dizia algo do tipo “a santinha da Hermione com Potter?”. Era o pesadelo que se tornara realidade. Mau- humorada, levantou-se sem dizer palavra e se trancou no banheiro. Chorou de raiva. Primeira vez que ficava com um garoto que realmente amava e agora todos já estavam sabendo e rindo dela. Humilhada... mas não ia deixar-se abalar por isso. Se trocou, saiu, pegou seus materiais e ignorou todos no caminho, todos pareciam ter uma copia daquele maldito panfleto, por todo caminho ate a sala ouviu sua voz imitada dizendo “ai ãrry.. ai não..”.



Malfoy acordou com risadas pelo quarto. Levantou-se para ver. Ouviu as vozes de Potter e Hermione. Não quis ouvir mais nada, covarde, o que ele era... saiu pra sua aula, indiferente as risadas pelo corredor. Primeira aula. Junto com a Grifinória... só faltava! Entrou na sala atrasado, aula de Herbologia. Sentou-se na ultima carteira. Correu os olhos pela sala tentando achar Hermione, mas não a viu. Viu Potter, conversava com dois garotos de sua casa. Provavelmente contando vantagens e detalhes. Não prestou atenção ao resto das aulas. Pensou sobre o que sentia. Sempre tivera um exímio controle sobre sua mente. O que havia agora? Hermione simplesmente passara a se destacar das outras garotas, não era vulgar como algumas, não era tão linda quanto outras, mas parecia especial. Ele se identificava com ela. Toda aquela frieza com que ela o tratava, acabar conquistando-o. Ele vira sua própria personalidade em Hermione quando ela fazia isso. O problema dela era que a frieza era somente por fora. Olhando em seus olhos, via-se muito alem da frieza. Podia ver raiva, pena, medo... mas nunca indiferença. Ela é interessante, pensou. Claro, era uma sangue ruim, mas que isso importava nessa altura do campeonato? Percebeu que ele sentia ciúmes. Lembrou-se da cena da noite anterior, Potter agarrando-a, e ela tão meiga.. percebeu que ele gostava de ter exclusivade. Somente ele podia maltrata-la, somente ele podia irrita-la, somente ele poderia toca-la.... será?



Hermione passou boa parte do dia na biblioteca. Não se importou em perder aulas. Seus olhos inchados não conseguiam mais verter lagrimas. Ela vira, ao entrar na sala da primeira aula, Harry contando a alguns garotos o que havia feito com ela. Como ele pode contar?? Logo ela, que dissera a ele que ficara constrangida.. virou as costas pra sair da sala, e se deparou com Cho na sua frente. Cho zombou dela, dizendo que como ela não quis Harry, ele foi procurar consolo em “coisas fáceis”...

Hermione não disse nada. Evitou o olhar dos outros que riam da situação e saiu. E agora estava ali. Draco, veio-lhe a mente mais de uma vez. Iria encontrar-se com ele a noite. Não queria ouvir o que ele tinha a dizer. Provavelmente iria zombar dela também. Irritada, subiu ao dormitório, não falou com ninguém, tomou um banho rápido, trocou-se e saiu. Já anoitecia. Foi até a torre de astronomia. Mesmo lugar do que havia ocorrido ontem. Trazia má recordações, mas era aquilo que queria. Estar no local do crime, saber o que o maldito Harry tinha na cabeça pra fazer aquilo... sentia frio. As nuvens começavam a se fechar, não havia uma estrela no céu. Arrepiou-se, esquecera de pegar sua capa. Mas não voltaria la. Alem do que, gostava de sentir aquele vento gelado. Ficou assim por um bom tempo, não viu quando a noite caiu completamente a as luzes foram acesas, o barulho cessou. Escutou passos atrás de si, mas não se virou. Que se importava? Uma capa envolveu-a. virou o rosto e qual foi sua surpresa quando viu Draco a seu lado. Estava sem sua capa.



