Capitulo 2 .:

 

Era verão em Londres e quente demais para ele, que estava acostumado ao frio de suas masmorras, as roupas trouxas estavam começando a esquentar e ele não poderia fazer mágica agora, então fez a única coisa que poderia ajudar com o calor, retirou o casaco colocando-o sobre o braço. Parou em frente a uma casa singela, mas que lhe transmitiu calma, lembrou-se de sua infância, ou ao menos da parte que ele tivera alguns minutos de alegria. Deu três batidas leves na porta, não era adepto ao som que campainhas faziam, o som do toque na madeira era mais agradável e refinado, ao menos na opinião dele, ouviu passos e vozes abafadas vindo de dentro da casa e ajeitou sua postura, se é que era possível, uma jovem senhora abriu a porta com um sorriso leve no rosto e suas mãos estavam sendo limpas em um avental amarelo com pequenas bolas brancas, uma verdadeira dona de casa aparentemente muito feliz.

 
 "Pois não"

 

 "Eu sou Severus Snape, professor e gostaria de falar com a senhora e seu esposo sobre a sua filha"

 

 "Sobre minha Hermione? Então entre, entre, por favor."

 

Ela deu espaço para que ele entrasse e apontou para um sofá, que ficava de frente para uma lareira, educadamente ele acenou e sentou-se observando a mulher se retirar, deveria ter ido chamar o marido, ela pareceu assustada quando ele falou que o assunto era a filha. Seus olhos percorreram o ambiente parando para observar as fotos sobre a lareira, eles eram uma família feliz, ele conseguia reconhecer isso com uma ponta de inveja afinal seu passado cheio de dores e desprazeres viviam rondando sua mente e fazendo-o lembrar de tudo o que sofrera, mas havia uma foto ali que tomara toda sua atenção, a menina sorria mas faltava um dente, este ela segurava bem no alto, era uma felicidade incomum, o que de especial havia em perder um dente? Mas o sorriso dela desencadeou nele algumas emoções que ele acreditar conseguir controlar, mas não, ele sorriu, de seu modo mas sorriu, mas logo tomou as rédeas de suas feições e fechou o fraco e desengonçado sorriso. A escada rangeu e ele olhou para o chão soltando um suspiro leve, no instante seguinte o casal estava a sua frente, cada um foi para uma poltrona, senhor Granger foi o primeiro a se pronunciar.

 

 "Muito prazer senhor, eu sou Anthony Granger"

 

 "Sou Severus Snape, sou professor"

 

 "E o que o senhor leciona?"

 

 "Eu leciono poções"

 

Houve uma troca de olhares entre o casal, obviamente que ocorrera pelo o que ele acabara de dizer, deviam achar que ele estava louco, ou algo do gênero.

 

 "O senhor quis dizer química."

 

 "Não senhora Granger, eu leciono poções, na escola de magia e bruxaria de Hogwarts, escola a qual sua filha foi selecionada, graças aos poderes mágicos que ela apresentou"

 

 "O senhor só pode está louco."

 

 "Cecília se acalme, por favor. Senhor Snape, o senhor está querendo dizer que nossa filha é uma bruxa?"

 

 "Eu sabia, eu sabia, eu sempre soube"

 

Todos os olhares seguiram em direção a escada, uma pequena menina estava saltitando sobre os degraus, os sapatos bem engraxados brilhavam com o raios de Sol que entravam pela janela, a saia quadriculada subia e descia discretamente e o mesmo sorriso que Severus vira na foto estava vendo agora, ela era tão espontânea.

 

 "Minha filha isso é falta de educação, escutando a conversa de adultos"

 

 "Desculpe mamãe, mas a conversa se referia a mim, então acho que tenho o direito de ouvi-la, o que o senhor disse é realmente verdade? Mas eu sabia, só poderia ser, aqueles livros aparecendo sobre a minha cama."

 

Ele entrou em um estado de estupor por alguns segundos mas conseguir se recompor.

 

 "Sim senhorita Granger, é verdade, a senhorita é uma bruxa e foi aceita na melhor escola de magia e bruxaria que se pode imaginar"

 

 "Isso é tão magnífico, e quando começam as aulas, o que é preciso? Os materiais, os livros, o uniforme"

 

 "Minha filha se acalme, ainda iremos conversar com o senhor Snape"

 

 "Então, o que é preciso para que ela entre nessa escola?"

 

 "Ela só precisa dos materiais, está tudo nessa carta"

 

Ele retirou do bolso do casaco uma carta e entregou para o Anthony, ele abriu a carta e colocou sua mão no queixo, algumas erguidas de sobrancelha e olhadas para o homem a sua frente, ele dobrou a carta e colocou sobre a mesinha de centro.

 

 "E como conseguimos tudo isso?"

