No fim do corredor



o, Charlotte. - falou uma voz fria que ela reconhecia vagamente. 
A garota fez um sinal com a cabeça para as amigas que entenderam o sinal e prosseguiram com as varinhas em posição. 
- Vocês não, meninas, apenas a Charlotte. - falou a voz. - Petrificus Totalus
Angelina e Liana caíram duras ao lado de Charlotte que soltou uma exclamação de sussurro. A garota se abaixou para ajudá-las a sair do feitiço. 
- Não perca meu tempo ajudando suas amigas, Charlotte. Venha até mim. - falou novamente a voz. - Imperio!


Contra a sua vontade, o corpo de Charlotte começou a se mover em direção ao ultimo cômodo no final do corredor onde a luz estava acesa. Entrou no cômodo tentando lutar com aquela força que a obrigava a andar, mas era tudo em vão. O cômodo estava claro por causa da lareira acesa. O fogo estalava e fazia formas fantasmagóricas na parede. Junto à porta, Jeremias estava adormecido e amordaçado jogado descuidadamente no chão. A garota sentiu que recuperava o poder sobre seu corpo. Correu até o colega: 
- Jeremias, tudo bem? - perguntou a garota sacudindo o garoto mas sem obter resposta alguma. 
- Desista, Charlotte, ele só vai acordar quando eu mandar. - falou a voz fria. A garota sentiu que a voz vinha de trás das suas costas e se virou para olhar. 
Um homem desconhecido estava andando em frente à lareira. Ele andava de um lado para o outro e seu rosto estava escondido por uma cicatriz. Pela primeira vez, Charlotte percebeu que sua mãe estava na sala também. Ela estava no canto da sala com as mãos e os pés amarrados. 
- Mãe! - gritou a garota correndo em direção à mãe.
Everte Statum! - o homem desconhecido jogou o feitiço em Charlotte que deu uma pirueta no ar antes de cair longe. 
- Quem é você? - perguntou a garota quando conseguiu se recuperar da queda. - O que você quer comigo? 
- Você não me reconhece? - perguntou o homem andando um pouco mais em direção a luz e Charlotte pôde ver o rosto dele. Ele era muito branco, seu cabelo bagunçado era cor de palha e ele tinha uma cicatriz que tomava quase todo seu rosto. O homem percebeu que a garota olhava para sua cicatriz e apontou para ela: - Lembrancinha da ultima vez que encontrei seu pai. Bem, vamos dizer que o que aconteceu com ele é algo bem pior do que uma simples cicatriz. 
- V-Você matou meu pai? - perguntou Charlotte sem conseguir manter a voz firme. 
- Matei, Charlotte. Mas não ache que eu sou mal. - falou ele dando um sorriso. - Na verdade, eu estava apenas pegando o que era meu. - Ele andou até a mãe de Charlotte, segurou o rosto dela entre os dedos indicador e polegar. - Você sabe do que eu estou falando, não sabe? 
- Ela não sabe de nada! Nem ao menos conheceu o pai. - falou a mãe de Charlotte com uma fina lagrima escorrendo pelo olho. - Mas talvez tivesse conhecido se você não o tivesse matado, Sean!
- Sean? - perguntou Charlotte sem entender. - Sean McDermott? 
- Sim, Charlotte, minha pequena mentora. - falou o homem sorrindo. - Devo dizer que foi adorável como você me ajudou a entender o assunto tão difícil de Defesa Contra as Artes das Trevas. Foi realmente impressionante. Seria mais impressionante se eu e seu pai não tivéssemos nos unidos para escrever grande parte dos livros da matéria. 
- Se você e o meu pai eram tão amigos, por que você o matou? - perguntou a garota entre lagrimas. 
- Porque ele roubou alguma coisa que era meu! - o bruxo praticamente cuspiu as palavras - Mentira! - falou a mãe de Charlotte. - Ele só estava protegendo o mundo de você! Se você tomasse posse daquilo, o mundo viraria um caos. 
- Cale-se! - ordenou Sean para a mãe da garota apontando-lhe a varinha. A mulher se encolheu gemendo de medo. - Aquilo era tão meu quanto era dele. Eu tinha todo o direito de possuí-lo quando ele tinha. 
- Do que vocês estão falando? - perguntou Charlotte sem entender. 
- O colar, garota estúpida. - falou o homem. - O colar que sua avó lhe deu de natal e que você usou tão deliberadamente durante o ano escolar. Usando aquilo por ai como se fosse apenas uma bijuteria barata enquanto eu tentava recuperá-lo a todo custo. Sim, Charlotte, fui eu que tentei roubar o colar no meio da noite no formato da sua amiguinha estúpida, Alicia. - Mas como você se passou por um aluno durante todo esse tempo? - perguntou a garota. 
- Poção Polissuco. - falou ele sorrindo e mostrando uma pequena garrafa que tirava de dentro das vestes. - E quando meu estoque de ingredientes estava acabando, fiz seu amigo Jorge roubar alguns ingredientes da sala do Snape. Mas é claro que o estúpido do Jeremias descobriu que eu estava fazendo uma poção ilegal no banheiro do dormitório e ameaçou me delatar, então tive que trazê-lo hoje. Mas não se preocupe, nada de mal vai acontecer nem a você, nem aos seus amigos, nem à sua mãe se você me der o colar agora. 
- NÃO! - gritou a mãe de Charlotte. - Charlie, seu pai morreu tentando afastar o colar deste homem, não entregue para ele. 
- Quantas vezes eu vou ter que te mandar calar a boca? - perguntou Sean dando um tapa no rosto da mãe de Charlotte que chorou apesar de seu rosto não deixar o ar de desprezo. Sean colocou a varinha no pescoço da mulher. - Então, Charlotte, qual a sua escolha?
- Me desculpa, mãe, mas eu não posso arriscar te perder. - falou a garota retirando o colar e entregando na mão do bruxo. 
- Finalmente, depois de tantos anos. - falou ele segurando o colar diante dos seus olhos. Analisou-o e depois o jogou no fogo. - Quem você quer enganar com isso? 
Sean andou pesadamente na direção da garota que recuou. 
- Do que você esta falando? - perguntou Charlotte. 
- Esse não é o colar verdadeiro. - falou ele apontando a varinha para a garota. - Vamos, onde está? Accio Colar, Accio Colar. 
- Eu não sei do que você está falando, eu já disse! - choramingou a garota. 
- Ora, sua pirralha impertinente, como ousa tentar me enganar? - perguntou Sean segurando Charlotte pelo colarinho das vestes. - Avada Ke...
- NÃO! - gritou a mãe da garota tentando pular para defender o corpo da garota, mas sem sucesso. Por estar com as pernas atadas, acabou caindo com o rosto no chão. 
- Deixe de ser estúpida. - falou Sean olhando para a mãe de Charlotte como se ela fosse um verme ou algo pior. 
- Não vou deixar você encostar na minha filha! - falou a mãe da garota tentando se arrastar até os pés do bruxo. 
- Desista, você não tem chances. - falou o bruxo dando uma risada maléfica. 
- Nunca, eu amo minha filha e não vou deixar que você a machuque. - falou ela chegando aos pés do bruxo. Quando chegou perto o suficiente, mordeu os pés deste que soltou Charlotte e gemeu de dor. 
- Como ousa? - resmungou Sean irritado segurando a mãe de Charlotte pelo colarinho. - Você vai aprender, Charlotte, que ninguém tenta fazer Sean McDermott de bobo. 
- NÃO! - gritou a garota. 
A mãe da garota olhou para esta com lagrimas dos olhos e moveu a boca como se tentasse falar: “Eu te amo”. 
Avada Kedrava!


