capitulo 4



"Diga que é verdade.
Não há nada como eu e você.
Não estou sozinha.
Diga que você sente isso também”...



Luna lançou mais um olhar curioso na direção do ruivo ao seu lado. George tinha aparecido na porta de sua casa às nove da manhã. Foi uma surpresa descer para tomar café e encontra-lo sentado à mesa com seu pai, conversando sobre as melhorias que o novo governo estava preparando para a comunidade bruxa.


Usaram a rede de Flú para chegar ao Caldeirão Furado. Imaginou que Gina e os outros estivessem esperando por eles ali, mas o lugar estava vazio, a não ser por alguns bêbados que deviam estar no lugar desde a noite anterior.


Duas horas depois eles se encontravam cruzando a rua movimentada do Regents Canal. Nunca tinha estado na Camden Town e ficou maravilhada com a diversidade do lugar, as pessoas que andavam por ali poderiam se passar por bruxos a qualquer momento, se é que não fossem mesmo.


Estava se divertindo muito, mas talvez aproveitasse mais se não precisasse ficar se lembrando a cada minuto que aquilo não era um encontro romântico! Não tinha importância que fossem só eles dois. Ainda não tinha surgido a oportunidade de perguntar porque os outros não tinham aparecido, mas sabia que devia existir uma explicação perfeitamente satisfatória para aquilo.


Era normal que amigos saíssem juntos. Mesmo amigos de sexos diferentes. Sempre saia com Neville e nunca pensava que os dois estavam em encontros românticos. Por isso não conseguia entender porque cismara com aquilo agora. Não havia nada de anormal no que eles dois estavam fazendo. Só estavam passeando pela cidade.


Mas sua mente não conseguia deixa-la em paz e suas borboletas de estimação também não pareciam querer deixá-la em paz. Tinham passado a semana inteira dormindo e decidiram acordar no exato momento que viram George sentado com seu pai. Bateu de leve na barriga tentando acalma-las.


-Já está com fome? Que bom, eu estou faminto! Já estava pensando em arrastá-la para algum daqueles Cafés. - George notou seu gesto e entendeu errado. Claro, ela nunca tinha comentado com ele sobre as borboletas que viviam em seu estômago.


Seguiu os passos largos dele até o interior de um Café e se acomodou em uma poltrona confortável próxima a uma janela.


-O que vai querer?-ele perguntou sorrindo enquanto espiava o cardápio por sobre o ombro dela.


-O que as borboletas comem?- achou melhor escolher algo de agrado das borboletas, quem sabe assim elas não se acalmavam?


-Ah... Não sei, mas não acho uma boa idéia. Você está muito magra e pálida. Que tal uma coisa mais quente? Chocolate com Whisky que tal?


Luna não conseguiu responder, embora não achasse que as borboletas fossem gostar. No momento que George passo o braço por seus ombros e a envolveu em um quase abraço enquanto virava as páginas do cardápio, elas bateram as asas com força. Não pareciam gostar do calor. Mas Luna não se incomodava, por isso resolveu ignora-las.


Sentiu um vazio quando George se afastou e foi até o balcão fazer o pedido. Sua mente novamente voltou para as dúvidas sobre aquele encontro. Era inegável que havia algo de estranho ali, por algum motivo sentia uma expectativa, como se algo mais fosse acontecer.


Talvez fosse o fato de que George estava lindo, como se ele tivesse passado um tempo considerável se arrumando. Ou talvez fosse o fato de que ele insistia em pagar por tudo e Luna não conseguia lembrar de nenhuma vez que Neville tivesse feito questão de pagar por tudo durante os encontros deles. Mas talvez não passasse de peças da sua imaginação, afinal, amigos diferentes agiam de formas diferentes.


A pesar da sensação estranha, estava claro que aquilo não era um encontro. E ela sabia que devia se concentrar e impedir que sua imaginação levasse a melhor. Ou poderia acabar dizendo ou fazendo algo tão idiota que nunca mais precisaria se preocupar com outro "encontro de amigo" com George.


