Na beira da Lagoa
Certa tarde, Lillian Evans sentou-se a beira das misteriosas águas do Lago Negro para observar a Lula Gigante nadar tranquilamente por sua extensão. Nas mãos trazia seu livro favorito nos últimos tempos, os contos de Beedle, o Bardo; e ali permaneceu durante um tempo, recostada a um tronco enquando lia seu livro, porém um feio coaxar a assustou e ela deixou seu livro cair e o viu afundar até que desaparecesse nas águas profundas do lago de Hogwarts, era impossível ver o fundo. Lillian começou então a lamentar a perda de seu livro.
-Não acredito que perdi o livro, queria tanto poder pegá-lo! Droga!
Tão logo acabou de dizer e de novo o feio coaxar a assustou, Lillian se virou e viu um enorme e feio sapo bem próximo, suspirando se levantou.
-Por sua culpa perdi meu livro, sapo horrível...
Então o sapo disse:
-Não diga isso Lillian! - Lillian assustou-se ao perceber que o sapo falava, e falava com ela ainda por cima. - Posso pegar seu livro de volta!
Lillian estava convencida a não dar bola ao sapo falante, mas ao ouvir que ele poderia pegar seu livro de volta, resolveu dar-lhe atenção.
-Ótimo, então vá! - respondeu ansiosa.
-Mas...
Lillian bufou, tinha que ter algo nisso, sapos falantes não podiam ser boa coisa.
-O que você quer?
-Nada demais, apenas que me ame e me deixe viver contigo, que durma em tua cama, então trarei de volta seu livro.
Lillian não conseguia acreditar em tamanha bobageira que estava ouvindo, que absurdo, um sapo que falava e ainda pedia para dormir com ela. Devia saber que sapos falantes não eram boa coisa. Porém, podia enganá-lo, por que não? Era só um sapo idiota.
-Muito bem, se me trouxer o livro, faço o que está me pedindo.
Com a promessa o sapo mergulhou, Lillian o observou até que desaparecesse nas águas escuras. Depois de um tempo, o sapo retornou trazendo o livro na boca, atirando-o no chão. Assim que Lillian pegou o livro, correu para longe do sapo, olhando para trás a todo momento com medo de que ele a estivesse seguindo, mas ele apenas a observou ir embora, entristecido. Na manhã seguinte, Lillian se esquecendo do ocorrido, voltou a beira do lago e lá encontrou novamente com o sapo, que cobrava sua promessa, e assim ficou por todo o tempo em que Lillian esteve sentada a beira do lago, porém a garota foi embora e o deixou lá, chateado a beira do lago. Nos outros dias que se seguiram, a mesma coisa, então ela decidiu que não se sentaria a beira do lago até que o sapo sumisse. Mas, um dia quando estava na Sala Comunal com Marlene, ouviu um coaxar de arrepiar os cabelos, e antes que pudesse achar que estava imaginando, o feio e gordo sapo pulou em cima da mesa a sua frente, Marlene se assustou, mas ao ouvir a história de Lillian e o sapo falar, insistiu para que ela o adotasse até que a garota resolveu levá-lo para o dormitório, sua coruja não ficava no dormitório e ela podia ter dois animais de estimação. Levou o sapo para dentro e o deixou em cima da cama.
-Pronto, coisa feia, agora pare de me atormentar! - o sapo, satisfeito, se aconchegou entre os lençóis, espalhando sua gosma. - Você podia ser um pouco menos gosmento, não?
Irritada, ela saiu do dormitório e foi para a Sala Comunal de novo. A noite quando Lillian se deitou, lá estava o sapo, aconchegado ao seu lado na cama, dormiu a noite inteira com ela, mas na manhã seguinte, havia sumido. Lillian respirou aliviada, pois estava certa de que o sapo tinha ido embora dando-se satisfeito pela noite dormida, ou então ela podia ter roncado ou rolado por cima dele, então devia ter decidido que aquela cama não era uma boa para se dormir. A garota se vestiu e desceu para tomar café na Sala Comunal, Marlene a esperava, como sempre se levantara antes dela.
-E ai, onde está seu encantador sapo falante? - a amiga perguntou sorridente.
-Foi-se embora, por Merlim! Não acredito que dormi com um sapo! - Lillian fez cara de nojo e Marlene riu, juntas elas foram para a aula de Transfiguração, certas de que Lillian tinha se livrado de seu amigo incômodo, apesar de Marlene ainda o achar adorável.
-Hey Lene! - Sirius passou lançando uma piscadela a garota, Marlene corou e Lillian deu-lhe um cutucão na costela.
-Você nunca aprende não é, Lene? - Lillian comentou, rindo da paixão da amiga por Sirius Black.
