Capítulo 5
- Seu pedido foi aceito, meu caro Gryffindor. Cavalgará até a localização dos bretões e conversará amigavelmente pedindo que se retirem de nossas terras. Se não saírem, teremos que agir de outra forma. E a oferta de ontem ainda está de pé.
- Obrigado pela sua sabedoria, meu senhor. – Godric sentia-se aliviado, mas algo no olhar do rei o dizia que havia mudado de ideia muito rapidamente. – Quando partiremos?
- Se possível, ontem. – disse secamente.
Godric aquiesceu, pediu a licença e foi organizar seu batalhão.
- Gaylord. – o rei chamou um dos soldados de seu braço direito, além de Godric. – Assim que ele ganhar a confiança deles, ataque. Não deixe pedra sobre pedra. E se Gryffindor criar problemas...já sabe.
O soldado assentiu e saiu logo em seguida.
Durante a longa marcha do exército britânico, Godric parecia refletir.
O rei havia mudado seus pensamentos de forma tão súbita. E antes estava tão decidido. Como que para dar às suas dúvidas uma certeza, o cavalo cinza de Gaylord emparelhou com o seu.
- Gryffindor, o rei ordenou-me que se não quiserem sair, teremos que partir para a batalha.
- Ele me disse.
- Mataremos a todos. Todos. – frisou bem as palavras.
- O que? – falou exasperado e puxando as rédeas de sua montaria tão repentinamente que seu cavalo fez um protesto, bufando. – Mas não podemos fazer isso! São inocentes!
- Por isso mesmo você terá que convencê-los. – sorriu satisfeito.
Com um ar sério e superior, Godric respondeu asperamente.
- Esse é o meu exército. Eles obedecerão ao seu comandante. Não irão atacar ninguém se eu assim o desejar.
- E eu sou mandado pelo rei! – gritou o outro homem possesso. – Quem você acha que irão seguir? Se der problemas, meu caro, tenho ordens de prender você, sua família e acabar com aquelas pessoas. E então...o que vai ser?
O punho cerrado de Godric estava tremendo e alguns objetos, bem como árvores, tufos de grama e pedras, começaram a vibrar e levitar.
- Eu bem sei o que tu és, aberração! Não tente me atacar ou seu irmão normal sofrerá por você.
- Posso te matar. – falou entre os dentes.
- Faça. E o rei saberá que seu protegido não é tão bonzinho assim. Diga-me, Gryffindor: você tem poderes. Mas será que é páreo para o exército todo do rei?
O homem relaxou os braços e os objetos voltaram aos seus devidos lugares.
Merlin já estava acordado quando Rowena desceu as escadas da casa em que estavam instalados.
- Já acordado? Pensei que finalmente tinha conseguido te vencer nisso. – riu enquanto colocava em sua xícara uma grande quantidade de bebida quente e escura.
- Está na hora.
- Marcamos algo para hoje? – Helga perguntou também descendo. Ajeitava as roupas e o cabelo.
- O terceiro integrante da missão. Está a caminho.
Rowena soltou uma exclamação de alegria.
- Até que enfim! Ele recebeu algum tipo de chamado? Por que ele está vindo?
- As circunstâncias que o trazem aqui não posso revelar. Mas de início não será tão interessante quanto imaginam.
- O que quer dizer? – Helga falou confusa.
- Já disse. Deixemos o destino agir.
A noite, um barulho de cascos e a imagem de tochas à distância, fez todos os moradores da vila saírem de suas casas.
O exército parou diante do terreno e olhavam para todos os lados.
- Tem certeza que é aqui que o rei disse que deveríamos chegar? – Gaylord perguntou desconfiado.
- Sim. – Godric respondeu.
- Acontece, meu capitão, que não há nada em um raio de muitos quilômetros. – sua voz transparecia impaciência.
- Sei tanto quanto você. – respondeu asperamente terminando, assim, o assunto. Godric não entendia porque conseguia ver a cidade a frente enquanto todos os outros permaneciam confusos, procurando a sua volta. Talvez fosse magia. Deveria ser, concordou. E se fosse, era melhor que nada dissesse e continuasse a manter tal fato em sigilo.
