A Toca
O fim de dezembro aproximava-se cada vez mais rápido. O desespero de Hermione era visível. No início do ano letivo, Molly e Arthur Weasley haviam conversado com os pais da garota a fim de convidá-la para passar as festas do final de ano em sua casa. O senhor e a senhora Granger, após perguntá-la, aceitaram o convite. Como a filha ficaria ausente durante o período festivo, eles participariam de um Congresso de Odontologistas em New York. Ou seja, as chances de Hermione não ir para casa de Ronald eram nulas e, isto, em outras palavras, queria dizer que ela deveria ficar debaixo do mesmo teto dele por duas semanas. O detalhe era que ainda não se falavam.
Ginny, prevendo a reação da amiga, lhe dissera na noite anterior as férias de inverno que ela deveria sim ir a sua casa. As palavras da ruiva ecoavam na mente da morena:”Não importa se você e o meu irmão não se falam. Você é minha convidada e de meus pais e isto basta! Mione, somos amigas desde o segundo ano e você nunca se esquivou de ir para lá. Vá por mim, ok?”. Hermione demorou mais tempo que o necessário ao arrumar as malas, talvez aquela era uma forma de atrasar-se para o jantar e não ter que ver Ronald e Lavender grudados. Como esperado, ao chegar no salão principal, a sobremesa era servida e, em seguida, sua ronda de monitora começaria, dando margem a ela sair de fininho.
O outro dia amanheceu ensolarado e convidativo para uma longa viagem de trem até a estação King’s Cross. Hermione, Harry, Ginny, Luna e Neville ficaram jogando Snap Explosivo durante o percurso. A sensação de vazio que Mione sentira nas últimas semanas foi preenchida por um sentimento já conhecido: união. Era uma lástima ter que se separar de Luna e Neville, eles eram realmente agradáveis, cada um de sua forma, seja lunática ou atrapalhada. Por volta do meio dia, uma mulher de covinhas abriu a porta do compartimento e perguntou se queriam alguma coisa do carrinho.
Ao chegarem na estação, o senhor e a senhora Weasley estavam esperando. Emocionada, a matriarca abraçou e beijou todos os filhos – filhos, em seu vocabulário, incluíam Harry e Hermione também. A viagem até a Toca foi rápida visto que usaram uma chave do portal enfeitiçada pelo Ministério.
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A presença de Rony incomodava Hermione posto que ambos passavam lado a lado e nem um “oi” era proferido. A senhora Weasley percebeu que algo não estava bem, entretanto, não quis interferir no assunto dos jovens.
Os Weasley – incluindo os gêmeos, Charlie, Bill e Percy que haviam chegado no dia seguinte – acompanhados de Harry decidiram, para relaxar, jogar Quadribol. Percy foi para seu quarto com a desculpa de terminar um relatório – e os irmãos não perderam a oportunidade de zombar perguntando sobre a espessura dos caldeirões – enquanto Hermione ficaria lendo, apenas observando o jogo. Sendo assim, sobrariam sete jogadores, tal fato obrigou um dos ruivos esperar a próxima partida. Assim que os times ficaram completos, Fred foi à direção a morena.
- Sabe, você poderia aprender a jogar quadribol, assim eu não precisaria ficar de fora. – ele falou como se aquilo fosse a pior coisa do mundo
- Ou então o Percy poderia jogar com vocês. – respondi pousando o livro no meu colo e ele riu como se aquilo fosse absurdo
- É infinitamente mais fácil você aprender a jogar do que Percy honrar os Weasleys jogando Quadribol. Sério. – acrescentou ao ver meu olhar reprovador
- Não sei por quê implicam tanto com ele. Percy é estudioso e quer dar o melhor de si em seu trabalho, quão horrível isso pode ser? – rebati
- Ah claro. Não sei porque vocês nunca se acertaram, afinal, o Percy é O inteligente, O esforçado e por aí vai. – zombou Fred – O problema dele não é esse. O problema está no fato dele rejeitar nossa família! Fala sério, você acha que um dia ele trouxe alguma garota aqui?
- Você já trouxe? – perguntei interessada e ele negou – Então como pode exigir uma atitude de seu irmão se nem você o fez?
- Nossa, você é mesmo insistente, garota! – ele riu – Talvez pelo fato de não ter uma namorada firme como ele.
- E o que Angelina é? – perguntei curiosa e virei de lado encarando-o
- Angelina é...- pensou – não sei mas não é uma namorada de verdade.
-Não sabia que existiam namoradas de brinquedo e namoradas de verdade. – considerei o que havia dito – Hum, acho que é isso. Eu fui a namorada de brinquedo do Ronald e agora ele me trocou por uma de verdade. Saiba que isso é frustrante, então, não faça o mesmo com a Angelina.
- Nunca considerei o fazer e o que eu quis dizer é que nós temos algo do tipo amizade colorida, se é que me entende. – assenti e ele sorriu – Você e o Roniquinho ainda estão de pirraça um com o outro?
- Estar de pirraça. – repeti, irritada com seu tom zombeteiro - Apenas não nos falamos e se depender dele, isso perdurará por tempos.
O silêncio pairou entre nós, igual a vez de Hogsmeade, só que, desta vez, meu livro não tornou o silêncio tão incômodo assim já que os gritos dos jogadores eram constantes. Estava concentrada lendo Hogwarts, uma história novamente quando ouvi o farfalhar de penas característico de passarinhos. Olhei e a minha frente estavam três passarinhos dourados brincando em círculos. Observei ao meu redor e procurei a possível origem do ninho, entretanto, não o avistei. Fred tocou levemente meu braço e indicou a minha frente: agora além de passarinhos haviam borboletas. Uma delas – branca com manchas rosas – pousou no meu dedo.
