Onde tudo começou



A única coisa que era ouvida ali era o canto da fênix, isso claro, se tirasse o choro. Funeral de Dumbledore, eu podia estar lá embaixo, nas cadeiras, mais algo me falava que eu tinha de estar ali, naquele rochedo, com vista para o funeral e o lago negro.


- Se te virem aqui, vão te queimar vivo. – Falei ao notar Draco Malfoy se sentando ao meu lado.


- Eu sei, mais eu tinha que falar com você – Voltei meu rosto ao lago – Em momento algum desejei machucar alguém. Só virei comensal por ordem do meu pai, e eu não podia lhe dizer não.


- E por acaso isso me importa? Por que me conta isso? – Ele me ignorou, e continuou o ‘discurso’.


- Com Dumbledore morto, Hogwarts estará nas mãos dos comensais. Você não poderá voltar aqui ano que vem.


- Eu, Harry e mais metade de Hogwarts. – Aquilo não era novidade. Ele bufou.


- Eu não me importo com eles, por mim eles podem voltar e morrer. Mais você? Eu prezo pela sua vida – desta vez não pude deixar de mirá-lo. – Por todos esses ano eu só te irritei, te xinguei pois queria esconder um sentimento. – Ele pegou duas pedras ali, e fechou a mão. Quando abriu novamente, não havia mais pedras, agora ali se encontravam duas flores roxas: Perpétuas as flores conhecidas por representar o ‘para sempre’. Ao longe ouvi Harry me chamar. – Hermione Jane Granger, me faça um favor, quando estivermos na guerra, me procure. Se tiver que morrer que seja pelas mãos da mulher que amei desde o 1º ano, reumindo: Quero que VOCÊ me mate. – Draco Malfoy acabara de me dizer que me amava e queria que eu o matasse. Isso era extremamente bizarro. Ouvi Harry me chamar, só que desta vez mai perto. – Desde a primeira vez que eu ti vi, me apaixonei perdidamente por você, e depois do quarto ano, descobri que não era uma paixão, te irritava simplesmente pelo prazer de te ver falar comigo, ver você sorrindo me fazia sorrir, observar você virou rotina, Descobrir todas as suas manias era um hobbie, quando notei você começou a fazer parte dos meus dias, dos meus sonhos, durante as férias eu ficava louco pela distancia, e quando voltávamos, minha maior vontade era te abraçar, sabe o terceiro ano? Eu poderia ter defendido facilmente aquele soco, só que eu merecia, eu havia te feito chorar. Minha felicidade era te ver. Minha tristeza era não poder te tocar. Minha alma, meu coração, meu amor pertence somente a você. Eu te amo Hermione. – ele me deu a flor da esquerda, eu a peguei hesitando, era muita informação até mesmo pra mim. – Você tem um dever comigo quanto a guerra, até lá Granger. – Então ele saiu. Harry apareceu me perguntando porque eu estava ali, eu senti lagrimas molharem minha bochechas, Harry me abraçou e eu apoiei minha cabeça no ombro dele. ‘Vai ficar tudo bem’ ele sussurrava.


 


1 ano depois


A porta da sala precisa fechou atrás de nós, levando o fogo maldito embora. No chão estava aquele por quem eu descobri estar apaixonada. Por 6 anos pensei que amava Rony, mais durante o ultimo ano, não tinha um dia que não pensasse em Draco Malfoy, toda vez que ia tirar algo da bolsa e sentia as pétalas macias da flor, tinha que segurar o choro. E agora ali estava ele, estava mais abatido que o ultimo ano, os cabelos maiores, mais ainda estava lindo. Ele me deu um sorriso e abriu o terno que ele vestia, mostrando a flor roxa no bolso interno.


‘- Onde esta a Gina? – perguntou, bruscamente Harry me fazendo sair dos meus devaneios. – Ela estava aqui. Devia ter voltado para a Sala Precisa.


