Uma nova decepção

No momento em que o moreno parou o carro no estacionamento olhou para a esposa, e ela suspirou pesadamente antes de dar um fraco sorriso.

- Você está bem? - perguntou colocando a mão sob o braço da garota – Ouvi dizer que essa dor é sempre insuportável.

- Até que está melhor do que eu imaginava – admitiu – Vai ficar tudo bem, é sério, não precisa ficar preocupado.

- Certo! - abriu a porta do carro – Vamos logo que a doutora Shane já deve estar nos esperando.

Hermione abriu a porta do passageiro e no momento em que colocou os dois pés no chão, o garoto já estava bem ao seu lado.

- Tem certeza de que consegue andar? - perguntou meio incerto – Eu posso te carregar até a porta do hospital se você quiser.

- Não precisa, eu posso caminhar sozinha – garantiu – Mas acho que vou precisar de apoio.

Então, ela caminhou até a recepção com um dos braços apoiados em Harry e o outro sob a barriga. Sentiu um pequeno chute, como se o bebê também dissesse que estava tudo bem com ela.

- Eu sei, minha filha – começou a falar, acariciando, de leve, a região – Logo você vai estar aqui fora com a gente.

Como tinham previsto, a doutora Shane estava mesmo esperando por eles na recepção. Colocou Hermione sentada em uma cadeira de rodas e foram em direção a sala de exames.

- Está tudo pronto – disse depois de ajeitar a garota na mesma cama que tinha utilizado desde a primeira consulta ao ginecologista – Como é que você está se sentindo nesse momento, Hermione?

- Estava bem calma na hora em que chegamos aqui – respondeu – Mas, confesso que, agora estou com um de medo.

- Não se preocupe, tudo vai dar certo, você está nas mãos de um boa equipe médica – garantiu – Vou pedir para a enfermeira trazer a maquina de ultrassonografia e, então, veremos se essa garotinha está mesmo querendo ver o mundo antes do tempo.

Ela fechou a porta da sala antes e deixou o jovem casal sozinho. Harry segurou a mão da morena e beijou a ponta dos seus dedos.

- Você promete que vai ficar comigo na hora do parto, não é mesmo? - pediu enquanto entrelaçava sua mão na dele.

- É claro que sim – respondeu enquanto retirava uma mecha de cabelo da testa de Hermione – Não perderia o primeiro o choro do nosso bebê por nada.

Aquela manhã de quinta-feira tinha começado normal, como em qualquer outro dia. Harry tinha decido tomar o café da manhã no quarto juntamente com a esposa antes de sair para a aula.

Foi quando a garota sentiu a primeira contração e o moreno correu para chamar a sua mãe. Ela sugeriu que fossem diretamente para o hospital, pois podia ter chegado a hora do bebê nascer, mesmo ainda faltando duas semanas para isso.

Logo a doutora Shane chegou e passou o gel na barriga de Hermione para poder fazer a ultrassonografia.

- Diga-me uma coisa, Hermione – pediu – De quanto está o intervalo das suas contrações?

- Eu só tive duas contrações, uma quando estava tomando café da manhã e a outra no carro a caminho daqui – disse – Acho que deve ter sido um intervalo de meia hora.

- Certo – concordou com a cabeça – Pela ultrassonografia da para ver que o bebê já está posicionado no osso da sua bacia.

- E o que isso quer dizer, doutora? - o garoto quis saber imediatamente – Ela vai nascer agora mesmo?

- Ainda não tem como eu saber, a maioria dos bebês a essa altura da gestação já estão mesmo nessa posição – explicou – Vou precisar fazer mais alguns exames antes de ter 100% de certeza.

Ela fez mais alguns exames o que demorou cerca de meia hora. Quando a médica terminou retirou as luvas e as jogou na lata de lixo.

- Bom, Hermione – começou a falar logo em seguida – Você já pode ir para casa agora. Não vai ser hoje que você vai se livrar dessa barriga.

- Não? - pareceu triste, mas, ao mesmo tempo, estava aliviada, estava mesmo com medo de que ter que passar por um parto agora, ainda não estava preparada – Mas e as contrações que eu estava sentindo?

