Droga de Irmãs Gêmeas



Capítulo 25



Droga de Irmãs Gêmeas



- Então, você conseguiu?



Eu viro ao redor, meu coração saltando pela minha garganta com o som da voz atrás de mim. Eu estava tão absorta em meus pensamentos torturados e nas minhas lágrimas que eu não ouvi Emma chegando.



- Mione? - ela diz, parecendo preocupada. - Você está bem?



Eu aceno, incapaz de falar sem engasgar no choro preso em minha garganta.



- Você não encontrou o Graal, não foi? – Emma conclui. - Oh, Mione, eu sinto muito. Sei o quanto você estava contando com isso. - Ela se aproxima de mim com os braços estendidos, convidando-me para um abraço fraterno. - Mas, realmente, ser uma vampira não vai ser tão ruim quanto você pensa. E eu vou ajudá-la em cada passo do caminho.



Eu balanço minha cabeça.



- Você... não entendeu - eu consigo dizer. - Eu consegui o sangue do Graal.



Emma deixa seus braços cair e olha para mim interrogativamente.



- Você conseguiu? - pergunta ela. - Você realmente conseguiu?



Eu puxo o frasco do meu bolso e seguro para que ela possa observar.



- Eu realmente consegui.



- Isso é ótimo! Eu estou tão feliz por você! Você deve estar emocionada. - Ela estuda meu rosto. - Apesar de você não parecer emocionada. Você parece, eu não sei, como se tivesse perdido sua melhor amiga ou algo assim.



Eu dou de ombros.



- Estou bem.



- E você esta chorando.



- Eu não estou.



- Mione, você é uma vampira. Você chora lágrimas de sangue. Não é exatamente sutil.



Eu coloco a minha mão no meu rosto e depois olho para elas. Com certeza, está manchado de vermelho. Eca.



- Okay, então eu estou chorando. Lágrimas de alegria, provavelmente.



- Sim, certo. Você acha que eu caí de um caminhão da ingenuidade? Eu sou sua irmã gêmea, lembra? Conexão psíquica e tudo isso. Então, vamos lá, descarregue. O que há de errado?



- Você vai achar que eu estou sendo muito, muito estúpida.



- Isso nunca impediu você de me dizer coisas antes - Emma graceja. Eu cravo os olhos nela. - Desculpa. Vamos lá, conte. Eu prometo que não vou pensar que você está sendo estúpida.



- Bem... - Eu olho para fora da janela novamente, na calçada vazia onde Draco tinha estado em seu carro há uns momentos atrás. - Não me interprete mal. Eu quero voltar a ser humana...



- Mas? - Emma instiga.



- Mas... - Eu começo, e então irrompo em outro conjunto de lágrimas.



- Mas você está apaixonada por Draco - diz Emma sombriamente.



Eu fico olhando para ela.



- Como você...?



- Chame de intuição, eu acho. Ou a coisa do vinculo psíquico entre gêmeos que eu mencionei. Ou por que você está obviamente surtando por causa disso. Na verdade, acho que até um macaco treinado poderia pegar essa vibração de coração partido que está emanando agora. Talvez até mesmo um inexperiente.



- Oh, Emma, é terrível - eu choro, pronta para colocar tudo para fora. - Eu o amo. Eu realmente o amo. Ele é doce, agradável, cavalheiresco, sexy e engraçado e eu o amo até a morte. - Eu fungo de volta meu soluço. - Hm, sem trocadilhos.



- Não peguei - Emma concorda. - E tudo é verdade. Então, qual é o problema?



- Ele é um vampiro, dã. E depois de amanhã à noite, eu vou ser uma humana. -  Esfrego meus olhos com os punhos, desejando que eu tivesse algum lenço.



- Mione, não me leve a mal nem nada, mas... - Emma para por um momento, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as suas palavras. - Alguma vez você considerou... Não passar pela mudança? Continuar como vampira para que você possa ficar com Draco?



- Não. De jeito nenhum. Eu não quero ser uma vampira!



Mesmo que isso signifique passar a eternidade com o cara que você está apaixonada, uma voz na minha cabeça pergunta. Eu afasto esse pensamento.



- Você tem certeza? - Emma pressiona. Infelizmente, ao contrário das vozes em minha cabeça, eu não posso calá-la tão facilmente.



- Sim. Tenho certeza. Muita certeza.



Eu realmente não tenho certeza de nada.



- Há muitas vantagens em ser uma vampira, você sabe. - Emma diz, continuando o seu papo, sem perceber meu pouco entusiasmo. Por um momento, eu me pergunto por que ela se importa tanto. Quero dizer, desde quando ela se importa se eu estou viva ou morta-viva? Emma geralmente se preocupa com nada mais além de si mesma. Eu sei que ela quer Draco como companheiro de sangue, então qual é o beneficio que ela vai ter se ficarmos juntos? Estranho.



- Riquezas além da imaginação... - ela diz com uma voz monótona.



Talvez ela ache que se eu ficar como vampira, então ela poderia estar “dentro” do mundo dos vampiros. Especialmente, desde que meu companheiro de sangue é o novo rei e tudo mais. Talvez ela ache que vai ser capaz de cortar a linha, e entrar na curta lista para ser atribuída a um novo companheiro de sangue. Tem que ser isso. Não há outra razão para que ela esteja tentando me convencer a ficar com um vampiro.



Sinto a irritação na boca do meu estômago e começando a viajar até minha garganta. Ela é tão egoísta. Ela não se importa nada sobre mim e com o que eu quero. Meus sonhos, esperanças, medos e futuro. Ela simplesmente está pensando em si mesma e com o que ela pode se beneficiar.



