Capítulo 2
Uma grande batalha acontecia nos campos do sul de Britânia.
Os cavaleiros já estavam cansados daquela invasão absurda que aqueles povos bárbaros vinham fazendo há muitos anos.
E ainda por cima reis dinamarqueses estavam querendo controlá-los também.
Mas era bem difícil manter a defesa. Cada vez que acabavam com um grupo e paravam para descansar, no dia seguinte chegavam mais navios. Sem falar de regiões que já estavam cheios desses vikings.
Dois dias de batalha já havia passado e apenas no pôr do sol, é que o último suspiro dos invasores foi dado.
Os cavaleiros deram um forte brado e voltaram para seu acampamento. Provavelmente no dia seguinte teriam revanche.
- Vocês foram muito bem hoje, homens! E voltaram bem mais com vida do que da última vez. – a voz forte e nobre era acompanhada de um sorriso barbudo e amigável.
O homem sentou-se cansado e sujo em frente a uma fogueira e suspirou.
- Cansado, senhor? – um rapaz jovem, sorriu.
- Imagina! Ainda consigo cortar mais alguns pescoços. – ele riu arfando.
- Sei.
- Ei! Está duvidando de seu superior? – falou em tom brincalhão e bagunçou os cabelos castanhos, iguais aos seus. – Você teve noticias de casa, Henrique?
- Sim! Papai e mamãe estão bem e com saudades. Estão muito preocupados. E Elizabeth também. – ele sorriu travesso.
O homem riu e olhou para o fogo.
- Anh...os homens andam percebendo que você faz...coisas, Godric.
- Anh? O que? – o soldado chamado Godric não havia prestado atenção.
- Sabe...suas...mágicas.
- Calado Henrique! Quer que eu seja descoberto e morto? Você sabe que está começando uma onda de perseguição. Uma caça às bruxas, desde que aquela menina inconsequente foi se mostrar na praça da igreja, dizendo que estava cansada de se esconder e ser vista como aberração.
- É...a pobrezinha teve um final pior do que ser vista dessa forma.
- E graças a essa "pobrezinha" estamos sendo perseguidos. Mas esses idiotas são tão ignorantes que queimam e enforcam os Não-Mágicos! Até parece que nós morreríamos na mão deles. Há! – ele soltou uma risada desdenhosa.
- Bom...alguns morrem como a menina.
- É porque ela não conhecia o feitiço de Congelar Chamas.
Ficaram em silêncio e por fim, Henrique o quebrou.
- Queria ter poderes como você, mamãe e papai. – ele disse tristemente.
- Nesses tempos tumultuados, é bem melhor não ter. – suspirou. – Agora vamos dormir! – Godric deu um leve tapa na cabeça de Henrique, riram e deitaram-se para um novo dia.
Helga andava pela floresta. Tinha parado de ouvir o latido dos cachorros. Não gostava de machucar animais, então teve que tentar fazer algo com sua magia para despistá-los.
Chorava copiosamente lembrando-se do que acontecera.
O maldito do senhor havia mandado prender os seus pais e serem julgados pela nova Inquisição criada. A Santa Inquisição.
Ela era a bruxa e não eles. No entanto, iam ser condenados.
Tentou impedir. Primeiro conversando, depois gritando e por último usando magia.
Não possuía o canalizador de mágica que já ouvira falar que existia: a varinha, mas às vezes, quando estava com raiva ou em grande necessidade coisas aconteciam.
E aconteceram.
A cortina do palácio começou a pegar fogo e os guardas afastaram-se com medo.
Dom Miguel porém veio tentar impedi-la.
Foi jogado de uma grande distância. Então, de repente, ele gritou e tudo ficou escuro. Havia sido atacada por trás. Dom Miguel tentara apenas distraí-la.
Acordara ainda zonza. Estava em uma grande cama com lençóis de seda. Levantou-se rapidamente, mas sentiu um enjôo e deitou-se novamente.