Harry contava pela milésima vez aquele dia o que havia acontecido. Se divertia com aquilo. Sentia um prazer fora do normal. Ver a Hermione, aquela garota sempre tão cheia de si, agora humilhada. Não se importava. Ele vira quando ela flagrou ele contando a historia a alguns colegas. Também ouviu o que Cho disse a ela. Sentiu pena. Mas não iria se arrepender.. não mesmo. Sabia que não era bem por causa de Cho que havia feito aquilo, sabia que descontara toda sua raiva em Hermione, sem ela ter tanta culpa.. mas.. não pararia por ai. Isso poderia ser um consolo para ela. Pelo jeito ele não precisaria se explicar para ela, ela o evitaria ao máximo. Evitaria a todos. Mas ele parecia não se importar. Agora já estava feito, pra desfazer isso talvez um vira-tempo ajudasse, mas ele não queria isso. Deixe como esta, pensou. E bom chocar de vez em quando...



-Começou sua ronda cedo hein? Achei que estava congelada aqui, tão imóvel.. – Draco disse, num tom de voz normal.

-É. Estava tentando congelar, alguém acabou de me impedir.. – ela disse sem emoção.

-Ainda bem, não acha? – Draco debruçou-se sobre a amurada e olhou para além, evitando o olhar de Hermione.

-Não sei. Que faz aqui? Não quer cumprir sua ronda bem longe de mim? – fitou os olhos distantes do garoto – sempre quis assim... – foi interrompida por Draco, que se virou de repente, encarando-a. Ela foi surpreendida pela clareza dos olhos dele. Aquele cinza gélido era provocante...

- ‘Sempre’ é muito tempo, Granger. As coisas mudam, as vezes. Você, por exemplo. Que foi aquilo com Potter ontem? – de súbito, ouviu as palavras saindo de sua boca. Sabia que estava sendo hipócrita. Completou: - Nunca pensei que alguém inteligente como você fosse cair nas lábias de alguém...

-Que quer dizer com isso?

Draco acabou com todo seu remorso ao contar tudo que ouvira e sabia sobre aquilo. Hermione se limitava a ouvir, calada, fitando um ponto qualquer no céu. Draco terminou de dizer tudo. O silencio encobria-os. Draco sentia o vento bater-lhe no rosto, não sentia frio. Seu cabelo caia-lhe sobre o rosto. Chegou-se mais pra perto de Hermione, pode ver lágrimas escorrendo por sua face.

-Por que não me disse isso antes? – disse ela, um sussuro de voz. Draco desconcertou-se.

-Te disse. Não achei que fosse cair tão facilmente no papo do Potter. Alem do mais.. Não sei Granger, perdão, droga! Sabia que deveria ter dito a você.. mas quando percebei isso já era tarde.. você já estava aqui, nesse mesmo lugar, com um... uma outra pessoa beijando-te... e naquele momento eu percebi realmente que devia ter dito... mas era tarde demais... – Hermione não deixou ele continuar. Levantou os olhos úmidos e encarou Draco.

-Ok.. você.. me odeia. Não teria motivos pra me dizer, mesmo. – e caiu num choro compulsivo. Draco não sabia o que fazer. Aproximou-se dela e abraçou-a, um abraço desajeitado. Hermione encostou a cabeça em seu ombro e chorou todas as lagrimas que podia. Com os olhos inchados e vermelhos, voltou-se para Draco, não disse uma palavra. Ele podia ler tudo nos olhos dela. Ela o agradecia, de certa forma.

-É granger, disse ele, eu te odiei, um dia.. mas já ouviu a frase “mantenha seus inimigos onde você possa vê-los”? Pois é. Segui a risca isso. E acabei vendo você demais.. vendo alem do que eu precisava e queria.. e descobri coisas.. sobre mim mesmo. Mas principalmente sobre você.

Ela não disse nada. Draco desencostou-se dela, olhou em seus olhos castanhos, agora tão úmidos, e saiu.



Hermione ficou parada, estática. Não assimilava o que Draco dissera. Tudo aquilo com Harry parecia uma grande brincadeira de mau gosto. E agora com Draco. Draco.. que de uma hora pra outra entrara na sua vida, mais do que ela imaginava, provocara sentimentos.. cuidara dela. O perfume que emanava da sua capa deixava-a enfeitiçada. Não pensou. Apenas deixou-se ficar, admirando o céu, que agora lhe parecia melhor.



“You'll never stop me, Nothing you say today, Is gonna bring me down.”



