Um momento leva a outro

 

Uma brisa suave passava por Godric's Hollow naquela manhã de primavera. Hermione encontrava-se em um banco da varanda da casa de Harry e Gina, lendo um livro sobre as empolgantes descobertas da ciência herbológica que ganhara de Neville no Natal passado, a espera de Rony. Por incível que pareça, ela não conseguia se entreter na leitura. Não parava de pensar com alegria no dia anterior, no qual fora madrinha do casamento de Harry e Gina e, depois, ficara sozinha com Rony na casa onde os amigos morariam.

 

Quando Rony surgiu à porta, com os olhos semicerrados focados nela, Hermione teve um leve sobressalto.

 

- Devia imaginar que estava lendo. Aposto que nem dormiu, passou o tempo todo lendo. Afinal, é a coisa que você mais gosta de fazer – ele deu de ombros com um sorriso zombeteiro.

- Não a única, Ronald Weasley! - replicou ela, revirando os olhos e depois se levantando para beijar o namorado – Na verdade, nem estou conseguindo ler, me distraio fácilmente com meus pensamentos...

- Claro, com aquele seu trabalho no Ministério, você fica tão atarefada que tem muito o que pensar!

 

Hermione sentiu vontade de dizer que não era exatamente no trabalho que estava pensando, mas preferiu ficar calada. Vendo que ela ignorara sua procação, Rony mudou de assunto. 

 

- Vamos dar uma volta? Quero conhecer melhor o lugar onde Harry e minha irmã vão morar. Quem sabe... - ele queria dizer “Quem sabe a gente também venha morar aqui”, mas mudou de ideia ao perceber que estava indo rápido demais, pulando a introdução do que planejara para esta manhã.

- Quem sabe o quê?

- Hã, esqueci.

- Hm – ela não se convenceu.

 Rony a abraçou de modo a colocar a mão em sua cintura. O casal rapidamente atravessou o jardim e saiu para caminhar pela aldeia.

 

- Sempre achei este lugar tão acolhedor, eles não podiam ter escolhido um lar melhor! - disse Hermione, insistindo no assunto.

- É. E e o mais legal foi Harry ter voltado para o lugar onde nasceu. - Rony declarou, sorrindo.

           

Quando chegaram à praça, algumas pessoas trocaram olhares afáveis e acenos com eles. Essas pessoas sabiam perfeitamente quem eram e os respeitavam muito. Todos os moradores daquele pequeno vilarejo haviam sido convidados para o casamento do homem que um dia fora o menino que ali sobrevivera. Era unânime a consideração que tinham com quem o ajudara a vencer a 2ª Guerra Bruxa. Para eles, eram verdadeiros heróis.

 

Rony conduziu Hermione até a sombra de um verdejante arvoredo. Havia lindas flores, que exalavam um delicioso perfume, por tada a parte. Rony estava nervoso, como sempre ficava ante tomar uma atitude com relação a Hermione. Não podia estragar aquele momento. Estava esperando por isso há tanto tempo! Desde que ficaram juntos, ele teve certeza de que não se separariam. Nunca hesitou. Demorou para admitir para si mesmo, mas, desde estão, estava mais do que claro: Hermione era a mulher de sua vida. Eles simplesmente pertenciam um ao outro. Porém, depois de todos esses anos, ele ainda bambeava ao pensar em dizer isso a ela.

 

- Hermione... - ele se sentou sob uma árvore e a puxou para perto de si.

- Sim?

- Bem... - ele tentou começar.

- O que foi, Rony? - ela ergueu as sobrancelhas.

- Você tem ideia do quanto eu amo você?

                     Ela sorriu, emocionada.

- Ron... - disse, tocando sua face – Eu tenho. E também amo você. Mas posso saber qual é o motivo de tanto romantismo repentino?

- Acho que é uma necessidade. - ele respirou fundo e continuou 

- Não esperava demorar tanto. Mas tive que esperar pela nossa vez. Eu queria fazer isso logo depois que você se formou em Hogwarts... Mas aí veio Percy com Audrey, logo depois Jorge com Angelina... E, finalmente, Gina e Harry. Cada um deles teve o seu momento. Agora é o nosso. Depois de esperar tanto, o mínimo que eu podia fazer era tentar ser um pouco romântico.

- Rony, você está querendo dizer...

- Que quero você ao meu lado, Mione. Para sempre. Quero me casar com você. - ele conseguiu dizer, num fôlego só.

 Hermione ficou sem palavras. Pressionou seus lábios nos de Rony e o beijou apaixonadamente. Ele retribuiu com igual intensidade enquanto, com um braço, a apertava contra o peito e, com o outro, empunhava a varinha, convocando um pequeno embrulho que estava camuflado por um ramo de rosas.

Ao se soltar de Hermione, Rony apontou para a própria mão, fazendo com que o papel de seda escarlate se desembrulhasse como uma flor do campo ao desabrochar. Ela olhava dos olhos para a mão de Rony com uma expressão de surpresa  e contentamento.

Rony pegou o singelo anel de ouro incrustado com um rubi e a mão direita de Hermione, beijou seu dorso e, delicadamente, colocou o anel em seu dedo anelar.

 

- Então, acho que posso avisar a minha mãe que vai começar tudo de novo – disse Rony, quase explodindo de felicidade.

- Sim. - disse Hermione, esperando que ele entendesse todos os sentidos daquela palavra e olhando fundo em seus olhos - Chegou a nossa vez.

 

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