- Na verdade foram mesmo contrações e também está com 1 centímetro de dilatação o que significa que você chegou a entrar em trabalho de parto – disse calmamente – Mas as contrações pararam e como a bolsa não estourou, sendo assim, podemos esperar mais um pouco.

- Tem certeza disso? - o moreno perguntou, parecia mais preocupado que a garota – Podemos ir mesmo para casa tranquilos?

- Sim, mas em qualquer sinal de uma nova contração é melhor correr direto para cá – avisou – Vou ficar com o telefone ligado 24 horas por dia e vocês podem me ligar.

- Certo! - disseram ao mesmo tempo.

- É claro que queremos que o bebê só nasça na hora certa e faremos de tudo para isso – continuou – Por isso precisa fazer repouso absoluto mais uma vez.

É tudo que eu tenho feito nesses últimos quatro meses – Hermione fez uma careta – Já estou mais do que acostumada com isso.

Logo os dois saíram do hospital e foram diretamente para casa. O senhor Potter e Halley já tinham saído de casa, mas Lilian ainda estava no local. Quando eles contaram o que a médica tinha falado, disse que era melhor Hermione ir logo se deitar no quarto e era mesmo para fazer o mínimo de esforço possível.

- Se você quiser pode ir para a aula agora – avisou – Sua mãe só vai sair para trabalhar de tarde, eu não vou ficar sozinha e também não vou me sentir culpada por você estar perdendo aula.

- Já perdi a primeira aula mesmo, vou acabar levando uma advertência se chegar lá agora – lembrou – E não se preocupe, não vai ter nenhuma matéria nova, já estamos muito perto das provas finais.

- Exatamente por isso – explicou – É agora que os professores sempre começam a fazer as revisões e sempre passam exercícios úteis.

- Posso muito bem fazer os exercícios sem precisar ir na aula – avisou – E você sabe muito bem disso.

- Tudo bem, já vi que não adianta discutir com você – suspirou pesadamente.

- Não adianta mesmo – garantiu – Além disso, amanhã já não vai ter aula mesmo por causa do jogo e eu já prolongo o meu fim de semana.

- Isso me lembra de uma coisa – continuou – Pelo jeito eu não vou mais poder ir assistir ao jogo amanhã. É muito longe, a doutora Shane nunca vai me deixar ir.

- Só por que ela já tinha te deixado ir antes – suspirou pesadamente se sentando na beirada da cama – Isso não é justo.

- Você vai se sair bem, Harry – colocou uma das mãos por cima da do moreno – Você é o melhor jogador que tem em toda a Hogwarts Academy.

- Eu sei que vou me sair muito bem – garantiu – Posso não ter os meus dois amuletos da sorte comigo amanhã, mas vou passar todo o tempo possível com elas hoje.

Então, Harry se ajeitou melhor na cama e puxou a esposa para mais perto do si. Deu um beijo na sua bochecha e ficou acariciando a sua barriga.

- Minha filha, você poderia ter esperado mais uns dois dias para decidir nascer – o moreno começou a falar com o bebê – Assim a sua mãe poderia ir ao jogo amanhã.

- Nós dois estamos falando sobre esse jogo há semanas – lembrou – Ela também queria ir assistir ao jogo também. Só não poderia imaginar a quantidade de confusão que iria arranjar com isso.

- Não vai ter como levá-la a um jogo em Hogwarts – continuou – Mas quem sabe podemos levá-la em um outro jogo, em um estádio de verdade.

Foi nesse momento que sentiram um pequeno chute, como se o bebê tivesse aprovando o que eles estavam falando.

- Acho que isso quer dizer um sim – não pode deixar de sorri nesse momento – Você também não acha.

- Sim – concordou com a cabeça – Mas tem que esperar um pouco para isso, pelo menos até ela começar a andar de falar sozinha.

- Tudo bem – disse enquanto passava os lábios pela nuca da morena – É você quem manda.

- Harry – ela disse tentando afastá-lo – Você está me fazendo cocegas.

Mas ele não ligou, faz o caminho em direção a orelha dela e mordeu, de leve, o lóbulo. Por fim. A beijou nos lábios.

