A ARMADA DE DUMBLEDORE E O ANÚ



CAPÍTULO 5 – A ARMADA DE DUMBLEDORE E O ANÚNCIO DE UM BAILE


A semana se passou com rapidez e veio salpicada de inúmeras notícias: algumas boas, outras nem tanto.


Ao sair do castelo para encontrar Cho, Cecilia, Hermione, Harry, Rony, Luna e Gina do lado de fora, Valentina também foi recepcionada com uma notícia surpreendente: Harry daria aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas às escondidas e muitos alunos estavam animados em participar. Por esta razão, havia sido marcada uma reunião para o próximo final de semana, quando todos os alunos estariam livres para visitar Hogsmead caso o desejassem.


Ao voltarem para o jantar, com a agradável sensação de estarem organizando um motim contra Dolores Umbridge, suas aulas patéticas e tudo o mais que ela representava além do Ministério (Fred e Jorge haviam dado inúmeras idéias a este respeito), todos foram surpreendidos por uma outra notícia ainda mais polêmica.


Tomando o lugar que Dumbledore tantas vezes ocupava, Umbridge colocou-se a frente do Salão Principal e pediu a atenção dos alunos. Foi com aquela voz sebosa que ela anunciou:


—Queridos alunos... atenção... É com muita satisfação que venho informá-los de que teremos uma comemoração dentro de duas semanas! – ela esperou que os alunos se manifestassem com palmas. Nenhum professor à mesa principal comemorou a notícia e talvez guiados por isso, ou pelo fato de já estarem todos desconfiados de que Harry dizia a verdade, quase não houve comemoração por parte dos alunos, tampouco.


Ignorando a ausência de reação, Umbridge continuou com seu discurso.


—Para demonstrar que tudo está na mais perfeita ordem e ainda para aproximar o Ministro Fudge do trabalho que venho realizando nesta escola, daqui à duas semanas, no dia de sábado, teremos um baile de máscaras! Ele será aberto para os alunos à partir do quarto ano e todos receberão os convites em seus salões comunais! – e como que para fechar, ela exclamou - Preparem suas fantasias, crianças! – e virou-se para ocupar seu lugar novamente.


Ninguém sabia exatamente o que fazer. Um burburinho tomou conta do Salão Principal e em todos os lados, em todas as mesas, os olhares se voltavam para Harry Potter.


—Essa mulher é um monstro! Ela é louca, só pode ser! – sibilou Hermione, a revolta estampada em seu rosto fino. – Primeiro ela tortura você e faz isso na sua mão, depois coloca em dúvida o trabalho dos professores com aquela avaliação patética e agora ela claramente passa por cima da autoridade do Professor Dumbledore de novo e resolve fazer uma festa? Para comemorar o que? A morte de Cedrico Diggory?


Ao ver que havia pisado em terreno incerto, ela parou, preocupada com a expressão que repentinamente surgiu no rosto de Harry.


—Bem, eu não vou participar. – ele disse, simplesmente, encolhendo os ombros.


—Nós também não! Claro que não iremos! – Hermione concordou veementemente, olhando para Rony como quem pede apoio.


O garoto a fitava com uma expressão que ela não conseguiu decodificar. Quando ele falou, seu tom era de um casual forçado.


—Claro que não iremos...


—Se vocês quiserem ir... – Harry começou. – Acho que... bem, se vocês quiserem ir, não precisam ficar por minha causa...


—Claro que nenhum de nós vai, Harry! – Gina entrou na conversa.


—Claro que não! – reforçou Neville. – É uma ofensa a você e ao... bem, ao que aconteceu no ano passado!


Harry olhou ao seu redor. Não apenas Hermione, Gina, Rony e Neville, mas também Fred, Jorge, Lino, Simas, Angelina, Cecília, Katie e muitos outros alunos da Grifinória o olhavam com firmeza. Nenhum deles parecia disposto a participar daquilo que só podia ser denominado como brincadeira.


Nas mesas da Corvinal e da Lufa-Lufa, muitos outros alunos olhavam incertos na direção de Harry e também na direção de Dumbledore. Cho tinha estampada em seu rosto uma expressão tão revoltada que, por um minuto, Harry sentiu medo de vê-la se levantar e ir tirar satisfações pessoalmente com Umbridge.


