Rondas e mais rondas
Duas semanas haviam se passado desde o “incidente” dos marotos com os Sonserinos. Os meninos ainda eram zuados pela escola, mas já não ligavam tanto. As meninas ainda se divertiam com o ocorrido e não perdiam a oportunidade de lembrar toda a escola sobre.
Lilian estava andando por um corredor do quinto ano, rindo com a lembrança de Tiago declarando-se ao Snape, quando algo para a sua frente, fazendo com que a menina vá de encontro ao chão.
- Olhe por onde anda, sangue-ruim! – disse Bellatriz Black, olhando a menina com nojo
- A culpa foi sua Black! Fica parada no meio do corredor com se fosse dona... – a ruiva falou já de pé
- Dona do que? – Falou Severo saindo de uma sala do lado esquerdo de Bellatriz e sendo seguido por Narcisa e Lucius
- É reunião de Sonserinos por acaso?! – Ela falou irônica
- Isso não te interessa! – Bellatriz exclamou rapidamente, fazendo com que a ruiva ficasse curiosa.
- Porque não sai daqui enquanto a gente está deixando Evans? – Severo murmurou
- Como se vocês me intimidassem... – Ela falou dando de ombros – Eu vou porque eu não quero ser vista em más companhias...
Lilian terminou de falar e saiu caminhando pelo corredor. Ela entrou em uma passagem secreta virando a esquina e voltou até perto da sala onde os senserinos estavam. O modo como Bellatriz tinha falado havia deixado a ruiva curiosa e, do lugar onde estava, conseguia ver todo mundo que entrava ou saia do lugar. Ela teve que esperar em torno de dez minutos até que o Malfoy julgou o corredor seguro. Vários sonserinos começaram a sair da sala e sumir pelos corredores. Lilian estava tentando gravar cada rosto quando a última pessoa saiu da sala e a paralisou. Lívia saía da sala acompanhada de Snape. Os dois conversavam baixo e, logo, a menina despediu-se e foi embora.
A ruiva demorou alguns minutos para assimilar tudo. Não tinha sido sua imaginação que a fizera ver Lívia ali. Ela saiu correndo para sua aula, decidida a descobrir o que a menina fazia em uma reunião repleta de sonserinos e sem contar nada a nenhuma das Senhoritas.
Chegando a aula, sentou-se ao lado de Olívia e observou Bárbara a duas carteiras de distância das meninas. Pegou um pedaço de pergaminho rapidamente e escreveu para suas duas amigas.
“Preciso falar com vocês urgente! Acabei de ver uma coisa que eu não sei o que é, mas é muito estranho O.o Reunião hoje, depois que todo mundo dormir? – S.E.”
Ela passou o bilhete para Olívia e, rapidamente, passou outro similar a Bárbara. As respostas chegaram simultaneamente.
“O que você descobriu ruiva? Meio confuso não?! :p A gente conversa à noite! – S.B.”
“Fiquei até curiosa agora Lils. A gente se fala hoje, mas eu preciso de chocolate! A gente passa na cozinha antes hehe (: - S.O.”
A menina sorriu para as amigas e tentou se concentrar nas aulas que ainda tinha durante o dia.
x-x-x
- E aí Lily – Começou Bárbara quando as meninas já estavam devidamente instaladas no salão comunal, cercadas de comida e muito chocolate – O que de tão importante você tem para nos contar?
A ruiva suspirou profundamente enquanto começava sua narrativa desde o momento em que havia esbarrado em Bellatriz. Quando ela chegou à parte em que via Lívia saindo da sala, as meninas se surpreenderam.
- Você tem certeza que era ela? – Bárbara questionou assustada
- É claro que eu tenho certeza! – Lilian falou irritada – Se eu não tivesse, eu não estaria tão preocupada...
- Eu não imaginei que ela teria coragem... – Olívia murmurou perdida em seus próprios pensamentos
- Coragem de que Olívia? – Lilian questionou chamando a atenção da menina
- O que você tá sabendo? – Bárbara também questionou, fazendo a menina suspirar.
- Vocês já ouviram falar do Lord Voldmort? – Olívia questionou e recebeu acenos negativos das amigas – Esse cara é um maluco que se auto-intitula Lorde. Ele acredita que os ditos “sangues-ruins” – Ela disse fazendo o sinal de aspas com as mãos – Não são dignos de usarem magia... Vocês leem o jornal todos os dias; ainda não perceberam a quantidade de nascidos trouxas que estão sendo assassinados?