Nesse momento, Hermione se esqueceu completamente do que estava falando e, simplesmente, curtiu. Quando pararam para respirar, o garoto voltou a atenção para o pescoço da morena. Com certeza iria deixar um marca mais tarde.

- Vocês dois sabiam que relações sexuais induzem o parto? - a senhora Potter estava parada na porta do quarto e com um sorriso divertido – Acho que vocês devem incluir isso no repouso absoluto novamente.

- Pode deixar mãe – Harry revirou os olhos – Nós só estávamos aqui conversando, não é mesmo, Mione?

- Claro – concordou com a cabeça – Pode ficar tranquila, senhora Potter, nós não íamos mesmo fazer nada.

- Sei – cruzou os braços como se dissesse que estava fingindo que acreditava – Vou falar para a cozinheira preparar o almoço. Harry, você vai comer lá embaixo comigo ou vai ficar aqui em cima.

- Pode acompanhar a sua mãe – a morena garantiu – Vou ficar muito bem aqui sozinha.

- Tudo bem – parecia um pouco relutante, mas, por fim, acabou aceitando.

- Perfeito – deu um sorriso satisfeito – Vou vir aqui avisar quando a comida estiver pronta. E mantenham a porta aberta.

No momento em quem a mulher saiu de dentro do quarto, os dois começaram a rir sem conseguir parar.

- Pelo jeito estão controlando, de novo, a nossa vida sexual – Harry comentou revirando os olhos – Não nos deixam em paz mesmo.

- A sua mãe, em parte está certa – ela continuou – Afinal, foi isso que nos meteu nessa encrenca, para início de conversa.

- Tem razão – concordou, por fim – Agora é melhor você descansar um pouco. Passou por bastante estresse hoje e ainda nem é a hora do almoço.

- Eu não quero descansar – reclamou – É tudo que eu tenho feito nesses últimos meses, é por isso que não vejo a hora dessa criança nascer.

- Você quer descansar sim, eu posso ver – a olhou melhor, a garota parecia mesmo cansada – Além disso, não podemos fazer mais nada mesmo.

- Tudo bem – acabou falando – Mas você vai ficar aqui comigo até que eu pegue no sono.

Ele não respondeu nada, apenas se ajeitou melhor no seu travesseira e puxou a esposa para mais perto de si.

Desde que Hermione voltou do hospital depois da queda na escada, a senhora Potter achou que era melhor ela ficar em um outro quarto para ter mais conforto. A garota, entretanto disse que se sentia melhor com Harry ao seu lado e ele tem dormido lá desde aquele dia.

- O que são aqueles livros com capa de couro bem ali? - foi nesse momento que o moreno notou os dois objetos em cima da mesa – O que é que você anda estudando?

- Não são livros – virou-se para poder olhá-lo melhor – São os álbuns de quando eu era bebê.

- Sério? - pareceu bem interessado nesse momento – E o que eles estão fazendo aqui em casa? Estava querendo ver como a nossa filha vai ser? Não se esqueça de que ela também pode se parecer comigo.

- Confesso que estou curiosa para saber isso – admitiu – Mas, na verdade, foi a sua mãe. Ela me pediu para ver umas fotos minhas de quando pequena, falei com o meu pai e ele trouxe esses álbuns.

- Será que eu posso ver essas fotos? - pediu – Adoraria saber como você era quando pequena.

- Você não vai querer ver – fez uma careta – Essa daqui é a minha versão melhorada e ainda tem muita coisa que eu queria corrigir.

- Todos nós temos fotos de pequenos dais quais nos envergonhamos – lembrou – Prometo que não vou rir, é sério.

- Tudo bem – acabou concordando – Mas depois não diga que eu não te avisei. Você vai acabar é ficando com medo de que a nossa filha seja assim.

- Se a nossa filha for, pelo menos, 10% parecida com você – passou a ão pela bochecha dela – Vai ser a criança mais linfa desse mundo.

Ele se levantou para pegar os dois álbuns e voltou para o mesmo lugar em que estava antes. Abriu o primeiro livro e começou a olhar as fotos.

- Eu disse que você não ia querer ver – fez uma careta enquanto olhava uma foto sua comendo papinha – Pode falar, eu era horrível.

