Pela Lagoa

Capitulo 8. Pela lagoa.
   Jorge assistiu, divertido, seu irmão gêmeo entrar em casa com Hermione o arrastando. Ele vinha os observando há algum tempo, tendo sentado perto da janela enquanto os dois caminhavam lentamente em direção a casa, rindo e conversando calmamente um com o outro. Havia algo diferente na maneira como os dois interagiam. Hermione quase parecia estar falando com Harry e Rony. Ela o olhava... confortável, e não nervosa ou agitada. Ela poucas vezes corava enquanto conversava com Fred. Fred tinha abandonado os seus velhos truques de flertar, e de longe, era como se os dois tivessem sido amigos por toda a vida, e nada mais. Jorge suspirou, balançando a cabeça. No que Fred estava se metendo?

   Fred sorriu para Jorge quando ele entrou na sala, enquanto Hermione lançou um olhar curioso em sua direção.

   -Onde está Gina?- perguntou ela, saído do lado de Fred e indo para a porta da cozinha.

   -Com Harry - respondeu Jorge, engasgando.

   Hermione revirou os olhos, mas não pôde reprimir uma risada.

   -E Rony?

   -No quarto dele, eu acho - Jorge encolheu os ombros.

   Hermione balançou a cabeça, se despedindo deles, e em seguida saiu da sala, deixando Jorge lidar com o irmão, sorrindo. Ele ficou mais perto do fim do sofá, dando uns tapinhas no espaço ao lado dele. Fred deu-lhe um olhar cauteloso antes de se sentar.

   -Antes que você pergunte - Fred disse vendo a boca aberta de Jorge, e erguendo os braços em sinal de rendição -Nada aconteceu - O sorriso em seus lábios quase fez Jorge questioná-lo, mas ele permaneceu em silêncio, e apenas ergueu as sobrancelhas, enquanto esperava que seu irmão para continuasse - Somos apenas amigos.

   -Isso é o que Harry disse sobre Gina - brincou Jorge.

   Um vermelho profundo subiu pelo pescoço de Fred, mas ele balançou a cabeça.

   -Apenas amigos.

   -Você ainda gosta dela?- Jorge já sabia a resposta, mas parecia que a próxima pergunta era óbvia para se perguntar. Ele sorriu quando Fred balançou a cabeça. Foi engraçado. Com todos os planos que os quatro tinham pensado no dia anterior, deixando Fred e Hermione lidarem com seus problemas como nunca tivesse ocorrido a eles uma outra opção. Parecia que estavam trabalhado para o melhor, porém, e, a menos que seus olhos estivessem o enganando, os dois pareciam estar se dando melhor do que nunca, mesmo que fosse apenas como amigos – Bem - Jorge levantou-se - É melhor eu enviar uma coruja para Angelina.

   -O que está acontecendo entre vocês dois?- Foi à vez de Fred zombar do irmão.

   Jorge ficou vermelho quando balançou a cabeça, olhando para a expressão zombeteira de seu irmão. Com um sorriso desafiador, Jorge se virou, indo para cima. Parecia que havia muitas coisas que ele tinha que fazer. Primeiro, e mais importante, ele iria escrever para Angelina. Em seguida, ele teria que ter uma conversa com Gina, para explicar sobre sua teoria. E enquanto ele conversasse em Gina, haveria uma pequena chance de que tivesse uma conversa calma com Harry também.

 

   Gina estava pensativa enquanto ele conversava com ela. Tinha, é claro, ouvido o lado de Hermione da história há algum tempo. Ela franziu a testa involuntariamente. Pelo que Hermione dissera, e que, aparentemente, Fred estava dizendo, quase soava como se os dois estivessem tentando ser amigos. Quase.

   -Talvez devêssemos ter prendido os dois no armário – ela murmurou, fazendo com que Jorge arregalasse os olhos – talvez, não tenho certeza.

   -Bem, qual é o plano agora, Gina?- Jorge perguntou, um pouco desanimado.