- Caramba, você acha que ela ainda funcionará depois desse incêndio? – indagou Rony, mas ele também se levantou, esfregando o peito e olhando para os lados. – Vamos nos separar e procurar...?’*¹


Algumas horas depois.


Harry havia ido ver as memórias de Snape, Rony foi atrás da família, e eu havia dito que tinha que procurar alguém. O mapa do maroto ainda estava comigo, olhei por todo o pergaminho, quando finalmente o encontrei no final do 4º andar. Eu corri a toda velocidade até ele, cheguei, ele estava sentado no chão, encostado a parede em meio a vários cadáveres. Ele me olhou com um sorriso.


- Então chegou minha hora? – ele estava muito machucado. Eu corri até ele.


- Eu não posso te matar. – sussurrei, ele me olhou feio. – Se eu falasse que era pra você me matar, você faria?


- Claro que não, eu não faria isso nem se custasse minha vida. Porque eu te amo, minha vida é você! – Eu peguei a mão dele.


- Você já sabe a razão porque eu não posso te matar. – Eu tirei de dentro da bolsa a flor roxa que irradiava um brilho também arroxeado, ele pegou a dele que estava com o mesmo brilho. – Draco Lucius Malfoy, Eu te amo. – Foi a primeira vez que eu vi um sorriso verdadeiramente alegre naquele rosto.


- Hermione! – era Gina no final do corredor. Ela começou a andar na minha direção até ver a figura loira ao meu lado, parando subitamente. – Solta ela Malfoy. – Gina levantou a varinha.


- Eu tenho um plano. – Sussurrou Draco no meu ouvido. Ele levantou e prendeu meus braços, colocando a varinha no meu pescoço. - Solta a varinha Weasley. – Ele gritou, Gina olhou pros lados a procura de socorro. Mais a distração foi o suficiente pra Draco apontar a varinha pra ruiva, e disparar um raio vermelho, estupefaça. Olhei feio pra ele. – O que você queria que eu fizesse?


- Vamos vou te levar pra fora do castelo.


- Como assim me levar, você não vem? – eu olhei tristemente para ele.


- Eu tenho que participar da guerra, não posso abandonar Harry e Hogwarts. Além de que você sabe que isso nunca dará certo. – ele suspirou, ele sabia que era verdade. – Todos estão tratando do ferido. – Apontei a varinha pra ele, um raio branco apareceu e logo o atingiu, fazendo ficar transparente. – Feitiço de desilusão, assim você conseguirá sair do castelo despercebido. – eu estiquei minha mão, senti a mão dele entrelaçar a minha. – Por favor, se cuida. Fique seguro.


- Você deverá seguir seu próprio conselho. E você saberá se algo acontecer comigo, a flor que esta com você só morrerá quando eu morrer. E a que esta comigo, me falara de você. – Senti o dedos dele tocarem minha face – Você não poderá morrer nessa guerra, mesmo que demore pra te ver, nunca iria conseguir viver sabendo que não poderia mais ver seu sorriso. Siga em frente. Case-se com o Weasley, ou com outro. Mais viva feliz. Viva! – Senti a mão dele deixar minha bochecha.


- Minha felicidade virou você. – a risada dele preencheu o ar.


- Roubando minhas frases, não é típico de você Hermione. – então a risada dele começou a ficar distante, até sumir.


19 anos depois


‘- Veja só quem está ali. – Era a voz de Rony, que me fez olhar pro mesmo ponto em que ele olhava. Meu estomago embrulhou. Draco Malfoy estava parado com sua mulher e filho, um sobretudo abotoado até o pescoço. O menino era idêntico a Draco com onze anos. – Então aquele é o pequeno Escórpio – comentou Rony em voz baixa. – Não deixe de superá-lo em todos os exames, Rosinha. Graças a Deu você herdou a inteligência da sua mãe.


- Rony, pelo amor de Deu. – Eu tentei fingir que segurava a risada. – Não tente indispor os dois antes mesmo de entrarem para escola!


