Aquilo que amamos



Aquilo que amamos


 

 


Molly escutou o choro do filho mais novo e abriu lentamente a porta do quarto, encontrando-o sentado no chão frio apenas de pijama.


 


- Rony! – Chamou ao entrar no quarto.


 


O menino de quatro anos se virou para a mãe depressa, a face manchada por grossas lágrimas.


 


- O que aconteceu meu filho? O que está fazendo? – A mulher se aproximou aflita e pegou o pequeno nos braços, notando que ele tinha uma borracha grande na mão.


 


Rony engoliu o choro e olhou para a mãe com os olhos brilhantes por causa das lágrimas.


 


- Eu estava tentando apagar elas – disse em meio a um soluço sentido.


 


- Você estava tentando apagar quem? – Perguntou a mãe intrigada.


 


- Por que elas não somem? – Perguntou zangado, passando a mão com raiva no rosto para secar as lágrimas.


 


- Do que está falando Rony? – Voltou a perguntar Molly confusa, tentando entender a quem ou ao que o filho estava se referindo.


 


- Minhas sardas. Fred e Jorge disseram que se eu tentasse apagá-las com aquela borracha elas sumiriam. – Apontou para o objeto no chão.


 


Molly revirou os olhos e colocou o filho na cama.


 


- E por que você quer apagá-las, meu filho?


 


- Por que eu não gosto delas. – Confessou emburrado, olhando desgostoso para as sardas do próprio braço, que agora estava extremamente vermelho, devido a tentativa em apagar as suas sardas.


 


- Rony, olhe para sua mãe – ordenou a mulher - todos nós temos sardas, veja meus braços.


 


O garoto olhou os braços da mãe, notando o quanto eram salpicados de sardas alaranjadas.


 


- Você não gosta delas em mim?


 


O garotinho ficou em silêncio ainda olhando as sardas da mãe, pensativo.


 


- Você iria gostar mais de mim se eu não tivesse sardas, Rony? – Questionou Molly, erguendo o queixo do filho com os dedos.


 


Rony apenas balançou a cabeça negando e parecendo envergonhado.


 


- Suas sardas fazem parte de você, e são lindas, Rony. – Molly passou a mão gentilmente pelo rosto do filho, secando as lágrimas que ainda escorriam dos seus olhos.


 


- Mas Fred e Jorge disseram que eu sou enferrujado, e que ninguém iria gostar de mim se eu não apagasse todas essas sardas. - Argumentou choroso sem olhar para a mãe.


 


- Rony, as pessoas nos amam pelo que temos aqui – Molly colocou a mão sobre o peito do filho – dentro do nosso peito, querido. Não importa a cor que temos, se somos alto, baixo, gordo, magro, se temos olhos claros ou escuros, ou se temos ou não sardas. – Ela sorriu bondosa, passando os dedos pelos cabelos vermelhos do filho. - Você não me ama? – Questionou, notando os olhos assustados do garotinho ao ouvir a pergunta.


 


- Claro que amo – disse Rony agora encarando a mãe, os olhinhos azuis ainda brilhando.


 


- E você se importa com minhas sardas?


 


- Não! – Disse cheio de certeza.


 


- Eu também amo você, querido, e amo cada uma das suas sardas, e todas as pessoas que te amarem vão amá-las também. – Molly beijou o topo da cabeça do filho com carinho. – E sabe por quê?


 


O menino balançou a cabeça negando.


 


- Porque quando alguém nos ama, essa pessoa nos ama exatamente do jeito que somos, com ou sem sardas. - Agora, é melhor você ir dormir, mocinho, preciso ter uma conversa séria com seus irmãos. – A mulher puxou as cobertas da cama do menino, fazendo-o deitar.


 


- Boa noite, meu querido.


 


- Boa noite, mãe.


 


Molly apagou as luzes com um floreio de varinha e fechou a porta atrás de si ao sair do quarto cor de laranja do filho.


 


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Muitos anos depois....


 


Rony acordou com uma gostosa sensação percorrendo seu corpo. Ele estava deitado de bruços em sua cama na Toca, e abriu os olhos incrivelmente azuis, mirando a namorada.


- O que...?


 


 


- Bom dia! - Hermione beijou o pescoço do garoto, escondendo o próprio rosto naquele ponto.