O dia transcorreu tranquilo, e Lillian sequer lembrou de seu indesejado amigo, as meninas jantaram no Salão e foram para a Sala Comunal, como todos os dias, precisavam escrever o trabalho complicadíssimo de Poções em que Slughorn pediu para que a classe escrevesse todos os modos de utlização da pedra da lua. Terminado o trabalho as duas mal podiam esperar para irem dormir, subiram as escadas do dormitório e quando abriram a porta, Lillian desejou dormir na Sala Comunal. O sapo estava de volta a sua cama.
-Você disse que eu poderia dormir aqui todos os dias! - disse presunçoso. Lillian bufou, porém apenas vestiu seu pijama, longe dos olhos do sapo que parecia ansioso para vê-la em roupas íntimas, e se deitou.
Na manhã seguinte, o sapo havia sumido novamente, e também a esperança de Lillian de o sapo ir embora. E não foi vê-lo pular em sua cama naquela noite que a surpreendeu, mas sim a proposta do gosmento.
-Pode me dar um beijo de boa noite? - Lillian quis jogá-lo pela janela do dormitório, e o teria feito se ele não pulasse tanto pelo quarto enquanto ela corria para pegá-lo. Depois de quase vinte minutos de perseguição, em que a trilha sonora eram as gargalhadas de Marlene e os xingamentos de Lillian, a garota desistiu. Sem ar, sentou-se na cama e apontou o dedo na cara do sapo.
-Se você encostar sua boca gosmenta em mim, juro que você nem vai saber qual feitiço te atingiu. O sapo se encolheu entre os lençóis de Marlene, que o pegou, como se o ninasse.
-Oh, ela não quis dizer isso, pobre anfíbio! - ainda ria muito.
-Não estou achando graça! - respondeu Lillian furiosa, se deitou e desejou dormir e acordar novamente sem o sapo e que ele nunca mais voltasse. Porém, na noite seguinte lá estava ele novamente, esperando por sua amada Lillian, e sua proposta era a mesma.
-Lilly, só um beijo! - ele disse, esperançoso.
-Cale a boca, seu nojo! - respondeu, o sangue lhe subindo a cabeça. - Vou te dissecar, acredite.
-Por favor, se você me beijar eu vou embora, nunca mais volto! - a garota o encarou, chegou a pensar em faze-lo para que se livrasse do sapo, mas logo desistiu ao pensar em por a boca naquela pele molhada e pegajosa.
-Eu estou lhe avisando! - Lillian ameaçou, então ele desistiu. Esta era a terceira noite que passava com aquele sapo e já não aguentava mais, adormeceu rapidamente para evitar pensar nele. Mas na manhã seguinte, ao acordar, Lillian espantou-se ao encontrar de pé, junto a sua cama, uma figura masculina, de costas para ela. Mas como um garoto podia entrar no dormitório feminino? E quando olhou para trás, sua raiva explodiu, James Potter estava em seu quarto.
-O QUE ESTÁ FAZENDO AQUI POTTER? - ele a encarou assustado, não esperava que ela o visse. - JÁ DISSE QUE NÃO QUERO QUE DIRIJA MAIS A PALAVRA A MIM.
-Lilly, eu... - James estava assustado. - Me dê um beijo e eu vou embora!
Então tudo ficou claro, James era o sapo.
-Seu... idiota, asqueroso, nojento, como pôde fazer isso comigo? - Lillian sabia que o mataria, já não bastava a vergonha que ele a tinha feito passar, quando marcou um encontro com ela em Hogsmeade e a deixou esperando, e agora isso, ser enganada por ele, fingindo ser um sapo?
-Eu... - James respirou fundo. - Tudo bem, eu te digo, era a unica forma de ficar perto de você... Desde aquele dia em...
-Não quero falar disso! - respondeu. - Como ficou assim?
-Remus é muito bom em transfiguração! Mas só conseguia me deixar assim por algumas horas...
-Diabos, vou matar Remus! - Lillian andava de um lado para outro no quarto, de repente parou. - Você... você me pediu para te beijar!
Ela foi para cima de James tentando bater nele, ele a segurava pelos punhos. Depois de algum tempo Lillian parou de lutar, se afastou e abaixou a cabeça. Um sorriso aos poucos se formou em seu rosto, James achou que poderia ser boa coisa.
-Lillian sou seu sapo que se transformou em príncipe! - disse com um sorriso presunçoso.
Lillian o encarou e sorriu.
-Ichthyes - pronunciou, acenando com sua varinha. - Pronto, agora você é um príncipe que se transformou em peixe!
Sorriu para o animal, virou as costas e saiu do dormitório. E James, o sapo que virou homem, agora era James, o homem que virou peixe e se debatia no chão do quarto, literalmente um peixe fora d'água.
Nota da autora: Essa foi uma short que nasceu do nada enquanto eu lia Os Contos dos Irmãos Grimm. Espero que esteja boa, pois não sou muito de escrever J/L.
Ichthyes é um feitiço que achei para transfiguração em peixe pela internet, se não estiver certo, sintam-se a vontade para me corrigir.
See you.
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