Na mesa da Sonserina, a mais animada, Harry encontrou os olhos de Valentina e viu claramente, como que iluminada em um letreiro gigante, a opinião pessoal da garota quanto aquele anúncio. Ela estava enojada do comportamento dos sonserinos e escorraçou Malfoy um tanto quanto rudemente quando ele se aproximou dela, sorrindo.


—Outra coisa, Harry... Outra coisa que eu queria falar com você... – ele ouviu a voz de Hermione dizer ao seu lado e viu Rony se aproximar dela, para escutar a conversa. – Valentina tem escutado de novo as tais vozes no encanamento da ala da Sonserina, como que vindas de um lugar bem embaixo do castelo... Ela agora tem certeza de que são pessoas.


—Pessoas? – repetiu Rony, incrédulo.


—Sim, e Emilia Bulstrode e Pansy Parkinson também escutam barulhos, mas são aparentemente muito incompetentes para distinguirem que tipo de sons estão ouvindo...


—Vocês acham que Voldemort poderia ter voltado para Hogwarts, sem ninguém saber?


Rony não pôde deixar de se sobressaltar ao ouvir o nome do Lorde das Trevas.


—Bem debaixo, literalmente, do nariz de Dumbledore, Harry? – repreendeu Hermione, visivelmente aviltada com a possibilidade.


—Ora, Hermione! Bem debaixo da Sonserina? Nós sabemos que Voldemort poderia ficar bem debaixo do nariz do Snape, sem problemas, não é?


—Nós não sabemos, Harry... Você supõe!


—Eu também suponho. – acrescentou Rony, por sua vez.


Antes que Hermione pudesse demonstrar mais sua frustração, Harry continuou:


—A questão é... quem pensaria em procurar por ele embaixo de Hogwarts? É o esconderijo perfeito!


—Só que ninguém está procurando por ele, Harry. – contrapôs Hermione, olhando para a mesa dos professores, onde Umbridge ocupava uma cadeira.


—Dumbledore e a Ordem estão. – interveio Rony.


—Justamente por esta razão é que seria uma grande estupidez vir se esconder justamente onde Dumbledore circula todos os dias!


—Seria um movimento ousado, apenas! Uma estratégia...


—Rony, isto não é xadrez!


Harry percebeu que a discussão havia se transformado unicamente em uma forma de os dois implicarem um com o outro.


—É sim. Os fundamentos do xadrez são baseados em estratégias de guerra, Hermione... – insistiu Rony. – A forma mais óbvia de dar o xeque mate é se aproximando do Rei!


—Voldemort não joga de maneira óbvia. – cortou Hermione.


—Será que dá para vocês dois pararem? – interrompeu Harry, já impaciente, talvez um pouco alto demais. – Vou tentar falar com o professor Dumbledore, tudo bem? Caso seja realmente Voldemort se instalando aqui em baixo, Dumbledore precisa saber das vozes, estão de acordo?


Rony respondeu afirmativamente com a cabeça.


—Totalmente, cara.


Hermione virou-se para frente, sem responder e serviu-se de um copo de suco. Ao perceber que os dois ainda olhavam para ela, a garota continuou:


—Podem ser até Comensais da Morte. Ou podem ser meramente alunos da sonserina explorando o castelo e aprontando alguma coisa. Mas sobre ser Voldemort em pessoa, conversando displicentemente, a alguns andares de distância de Dumbledore... é duvidar muito da capacidade de Alvo Dumbledore, Harry. E eu prefiro confiar nele.


—Pois muito bem. Eu vou só... informá-lo, então... – finalizou Harry, sentindo-se alfinetado pela última afirmativa de Hermione. Se haviam vozes provindas do interior do castelo, era necessário avisar o diretor e Harry decidiu que quando chegasse o momento, ele iria deixar apenas implícito que poderia ser Voldemort.


O fim de semana veio repleto de comentários e conversas em baixo tom de voz. Apesar de os alunos da Grifinória se absterem de conversar sobre o assunto do baile, Harry pôde perceber que muitos alunos da Corvinal e também da Lufa-Lufa já se esforçavam para conseguir convidar seus pares. Cho já havia recusado uns cinco convites e isso, por alguma razão, enchia Harry de ânimo. Ânimo para levar a resistência adiante. E foi com esta confiança que ele se dirigiu para o Hog's Head, na companhia de Hermione e Rony. Os outros foram chegando depois: Cho, Simas, Lino, Fred, Jorge, Neville, Luna, Cecília, Angelina, Valentina, Katie e muitos outros.


