Estupefaça
- Essas garotas deveriam arranjar um namorado para parar de falar do meu relacionamento com o meu. – falou Charlotte a Angelina quando as duas estavam na biblioteca pegando um livro para fazer um trabalho sobre os botões-de-prata e suas propriedades.
A garota lançou um olhar irritado à um grupo de secundistas da Corvinal que juntaram a cabeça para cochichar assim que a garota passou ao lado da mesa que estavam sentadas. As duas amigas sentaram juntas em uma mesa perto de uma janela. Charlotte abriu um livro de Herbologia com força, sua irritação era enorme e ela não conseguia se concentrar no trabalho.
- Temos que pesquisar sobre botões-de-prata ou rosas-de-prata? – perguntou Angelina folheando o livro distraída.
- Botões-de-prata.
- Que são usadas para...?
- Fazer chás. – respondeu Charlotte distraída. Angelina copiou a informação que a amiga tinha dado.
- Só por curiosidade, para que servem os chás feitos com os botões-de-prata?
- Hãm? – perguntou Charlotte meio que acordando do transe. Angelina a olhava preocupada.
- Charlie, você deveria ir ao treino de quadribol essa quarta-feira. - falou Angelina lendo os pensamentos da garota. - E depois do treino você e Wood poderiam conversar sobre vocês dois.
Era fácil falar, mas difícil fazer. Ela não sabia com que cara olhar para Olívio depois da discussão que tiveram. Queria muito voltar a falar com ele. Por que essas brigas estavam acontecendo? Eles formavam um casal tão legal. Charlotte suspirou cansada:
– Sabe, Angel, eu estou exausta, depois a gente se fala, tudo bem?
Charlotte recolheu seu material e saiu pensativa da biblioteca. Não conseguia se concentrar em Herbologia se ela e seu namorado haviam brigado por um motivo bobo e ainda não haviam feito as pazes. E como se brigar com o namorado não fizesse Charlotte querer chorar, os boatos que estavam sendo espalhados eram cada vez mais maldosos. Como o boato que ouviu quando estava usando um banheiro certa vez durante um intervalo. Estava em um boxe quando duas garotas entraram conversando.
- Você soube da Adams? - perguntou uma das garotas.
- Soube sim, aquela piranha. - falou a segunda garota.
- Como ela pôde trair o Wood?
- Pois é. E como se já não bastasse trair o capitão mais gato que essa escola já teve, ainda é com o bonitinho do ano dela.
- Como uma pessoa pode ser tão baixa? - perguntou a primeira garota pouco antes das duas deixarem o banheiro.
Charlotte não fez nada, apenas ficou ali ouvindo com os olhos cheios de lagrimas. Quando as garotas pareceram ter saído, Charlotte correu para o dormitório e se recusou a assistir mais aulas. Como as pessoas podiam ser tão más?
- Charlie. - chamou uma voz masculina as costas da garota quando esta subia uma escada que levava a torre da Grifinória.
O coração da garota saltou, talvez fosse Olívio e ele quisesse fazer as pazes com ela. Mas era Cedrico que corria para tentar alcançá-la. Charlotte parou e esperou o amigo que a alcançou apertando suas costelas como se sentisse uma dor aguda por causa da corrida.
- Queria falar contigo, Charlie. - Cedrico falou quando conseguiu respirar normalmente.
- Aconteceu alguma coisa, Cedrico?
- Não, é só que eu soube da sua briga com Olívio.
- Ah. - falou Charlotte e recomeçou a andar. Cedrico foi atrás dela.
- Fiquei sabendo que foi por minha causa.
- Não, Cê, não foi por sua causa. Foi só uma briga normal de casal, nada demais.
- Vocês já fizeram as pazes?
- Ainda não.
- Então não foi uma briga normal, não é?
Cedrico tinha razão, a garota sabia que ele tinha. Ela só estava se enganou achando que a briga tinha sido por um motivo besta. Não tinha, talvez essa briga fosse definitiva. Os olhos de Charlotte começaram a arder e ela então começou a chorar. Cedrico abraçou-a e falou:
- Calma, Charlie. Vai acabar tudo bem, você vai ver, antes do fim de semana acabar, vocês dois vão fazer as pazes.
- Você acha, Cê? - perguntou Charlotte enquanto o garoto secava uma lagrima fujona.
- Claro que sim. Vai ficar tudo bem. - então Cedrico deu um beijo na testa da garota. Não um beijo romântico, mas um beijo fraternal, um beijo de amizade. Um beijo de um amigo que quer que a amiga fique feliz.
Mas não foi assim que Olívio, que havia acabado de chegar, interpretou esse beijo. O garoto ficou vermelho de raiva e puxou a varinha apontando-a para Cedrico:
- Tire as mãos da minha namorada!
Cedrico soltou Charlotte que ainda chorava. Provavelmente Olívio não iria a perdoar por a ver abraçada com Cedrico, pelo menos era isso que seu rosto dizia. Ele respirava profundamente como se quisesse tentar se acalmar mas sem sucesso. Ele praticamente soltava fogo pelos ouvidos de tanta raiva.
- Calma, Olívio. Eu e a Charlotte estávamos só conversando. - falou Cedrico tentando acalmar Olívio.
- Estupefaça - falou Olívio e Cedrico voou longe.
- O que você fez? - perguntou Charlotte correndo até onde Cedrico estava jogado no chão. Olívio estava lívido, não parecia acreditar que havia azarado alguém no meio do corredor.
- Tudo bem, ele vai ficar bem.- ele também correu até Cedrico.
- Não ouse. - falou Charlotte quando ele puxou a varinha novamente.
- Tudo bem, Charlie, ele vai ficar bem. - garantiu Olívio, com a voz carregada de sentimentos que Charlotte não entendia. - Enervate.
Cedrico acordou, embora ainda estivesse um pouco desorientado. Charlotte se jogou no pescoço do amigo chorando. Ela tinha ficado muito preocupada. Olívio suspirou e falou:
- É melhor ele ir à enfermaria. - e foi embora.
- Espera, Olívio! - falou Charlotte correndo até o namorado e dando-lhe um beijo na bochecha. - Obrigada por ter reanimado ele. Mesmo que tenha sido você que tenha o estuporado.
Olívio deu um risinho triste e foi em direção a Torre da Grifinória. Charlotte ficou parada observando o namorado virar o corredor. Sentia falta de não brigar com ele, sentia falta do seu sorriso. Queria fazer as pazes com ele logo.
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