 


- Bom dia - disse sonolento, sentindo um gostoso arrepio percorrer sua espinha ao toque quente dos lábios de Hermione. - O que você estava fazendo? - Perguntou sorrindo de forma maliciosa.


 


- Oh! Desculpe... Er... eu estava apenas...


 


Ele piscou, tentando enxergá-la melhor.


 


- Você estava apenas...? – Ele ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo malicioso para a namorada.


 


- Estava apenas... contando suas sardas. – Confessou com as bochechas coradas, voltando a encará-lo.


 


- Minhas sardas? – Perguntou confuso, abrindo melhor os olhos, e se virando na cama, ficando de lado.


 


- Sim.


 


Ele ergueu as sobrancelhas, esperando que ela dissesse mais alguma coisa.


 


- Bem... Eu sempre amei suas sardas – Hermione sorriu, fazendo o coração de Rony bater mais depressa. – E estou amando ver as sardas que ninguém mais viu além da sua mãe.


 


Os dois ficaram em silêncio, se encarando por breves instantes, uma troca intensa de palavras não ditas e completamente desnecessárias. Em seguida, ambos riram gostosamente, e Rony a puxou para mais perto, afundando os dedos nos cabelos espessos da namorada.


 


Hermione se esquivou.


 


- Meu cabelo deve estar assustador. - Ela sentiu o rosto arder.


 


- Você está linda, e amo seus cabelos.


 


Rony a puxou de encontro ao seu corpo e a beijou diretamente na boca, sem se importar com o hálito matinal. Hermione tentou afastá-lo.


 


- Ron! Eu não escovei os dentes.


 


- Nem eu – disse sorrindo, beijando o pescoço dela. – E então, descobriu quantas sardas tem no meu bumbum?


 


- Ronald! – Exclamou envergonhada.


 


- O que foi? Você não disse que estava contando?


 


- Estava – ela corou, fugindo dos olhos azuis. Devo ter parado em 535 – sugeriu erguendo os olhos e sorrindo graciosamente para ele.


 


- Hermione – Rony de repente ficou sério.


 


- Sim... – ela também parou de sorrir e encarou o garoto.


 


- Você é a garota mais maravilhosa que eu já conheci – Rony colocou uma mexa de cabelo para trás da orelha dela, fazendo-a arfar. – E amo o modo como você sorri.


 


Ela respirou fundo, sentindo o coração inflar, ficando demasiadamente grande para caber em seu peito.


 


- Eu amo absolutamente tudo em você.


 


Hermione respirando fundo, e se jogou sobre o namorado, cobrindo os lábios dele com os seus.


 

 


 


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N/A: Essa one surgiu como uma ideia de presentear a Vivi; como a fic não estava pronta no dia do aniversário dela, postei apenas uma parte do blog. Agora, finalmente, a one está completa.


Mais um momento breve e simples entre Ron e Hermione durante os 19 anos ocultos.


Espero que gostem.


Agradecimentos especiais a Viviane Barreda pela betagem e pela paciência em ler e betar as fics :)


Beijos para todos!


 


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N/B por Viviane Barreda


Fico muito feliz por ter uma segunda fic escrita para mim como um presente... fora todas as outras que eu considero como tal, elas enchem meu coração e minha mente de sentimentos e imagens, sempre doces, profundos e únicos que só a boa leitura acarreta!!


Essa fic começa de uma forma enternecedora... com uma conversa que, como mãe, me vejo diariamente protagonizando...


Conversa sobre sardas eu já tive com meu filho de oito anos, que têm sardas, ao contrário dos irmãos. A Di não sabe da estória, mas ele não queria apagar as sardas, apenas estava revoltado pq ele tinha essas pequenas “sujeirinhas” que não ficavam limpas de jeito nenhum, e que ele não tinha culpa por tê-las, ele não as fizera!! rs... espero do fundo do meu coração que um dia, assim como o Ron, ele encontre uma pessoa que ame as sardas dele, e seja capaz de contá-las!!


Preciso agradecer a Di por ser uma pessoa especialmente maravilhosa, insubstituível e que faz qualquer amiga se sentir completa e única... especialmente com homenagens tão perfeitas e tocantes!!


Deixe-nos conhecer cada opinião, no Menu da Fic!!


 


Mil Bjs,


Vivi

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