Draco resolvera deixar Hermione sozinha. Apesar do estado dela, que não permitia brincadeiras amorosas, gostava do seu joguinho de sedução. Deixava-as com vontade antes de dar alguma coisa. Não que ele não quisesse Hermione. Ele queria, desejava-a, mas deixa-la pensar era útil. Saiu andando pelos corredores vazios. Pensou no que Potter fizera. Nem ele havia feito nada parecido com isso. Realmente, Potter havia superado ele... mas com Hermione, quem implicava era somente ele, draco. Ninguém mais.



“Don't tell me who I should be

And don't try to tell me what's right for me

Don't tell me what I should do”



A noite pareceu voar para Hermione. Ali, olhando pro nada, esquecera ate que fazia ronda naquela noite. Mas ela achou melhor. Refrescara sua cabeça, agora parecia com outro ânimo. Voltou de madrugada pro dormitório, não encontrou ninguém no caminho. Dormiu com facilidade, e no outro dia resolveu não assistir a primeira aula. Não viu suas colegas de quarto, e não se importou. Acordou e achou a capa de Draco a seu lado. Lembrou-se do carinho dele. Precisava devolver a capa. Desceu pro salão comunal, ninguém la aquela hora. Aliviada, passou pelo retrato da mulher gorda e foi andando calmamente rumo a orla da floresta. Próxima aula, com Hagrid, e Sonserina.



Chegou até lá, alguns alunos já estavam presentes. Ouviu cochichos entre os grupinhos, olhares tortos para ela, mas não se importou. Iriam ter uma palestra com gnomos. Mas quem se importava? Sentou-se no chão, meio escondida por um carvalho. Não queria que ninguém lhe visse mesmo... abraçava a capa de Draco. Viu Harry chegando sozinho. Ele nem sequer olhou naquela direção. Sentou-se do lado oposto ao de Hermione, um lugar bom o bastante para ver como ela estava e ao mesmo tempo evitar conversas.

Surpreendeu-se, ao ver que ela nem olhara em sua direção. Seus olhos não pareciam mais inchados, não tanto quanto os vira na noite anterior.. que havia acontecido?



Harry já não tinha dormido bem na noite anterior. Por sua culpa, todo colégio achava que Hermione era uma garota fácil, qualquer um poderia tê-la apenas abanando a mão. Ele sabia que não era assim. Hermione havia se entregado a ele porque confiava nele, amava-o ... ele sentia pior agora. Nauseado, não conseguia mais prestar atenção a nada a seu redor. Continuava olhando fixamente para Hermione, que não demonstrava nada em seu rosto. Ela não teria ficado abalada? Quem acordava de um pesadelo agora era Harry. Como que num lampejo, cenas de sua vida desde o 1° ano em Hogwarts passavam em sua memória. Em todas elas, estava Hermione. A que mais lhe ajudara, mais confiara nele, e sem ela, provavelmente, ele já teria morrido a algum tempo. E fizera isso descontando uma raiva da qual nem fora ela a causadora. Cho, ela sim, era fácil. Já ficara com ela algumas vezes, mas nunca conseguira o que queria – algo mais serio – justamente porque ela era fácil e tinha qualquer um que queria, e ela não o queria. A única pessoa que talvez o tenha amado de verdade um dia, ele teve certeza, acabara de perder. Desculpas.. não adiantavam. Jurara que não ia se arrepender, e não ia. Voltou a si, e viu que alguns alunos da Sonserina se aproximavam. Draco vinha sozinho, Harry acompanhou-o com o olhar, e viu-o sentar-se próximo a Hermione.



Draco, de longe, procurou Hermione com o olhar. Avistou-a sentada escondida atrás de uma arvore. Não queria conversar com ela no meio de todos, não agora. Sentou-se próximo a ela mas não lhe dirigiu palavra. Olhou a seu redor, avistou Potter olhando fixamente pra ela. Que ele quer mais?



A palestra acabou estendendo-se pelos próximos 2 horários. As aulas da manha haviam acabado com isso, e agora era hora do almoço. Todos foram levantando-se e saindo, mas Hermione ficou. Esperou que todos se fossem. Mas ainda restavam Harry e Draco. Harry parecia indeciso, se ia ou vinha ate ela, mas olhou pra Draco, e acabou indo pro castelo. Draco levantou-se e deu a mão para Hermione se levantar. Harry olhara pra trás no exato momento, e lançou um olhar de fúria sobre Draco.