A discussão se instalou e ficou clara a resistência em realmente acreditar que Lord Voldemort estava de volta. As evidências, entretanto, foram irrefutáveis e ao saírem de lá, cerca de duas horas mais tarde, estava criada o que depois viria a se chamar Armada de Dumbledore.


Valentina e Cecília saíram juntas do Hog's Head e começaram a caminhar calmamente, conhecendo o vilarejo que tanto era comentado pelos corredores da escola.


—O que você acha que acontece se Umbridge descobre o que estamos prestes a fazer? – perguntou Cecilia, saindo de uma reflexão.


—Com todo mundo, ou conosco, especificamente?


—Com todo mundo, e conosco.


—Bem... nós seremos convidadas a voltar para o Collegium, com certeza. E os outros... gostaria que eles não fossem presos em Azkaban.


Cecília franziu o rosto, em uma careta de surpresa.


—Azkaban? Mas eles ainda nem atingiram a maioridade!


—Ah, sim... Mas acho que quando atingirem, se por um acaso formos pegos, haverá uma cela esperando por eles. Não por todos, mas para Harry, sim. E talvez Rony e Hermione, como cúmplices diretos.


—Acho que você está sendo muito exagerada... – murmurou Cecília, parando para ver uma vitrine.


—Ou talvez Umbridge encontre métodos próprios para nos punir exemplarmente. A maldição Cruciatus...


—Valentina, pára de drama! Você parece um adulto brincalhão botando medo nas crianças!


Valentina mirou-a do canto dos olhos. Não pôde deixar de sorrir, apesar de saber que tinha um talento especial para pressentir do que verdadeiramente as pessoas eram capazes.


—Eu vou entrar para ver estes brincos, o que você acha? – perguntou Lia, apontando para um par de modelo indiano, com pedras azuis e cristais brancos.


—São lindos... – respondeu Valentina.


Minutos mais tarde, Cecília saia da loja com bem menos dinheiro do que quando entrara e bem mais mercadorias além das que tinha visto na vitrine. Valentina em seu encalço.


—Não entendo porque você não comprou nada, Tina... Aquele vestido ficou muito bonito!


—Não gostei da cor.


Cecília revirou os olhos.


—E eu vi isso.


—Não são os gêmeos? – perguntou Lia, mudando rapidamente de assunto. – Vamos lá falar com eles!


Foi a vez de Tina revirar os olhos.


—O que?


—Nada. – ela respondeu. – Vamos lá falar com eles...


A esta altura, Jorge já havia notado as duas vindo na direção oposta e correu para encontrá-las.


—Nossa, acho que vocês já fizeram muitas coisas desde Hog's Head... – ele disse, sorrindo. – São todos seus, esses pacotes, Lia?


—Sim! – ela disse, satisfeita.


—Eu te ajudo a carregar, pode ser?


—Claro! – ela respondeu, entregando as bolsas a ele.


—Pra onde agora? – perguntou Jorge.


Neste momento, Fred se aproximou dos três.


—Oi, Lia! Oi, Tina! – ele cumprimentou, mirando as bolsas nas mãos do irmão.


—Ei Fred! – responderam as duas juntas.


—Estava querendo comer alguma coisa, mas não conheço nada daqui... Tem algum lugar bom?


—Tem a Casa de Chá da Madame Pudfoot. – disse Fred, sorrindo para Jorge. – Mas eu não estou com fome. – ele acrescentou, e Tina sentiu que tinha armação no ar.


—Tem café lá? – perguntou Lia, aparentemente alheia a troca de olhares.


—Não, não tem café lá. – cortou Jorge, sorrindo sem graça. – Nós podemos ir na loja de doces...


—E tem café lá?


—Se não tiver, a gente chantageia alguém, que tal? – concluiu Jorge, encurtando a conversa. – Vamos?


Fred deu de ombros.