O ruivo colocou as bebidas na mesa e voltou a sentar na poltrona, deslizando para perto dela, até que os lados de seus corpos estivessem praticamente grudados. Olhou curiosa para ele, que sorriu na sua direção antes de passar o braço novamente pelos ombros dela e traze-la para ainda mais perto.


Só podia estar imaginando coisas.


E então no começo da noite pegaram um trem até a London Eye. Para terminar o dia onde tudo começou, foi o que George disse. Luna concordou, imaginando que ele falava sobre a aventura deles na Londres Trouxa.


Mas no momento que entrou na cabine vazia e notou um balde com champanhe e duas taças. Começou a desconfiar que ele não tinha se referido a aventura.


-Gina e os outros mandaram para você... -George comentou ao notar o olhar dela sobre a garrafa. -Para brindar à sua viagem.


Luna achou que aquela seria uma boa hora para perguntar porque ninguém mais tinha aparecido, mas o momento se perdeu quando George abriu a garrafa e encheu as duas taças. E lá no fundo ela não queria mesmo saber, apenas queria aproveitar os últimos momentos.


Os quase quarenta minutos do passeio pareceram passar mais rápido do que o normal. George se dividia entre admirar a vista da Londres noturna e apontar coisas para Luna. Não parecia preocupado por estarem novamente tão juntos, ou que muitas vezes se inclinasse sobre ela para indicar algo do lado de fora, muito menos com o fato de que estavam praticamente espremidos um no outro. Mesmo estando sozinhos em uma cabine que tinha a capacidade de acomodar vinte e cinco pessoas.


Se não tivesse tanta certeza de que aquilo não era um encontro, Luna desconfiaria que George estava tentando provocar algum tipo de reação da parte dela. Ou talvez ela estivesse novamente imaginando.


Mas por algum motivo toda aquela proximidade e os toques, por mais sutis e inofensivos que fossem, pareciam programados.


Definitivamente não lembrava de nenhum encontro onde Neville tivesse sido tão solícito a ponto de colocar a mão em sua cintura, para mantê-la firme durante um passeio de roda gigante. Talvez fosse porque nunca tivesse estado em uma com ele. Também não lembrava de nenhuma situação onde Neville ou qualquer outro amigo tivesse se inclinado em sua direção e sussurrado em seu ouvido.


-Olha Luna, a primeira neve!-a animação na voz dele a despertou de seu raciocínio.


Sorriu diante da visão encantadora a sua frente. Os flocos caíam em abundancia, fazendo com que se sentissem dentro de um daqueles globos de vidro. Sentiu o corpo se aquecer com a proximidade de George. Sabia que seria extremamente fácil se deixar levar pelo momento e virar o rosto na direção dele, então quando George voltasse a se inclinar em sua direção para apontar qualquer coisa seus lábios se encontrariam. Por sorte a cabine parou de se mover e a porta se abriu antes que tivesse a oportunidade de assustá-lo com sua imaginação descontrolada.


Enquanto caminhavam pelas ruas iluminadas de Londres, Luna decidiu que o melhor a fazer era ignorar aquelas alucinações, por mais vividas que fossem. Tinha muitos outros amigos homens, mas nenhum dos outros faziam com que sonhasse acordada ou pensasse em beijos.


Gostava muito dos Weasleys e não deixaria que sua própria imaginação a traísse daquele jeito. Fazendo que confundisse amizade com algo mais.


George fez questão de aparatar na porta da casa dela, estava estranhamente quieto, mas Luna julgou que ele estivesse cansado. Já passava da meia noite. Pareceu constrangido por estarem sozinhos ali, o que era muito estranho, afinal, os dois tinham passado o dia inteiro juntos. Ele foi embora depois de se despedir e lhe desejar uma boa viagem.


Quando finalmente conseguiu dormir, já tinha quase conseguido se convencer de que tinha imaginado todos aqueles sinais estranhos.


"Porque eu estou me apaixonando. Por você."


 


 Música: Runaway – The Corrs 

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