-Ora, não é que o malvado esta dando uma de consolador de menininhas? – pensou. Mas reprimiu sua vontade de voltar la e esmurra-lo. Precisava fazer isso com alguém...



-Então, como você esta? – Draco perguntou a Hermione, enquanto caminhavam em direção ao lago.

-Ah.. parece que tudo, tudo mesmo não passou de um mero sonho bobo.. indiferente a tudo, é como estou.

-Até a mim? – Draco precisava perguntar isso. Estava atormentando-o a resposta.

-Sua capa. – Hermione estendeu o braço pra ele.

-Não me respondeu, Granger. – pegou a capa da mão dela e jogou-a nos ombros. – eim, que se passa ai na sua cabecinha?

-Nada que você não possa saber se conseguir me alcançar! – e dizendo isso, Hermione saiu correndo pela margem do lago. Ela não queria responder a verdade. Que amara estar com ele. Que queria estar mais com ele. Que odiava Harry. Que nada mais importava, so ele. Mas não sabia o que dizer, simplesmente quis sair correndo. E o fez.



Draco entrou na brincadeira. Saiu correndo atrás de Hermione, não querendo realmente alcança-la... se quisesse já teria conseguido. Ela era graciosa correndo. Mas ela parecia não ter tanto fôlego assim... foi diminuindo o ritmo pouco a pouco, ate que, Draco, sem muito esforço, passou o braço por sua cintura e derrubou-a na grama.

-Não pense que escapa tão fácil assim de mim... – sua boca estava próxima a dela. A respiração de Hermione era rápida.

-Eu não queria escapar de você. – Hermione encarava-o. não esperou uma resposta por parte dele e, puxando-o pelo colarinho de sua camisa, lhe deu um beijo. Draco soltou sua capa e apoiou-se com as mãos no chão. Soltou seus lábios do dela, e disse num sussuro:

-Ei.. esta cena é minha... – e aproximando a boca de seu ouvido – isto significa que eu não sou só um sonho seu que acabou?

-Em partes... – Hermione acariciava sua nuca – é um sonho – puxou-o para mais perto de si – mas que acabou de começar.

-E eu estou gostando disso... – Draco deu-lhe um beijo rápido, mordendo levemente seus lábios. – não estou te machucando aqui em cima de você? – e sorriu.

Mas que sorriso lindo, pensou Hermione. Esse garoto sabia como seduzir. E não se importava se aquilo fosse mais uma brincadeira. Nada mais importava pra ela.

-Não, não machuca.. – na verdade seus ombros doíam ao serem pressionados contra o chão. Mas não se importava, queria sentir a dor, ter Draco aqui com ela curava qualquer coisa....

e Harry apareceu. Do nada, surgiu ao lado dos dois, empurrou Draco de cima de Hermione, e gritou:

-Voce, contou pra ela não foi? – tirou sua varinha das vestes – aposto que agora quer sua parte. Quer tirar uma onda com ela também, não suporta ver que alguém consegue ser pior do que você, não é Malfoy?

Draco levantara-se. Potter, Potter.. nao sabe com quem se mete nao é mesmo? Mas não disse uma palavra. Permaneceu parado, a mão dentro da capa, esperando para tirar a varinha...

-Não Potter.. não quero ser pior do que você foi.. eu me vanglorio de fazer as coisas que faço, realmente... mas.... nunca mecha com as pessoas que eu gosto. Isso pode lhe custar muito caro...

Harry fervia por dentro. Odiava aquela calma do Malfoy. Odiava sua frieza. Invejava-o. ergueu sua varinha, e no momento que abriu a boca pra dize-lo, Malfoy já estava de varinha em punhos e dizia um rápido “expeliarmus”.

Harry olhou com ira pra Draco. Draco, indiferente, nada fez. Apenas manteve sua varinha empunhada.

-Malfoy, so me diga, que esta tentando fazer com a Hermione?

-Acho que aquilo que você não conseguiu Potter... aquilo que você as vezes quis, mas nunca teve coragem de fazer... e que agora não poderá fazer nunca mais. É difícil de acreditar, foi difícil pra mim aceitar. Mas me importo com ela. Um ciúme violento, entende? Eu amo essa garota, Potter. – ele hesitou, estava falando demais – e você, acabou com boa parte da vida dela. Então.. se nos der licença... – Draco juntou sua capa, Hermione estava de pé, estática. – vamos?