- Eu notei que todo o dia tem um caso parecido, mas não liguei uma coisa à outra... – Lilian disse
- Enfim! Esse maluco tá convocando vários bruxos pra se juntar a ele. Esses seguidores são chamados de “Comensais da Morte” Vocês já imaginam a maioria das famílias que fazem parte né...
- Eu tenho certeza que a família Black é uma delas... – Bárbara falou
- Acrescenta os Malfoy nessa lista! – Lilian disse secamente
- Estão as duas certas, mas muitas outras famílias foram “convidadas”. Digamos que, apesar de eu vir de uma família mestiça, minha mãe nos abandonou assim que soube de nossos dotes mágicos e a família de meu pai é muito tradicional e simplesmente aceitou a ideia de que seu filho sofria de graves problemas mentais quando se relacionou com uma trouxa... – Olívia disse amargamente – Nessas férias, nós começamos a ouvir falar desse bruxo. Pelo o que eu sei, toda a minha família apoia o cara. A maior parte de meus primos está treinando para ser comensal. Lívia e eu fomos convidadas a participar. Eu neguei na hora, mas a Lívia disse que pensaria sobre o assunto antes de dar uma resposta “precipitada”.
- Meu Merlim! – Lilian exclamou
- É por isso que ela está te tratando tão friamente... – Olívia murmurou – Ela está virando uma comensal!
As três ficaram em silêncio por algum tempo, pensando nas descobertas que haviam feito.
- Ai meu merlim! – Bárbara exclamou, assustando as outras meninas
- O que foi? – Lilian questionou
- Vocês ainda não pensaram nisso? A Larissa é de família tradicional e imita absolutamente tudo que a Lívia faz...
- A Larissa também vai entrar! – Lilian afirmou, entendendo o pensamente da amiga
As meninas ficaram quietas por mais um tempo, antes de Bárbara falar:
- Está tendo reuniões de pessoas que querem matar os nascidos-trouxas dentro de Hogwarts...
- E nossa “amiga” é uma dessas pessoas... – Lilian terminou fazendo com que as meninas ficassem inquietas.
No final, as três decidiram dormir no salão comunal, fazendo um feitiço despertador para que acordassem cedo no dia seguinte.
x-x-x
O dia passou rapidamente. Assim que o sinal bateu, Lilian suspirou pesadamente, pensando na ronda que teria ao lado de Tiago Potter aquela noite. A ruiva passou pelo seu dormitório para deixar o material e já se encaminhava para a sala dos monitores, quando esbarrou no garoto de cabelos arrepiados e óculos descendo de seu próprio dormitório.
- Evans... – Ele disse cumprimentando a menina, que apenas balançou a cabeça em um aceno.
Os dois seguiram lado a lado, em silêncio, até a sala. Alguns monitores de outras casas estavam fazendo seus relatórios quando eles entraram. Lilian dirigiu-se até a mesa dos monitores da Corvinal e começou uma animada conversa enquanto Tiago sentou-se no sofá ali próximo e fechou os olhos apenas esperando o horário para saírem. Estava distraído quando a risada da ruiva de sua casa pode ser ouvida.
“Ela nem parece uma Senhorita...” Tiago pensou analisando as feições da menina. Ela gargalhava de algo que John Collins, o monitor da Corvinal, havia falado e, mesmo sem saber o que era, Tiago sentiu inveja por ele ter sido capaz de fazer a ruiva rir inocentemente.
Com um barulho estridente, o relógio da sala marcava o horário para o início das rondas. Automaticamente, Lilian desfez seu sorriso e olhou para o maroto, que abria os olhos. Ela seguiu para a porta e esperou até que ele a alcançasse. Os dois seguiram lado a lado pelos corredores vazios do castelo.
Eles permaneceram em um silêncio desconfortável por um longo momento. Mesmo se sentindo desconfortável com a falta de diálogo, Lilian agradecia internamente por ele não querer puxar conversa ou questioná-la por algo embaraçoso. Com um barulho estranho da garganta, o maroto chama a atenção da menina. Quando ele encontra os olhos da menina, ele aponta com a cabeça para um casal que pensava estar escondidos dos monitores. Eles caminharam lentamente até os dois.
- Olha o que nós temos aqui Evans... – Tiago falou assustando o casal.
- De que casa vocês são? – Lilian perguntou olhando friamente para os dois, ainda abraçados
- Lufa-lufa – O menino respondeu
- Menos 10 pontos de cada um e uma semana de detenção – Lilian falou, fazendo Tiago arquear a sobrancelha – E vão já para os seus dormitórios antes que a situação de vocês piore. Se vocês fizerem paradas pelo caminho... Acreditem; eu saberei!