- Você nunca foi feia, Mione – garantiu – Você é linda. Quantas vezes eu tenho que te falar isso para você acreditar em mim?

- Certo – revirou os olhos, deu para ver que suas bochechas estavam ligeiramente vermelhas – Não vou falar mais nada sobre isso.

Continuara, a olhar as fotos até que chegaram a uma em que Hermione tinha cerca de dez anos e estava junto com mais três pessoas: seu pai, seu mãe e um outro homem que o moreno não sabia quem era.

- Esse é o Steve, marido da minha mãe – explicou – Essa foi a última vez em que vieram aqui na Inglaterra. Na época em que eu acreditava que ela poderia ser uma boa mãe.

- Não fica assim, Mione – a puxou para mais perto de si e a abraço – Tenho certeza de que sua mãe se importa sim com você.

- Essa foto foi tirada no dia em que eles foram embora – continuou – Minha mãe disse que iria me levar para passar as próximas férias de verão e depois, quem sabe eu poderia até ir morar com eles. Nenhuma das duas coisas aconteceu até hoje.

- Mas teve uma coisa boa nisso tudo – continuou – Se você tivesse ido morar com a sua mãe nos Estados Unidos, nós dois nunca teríamos nos conhecido.

- Teríamos nos conhecido sim – não pode deixar de rir nesse momento – Isso foi nas férias de verão antes de começarem as aulas da Hogwarts Academy.

- Sim, até teríamos nos conhecido – corrigiu – Mas não teríamos nos conhecido melhor e não teríamos a nossa filha.

- Tudo bem – acabou concordando – Talvez tenha sido mesmo bom eu não ter ido morar com a minha mãe.

- Sabia que você ia concordar comigo – deu um selinho nela – Agora você vai dormir, já tomei muito do seu tempo de descanso.

Cerca de meia hora depois, a morena estava dormindo profundamente. O garoto se levantou lentamente, para não acordá-la e deu um beijo no topo da cabeça dela.

- Eu te amo, Mione – sussurrou bem baixinho – Eu te amo mesmo. Mas acho que sou covarde demais para te admitir isso em voz alta – em seguida, saiu do quarto e fechou a porta.

Depois do almoço, a senhora Potter saiu para o trabalho. Já no meio da tarde, Halley e chegou em casa e Rony foi juntamente com ela para poder ver como estava o amigo.

- O que acha de irmos jogar um pouco de basquete? - o ruivo sugeriu – É muito chato ficar aqui sem fazer nada.

- Não acho uma boa ideia jogarmos basquete na véspera do nosso grande jogo – explicou – Se acabarmos nos machucando isso não vai ser bom para o time amanhã.

- Tem razão, mas o que vamos fazer então? - perguntou mais uma vez – Só não vai sugerir que a gente estude. Sabe qual é a minha política de estudar nos finais de semana.

- Também não estou com vontade de estudar agora – suspirou pesadamente e apoiou o cotovelo na mesa do computador – Na verdade, eu tenho que fazer uma coisa. Você me espera aqui?

- Claro – respondeu – Pode ir lá.

Então o moreno saiu de dentro do quarto e foi para a porta bem ao lado aonde tinha uma placa escrita “Quarto da Halley”. Deu duas batidas de leve.

- Pode entrar – ouviu a voz da irmã.

Entrou no local. A garota estava com um livro aberto e digitando alguma coisa no computador, provavelmente fazendo algum trabalho.

- Oi Halley – disse enquanto mexia, nervosamente no cabelo – Eu estou te atrapalhando ou eu posso conversar com você?

- Pode falar sim – respondeu girando a cadeira em direção a irmão – O que você precisa falar comigo que é tão importante?

- Queria te perguntar uma coisa – sentou-se na beirada da cama – Você tem conversado com a Mione nas últimas semanas?

- É claro que eu converso com a minha melhor amiga – deu de ombros – É claro que eu só consigo fazer isso quando você a deixa sozinha, não é mesmo?

- Eu sei – deu um fraco sorriso – Mas eu só queria saber se você sabe se ela já escolheu o nome para o bebê ou se está planejando escolher.