—Eu ainda achava que a casa da Madame Pudfoot seria muito mais acolhedora... – ele murmurou, apenas para Jorge ouvi-lo. Levou uma cotovelada na costela. – Mas você quem sabe...


Enquanto Jorge e Cecília iam conversando na frente, Fred e Tina se entrincheiraram mais atrás.


—Meu irmão agora virou carregador de bagagem... – apontou Fred, rindo.


Valentina riu.


—Pois é. Mas deve ser por uma boa causa... Cavalheirismo...


—Ah, é... Todo esse cavalheirismo é por uma causa muito nobre... – ele acrescentou, com um sorriso no canto da boca.


Tina riu, tentando abafar o som do seu sorriso e diminuindo o passo juntamente a Fred, para deixar a amiga e o outro gêmeo irem sozinhos mais à frente. Não trocaram nenhuma palavra a respeito daquela situação, afinal já eram suficientemente grandes e amadurecidos para isso.


Entraram juntos na Dedosdemel e Lia tomou um café com creme de chantilly muito saboroso e quentinho, que Jorge fez questão de pagar pra ela. Ele também comprara um pacotinho de biscoitos amanteigados para a menina, e uma barra de chocolate mesclado de branco e negro.


Passaram o resto da tarde praticamente ali dentro da Dedosdemel, aproveitando o calor aconchegante e o aroma adocicado do ar. Tina e Fred em pouco tempo estavam rindo e conversando abertamente, desta vez já na companhia de Jorge e Lia. Antes que os quatro tomassem o rumo de volta ao castelo, Harry, Rony e Hermione se juntaram a eles. Todos, por todos os motivos implícitos e explícitos, pareciam estar muito satisfeitos.


A tarde de sábado da semana seguinte, quando seria a primeira reunião do AD, chegou regada de muita expectativa. Os galeões que Hermione havia enfeitiçado e distribuído a cada integrante do grupo haviam aquecido nos bolsos dos alunos na noite anterior, avisando o local e o horário da reunião. Por isso, às quatro e meia daquela tarde, silenciosamente, muitos alunos deixaram suas salas comunais e rumaram para a Sala Precisa, no terceiro andar.


Harry, Hermione e Rony foram os primeiros a chegar, e se admiraram positivamente quando entraram na Sala Precisa e se depararam com um lugar especialmente preparado para treinamentos de combate. Havia uma parede que era coberta de espelhos desde o teto até o chão, e muitos pufes e almofadas encostados nas demais paredes de pedra. Pareciam estar ali para serem justamente usados em questões de acidentes, treinamentos ou simplesmente quando alguém ficasse demasiado cansado e precisasse repor um pouco as energias. Também havia algumas jarras de suco de abóbora bem geladinho, e enormes barras de chocolate, o que Harry imediatamente achou que poderia vir a ser muito útil.


—É perfeito, não? – Hermione disse, satisfeita.


—Sim, agora só precisamos esperar que todo mundo chegue. – Harry disse, um pouco tenso.


Não se passaram nem dois minutos e as portas se abriram. Um pouco sobressaltado, Harry viu que Lia acabava de chegar junto com Fred e Jorge. Logo depois vieram Cho, Parvati e Lilá, seguidas instantes depois por Marieta, Gina e Luna. Lino, Neville e Dino chegaram logo depois de Justino e Simas. Até as quatro e meia todos os alunos já estavam presentes e muito ansiosos pelo início da primeira aula.


—Mas está faltando alguém, não? – disse Hermione, contando os alunos.


—Sim, falta a Tina! – Fred disse.


Harry olhou para Rony e deu de ombros.


—Não posso começar com alguém faltando. Não é justo. Ela foi uma das pessoas que mais se animou com a idéia.


Mas não demorou cinco minutos e a porta se abriu de novo e Valentina entrou por ela, parecendo mais rabugenta do que o de costume.


—O que houve? – Hermione perguntou.


—O que você acha? – ela olhou para todos os presentes. —Malfoy, é claro! Sou a única da Sonserina aqui, e ele parecia estar adivinhando alguma coisa suspeita. Não parava de rondar a saída da masmorra!


Risadas ecoaram pela sala, e Tina acabou rindo da própria situação também. Não poderia negar que ser a única Sonserina unida a tantos alunos de outras casas numa espécie de rebelião contra alguém do Ministério, era tão cômico e quase chegava a ser trágico.