   Ela pensou sobre tudo o que estava ocorrendo, em silêncio, por alguns instantes, antes de olhar para ele, sorrindo.

   -Vamos esperar.

   Jorge piscou os olhos, em choque. Ele poderia jurar que sua irmãzinha, Ginevra Weasley, tinha acabado sugeriu que eles... esperassem. Ele balançou a cabeça, deveria estar sonhado acordado. O olhar sério no rosto de Gina dizia o contrario, porém, e sentiu seu queixo cair em estado de choque. Ela riu levemente, mas ficou por sua decisão. Jorge deu de ombros, mas não viu nenhuma razão para começar uma discussão com a menina, e manteve sua boca fechada.

 

 

   A espera, pelo que parecia a Jorge, estava chegando ao fim, enquanto ele revirava os olhos, observando seu irmão gêmeo flertar descaradamente. Sim, o flerte era muito mais sutil do que os anteriores, mas definitivamente era um.

   -Fred- disse Jorge, exasperado - Basta passar-lhe a maldita manteiga.

   Fred olhou para cima, confuso, mas consentiu, passando a Hermione a manteiga, sem piadas ou brincadeiras. Jorge estremeceu, percebendo que ele tinha dito as palavras em voz alta. Era justo, eles tinham que ser tão complicados?- como era irritante! Como alguém poderia ser tão denso, Jorge não tinha idéia.

   -Harry - Hermione cumprimentou alegremente - O que aconteceu?- acrescentou em tom preocupado, com os olhos postos no corpo cansado do amigo.

   -Só um pesadelo - Harry disse sorrindo, enquanto se arrastava para a mesa, se sentando numa cadeira ao lado dela. Hermione ainda parecia preocupada, e fez algumas perguntas, apenas para ser ignorada ou respondida secamente por Harry. Ele finalmente suspirou, desistindo e dizendo a ela todos os detalhes do pesadelo.

   O cemitério. Cedrico. Tudo correu de volta para ele em uma onda súbita. Ele estava ciente de que estava sentindo náuseas, e ouviu Hermione falar - o que ela estava dizendo? Seus olhos se fecharam, deixando o mundo em seu torno preto, e perdendo a capacidade de ouvir.

   -Hermione?- ele perguntou maravilhado, abrindo os olhos para encontrar Hermione debruçada sobre ele. A mão da garota estava em sua testa, um pano umedecido em água fria em sua testa. Percebeu que estava em seu quarto. Corando, Hermione retirou a mão, sorrindo fracamente para ele.

   -Você desmaiou, Harry - explicou ela em voz baixa – Sinto muito sobre seus pesadelos.

   -Você não pode me ajudar - Harry respondeu honestamente. Realmente, por que ela estava se desculpando? Não era como se a morte de Cedrico tivesse sido culpa dela. Não, isso foi tudo culpa dele.

   -Não é culpa sua, você sabe - Hermione continuou, como se ela pudesse ler seus pensamentos - É tudo culpa de Volde...

   -Você pode dormir comigo?- Harry perguntou, de repente se sentindo vulnerável, ele estava deitado, indefeso, em sua cama. Seus olhos se arregalaram quando ele percebeu como o pedido deveria ter soado - Nn-não, não - ele gaguejou - Eu só quis dizer, er, bem, você acha que poderia ficar aqui?

   Hermione suspirou, com um certo alívio. Ela havia ficado preocupada por um momento. Hum! Como se ela fosse aquele tipo de garota. Ainda assim, não podia deixar de sorrir do modo como seu melhor amigo gaguejou.

   -Claro - respondeu ela - Eu acho que você está cansado.

   Harry acenou com a cabeça timidamente, pela primeira vez, percebendo que deveria ser o final da manhã.

   -Está tudo bem - Hermione sorriu, entrelaçando seus dedos com os dele - Eu vou ficar.