- Na verdade ela nunca me falou na a respeito disso e eu também nunca tive interesse de perguntar – explicou – Achei que isso era um assunto que só interessava a vocês dois.

- Ela também nunca falou comigo se já tinha pensado em algum nome – estava encarando a colcha azul claro da cama da irmã – Não sabia se ela queria a minha ajuda ou se preferia escolher um nome sozinha. Na verdade, não tenho a mínima ideia de como agir em um situação dessas, nunca tive um filho.

- A Mione também não – lembrou – E tenho certeza de que ela vai ficar feliz em ter sua ajuda para escolher o nome da filha de vocês. Isso é uma coisa que o pai e a mãe costumam fazer juntos.

- E eu quero muito ajudá-la a escolher o nome da nossa filha – admitiu – Mas, também não sei se ela me considera o pai dessa criança.

- Mas você é o pai dela – lembrou – E a Mione sabe muito bem disso. Ela vai ter o seu nome na certidão de nascimento.

- Sei disso – concordou com a cabeça – Mas não foi bem esse o acordo que fizemos.

- Acordo? - Halley gritou um pouco mais alto do que estava planejando – De que tipo de acordo você está falando.

- O acordo que fizemos antes de nos casarmos – explicou – Ficaríamos juntos durante o tempo da gravidez, o bebê iria nascer e teria o meu sobrenome, como deveria ser. Então, quando terminássemos a escola, eu ia para a faculdade e ela ficaria com o bebê e nunca mais iriamos nos ver.

- Isso é loucura! - tinha se levantando e andando por todos os cantos do quarto – Como é que vocês dois puderam fazer um acordo desses.

- Estávamos desesperados. Nossos pais estavam nos obrigando a nos casar e eu por causa da criança e não queríamos isso – explicou – Eu não queria esse filho, você sabe muito bem disso. Pensei que essa fosse a melhor solução, para nós dois.

- Certo – ela parecia estar tentando absorver tudo o que tinha acabado de ouvir – Mas agora as coisas mudaram, não é mesmo.

- Sim – admitiu, por fim – Eu me apaguei a Mione e ao bebê. Sinceramente, não sei como vai ser a minha vida sem as duas.

- Isso é tão fofo! - ela abraçou o moreno com bastante força – Você está apaixonado pela Mione.

- Halley, por favor, não é disso que eu estou precisando – a afastou – Eu quero um conselho sobre o que devo fazer agora.

- Deixe-me pensar – colocou a mão no queixo – Você deve mostrar para a Mione o quanto ela é especial para você.

- Mas eu já estou fazendo há meses – lembrou – O que mais preciso fazer para provar o quanto ela e nossa filha são especiais para mim.

- Ela pode pensar que você só está fazendo pelo acordo que fizeram – explicou – Acredite em mim, conheço a Mione há sete anos e sei o quanto ela é desconfiada.

- Isso eu já percebi – concordou com a cabeça.

- A questão é: você precisa fazer mais do que está fazendo agora – continuou – Mostre o pai e o marido maravilhoso que você pode ser e tenho certeza de que você vai conquistá-la.

- Tudo bem, pode até parecer bem simples – a interrompeu – Mas como é que eu faço isso?

- Espere o bebê nascer – respondeu – Mione vai ver como é a interação de vocês dois e não vai ter coragem de separá-los.

- Você acha mesmo que vai dar certo? - pareceu meio incerto.

Vai dar certo sim, acredite em mim, irmãozinho – colocou a mão sob o ombro do garoto – Mas tem algo que você pode fazer que vai ganhar mais ainda a confiança dela.

Harry não disse nada, apenas ficou esperando a irmã terminar de explica o seu plano.

- Conte para ela sobre a aposta – completou – Sei que pode parecer que ela vai te odiar para sempre quando souber, mas acredite, é exatamente o contrário.

- Não tenho tanta certeza disso – respondeu – Afinal, não tem por que mexer mais nisso, já faz tanto tempo.

- Você precisa mexer nisso sim – garantiu – E, acredite, vai ser bom ela saber disso por você. Vai ver o quanto você está sendo sincero que mudou muito nesses últimos meses.