- Você não tem uma varinha aqui. – constatei e ele sorriu como se fosse óbvio – Você é um magid! Merlin, quando descobriu...? – perguntei incrédula
- Não sei. Acho que quando eu estava na biblioteca procurando um livro e ele veio voando até mim. – Fred respondeu divertido ao ver meu espanto
- Não. Não. Não. – falei pausadamente – Você é Friedrich Weasley, dono de uma loja de logros e brincadeiras e magid! Desculpa, é que isso é tão raro. – passei os dedos nos lábios – E desde quando você vai a biblioteca? – meu tom tornou-se acusatório
- Desde sempre. – ao ver minha expressão ele adicionou – Madame Pince é demasiadamente petulante, prefiro ir a biblioteca durante a noite. É por isso que você nunca me viu. – concluiu – Tem muita coisa sobre mim que você não sabe – acrescentou misterioso
- Seus pais devem estar orgulhosos, não?
- Eles não sabem. – ele respondeu sorrindo ao ver meu choque – E nem vão saber, certo? Esse será o nosso segredinho.
- Por que você não conta? Quer dizer, isso é ótimo!
- Hermione. – falou sério – Eu tenho outros seis irmãos, você realmente acha que eu vou contar isso a eles? Eu não quero ser o filho magid, quero ser apenas o Fred. O Fred brincalhão que tem uma loja de logros, o Fred que fugiu de Hogwarts e eu sinceramente acho que deveria ter isto no seu exemplário. – ele apontou para meu livro e continuou sério – Não fiz questão de ser bom em meus N.O.Ms tampouco em meus N.I.E.Ms até porque eu nem fiz.
“Todo tempo que eu vivi em Hogwarts foi para me dedicar as coisas que eu gosto: Quadribol e alguns ramos da magia. Sei que isso soa egoísta, mas eu nunca fiz questão de ser bom em alguma coisa que pudesse concorrer com os meus irmãos. Eu incomodo o Percy com essa história da espessura dos caldeirões porque eu acho que ele tem potencial para ser melhor e tenho total consciência de que se eu realmente prestasse atenção nas aulas, obteria mais N.O.Ms que meu irmão.
Mas você acha que isso me deixaria satisfeito? Não. Se eu quisesse, poderia extrair as lembranças de todos daqui e eu não estou sendo arrogante. Apenas tenho consciência do poder que tenho sobre a Legilimência. Gosto de ser normal ou pelo menos quase. Tiro pouco proveito da minha condição, se é que me entende.”
- Tira proveito da sua condição de que forma? – analisei-o e pude constatar um fato que até então estava guardado em algum canto da minha memória: Fred era o Weasley mais...charmoso.
- Consigo fazer feitiços mais rápidos e aprender mais rápido do que os outros. É bom não depender de uma varinha mas, na frente de todos, eu sempre uso. – ele sorriu satisfeito consigo – Acho que o George desconfia que há alguma coisa diferente em mim embora nunca tenha perguntado. Essa é a única coisa que ele não sabe de mim.
- Eu sei que você tem compromissos com a loja e que essa semana é para seu descanso mas...- quase sussurrei – poderia me ensinar algumas coisas? Digo, você deve ter estudado bastante para conseguir fazer tudo isso e eu queria aprender um pouco. – o final da frase foi quase um murmúrio e eu pude ver que ele se concentrava nas minhas palavras – Queria estudar animagia.
- Posso te ajudar com isso se você realmente quiser. – Fred sorriu e o canto de seus olhos enrugaram e eu, novamente, pensei em quão lindo ele ficava quando o sol refletia em seus olhos azuis.
N/A: Muito obrigada pelos comentários, eu realmente fiquei muito feliz! Espero poder retribuir com esse big capítulo. Um beijo e boa leitura
Comentários (4)
Eles sao fodasticos demais juntos.. E o Fred se abrindo assim com ela, só mostra o quanto ela eh especial.. To adorando...
2014-01-18Magid ? existe isso ? o.o' Se n existir adorei isso! axei super foda! Amo sua fic ;*
2012-06-27Nossa que legal! Vc não é uma daquelas autoras q postam dois meses depois! AIOHSOIAHSOIA Sua fic é linda, maravilhosa, amo esse shipper de paixão.. MUITO ansiosa pelo proximo capitulo, amei ese também.. mostra o fre e a hermione se aproximando e o fato de ele contar uma coisa pra ela que NINGUÉM sabe.. nem o George ja é muita coisa né? oasiahsoa *O*
2011-07-27Que capítulo bom! Estou gostando bastante da fic, porque nunca li uma FredHermione antes, nunca achei que combinasse, mas tu fez as coisas de um jeito que não tem como não combinar. Gostei dessa Hermione sensível, ainda transtornada com o fim do namoro e um Fred charmoso, talentoso. Nunca imaginei o Fred desse jeito, com esse talento excepcional! Aliás, existe Magid ou tu inventou? Adorei essa definição, um bruxo excepcionalmente bom em tudo, imagine! Fico pensando a invejinha que a Hermione deve ter sentido sabendo disso rsrsrsrs Enfim, adorei o capítulo e vou ficar esperando por mais! Bjs
2011-07-27