   Ela se deitou na cama ao lado dele. Inconscientemente, ele aconchegou-se no ombro da amiga, fechando os olhos, esperando o sono chegar. Não sabendo mais o que fazer, Hermione ficou em silêncio, ouvindo a respiração do moreno. Ela estava pensando  se deveria levantar-se e deixá-lo dormir, mas não havia nenhuma chance de isso acontecer. Sua consciência nunca iria deixá-la fazer isso, ela sabia o quanto os pesadelos assustavam Harry. Ela queria estar lá quando ele acordasse. Olhou para o teto, contemplando a idéia de ler seu livro. Ele não poderia ter um pesadelo no tempo que levasse para correr pelo corredor e buscar o seu livro. Ela quase cedia, e estava preste a levantar quando Harry rolou, prendendo-a abaixo dele.

Hermione parou de se mexer, um grito abafado escapou de seus lábios. Ela franziu os lábios, tentando desesperadamente encontrar uma saída para aquela situação. Olhando de soslaio para o rosto tranqüilo de Harry, ela não conseguia encontrar forças para acordá-lo, mas não havia nenhuma maneira de que Hermione fosse capaz de erguer o braço dele para longe de sua cintura, pois iria despertá-lo. Havia apenas uma resposta, ela teria que esperar até que ele acordasse. Suspirou, relaxando o corpo quando bocejou. Ela não tinha uma boa noite de sono há muito tempo. Com todo o drama envolvendo Fred, seu sono havia desaparecido. Hermione fechou os olhos, cansada.

   -Harry?- a voz de Gina flutuava acima das escadas, despertando Hermione e Harry em uma fração de segundo - Hermione?O almoço está pronto!

   Harry arregalou os olhos, enquanto se afastava seu braço da cintura de Hermione, a olhando um pouco escandalizado. Ela riu ironicamente, rolando para fora da cama.

   -Não se preocupe, Harry - ela sorriu para ele, ignorando o seu desconforto óbvio - Você é como meu irmão.

   -Eu não... – o garoto começou.

   -Não - ela o interrompeu - Você não tentou nada. Você estava dormindo, pelo amor de Merlin.

   -Eu ia dizer - Harry disse, inclinando a cabeça para o lado – que eu não tive nenhum pesadelo.

   -Oh - Hermione hesitou um pouco, antes que sua mente se clareasse - Isso é ótimo.

   -Você acha que... - ele pareceu nervoso enquanto estendia a mão para a maçaneta - Você poderia... - Ele parou, passando a mão pelo cabelo, nervoso.

   -Harry, você ama Gina, certo?- Hermione perguntou incisivamente, recusando-se a continuar até que ele concordasse - E eu gosto de Fred. Tenho certeza de que posso dormir com você sem que seja estranho.

   Rindo de sua escolha de palavras, Harry balançou a cabeça, puxando-a para fora do quarto. Ninguém sequer olhou para eles quando os dois entraram na sala de jantar, com exceção de Gina, que imediatamente iniciou uma conversa com Harry. Hermione revirou os olhos, embora realmente achasse adorável, e puxou uma cadeira ao lado de Fred. Ele sorriu para ela, os olhos brilhantes.

   -Onde está Gui?- Hermione perguntou de repente. Ela havia notado a ausência do mais velho dos filhos dos Weasley no início da manhã, mas havia se esquecido de perguntar.

   -Bem - Fred parecia tímido e hesitante - Ele foi para a França. Você sabe, fazer as pazes com Fleur.

   O assunto ainda era uma questão sensível, e Hermione podia sentir vários pares de olhos caírem sobre ela, esperando sua reação. Em vez de explodir, como a maioria esperava que fizesse, ela simplesmente encolheu os ombros, dizendo que era provavelmente o melhor a fazer.

   Jorge chamou a atenção de seu irmão gêmeo do outro lado da mesa. Ele ergueu as sobrancelhas e deu-lhe um olhar. Fred sabia o que significava. Hermione já não estava gritando com ele sobre suas brincadeiras. O que deveria ter sido um bom sinal, mas Fred sabia que a partir daquela conversa na lagoa que seu silêncio não significava nada. Hermione não se sentia da mesma maneira como ele. Não ia tornar as coisas difíceis entre os dois, dizendo-lhe seus sentimentos. Eles tinham acabado de voltar a se falar, e ele estava gostando. Não ia estragar tudo. Deu a Jorge um olhar de advertência, antes de retornar para o almoço.