Uma luz verde muito forte tomou conta do aposento. A mãe da garota relaxou o corpo, seus olhos calorosos que se despediam da filha ficaram sem vida. O bruxo jogou a mãe da garota no chão. Um grito alto ecoou pela casa mas só muito tempo depois Charlotte percebeu que aquele som agudo vinha de sua própria garganta. Todo corpo da garota tremia tentando chegar até sua mãe mas sem forças para prosseguir. 
Alguém explodiu a porta da frente da casa e Charlotte reconheceu as vozes que vinham do hall de entrada como sendo da professora McGonagall e no professor Bedlo. Sean correu para uma saída lateral. A garota recuperou as forças tirando essa energia se um lugar que ela não poderia dizer de onde seria. Lagrimas corriam seu rosto enquanto ela jogava feitiços que saíam de sua varinha sem ela pensar direito neles. Perseguiu Sean até o quintal onde este montou em uma vassoura e se virou para ela: 
- Ainda não é o momento para nos enfrentarmos. 
A garota continuou jogando feitiços quando ele tomou impulso na vassoura e até mesmo quando ele desapareceu na escuridão da noite. A garota jogou feitiços para o céu até cair de joelhos sem forças para continuar em pé. Então, quando Bedlo tomou-a no colo e tentou tirá-la dali, a garota adormeceu entre um soluço de choro e outro. A garota adormeceu desejando que nada daquilo passasse de apenas um sonho.

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