- Tem certeza? - ficou mexendo a perna para frente e para trás – Eu nunca vou me perdoar se ela ficar com raiva de mim por causa dessa aposta.

- É uma boa ideia sim – completou – Mas lembre-se, ela precisa saber disso por você.

- Claro – concordou enquanto se levantava – Vou esperá-la acordar e vou contar tudo.

Saiu do quarto e fechou a porta para deixar a irmã continuar a estudar. Estava totalmente decidido nesse momento e nada o faria mudar de ideia. A conversa com Halley tinha lhe dado um novo animo e estava disposto a conquistar a esposa de qualquer maneira.

Quando Hermione acordou ela estava sozinha na cama. Levantou-se e decidiu procurar o marido. Assim que chegou a corredor viu que a luz do quarto dele estava acesa.

- Você não vai mesmo me contar o que você foi falar com a Halley? - ouviu a voz de Rony e parou na frente da porta para poder ouvir a conversa, mesmo sabendo que não era certo.

- Fui perguntar uma coisa para ela – foi tudo que o moreno disse – E ela também me deu alguns conselhos a respeito da Mione.

- Então você foi pedir conselhos amorosos para a sua irmãzinha? - reclamou – Você podia ter falado comigo que sou seu melhor amigo e estava bem aqui.

- Mas você não é a melhor amiga dela – lembrou – A Halley a conhece melhor do que qualquer um e sabe muito bem o que eu devo fazer.

- Acho que você tem razão – acabou concordando, por fim – E o que foi que ela falou que você deve fazer.

- Disse que eu devo contar para a Mione sobre a aposta – respondeu – O mais rápido possível.

A morena ficou em total estado de choque, não estava acreditando no que tinha acabado de ouvir. Aposta? Mas que aposta que eles estavam falando?

- A Halley só pode estar maluca – o ruivo começou a rir – Ela acha mesmo que você vai contar para a Mione sobre a aposta que você fez com o Malfoy no inicio do ano letivo?

- Também pensei que fosse uma loucura – explicou – Mas a Halley me mostrou que pode ser mesmo a melhor coisa contar a verdade para ela.

Verdade? Não estava gostando nada do que estava ouvindo naquele momento. Tinha certeza de que não viria coisa boa por ai.

- Será mesmo que vai ser uma boa ideia a Hermione ficar sabendo que você só ficou com ela por causa dessa aposta? - completou.

Ela não deixou o marido responder. Abriu a porta do quarto com toda a força, fazendo com que os dois a olhassem.

- Mione? - Harry disse – Pensei que você estivesse lá dentro dormindo.

- Acabei de acordar e vim te procurar – não sabia como tinha conseguido manter o seu tom de voz calmo – E bem a tempo de você me explicar que história é essa de aposta.

- Mione – respirou fundo antes de voltar a falar – Eu ia te contar, é sério. Estava me preparando para falar hoje a noite.

- Então pode falar agora mesmo – cruzou os braços e o encarou – Não precisa esperar mais nenhum um minuto para isso.

- Certo – concordou com a cabeça – Você não acha melhor se sentar? - ofereceu a cadeira em que estava sentado.

- Não precisa, vou ficar em pé mesmo – respondeu – E se você não demorar muito, garanto que não vou ficar cansada.

- Vou deixar vocês dois sozinhos – Rony disse caminhando em direção a porta – Nós nos vemos amanhã.

Harry acenou com a cabeça antes de ver o amigo fechar a porta, os deixando completamente sozinhos.

- No primeiro dia de aula desse ano – começou a explicar – O Malfoy foi me encher, dizendo que como eu tinha acabado com a Gina, nunca mais iria arranjar outra garota. Então ele propôs essa aposta.

- Que você teria que ficar comigo – completou por ele.

- Ele sugeriu que eu deveria passar a noite com uma menina da escola, para provar que eu conseguiria ter qualquer uma – explicou mais detalhadamente – Eu aceitei e disse para ele escolher a garota e ele escolheu você.

Hermione ficou em completo silêncio apenas o observando, ainda com os braços cruzados um pouco acima da barriga.

- Por favor, Mione, fala alguma coisa – pediu – Esse seu silêncio está me enlouquecendo.