-Draco..pode ir andando.. preciso de uma palavra aqui com Harry... por favor. – ela estava seria.

Draco apenas balançou a cabeça afirmativamente, fez um carinho em seu rosto e saiu andando.



Harry estava transtornado. Draco ama Hermione? Como Malfoy pode dizer isso? Como ela pode acreditar? Ou Hermione estava ficando burra demais ou ele estava ficando louco...

-Hey, harry. Gostaria de saber se conseguiu o que queria fazendo o que fez comigo.

-O que eu quero esta alem de mim agora. – ele a fitou. – eu queria você Hermione. Mas agora que te perdi percebi isso.

Hermione quis sentir pena. Mas o que ele fez nao foi digno disso.

-As vezes a gente pensa, sabia? Nas conseqüências de tudo.... – ela dizia, olhando pro lago – eu te queria Harry. Eu confiava em você. Ora.. você sabia disso, essa é a pior parte! – lagrimas escorreram-lhe pela face.

Harry quis consola-la, mas nao faria isso.

-Sim.. eu sabia. Estava com raiva.. por você... ter sido culpada indiretamente.. e.. – fez um rosto contrariado – desculpas a essas horas não serão aceitas não é mesmo?

-Não. Não agora... quem sabe não com o tempo. Sabe, feridas abertas são difíceis.. muito.. de cicatrizar...

-É, eu sei. Vou me lembrar disso. – e já de costas pra ela – perder a única pessoa que um dia me amou. Arrependimento, Hermione, agora eu o conheço. Tão.. angustiante.

Hermione não se conteve. Era sua vez, agora cenas de sua vida passavam diante de seus olhos, e em todas elas via Harry. Ela andou até onde ele estava parado. Harry virou-se, sem dizer palavra, abraçaram-se. Um abraço de alguém que um dia já amou. De alguém que já foi amado. E sem quebrar o silencio, Harry se foi, e Hermione deixou-se ficar. Não queria ter perdido Harry. Sim, sentia algo forte por Malfoy. Mas perder uma amizade tão significativa na sua vida... não queria pensar mais naquilo. Tinha coisas boas pela frente... e o tempo talvez curasse as dores.



Era domingo. Draco e hermione andavam juntos por Hogsmead, afundando os pés na neve fofa que formava um tapete por baixo deles. Pararam na borda de um desfiladeiro, um tanto quanto isolado. Abaixo, conseguiam ver até certo ponto. As nuvens baixas impediam a vista. Ao longe viam nada mais do que nuvens. Hermione olhou pra Draco. Novamente todo aquele contraste, sua palidez, tão próxima do tom do gelo. Suas vestes, tão negras quanto a noite. Seus olhos... pareciam refletir o cinza opaco das nuvens. Seu cabelo, de um loiro tão estonteante, caindo-lhe sobre o rosto. Toda a ternura do mundo estampada em seu rosto. Ah, ela o amava.. como nunca amara ninguém. Nem mesmo a Harry.



Draco reparou que Hermione olhava curiosamente pra ele. Encarou-a também. Seus olhos castanhos... sempre conseguira ler muita coisa neles.



Um sereno fraco começara a cair. O tempo esfriara mais. Hermione aconchegou-se nos braços de Draco. Ali, os dois abraçados, esqueceram-se do mundo. O silencio foi quebrado por Draco:

-Amo você. – Hermione olhou-o sorrindo. Beijou sua bochecha, tão vermelha agora, e apoiou a cabeça em seu ombro. Draco acariciava seus cabelos -ah, mas não é um amor comum minha cara... te amo acima de qualquer coisa.. pessoa.. te amo mais que a mim mesmo. Perfeita, é o que voce é... perfeita pra mim.

Hermione preferia não dizer nada. Amava-o, tanto, e com tal zelo... que aquele momento, ali... seria eterno.

Draco beijou-a. um beijo com seus lábios macios e gelados.

Uma tempestade formara-se e caia sobre os dois. Mas não se importavam. Porque tudo que importa, na verdade, é descobrir o amor de forma inusitada, como os dois. E não abandona-lo.



“In her world of dreams and make believe, she reigns forever... With all her glory.”

Within Temptation – World Of Make Believe


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