Ficaram alguns instantes em silêncio até que, um senhor idoso ao lado de duas jovens surgiu do nada. Como três aparições.
- Alto lá! Quem são vocês? – Gaylord perguntou, tomando a frente de Godric, escondendo a surpresa. Godric irritou-se ainda mais, se possível, com tal ousadia.
- Nós que deveríamos perguntar isso, não? Estão em nossas terras e chegam com armas e fogo perguntando quem somos? – o homem que respondeu tinha um ar simpático.
- Suas terras? Desculpem-me, mas essas terras pertencem ao rei. Sem falar que... – olhou em volta. – Vocês moram a céu aberto?
- Gostamos de nos conectar à natureza. – Merlin falou com um leve sorriso sem tirar os olhos de Godric.
Ambos mantiveram o olhar, sem ao menos piscar.
Finalmente o capitão interrompeu o silêncio.
- Gostaria de..anh...conversar com seu povo.
- Povo? Que povo está vendo aqui Gryffindor? – Gaylord perguntou.
- Poderíamos conversar? – ele ignorou o soldado e continuou. – Apenas conversar.
- Claro. Entre conosco.
- Não. Ou todos nós vamos ou ninguém irá. - o soldado do rei respondeu com soberba.
- Ora...então ninguém irá! – Rowena tomou a frente irritada. – Vocês que estão tentando nos achar. Se não quiserem seguir o que...
Merlin levantou a mão o que fez a moça calar-se com grande respeito.
- Vocês não nos põem medo. Só deixaremos todos entrarem se Gryffindor assim desejar.
Houve um silêncio. Godric não conseguia entender como aquele homem poderia saber seu nome.
- Eu vou sozinho. – expressões de raiva e descontentamento fizeram-se ouvir, mas ele seguiu em frente.
Godric entrou na vila e olhava o que lhe era apresentado. Adentrou em uma construção humilde, mas acolhedora. Merlin ofereceu-lhe uma cadeira.
- Sou Godric Gryffindor. – disse sentando-se. – Mas parece que já sabe disso.
- Sei muito ao seu respeito. Não tudo. Mas o que me permitem saber. – o velho sorriu e pediu a Helga que servisse vinho ao cavaleiro. – Meu nome é Merlin.
- Merlin! – sua feição era uma mescla de espanto e incredulidade. – Ouvi histórias suas. O feiticeiro das florestas.
- Feiticeiro, há! – Merlin fez um gesto com a mão direita, que indicava desdém. – Feiticeiros produzem artimanhas limitadas, ligadas a frases feitas e coisas místicas. Eu, assim como você, sou um bruxo.
Sem ainda conseguir distinguir muito bem a diferença, Godric continuou.
- Não vou perguntar como sabe que sou um bruxo. Já disse que sabe coisas sobre mim e não duvido. E essas senhoras?
- Esta é a Helga Hufflepuff. – disse indicando a menina loira de ar sorridente.
- Muito prazer. – cumprimentou de forma educada e serviu o vinho.
- E essa é a doce Rowena Ravenclaw. – falou em tom divertido.
Por eliminação, só poderia ser a de cabelos negros e olhar de poucos amigos.
Godric analisou-a para tentar descobrir onde ela parecia ser doce. Não conseguiu, então fez apenas uma leve saudação.
- Bom, irei direto ao assunto. Meu rei deseja essas terras de volta.
- E nós com isso? – Rowena o encarou irritada.
- Bem, vocês estão instalados nela, senhorita Ravenclaw.
- E quem vai nos tirar daqui? Você sozinho? Porque os outros nem mesmo podem ver nossa vila. Quanto menos lutar contra nós. – Rowena continuou.
- Não podem ver?
- Não. – Helga respondeu sentando-se também. – Estamos protegidos por magia ante-Não-Mágicos.
- Interessante. Mas entendam, eles vão descobrir uma maneira de entrar aqui. E quando descobrirem, não vai ser algo bonito.