   O resto da refeição se passou sem gritarias ou alimentos voando para cima de roupas. Fred puxou conversa com Hermione, ela correspondeu alegremente; a cadeira de Harry parecia mais perto da cadeira de Gina, um fato que Jorge estava feliz por perceber, fazendo Harry corar e Gina rir. Depois da refeição, Jorge encurralou Fred em seu quarto.

   -Então - Jorge disse encostado na parede enquanto olhava seu irmão - O que realmente aconteceu hoje?

   Fred suspirou e sentou-se na borda da cama. O que tinha acontecido com Hermione naquele dia estava o corroendo. Ele continuou repetindo a cena em sua cabeça. Ele olhou para seu irmão, perguntando se podia confiar nele. O que ele estava pensando? É claro que confiava em Jorge!

   -Ela veio até a lagoa - ele gemeu e deixou a cabeça cair em suas mãos – E eu fiz algo realmente estúpido - confessou.

   Jorge ergueu as sobrancelhas.

   -Mais estúpido do que o habitual?- perguntou ele.

   Fred lhe lançou um olhar irritado, mas continuou assim mesmo.

   -Eu perguntei se poderíamos ser amigos. Amigos e nada mais.

   Jorge deu um assobio baixo.

   -Sim, isso foi muito estúpido – ele concordou, se sentado ao lado do irmão. Fred olhou para ele, como se para dizer-lhe que não estava o ajudando - Não se preocupe. Para a sua sorte o mais inteligente e mais bonito gêmeo têm um plano - disse Jorge batendo nas costas do irmão - Tudo o que você precisa fazer é conquistá-la. Faça algo romântico, como flores.

   A carranca de Fred não vacilou.

   - Há uma falha nesse seu plano. Como eu faço isso?

   Jorge não parava de sorrir.

   -Tenho certeza que você vai pensar em alguma coisa – ele respondeu.

 

 

   Eles decidiram se reagrupar no quarto de Rony. Gina dava voltas pelo quarto, enquanto os três rapazes assistiam.

   -Você vai fazer isso o dia todo?- Rony perguntou, lamentando suas palavras quando Gina olhou-o com raiva. Ela parou e foi se sentar ao lado de Harry. Mudou-se para colocar o braço em torno do ombro, mas mudou de idéia depois de ver os dois garotos Weasley olhando em sua direção.

   -Então... eles são amigos agora - disse Gina. Amigos. Não sabia se era melhor ou pior do que não falar um com o outro.

   -Como eu disse a Fred - Jorge disse, adivinhando seus pensamentos - Ele só precisa fazer algo romântico.

   -Como?- Gina riu - Fred é tão romântico quanto um palito de dentes.

   Rony riu baixinho, mas parou quando Jorge olhou para ele, dizendo:

   -E você é tão emotivo quanto uma colher de chá, como Hermione sempre ressaltou. Então, cala a boca – Jorge disse, nervoso.

   -Então - Harry falou rapidamente, sentindo a tenção de seu melhor amigo - O que é que Fred vai fazer?- A pergunta era dirigida a Jorge, na esperança de que o menino tivesse realmente dado Fred algumas idéias.

   -Eu não sei - Jorge apenas deu de ombros - Ele é um brincalhão, e um inventor muito bom. Ele vai ter alguma idéia.

   Com isso, os quatro saíram da sala. Apenas Harry ouviu Gina quando ela murmurou baixinho:

   -Oh, grande idéia.

PS:Desculpem, dessa vez a demora foi culpa minha. O próximo vai vir mais rápido. O próximo capitulo vai ser bom, o nome já diz tudo. Mas eu não quero estragar a surpresa, por isso terão que ficar mais algum tempo curiosos.

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