A aula teve início com Harry discursando muito brevemente sobre as diferentes situações que havia vivenciado contra as forças das trevas e o próprio Voldemort. Não parava de insistir que muito do que conseguira fazer havia sido por pura sorte, mas isso não foi forte o suficiente para mudar o ponto de vista dos alunos que estavam convencidos que de Harry realmente sabia das coisas.


—Bem, vamos então... vamos começar aprendendo um feitiço que me ajudou muito: o feitiço para desarmar o oponente. Ele é bem simples, mas foi essencial nas situações em que estive... – Harry quis evitar a expressão "em perigo", mas se conformou que não poderia fugir dela — em que estive em perigo. – ele pigarreou, ainda não bem acostumado com tantos olhares atenciosos em cima dele ao mesmo tempo.


—Você já precisou desarmar Você-Sabe-Quem, Harry? – Colin Creevey perguntou, à frente do grupo, um ar de excitação na voz.


—Bem, já. Mas...


—Uau! – exclamou, embevecido.


Harry sentiu o rosto se aquecer por alguns instantes.


—Dividam-se em pares, então... e tentem desarmar uns aos outros. A fórmula é Expeliarmus.


Todos se dividiram em pares, alguns já bastante óbvios, a começar por Lia e Tina que preferiram treinar juntas. Fred e Jorge, Rony e Hermione, Lilá e Parvati, Cho e Marieta formavam alguns dos outros pares.


Vários feixes de luz começaram a iluminar a sala e varinhas titilavam quando eram arremessadas das mãos dos alunos pelos feitiços de seus oponentes. E enquanto todos treinavam, Harry passeava pela sala, parando aqui e ali para fazer alguma correção ou aprimoramento. Neville precisou que Harry corrigisse muita coisa, a começar pela pronúncia do feitiço, que ele estava falando de modo errado.


—É expeliarmus, Neville. Você está dizendo expelarmos. Vamos, tente de novo.


Com o rosto muito vermelho e a testa suada, Neville apontou a varinha para Lino Jordan e exclamou "Expeliarmus!", mas a varinha de Lino apenas saltou de sua mão e caiu aos pés do garoto.


—Está melhor, Neville! Mas você tem que confiar mais em si mesmo e fazer seu feitiço ser mais forte. O ideal é que a varinha seja lançada há metros de distância do seu oponente, para dificultar que ele a pegue novamente.


Harry escutou uma risadinha atrás dele.


—Está falando igual a um professor, Harry.


Era Tina, que acaba de voltar com sua varinha em mãos. Lia a havia arremessado há três metros de distância.


—Logo estará falando com a mesma convicção de Hermione.


Tina e Lia riram gostosamente, fazendo Harry corar até a raiz dos cabelos.


—Venha ver como estamos indo, Harry. – Lia o chamou.


—Já deu pra perceber que você está indo muito bem, Lia. – ele disse, com um sorriso. —Ótima distância. Agora me deixe ver você, Tina.


Tina e Lia arrumaram as posturas e Tina exclamou o feitiço, que fez a varinha de Lia voar e bater na cabeça de Marieta, há exatos três metros de distância. Lia saiu correndo para recuperá-la.


—Muito bom mesmo, Tina!


Lia voltou para eles com um sorrisinho no rosto.


—Marieta não parece ter gostado nada de ter levado com a varinha na cabeça. Precisava ter visto a cara dela.


—Estamos no meio de uma aula de combate, o que ela estava esperando? – Tina retrucou, sem dar muita importância.


Em seguida, Harry foi visitar Cho que treinava com a amiga Marieta. Ele já havia desistido de inspecionar o desempenho de Rony e Hermione, já que ele sabia que a amiga estava indo bem e que ela mesma tratava de fazer as correções em Rony.


Cho pareceu ficar muito sem jeito com a aproximação de Harry e não percebeu quando Marieta fez a sua varinha sair rodopiando.


—Ah, oi, Harry. Ah, nossa... Não estou indo muito bem, não é?


—Claro que está, só precisa de mais concentração. – ele sorriu.


O tempo estava voando como nunca e quando todos deram por si, o dia estava prestes a escurecer.