Os garotos saíram correndo pelo corredor, extremamente assustados pela ruiva. Ela lançou mais um frio olhar para o lugar onde os dois estavam se agarrando e virou-se para continuar a ronda. Tiago demorou um segundo para perceber que a ruiva tinha seguido sem ele e apressou-se para acompanhá-la.
- Você não acha que exagerou com eles não? – Ele perguntou com a sobrancelha arqueada
- Não... – Ela respondeu simplesmente evitando o olhar do menino
- Sério? – Ele exclamou – Aqueles dois devem estar no terceiro ou quarto ano... Provavelmente a primeira vez que eles fazem alguma coisa assim e você praticamente matou os dois de medo. Eu acho que só uma advertência era suficiente...
- Mas eu acho que não. Aquela menina não se dá ao respeito por ficar se agarrando num corredor qualquer com um garoto assim... Se ela não se valoriza, eu ajudo ela a se valorizar – Ela respondeu agressivamente. O tom de voz assustou o maroto, mas ele entendeu que aquilo tudo não era só por causa dos dois se agarrando
- Eu não acredito! – Ele exclamou a assustando
- O que houve? – Ela perguntou analisando em volta
- Você não ficou toda irritada assim só por causa daqueles dois não é? – Ele questionou, parando e fazendo com que a menina parasse também
- O que você ta querendo dizer? – Ela perguntou o encarando de braços cruzados e sobrancelha arqueada
- É óbvio! – Ele falou exalando – Você está toda irritada assim só porque eles te lembraram de quando eu e os marotos éramos pegos...
A menina o encarou e, sem explicações, começou a gargalhar. Demorou alguns minutos até que ela se recuperasse e pudesse falar.
- Você é meio egocêntrico né... – Ela falou – Você acha que eu briguei com um casal de adolescentes só porque eles me lembravam de você e suas piriguetes baratas?
- Piriguetes baratas? – Ele questionou
- Faça-me o favor Potter... – Ela exclamou ignorando o comentário dele – É ridículo você pensar que eu poderia ter ficado com raiva por uma mera lembrança das suas atitudes... – Ela se virou e começou a andar, mas o menino pegou o seu braço, fazendo com que parasse e virasse
- Por que eu não consigo acreditar que você está falando a verdade? – Ele perguntou olhando em seus olhos
Lilian não demonstrava, mas a proximidade de seus rostos a atordoava mais do que ela gostaria de admitir. Mesmo o odiando, ele não deixava de ser bonito e o gosto de seus lábios ainda vivia em sua mente. Sem perceber, seus olhos vagaram incertos para os lábios do maroto.
Tiago agiu inconscientemente quando a puxou, mas com a falta de espaço entre os dois, não pensar em seus beijos foi difícil. Ela era bonita e, pelo que se lembrava de quando a menina era criança, seu beijo era maravilhoso. Será que aqueles lábios ainda têm o mesmo gosto? Ele pensava enquanto seus olhos vagavam pelo rosto da menina.
Nem um dos dois percebeu quando seus corpos, inconscientemente, diminuíam as distâncias entre eles. Logo, os lábios roçaram como se estivem se reconhecendo. O beijo começou suave como se eles estivem se descobrindo, mas ele se tornou agressivo. Um tinha necessidade do outro e eles não iam desperdiçar, talvez, a sua única chance. Tiago pressionou Lilian na parede e, enquanto uma mão ia para o cabelo ruivo da menina, a outra vagava nas suas costas e cintura. A mão da menina estava entrelaçada nos cabelos rebeldes do menino. Logo, uma das suas mãos começou a se aventurar pelo peitoral e costas do menino.
Os dois pareciam ter se esquecido de quem eram e de onde estavam. Para os dois, tudo que existia era o momento e eles queriam aproveitá-lo. Tiago começou a descer sua mão pela coxa da menina e o movimento foi como um estalo para que Lilian se lembrasse de quem estava beijando. Reunindo toda a força de vontade de seu corpo, ela afastou o garoto e lhe deu um tapa na cara. Com medo de demonstrar qualquer emoção, ela se virou e saiu correndo para qualquer lugar longe dali.
Tiago, sem entender muito bem tudo o que havia acontecido, simplesmente deu sua ronda por encerrada e seguiu para o seu dormitório. No caminho, lembrou-se do beijo e não pode impedir que um sorriso crescesse em seus lábios.
- Ela ainda tem aquele gostinho... – Ele murmurou para si mesmo enquanto passava pelo retrato da mulher gorda.
- Tiago? – Alguém chamou, assustando-o
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