- Há! – Rowena riu. Godric notou agora que seu sorriso era lindo, mesmo que não fosse verdadeiro e transmitisse apenas escárnio. – Eles não descobrirão, tolinho.
Ficaram em silêncio.
Não sabia como argumentar mais. Tinha certeza de que eles estavam certos. Meros mortais não poderiam movê-los de lá, mas sua família...
Seus pais eram bruxos, porém não sabiam usar essa dádiva muito bem. Haviam nascido em uma época mais complicada ainda e não puderam aprender a canalizar sua magia.
Estava ensinando-os, contudo ainda não era o suficiente para se proteger de uma horda de homens cruéis. E seu irmão e sua noiva eram Não-Mágicos. Seria ainda mais fácil começar com eles.
Percebeu que estava devaneando e perdera alguns minutos em silêncio.
Merlin o olhava seriamente. Godric sentiu-se envergonhado. Como se aquele homem pudesse ler todos os seus pensamentos. Talvez pudesse.
- Sairemos daqui. - era Merlin que quebrava aquele momento sem palavras.
- O QUE? – Rowena e Helga gritaram pasmadas.
- Não nos deixariam em paz agora que sabem exatamente onde estamos. Não poderíamos sair da vila sem que tentassem nos pegar. Sem falar que esse jovem tem motivos pessoais importantes para...
- Motivos pessoais? Isso é suficiente para mover uma vila inteira do seu lugar? – Helga disse, agora apoiando Rowena. Não costumava questionar Merlin, mas aprendera amar aquele lugar, mesmo que em tão pouco tempo.
- Lembrem-se qual o destino desse homem. Tudo acontece com uma finalidade.
- Do que está falando? – Godric disse confuso.
- Você ainda não está pronto. – ele suspirou. – Está muito ligado a esses Não-Mágicos. Não que a interação seja ruim. Mas tem que haver com as pessoas certas. Quando resolver juntar-se definitivamente ao seu povo então estará tudo certo.
- Eu não posso deixá-los de lado. Pessoas que eu prezo não são bruxos.
- Não disse para abandoná-los. Mas sempre que é necessário, você escolhe eles a nós.
Godric levantou e novamente, os quatro voltaram para o lado de fora da vila.
- Vamos embora. – Godric subiu em seu cavalo e Gaylord disse confuso.
- Embora?
- Sim. Eles vão partir. Não temos mais nada a fazer aqui. Vamos avisar ao rei.
Gaylord ainda sem acreditar, olhou para o terreno que agora não estava mais vazio.
Filas de casas e pessoas apareceram como que por mágica.
- Como...como...?
- Desfiz o que nos mantinha longe de seus olhos, pois não é mais necessário. Vamos para outro lugar. Apenas iremos avisar ao restante do povo e logo sairemos. – Merlin disse.
- Não acredito em você, velho. Saiam agora.
- Não podemos. Temos que conversar com o restante da vila.
- Ah é? E se não quiserem apoiar você, velho? Se não saírem agora, atacaremos.
- Ora, seu...então ataque! Quero ver qualquer um de vocês nos vencerem! – Rowena disse tentando se controlar.
Gaylord voltou para seu exército.
- Vamos atacar! Tenho ordens de me sobrepor ao seu capitão. Obedeçam-me.
- O que está fazendo? Eles vão embora! – Godric disse segurando o braço do outro. Este fez um gesto brusco livrando-se da mão dele.
- Sim. Poderíamos muito bem ir para casa e esperar a boa vontade dessas aberrações. – sussurrou. – Mas o que é mais certo: esperar que talvez eles saiam, ou garantir a saída deles? Mortos cooperam melhor do que vivos. – sorriu e ergueu a espada.
- Não pode fazer isso!
- Já estou fazendo. ATACAR!
Comentários (1)
Eu odeio esse Gaylord ¬¬ E adoro a Rowena! Ela encara mesmo e não tem o menor medo de falar! Finalmente o Godric se uniu a eles. Agora falta só o Salazar<3
2012-07-29