—São sete horas! – Harry arregalou os olhos para o relógio numa das paredes da sala. —Acho que já chega por hoje, pessoal.


Todos pararam e olharam desapontados para o relógio, porém imensamente satisfeitos com o rendimento da tarde.


—Vocês foram excelentes, mesmo! – Harry congratulou a todos. —Mas acho melhor pararmos por aqui antes que tenhamos problemas por andar de noite pelo castelo.


—Quando vai ser a próxima aula? – alguém perguntou.


—O mais cedo possível. – ele disse. —Hermione vai cuidar de avisar a todos.


Com um burburinho de excitação, todos rumaram para a porta da sala, mas Hermione os impediu com uma exclamação.


—Assim não! Não podemos sair todos juntos ou podem desconfiar!


Concordando, os alunos foram saindo em pares e trios, tomando o cuidado de darem um espaço de tempo de mais ou menos cinco minutos antes de deixarem a Sala Precisa. Lia, Tina, Rony, Hermione e Harry foram os únicos que sobraram na sala ao final.


—Foi uma aula muito boa, Harry. – Lia disse, feliz. —Definitivamente muito mais proveitosa que as aulas ridículas da Umbridge.


Harry não podia negar que ele também estava muito satisfeito com a própria aula. Ver que estava ajudando os outros alunos a se defenderem contra as forças das trevas era algo que recompensava muito, principalmente quando podia perceber a evolução de alguns deles já na primeira reunião do AD, como era o exemplo de Neville.


Passados alguns minuto dali, os cinco saíram juntos e rapidamente tomaram as escadas para o segundo andar, conversando despreocupadamente sobre quando fariam uma próxima visita a Hagrid. Ainda não havia escurecido completamente e os corredores estavam vazios, o que lhes conferiu ainda mais tranqüilidade.


Tranquilidade esta que foi quebrada pelos passos de alguém vindo na direção oposta.


—Ei, vocês! O que estão tramando aí? – escutou-se a voz de Draco Malfoy, assim que o garoto virou um corredor e deu de cara com o quinteto. —O que estão fazendo andando em grupo a esta hora?


—Até onde eu saiba, não há nada que diga que os alunos estão impedidos de andar com seus amigos, Malfoy. – Lia rosnou, sem a menor paciência para cerimônias.


—E tampouco está escuro, então pare de cavar motivos para encrencar alguém, seu idiota. – Rony disse, passando por ele.


—Não preciso cavar nenhum motivo, como você está dizendo, Weasley. – ele disse, com cara de nojo. —Vocês já se esqueceram do decreto que diz que grupos de mais de três alunos é expressamente proibido? Vou denunciar todos vocês para a professora Umbridge!


—Não estamos rondando os corredores, Malfoy, e nem planejando nenhum ataque terrorista. Deixe de ser otário e encontre algo de útil para fazer pela escola, já que...


Mas o discurso de Tina foi interrompido por uma gargalhada alta que ecoou por todo aquele corredor. Pirraça vinha voando alto, carregando uma pesada estatueta de mármore nas mãos.


—Onde eu deveria deixar essa estátua escorregar? Hum... vejam só, um grupo de alunos rondando os corredores vazios! – cantarolou.


Tina bufou impaciente, e isso foi o suficiente para fazer o sorriso de Pirraça se alargar.


—Pirraça, saia já daqui! – Malfoy ordenou com a mesma arrogância de quem pensa que tem algum tipo de autoridade sobre o poltergeist.


Pirraça gargalhou com gosto e ergueu a estatueta no ar, largando-a bem no meio dos seis. Eles se afastaram numa reação inconsciente de defesa e então a estatueta se espatifou no chão aos seus pés.


—ALUNOS NO CORREDOR! ALUNOS NO CORREDOR!


Pirraça sumiu dando piruetas e gritando, obviamente com a intenção de atrair Filch e encrencar os seis, que ficaram olhando de uns para os outros, totalmente embasbacados.


—Meu Deus, e agora? – Hermione choramingou.


Harry olhou em volta, procurando algum lugar para se esconderem. Se Draco não estivesse na cola deles, poderiam até voltar para a Sala Precisa, mas naquele momento eles estavam sem saída.