- O que você quer que eu diga, Harry – falou, por fim – Acabo de saber que o marido só ficou comigo da primeira vez por causa de uma aposta e por isso eu acabei ficando grávida.

- Sabia que você ia ficar com raiva – ficou passando a mão, nervosamente, pelo cabelo.

- E eu tenho todos os motivos para ficar com raiva, não é mesmo – gritou um pouco mais alto do que estava planejando – Você tem ideia do quanto essa gravidez mudou a minha vida?

- Mudou a minha também caso você ainda não tenha percebido – lembrou.

- Mudou muito mais a minha vida – continuou – Sou eu quem está prestes a ter um filho e quem vai ter que desistir da faculdade. Você vai embora viver a sua vida e isso tudo vai ser apenas uma lembrança ruim da sua época de adolescente rebelde.

- Nunca vou pensar na minha filha como uma lembrança ruim – garantiu – Eu a amo e você sabe muito bem disso.

- Pois não parece que você se importe qualquer uma de nós duas – voltou a falar – Como é que você teve coragem de aceitar participar de uma aposta ridícula dessas. Isso foi a coisa mais infantil que você poderia ter feito.

- Sei disso e, acredite em mim, eu não me orgulho nem um pouco disso – foi se aproximando da morena, mas ela se afastava a cada passo que ele dava – Eu cresci muito nesses último nove meses, sou uma pessoa melhor. Tudo graça a você e a nossa filha.

- Isso não justifica o que você fez antes disso – começou a caminhar em direção a porta – Nada no mundo justifica o que você fez.

No momento em que ela abriu a porta encontrou Halley, que devia estar se preparando para entrar no local.

- O que está acontecendo aqui? - perguntou – Deve dar para ouvir a discussão de vocês lá do outro lado da rua.

- Você sabia, não é mesmo?- Hermione se apressou em perguntar – Você sabia a respeito da aposta e não me falou nada.

A ruiva olhou rapidamente para o irmão antes de se virar, novamente para a melhor amiga.

- Eu achei melhor não te contar. Você já estava muito chateada com o Harry e não queria te dar mais motivos para ficar chateada – começou a explicar – Então, logo depois, você descobriu que estava grávida, ai mesmo que eu não pude te contar nada.

Hermione não disse mais nada, apenas saiu em direção ao seu quarto e se trancou no banheiro.

Ficou se encarando no espelho, podia ver algumas lágrimas se formando no canto do seu olho. Não podia acreditar que toda a história com Harry tinha sido uma grande mentira.

Sentiu uma dor bem parecida com uma contração e colocou a mão sob a barriga. A doutora Shane disse que ela não podia sentir emoções fortes, pois podia apressar o parto e foi tudo que tinha acabado de fazer. Precisava ficar bem calma a partir de agora.

- Vai ficar tudo bem, minha filha – começou a falar bem baixinho – Agora somos só nós duas, mas, eu te prometo, vai ser o suficiente.
***
N/A: Capítulo fresquinho para vocês.
Pois é gente, depois do Harry, finalmente, admitir que está sentindo pela Mione (mesmo não tendo dito para ela) e ainda ter pedido uns conselhos para Halley a Mione vai lá e descobre sobre a aposta.
Agora o Harry vai ter que rebolar muito para reconquistar a Mione.

Bom, decidi responder duas perguntas que fizeram no post anterior.
Thata_Malfoy21: na verdade, a Mione pegou o sobrenome Potter depois do casamento, mas sabemos que a Mione não está se sentindo muito casada, além disso, ela se sente extranha sendo chamada de senhora Potter, pois essa é a mãe do Harry. Por isso ela pediu pra todo mundo chamá-la de senhorita Granger mesmo.

Alice Rocha: Na verdade, não foi uma contradição. O filho da Luna estava com 1 anos quando ela e a Mione se conheceram. Já se passaram vários meses e ele agora está com quase 2 anos (que vai ser a diferença de idade entre ele e a filha do Harry e da Mione) e somando com o tempo da graviaz, dá quase 3 anos sim.

Bom gnt, é isso.
Agora vocês comentam. 

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