Mc Donald's



  Eu tinha que arranjar um emprego. Mas, e daí? Eu tinha feito meus N.O.M.s para ser algo no Ministério da Magia, como meu pai. Mas qualquer coisa que me fizesse pensar em meu pai, seria ruim. E eu não precisava realmente trabalhar, tinha herança o suficiente para viver com uma mulher e dois filhos e ainda sobraria muito para eles. Fiquei sentado no sofá exatamente um mês. Ninguém veio me visitar. Nem Crabbe, nem Goyle, eles deviam estar fazendo algo realmente idiota sem mim, ah, se eles soubessem o quanto eu daria para estar com eles, mas pensando bem, eles nem sabiam que meus pais tinham sido mortos, a não ser que tivesse aparecido no Profeta Diário, não leio isso faz tempo. Resolvi sair de casa e aproveitar o dia, quem sabe algo não acontecia de bom?


 Subi lentamente as escadas em espiral, ao lado direito estava o quarto dos meus pais, eu não tinha entrado lá desde a morte deles. Automaticamente, fui para o quarto deles, estava realmente empoeirado, o maldito elfo doméstico não tinha limpado aquilo? Continuava do mesmo jeito que me lembrava, a cama, o armário, as edições antigas do Profeta que todos os dias minha mãe lia antes de dormir, em cima da cabeceira de cama. Senti uma lágrima cair em meus olhos. Era minha deixa. Fui ao meu quarto o mais rápido possível.


 Peguei qualquer coisa do meu armário, uma blusa branca de trouxa e uma calça jeans, um tênis azul, que não combinava nada com sua roupa, mas não me importava. Olhei-me uma última vez no espelho, meu físico estava realmente ruim, meus músculos devido ao Quadribol estavam quase acabando, e minha expressão era de um garoto que realmente sofreu uma perda terrível e ficara deprimido, caminhei lentamente em direção a porta da sala de estar. Aonde eu iria?


 Imaginei Londres, queria realmente ficar em um lugar trouxa e tomar um sorvete num fast food chamado Mc Donald’s, eles eram realmente bons. Abri os olhos, e lá estava eu em frente a esse lugar, cheio de gente gritando e querendo fazer seu pedido. Lá eu parecia quase um jovem normal, quase. Não era muito comum achar alguém com o cabelo louro branco, um olho azul piscina, com um corpo bonito, antes era totalmente sexy, não mais, em Londres, não mesmo. É claro que existia, mas era raro. Normalmente, as garotas trouxas ficam dando em cima de mim como se eu fosse um cara perfeito, simpático e tal. Ráh, mal elas sabem.


 Pedi uma casquinha mista, chocolate e baunilha, sabe? E sentei-me numa mesa vazia, ela pelo ao menos estava limpa, isso nunca acontecia. Todos estavam olhando para mim de uma forma estranha, como se fosse difícil achar um garoto bonito sozinho.


 Foi quando aconteceu, estava olhando os carros passarem quando eu vi quem entrou. Hermione Granger e Ronald Weasley, juntos, de mãos dadas. Tinha me esquecido que a Granger morava nessa cidade. Fui um burro ao achar que ela nunca apresentaria o Weasley para seus pais. Provavelmente, agora, ela estava mostrando a cidade à ele.


 Escondi meu rosto o máximo possível, abaixando-o para a mesa. Mas foi impossível, maldito cabelo.


 - Malfoy! Que estranho ver você aqui! – Granger falou tão alto que a China ouviria. Ah, obrigada.


- Hm... – Murmurei, esperando que ela soubesse que eu não a queria ali e fosse embora. Sem sucesso. Os dois sentaram na cadeira vermelha a frente. Era estranho ali, tudo era amarelo e vermelho, e tinha um palhaço colado na parede com essas cores.


 - Amor, vai lá fazer o pedido, porfavor? – Granger falou em seu tom mais doce.


 A cara de Weasley era realmente engraçada, ele não parecia estar gostando daquilo, não mesmo, seus olhos estavam contraídos para mim. Dei um sorriso zombeteiro e ele se foi fazer o pedido. Achei que ele tivesse murmurado algo como ‘ eu não sei como diabos fazer um maldito pedido’, nem liguei.


 - Oi. – Falei sem nenhuma empolgação.


 - O que anda fazendo, Malfoy? – Lá vai ela começar a tagarelar. – Pensei que não gostasse muito dos trouxas. E aí, tá pegando muita garota nesse último mês, ou procurando um emprego, o que não deve ser muito o seu forte né? – Ela riu. Aquilo não era engraçado. Eu realmente aparentava isso?


 Não respondi, abaixei os olhos para a minha casquinha, e fiquei encarando-a. Acho que ela entendeu o recado. Eu não venho fazendo nada, apenas em casa, olhando para o teto, recordando coisas que eu sei que não voltarão mais.


 - Ah, Draco, desculpa. Sério. Vem cá. – Ela mudou de lugar e sentou-se ao meu lado. Olhou-me por um momento e encostou sua cabeça em meus ombros.


 Eu a encarava. Como ela podia ser tão bonita e eu nunca tinha notado? Uh, quem dera essa garota no meu... Não, Malfoy, ela tem um namorado, idiota, mas tem. E Draco Malfoy respeita isso. Maldita consciência, para de pensar.


 Ela estava chorando.


 - O que foi? – Perguntei, confuso. Era para eu estar chorando, não?


 - É que... eu não tenho sido uma boa amiga para você Draco. – Como assim, nós não éramos nem amigos, como ela podia dizer isso?


 - Mas, a gente não é amigo, é? Porque, tipo, vamos analisar os fatos, nós nunca conversamos direito, nem nada, entende?