- Você tem razão, desculpe – mas, incapaz de se conter, ele acrescentou. – mas não fique muito amiga dele, Rosinha. Vovô Weasley nunca perdoaria se você casasse com um sangue-puro.


- Ei! – Thiago reaparecera. ’*² Aproveitei a distração de todos, e fui pra trás de uma coluna, precisava respirar, estar na frente dele, depois de tanto tempo era assustador, e vê-lo com mulher e filho, me fez quase explodir em lagrimas.


- Faz vinte e cinco anos que eu te amo, e mesmo assim nunca pude te abraçar ou te beijar. – Falou a voz rouca, que sondava meus sonhos, ele estava apoiado na mesma coluna que eu, ao meu lado direito. Eu pulei de susto, mais no instante seguinte o abracei, e pela primeira vez durante meus 36 anos o beijei. O beijo durou um longo tempo até eu sentir falta de ar, e morder o lábio inferior dele. – Eu senti tanto a tua falta! – ele estava com a voz embargada. – Eu te amo tanto Mione! – então ele me abraçou, e eu senti algo pingar em mim, ele chorava, eu chorei junto, ver o homem que eu amo chorar não é fácil. Nada fácil. A buzina do trem soou, eu precisava ir, olhei tristonha pra ele, ele sabia que novamente era à hora de nos separar. – Por favor não vá! – Ele segurava minha mão com força, eu selei meu lábio aos dele, por um milésimo de segundo. E fui, com lagrimas ainda saltando dos meu olhos, ouvi ele soluçando baixinho enquanto eu me afastava, cheguei a tempo de ver Rosa acenar junto a Thiago e Alvo.


- Ela vai ficar bem! – afirmou Rony me abraçando. Hugo veio até mim e me abraçou também.


- Vai ficar tudo bem, mamãe. – A plataforma foi se esvaziando rapidamente, olhei pro Draco que estava em pé perto da beira, ele me olhava. Falei sem som. Um ‘EU TE AMO’. Ele me lançou um sorriso triste. Ele tinha entendido, mais do que adiantava aquelas palavras? Não poderíamos ficar juntos. Nós dois éramos casados, tínhamos filhos. Me virei e atravessei a barreira. Já era tarde demais.


40 anos depois


Fazia 3 anos que Rony havia morrido, então eu vivia sozinha naquela mansão, muitas vezes tinha almoços de família, como hoje. A família Malfoy, filhos e netos de Rosa e Escorpio. A família Weasley filhos e netos do Hugo com Diana. (filha de Luna e Neville). Estavamos todos na sala, que tinha um sofá enorme e uma mesa de centro, com um único vaso, e nele a flor com um brilho mágico arroxeado, cercada de flores brancas. Todos conversavam animadamente quando aconteceu. Um telefone tocou, era do Escorpio, ele atendeu e imediatamente fez uma cara preocupada.


- St. Mungus? – um silêncio. – Como ele esta? – Olhei pro vaso, o brilho estava piscando, fosco. Fui até o vaso o segurei e desaparatei. Corri até a moça, pra me informar o quarto que ele estava. Corri como nunca imaginara correr depois da velhice. Encontrei o quarto e entrei, coloquei o vaso na cabeceira e o abracei, ele sorriu, e depois tossiu.


- Você não pode me deixar Draco. – Falei chorando. Eu lhe beijei – VOCÊ NÃO PODE! - Ele passou a mão no meu cabelo. Segurei a mão dele.