A respiração asmática de Filch foi ouvida ao longe. O zelador, que conhecia todas as passagens e atalhos secretos dentro do castelo, obviamente tomara o caminho mais curto para chegar até os infratores. Suas passadas mancas também eram ouvidas cada vez mais perto.


—O armário de vassouras! – Rony sussurrou, e puxando Hermione pela mão, correu desembestado para o outro corredor. Harry, Tina, Lia e Draco foram atrás deles.


Uma vez no armário, eles se espremeram no escuro para caberem ali, e ficaram o mais silenciosos que podiam. Se fosse possível, talvez tivessem até parado de respirar. Filch ainda não parecia ter chegado à cena do crime, mas o susto fora grande o suficiente para fazê-los esquecer de que Draco estava ali com eles, na mesma situação e no mesmo desconforto proporcionado pela falta de espaço.


—Ai! Quem me deu essa cotovelada?


—Acho que fui eu, Lia. Desculpe. – Harry disse.


—Sssh. – alguém fez.


—Ei, esse é o meu pé! – Tina reclamou, sentindo uma respiração morna muito perto do rosto dela.


—É mesmo? Eu poderia jurar que era um rato morto, Alves. – Draco falou, denunciando que a respiração era a dele, e que eles estavam perigosamente pertos um do outro.


—Vê se chega pra lá então. – ela retrucou, lhe empurrando pela barriga sem sucesso.


—Não tem espaço, cabeça-de-vento. – sibilou por entre os dentes.


—Fiquem quietos! – Hermione ordenou, irritada.


Todos imediatamente mergulharam em intenso silêncio. Filch havia finalmente encontrado a estátua espatifada no chão e começou a amaldiçoar quem quer que tivesse feito aquele estrago.


Entrementes, todos estavam muito desconfortavelmente espremidos dentro do armário de vassouras que, para a sorte deles, era um tanto mais espaçoso do que os armários de vassouras da escola normalmente eram. Harry estava apertado entre Lia e Rony; Rony estava apertado contra Hermione, cara-a-cara com a garota (e era uma sorte que estivesse escuro, porque Rony encontrava-se quase tão vermelho quanto seus cabelos ruivos). Aquela era a mesma situação de Tina e Draco: os dois estavam tão espremidos um contra o outro que os cabelos longos de Draco, que era um pouco mais alto do que Tina, estavam fazendo cosquinhas no nariz garota. Ela também era muitíssimo alérgica, e momentaneamente teve uma vontade monstruosa de espirrar.


—Vou espirrar... – murmurou ela, com a voz abafada e os olhos lacrimejando de tanta alergia à poeira acumulada no armário.


—Nem se atreva, Alves! – Draco rosnou por entre os dentes.


Num movimento quase mecânico, Harry pegou a varinha em seu bolso e a apontou para a porta, sibilando "Abaffiato!", evitando assim que qualquer pessoa do lado de fora os escutasse.


A azaração de Harry não foi fora de hora. Tina espirrou com toda a força que seus pulmões lhe proporcionavam, levando as mãos ao rosto contra o peito de Draco. Todos prenderam a respiração e Tina sentiu todos os olhares acusadores em cima dela.


—Me desculpem. – choramingou.


—Não foi nada, ele não pôde escutar. – Harry disse tranqüilo, porém em voz baixa. —Lancei uma azaração para que ele não nos escutasse.


Rony suspirou aliviado. Permaneceram então em silêncio, escutando.


A voz asmática de Filch ficou muito próxima do armário de vassouras onde eles estavam escondidos.


—Ótima idéia a sua – Hermione sussurrou para Rony, de mau humor. —a de se esconder num armário de vassouras, agora que ele precisará de uma.


Ela tirou a varinha do bolso com muito cuidado e a apontou para a porta, sibilando um encantamento que ninguém compreendeu. A mágica veio bem a calhar, porque no instante seguinte, Filch forçou a porta e xingou mais ao ver que estava trancada. Todos respiraram aliviados por uma segunda vez.


—Eu tenho que reconhecer,- Rony começou, com ar agradecido – você é uma gênia mesmo.


Os olhos de Tina, já mais acostumados à escuridão, viram Draco balançar impacientemente a cabeça como quem não estava acreditando que estava metido naquela situação.

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