- Poderes mágicos... - ela acrescenta à sua lista de Dez Razões Para Que Mione Deva Permanecer Como Vampira.



Cadela.



Totalmente uma cadela.



- A liberdade de viajar para qualquer lugar que você goste. Até mesmo a Austrália.  



Eu não posso ouvir mais. Não agora. Não neste momento. A próxima coisa que eu sei que ela vai falar é sobre seu blog novamente. Então, me ajude, se ela falar sobre seu blog novamente e o fato que eu não o li...



- Se você lesse meu blog você saberia que...



GAH!



- Foda-se esse maldito blog, Emma! - eu explodo, muito furiosa para me preocupar se eu irei acordar mamãe. - E você sabe o quê? Foda-se você, também. Você não tem idéia do que eu estou passando. Você tem alguma noção deformada de que isso tudo é diversão e games. Bem, não é.



- Mione... - Emma tenta interromper.



Mas estou como um rolo e acho que não vou conseguir parar de gritar.



- Não é divertido ser uma vampira. Você não consegue ver o sol. Você não consegue comer pizza de alho e frango. Sua mãe te castiga por que acha que você está usando drogas e é errado você se sentir mal por que está louca para voltar a sua antiga vida. Bem, eu me recuso a me sentir culpada por querer ser humana. Por gostar-me como humana e não querer sacrificar tudo isso para ser transformada em uma louca imortal toda poderosa.



Eu estou furiosa agora. Eu sei que deveria calar a boca, mas não consigo.



- Olha, Emma. Eu quero ser humana. Quero ter uma vida normal. Eu quero ir ao baile com Córmaco e passar um bom momento com ele! Eu quero dançar a noite toda como uma estudante regular da escola secundária e esquecer que toda essa confusão aconteceu.



- Sinto muito se os meus desejos para a minha vida não coincidem com os seus. Me desculpe se voltar a ser humana é um inconveniente para você. Mas você sabe o quê? É uma sorte difícil. Essa é a minha vida e eu vou fazer o que diabos eu quiser. Então, por que você não cai fora e me deixa em paz!



Emma olha para mim por um momento, como se ela simplesmente não pudesse acreditar que eu explodi sobre ela. Não é surpreendente, pois nem eu acredito nisso. Eu só não queria sair desse jeito. É só... o que aconteceu.



- Você tem idéia do que eu passei, tentando cobrir você quando você se foi? - ela pergunta com uma voz firme. - Mamãe praticamente chamou a Guarda Nacional, quando eu não deixei a casa de Spider por três dias. Mas eu confessei? Não. Eu mantive a mentira até o amargo fim. Agora eu sou a única que está de castigo. - Ela se vira para ir embora, ainda murmurando sob a sua respiração. - Essa é a última vez que eu tentei ajudá-la, sua bruxa ingrata.



A culpa cai sobre mim como uma onda. Falando em agressões inapropriadas. Acabo de brigar com ela sem qualquer motivo. Por que eu não estou brava com ela, percebo de repente. Estou com raiva de mim mesma. E todas as decisões estúpidas que eu tomei.



- Emma. Eu sinto... - Tento.



Ela vira para mim, atirando adagas com seus olhos.



- Não sinta - diz ela, sua voz fria e venenosa. - Eu não sinto.



Ela se vira novamente e começa a subir as escadas.



- Ah, e mais uma coisa - acrescenta ela, parando no meio do caminho. - Já que você decidiu não ficar com Draco como companheiro de sangue, você não se importa se eu tentar, não é? Afinal, ele era meu primeiro.



Meu coração afunda até meus pés. Poderia isto ficar pior?



- Claro - eu resmungo, olhando para o chão. - Tanto faz. - O que mais posso dizer? Eu decidi cortar os laços com Draco, mais não quero que ninguém fique com ele? Isso seria totalmente injusto. E, como ela disse, ela o teve primeiro.



- Excelente. - Emma diz com uma voz triunfante, enquanto ela sobe as escadas. - Obrigada, Mione. Eu mal posso esperar para lhe contar as boas notícias. Eu vou ligar para ele agora, mas eu acho que seria muito, muito melhor encontrar com ele cara a cara. Encontrar com ele sozinho e... hmmm. Delícia. -  Ela sorri malignamente, enquanto vira na esquina e desaparece da minha linha de visão.



Eu caio na poltrona mais próxima, soluçando. Eu tento pensar em como vai ser ótimo voltar a minha vida normal. Como o baile será maravilhoso, dançando intimamente com o Deus do Sexo Córmaco McLaggen. Talvez ele vá me perguntar se eu quero ir até seu quarto de hotel. Talvez eu possa acabar com a Mione, a Inocente, de uma vez por todas. Talvez ele se apaixone por mim e nós vamos nos casar, ter filhos e viver felizes para sempre.



Mas a fantasia é agridoce. Por que não importa quanto eu tente, não consigo me livrar das novas visões dançando em minha cabeça. Emma ligada a Draco. Ele a beijando por todas as partes e sussurrando o quanto a ama. E durante milênios, eles vão sair juntos, beber sangue e falar dos anos passados. De vez em quando eles vão lembrar a semana a muito tempo atrás, quando ele acidentalmente mordeu a patética irmã gêmea por engano. Claro, até lá eu vou estar morta há muito tempo. Os vermes mastigarão meu corpo em decomposição.


Ah, o que eu vou fazer?

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