- Dei-lhe uma poçãozinha para que não use seus "poderes" em mim. Também sei fazer bruxaria. – o sorriso maligno de Dom Miguel apareceu da parede oposta à cama. – Não como você é claro. São coisas aprendidas com curandeiros...
- Meus pais...
- Ah...sinto informar que não passaram do "teste".
- O que...? – ela disse confusa.
- A Inquisição declarou-os culpados. Claro que eu dei uma ajuda para isso acontecer.
- Não... – ela choramingou sem ter forças para fazer algo mais.
- E agora minha querida. Vamos ao que interessa. Esperei muito até você acordar. – ele subiu na cama e beijou seu rosto.
De início não conseguia fazer nada, então de repente uma grande raiva foi subindo e ela sentiu que podia matá-lo se quisesse.
- SAIA DE CIMA DE MIM! – ela berrou e o soberano saiu voando novamente, desta vez com uma força descomunal batendo contra a parede e caindo no chão desacordado.
Helga levantou-se arfando, nervosa e resolveu que deveria partir o mais rápido que pudesse.
Assim que acordasse, Dom Miguel não deixaria acabar dessa forma.
Agora estava nessa floresta sem saber direito para onde iria. Tinha ouvido falar há muito tempo, de um grupo de pessoas como ela, que reuniam-se no sul de Britânia. Precisava encontrá-los. Talvez lá estivesse mais segura e até arranjasse uma varinha. Aprenderia a controlar melhor sua magia e usá-las corretamente...aprenderia até novas coisas. O que era bem mais bem-vindo na ocasião.
Merlin e Rowena chegaram no amanhecer do terceiro dia, a uma aldeia distante de qualquer feudo. Se aquele tinha dono, o mesmo não possuía conhecimento daquelas pessoas morando ali.
Merlin entrou na frente e cumprimentou as pessoas que vinham até ele.
- Esses são parentes seus.
- Parentes? Quer dizer...em magia? – Rowena ficou surpresa.
- Também. Esses são os bretões. São do seu povo, porém instalaram-se aqui. E também possuem magia. – ele sorriu.
- E como eles conseguem viver sem problemas aqui? – ela olhou abismada diversas pessoas andando com suas varinhas a mão, carregando bolsas flutuantes, entre outras coisas. – Ainda mais...exibindo-se assim.
- Ah! Usam um feitiço que vocês hibérnios não conhecem. É um feitiço que mantém essa vila invisível aos olhos de qualquer um Não-Mágico, entendeu?
A menina aquiesceu e desceram de seus cavalos.
- Eu não tenho aquilo. – ela apontou para um jovem que segurava a varinha no alto e fazia baldes d'água subirem até o segundo andar de uma casa. – Por que eles precisam e eu não?
- Não é que precisem. É apenas algo que ajuda a magia a ser controlada e também não ser desperdiçada sem necessidade.
- Ela acaba? – falou assustada.
- Não. Mas ficamos cansados ao usar demais. Você quer uma? – Merlin sorriu.
- Pode ser.
Merlin andou mais um pouco e mostrou um senhor adulto. Nem jovem e nem velho que estava dentro de uma casa.
- Este é o senhor Olivaras. Ele que faz nossas varinhas. – Merlin mostrou a sua.
- Ahhh!
- Minha família está nos negócios de varinhas há muitos anos senhorita Ravenclaw. E para continuarmos famosos nos negócios, os filhos homens sempre se chamam Olivaras. – sorriu. Rowena seguiu para a porta da frente, mas antes que entrasse, algo chamou sua atenção. Uma jovem, com aparência de dias de privação de comida, água e banho, caminhava pela vila.
- Senhor Merlin...olhe!
Comentários (1)
Eu não acredito que aquele maldito matou os pais da Helga! E...E...É a Helga que a Rowena viu? Ah, gostei da explicação sobre as varinhas.
2012-07-29