 

 "Existe um local chamado beco diagonal onde é possível encontrar tudo"

 

 "E como chegamos lá?"

 

 "Bem, vocês não possuem poderes mágicos e a garota ainda não possui uma varinha então precisam de um acompanhante bruxo"

 

 "E o senhor irá nos acompanhar, senhor?"

 

 "Minha filha isso será muito incomodo para ele e ainda não decidimos se você realmente vai para essa escola, não é querido?"

 

 "Minha menina sente-se aqui no colo do papai"

 

Hermione se aproximou e sentou relutante no colo do pai, mesmo que gostasse na frente daquele homem sério pareceu um tanto vergonhoso.

 

 "Papai eu quero ir, eu sempre soube que eu não era igual aos outros"

 

 "É isso que realmente quer?"

 

"Sim, é isso que eu realmente quero"

 

 "Então está decidido, você irá para essa escola"

 

Hermione abraçou forte o pai e Severus sentiu um aperto em seu peito, nunca pudera abraçar seu pai, ou receber algum carinho, o bastardo só conseguira bater na esposa e filho, tomava seus pores antes de chegar em casa e toda sua ira era dispensada na face de Eileen e sua doce mãe nem ao menos podia se defender daquele mostro que tomara sua mão em um casamento cheio de injustiças e mal tratos, Severus sentiu um movimento brusco ao seu lado do sofá e deixou seus pensamentos irem embora, não era o momento certo para pensar naquilo.

 

 "Senhor Snape, eu sei que é muito inoportuno mas poderia levar nossa pequena Hermione para esse local? Se precisar iremos todos juntos, sei que precisará de dinheiro"

 

 "Sim senhor Granger, mas o dinheiro que utilizamos é diferente do dinheiro utilizado aqui, precisamos ir a Gringotes, é lá que todo o dinheiro bruxo é guardado, se pudermos ir logo, eu tenho coisas para resolver em Hogwarts"

 

 "Claro, iremos pegar algum dinheiro no banco e depois iremos para esse lugar, será que é possível, é que não guardamos muito dinheiro em casa"

 

 "Eu compreendo senhor Granger, mas eu realmente tenho pressa poderia ir mais rápido"

  

Ele tentou não ser muito brusco, e pela primeira vez em sua vida conseguiu, não era uma coisa fácil para ele, mas ele sentira uma calma assim que entrara naquela singela casa. Eles já estavam a caminho do banco e Hermione não parava de tagarelar, ela queria saber sobre tudo o que havia no mundo mágico. Severus tentava responder tudo com muita calma, a mãe de Hermione sabia que a filha falava demais e também percebeu que o homem se controlava para não perder a calma com tantas perguntas, notara que ele não era um homem que esbanjava paciência.

 

 "Minha filha, não acha que já perguntou coisas demais?"

 

 "Perdoe-me, senhor Snape, é que o seu mundo é fantástico"

 

 "Não é só o meu mundo, senhorita Granger, agora você faz parte dele também"

 

Severus trocou um olhar cúmplice com a senhora Granger que lhe sorriu de leve. Anthony Granger entrou no carro e Severus sabia que logo a menina formularia novas perguntas, o beco diagonal era algo extraordinário para qualquer pessoa que o visse a primeira vez. Ele tentou se focar no pensamento de que só precisaria levar a menina Granger para comprar seus materiais e voltaria para a segurança de suas masmorras, ele não estava gostava daquela sensação agradável que estava sentindo perto dela, ele só se sentira daquela maneira vários anos atrás, na companhia de uma menina nascida trouxa que também fora ele que lhe revelara que ela era bruxa, olhou para o céu de Londres e pediu aos deuses que tudo o que vivera no passado não fosse se repetir, ele aguentara uma vez, duas já seria tortura demais, até mesmo para ele. O carro parou próximo ao caldeirão furado, exatamente como ele ensinara, Tom apareceu na porta para recebê-lo

 

 "Olá, mestre Snape, o que Tom pode fazer pelo senhor?"

 

 "Esses são os Granger e a menina é a nova aluna de Hogwarts, irei ensiná-la a como ter acesso ao beco diagonal, então saia da frente"

 

Tom fez uma reverência para os quatros e deu passagem para eles. Os mais velhos trocaram olhares quando viram a parede de tijolos a sua frente, o que ele iria fazer? Explodi-la? Severus chamou Hermione e quando ela se aproximou ele retirou sua varinha, tocando com a varinha o tijolo que fica três tijolos acima da lata de lixo, e dois para a direita, os tijolos começaram a se movimentar abrindo a passagem para o Beco Diagonal, aquela seria uma longa tarde, Severus conseguiu sentir quando viu os grandes e curiosos olhos castanhos brilharem.

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