Prólogo




  1. Prólogo


 


O vento castigava meu rosto durante a longa viagem. O céu azul se alongava em meu horizonte e o manto da floresta estava quilômetros abaixo de mim, como um tapete verde, estendido graciosamente para a passagem dos cinco.


 


Meus cabeços açoitavam furiosamente o ar atrás de mim. Eu podia sentir os outros quatro companheiros de jornada me seguindo no ar, embora nenhum de nós pudesse ver o outro.


 


Era parte do rito. A grande viagem entre os povos do norte e do sul. Levando nossos dons para a celebração uma vez por ano a cada povo, mantendo uma tradição milenar. Fomos escolhidos quando crianças e éramos orgulhosos de sermos os Portadores.


 


Minha montaria estava cansada, pude sentir que cada vez que as asas lutavam contra a corrente de ar, era como se fizesse um esforço triplamente do habitual. Afaguei seu pelo para lhe dar apoio e me projetei em sua mente.


 


“Estamos quase lá, força!”


 


Senti que ela me respondeu batendo as asas com mais vigor, mas não houve uma resposta em minha mente. Ly ergueu o focinho primeiro e foi quando eu também senti.


 


A natureza nos contou o segredo de que algo estava errado. Meu corpo nu tremeu, não de frio, mas de antecipação. Olhei para os lados, mais uma vez tomando consciência da presença de meus companheiros, mas não era a presença deles que me preocupava.


 


Haviam cinco cavaleiros a frente. Três claramente eram do clã dos Renegados, mas haviam dois cavaleiros que estavam longe de pertencer à minha raça. Os dois bruxos lideravam o grupo, empunhando suas varinhas e montados respectivamente em um hipogrifo e um testrálio de carne e osso.


 


Os outros três eu reconheci imediatamente. Ka, o dragão; Dho, o falcão; e Kan, a águia. Assim como a loba que eu montava, eram animais arcanos, eram nosssos Reths, pedaços de nossa alma que se separaram e representam nossos espíritos livres.


 


Tentando manter a calma, pois ainda contava com minha invisibilidade – fator que era também motivo da minha nudez – eu desejei boa sorte aos companheiros em uma silenciosa prece e me conectei com força total à minha Reth.


 


“Ly, preciso que você voe mais alto, preciso que as nuvens escondam nosso vento e nosso cheiro”


 


Mas foi quando Ly guinou para cima que eu percebi que tudo estaria perdido. Lentamente as imagens começaram a se formar, como se não fossem parte da minha visão e sim de um pesadelo que custava a passar.


 


E eu sonharia com essa cena muitas e muitas vezes. Ithmai, montada em Gar, sua coruja negra, se chocou com uma cúpula de magia invisível. Rodopiou no ar três vezes antes de se estabilizar em seu vôo novamente. E isso aconteceu com os outros três.


 


E a pior parte é como eu sei disso. Eu sei da maneira como qualquer um saberia, eles passaram a ser visíveis em suas montarias. E quando eu me dei conta disso, não tive tempo de recuar, perdi o equilíbrio ao bater no ponto e só ergui o rosto novamente a tempo de ver meus companheiros serem abatidos.


 


Ithmai havia sumido, os outros três eram corpos sendo levados e Ka e seu cavaleiro, juntamente com o bruxo montado no testrálio vieram em minha direção. Ly e eu nos separamos no ar.


 


“Confie em mim” eu disse poucos segundos antes de ser atingida por um feitiço. Mas eu obviamente a decepcionei. A última coisa que pude ver, foi o corpo da loba, com a asa ferida, pairando debilmente sob a copa das arvores antes de cair como um saco de peso.


 


Ly foi um sacrifício enorme, mas eu não poderia deixar tocarem nos cinco tesouros, e já que os outros quatro haviam sido nocauteados, eu fiz minha escolha rapidamente. Porem, no momento em que o feitiço me atingiu, tudo saiu do meu plano. O controle do meu corpo já não me pertencia, eu não conseguia fazer a tatuagem criar vida e um torpor me tomou por completo antes de meu corpo atingir o chão.


 


E a última coisa que eu desejei, foi que nada pudesse me tocar com a intenção de roubar as lágrimas.

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Comentários (1)

  • Minerva Lestrange

    Capítulo muito bem escrito e com gostinho de quero mais... Adorei! Não sou leitora assídua de fics com Snape sendo personagem central, mas quando  a sinopse me cativa, não tem como não ler pelo menos o prímeiro capítulo e entender a idéia da fic. Esperando o próximo capítulo, bjo.  

    2012-03-15
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