- Você continua a mesma mandona de sempre. – ele riu. – Eu não me importo de morrer agora, pelo menos não vivi nem um dia sem você no mundo. – ele tossiu. – Você seguiu em frente uma vez, faça-o de novo. Por que mesmo que eu morra, não vou te abandonar jamais. Eu já lhe disse: Minha alma, meu coração, meu amor pertence somente a você. – A essa altura a voz dele não passava de um sussurro rouco. - Eu te amo Mi.o.ne. – então ele fechou os olhos, e o aperto da mão se afrouxou. A maquina que media batimentos cardíacos, parou, fazia apena um PIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII infinito, olhei pra flor, agora sem brilho, com as pétalas murchas e caídas. Beijei novamente a boca dele, sabendo que nunca mais poderia o fazer em vida. Medi-bruxos invadiram o quarto e começaram a se amontoar em volta da cama, em quanto me mandavam sair, eu sai do quarto em passos pesados, olhando sempre pra trás. Um amor de 65 anos, 4 beijos, 2 abraços, impedido por UMA guerra. Do lado de fora estavam a família Malfoy, Rose imediatamente percebeu o que aconteceu e correu pra mim, me abraçando. Logo depois veio Escorpio, ele chorava e me entregou um pacote.


- Apareceu aqui com seu nome. Agora eu sei por que a sua flor me era familiar. – Eu abri o pacote, era a minha, ela não tinha o brilho, mais ainda estava roxa, em pé, viva. – Ele sempre teve ela na cabeceira da cama dele. – Eu cai no chão chorando. Se é difícil ver o amor da sua vida chorando, você não sabe quanto é pior ver ele partindo. Ao lado tinha uma carta.


Algumas horas depois.


Vestida de preto, na beira da cova onde tinha um caixão em mármore polido, cheio de classe como era o estilo dele. Todos já haviam jogado suas flores, era minha vez. Fui até a beira da cova falei ‘Eu te amo’ e joguei duas flores entrelaçadas, uma era roxa e a outra parecia igual só que morta, elas tinham os galhos entrelaçados e uma fita vermelha as prendiam, quando levantei, vi gente me olhando feio pela flor morta. Ignorei e desaparatei. Surgi no meu quarto, tinha colocado a carta na blusa de Rose sem ela notar. Peguei o pote de remédio e virei ele na boca, deitei na cama piscando lentamente. Lembrei das palavras na carta. Dele pra mim:


‘ Se você ta lendo isso, eu to morto. Pois é né. Mais você não precisa ficar triste. Afinal a vida é curta e você tem que vive-la ao Maximo. Pois mesmo não estando ai contigo, eu sempre vou estar te guardando, te protegendo e te amando [independente se eu estiver no céu ou no inferno, convenhamos, esse segundo é bem mais provável] afinal se pararmos pra pensar eu nunca vivi com você como eu queria. Acordando e vela ao meu lado, te levando café na cama, falando o quanto você é linda e inteligente. A mulher mais maravilhosa que eu já conheci. Todo dia ao acordar e quando fossemos dormir falar o quanto te amo. Ver você grávida comendo coisas malucas por causa do nosso filho. E antes dele fazer onze anos, discutir em que casa ele ia ficar, até que resolveríamos na cama, gerando outra criança. Esse era meu sonho, vivi o que pude o alimentando, dizendo a mim mesmo que um dia poderia gritar ao mundo que você era minha e eu era seu. Agora isso já não é mais possível, mais fui feliz enquanto pude sonhar. Eu fui feliz de pensar em você. E você também tem que ser, se divirta, e cuide bem dos nossos bisnetos, já que eu não estou ai para fazer. E mais uma vez, e pela ultima vez: EU TE AMO MAIS QUE O MUNDO, E ISSO É UM JURAMENTO PERPÉTUO.


PS.: Eu te amo na saúde e na doença, na pobreza e na riqueza. Na vida e na morte. E nada prova o contrario.


Adeus, D.M.’


Me desculpe Draco mais eu não posso cuidar deles, afinal eu estou indo atrás de você. Fechei os olhos, mais invés de ficar tudo escuro, tudo estava branco.


- Você não devia ter feito isso! Eu falei pra você não fazer! – Eu conhecia aquela voz muito bem.


- Já é tarde de mais, já esta feito. – falei sorrindo.

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