 - Ah, Draco. Você pode ser tão ingênuo às vezes.


 Ela o deixou pensando, ela não tinha realmente me dado uma resposta. Ela meio que deixou o fim da conversa pairando no ar. Eu queria terminá-la. Mas não tive a coragem. Covarde. Um motivo para eu ter ido para a Sonserina.


 Ela me abraçou, pegou uma mão minha que estava, acidentalmente, em uma perna dela, e a acariciou. Qualquer pessoa que visse aquilo, pensaria que nós éramos namorados ou algo do tipo. Mentira. Até desejei por uma fração de segundo que isso fosse verdade. Mas não era.


 - O QUE ESTÁ ACONTECENDO?! – Chegou Weasley gritando, ele jogara a bandeja com a comida no chão. Seu ódio era imenso. Todos encararam a situação. – NÃO, DEIXA EU ADIVINHAR, VOCÊ VAI ME TROCAR PELO MALFOY, É, HERMIONE?


 Nesse mesmo instante, ela dera um pulo e ficara a uns cinco metros de distância de mim.


 - Rony... – Granger tinha tentado falar, mas o maldito a parou.


 - POR ISSO VOCÊ QUIS QUE EU FOSSE COMPRAR, NÉ? E VOCÊ SABE QUE EU NÃO SEI FAZER NADA DE TROUXA. – Nesse momento, TODOS nos encaravam. Não era todo dia que um cara de dezoito anos derrubava a bandeja no chão, gritava com a namorada porque estava com outro cara e chamava as pessoas de trouxa. – EU NÃO QUERO SABER. TÁ ACABADO, OK? PODE FICAR AÍ, AGARRADA COM ESSE CARA, AGORA NÃO TEM PROBLEMA. PASSO NA SUA CASA PARA PEGAR MINHA MALA E VOLTO PRA MINHA CASA.


 - Rony, você está sendo muito... – Ela não completou, porque nesse minuto ele saíra do Fast Food batendo o pé.


 -... Dramático. – Completei.


 Ela ficou uns cinco minutos me encarando, tentando entender o que acabara de acontecer, e porquê. Ela tinha entendido. É claro, o Weasley já é um ciumento de nascença, imagina se isso acontecesse, qualquer um ficaria com ciúmes. É por isso que eu nunca falei a ele que eu fiquei com a Weasleyzinha. Ele ia matá-la, e isso não poderia acontecer, eu não deixaria. Eu realmente tinha gostado daquela Gina. Agora ela estava com o Potter. Santo Potter.


 - Ahn, Hermione? Não seria melhor você ir, ahn, sei lá, atrás dele? – Falei, desajeitado. Ela estava rindo, que diabos...? – Você é estranha.


 - É que, ele pode ser muito idiota às vezes, sabe? Eu contei-lhe sobre o que aconteceu com você, ele leu no Profeta Diário. E só fala ‘ ele mereceu ‘, o coração dele é de um tamanho de uma Uva.


 - E você ocupa a uva toda. – Eu não estava mentindo, era verdade. Ele realmente a amava. Era um sentimento puro, o dos dois. Uma coisa que eu, Draco Malfoy, nunca tive. Ela riu mais ainda, aquela garota era realmente estranha. – Eu acho melhor você ir.


 - Pois é... – Ela inclinou-se e dera um beijo em minha bochecha. Seus lábios chegaram perto de meus ouvidos e sussurraram. – Eu vou te visitar, ok?


 Mas aquilo não foi de uma forma sexy e idiota de quando as garotas queriam transar com ele. Era puro. Sentimental e fofo. Eu não sabia explicar. Fiquei paralisado. Eu queria mais dela, por mais que eu não quisesse concordar, era a verdade. Estremeci.


 Observei ela sair, docemente, enquanto procurava seu celarlu, sei lá, algo de trouxa que liga para as outras pessoas que tem esse mesmo troço e elas se falam a distância.


 Ele se levantou, calmamente, as pessoas ainda o encaravam. Ele passou tenso. Quando um idiota o parou.


 - Cara, roubar a namorada dos outros não é legal. – Se eu não o tivesse visto cara a cara, acharia que ele estava bêbado.


 - Vai te catar. – E saí. Era assim que os idiotas trouxas xingavam os outros, não?


 Fui a um beco escuro, e fechei meu olhos, pensei em minha casa e o quanto eu queria ir para lá. E no mesmo instante que eu abrira meus olhos, lá estava eu.


 Fora a cozinha, e vira seu  elfo doméstico chorando, falando algo do tipo ‘ Dobby ‘ e eu sabia o que aquilo era. Desde a morte de Dobby, o elfo doméstico livre, todos os outros também queriam ser libertos. Mal sabem que Dobby foi o meu elfo doméstico.


 Ele sabia o que estava sentindo pelo elfo que nem sabia o nome, dó. Tirei minha blusa, mostrando o seu tanquinho que agora estava virando gordura. A partir de amanhã, eu vou definitivamente fazer exercícios, pensei. E dei ela para o elfo. Ele me olhou com brilho nos olhos.


 - O senhor está me libertando, meu senhor?


 - Sim. – Falei calmamente. Não importava se ele não ia ter como comer, nada importava, ele podia comer todos os dias no Mc Donald’s. Podia lavar seus pratos e arrumar a casa. Ele podia fazer isso.


 No mesmo instante, o elfo aparatou, com lágrimas de felicidade rolando em seus olhos.


 Voltei a sala, não queria subir as escadas. Joguei-me no sofá e dormi ali mesmo. Estava com medo do amanhã

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